Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 5

Capítulo 250.2: Desculpe-nos, Luminus

Booom!

O som estrondoso reverberou pela floresta.

Por mais que o medo impregnasse o seu corpo, Wilberg não podia desistir ali. 

Usou sua influência para fazer a irmã Daisy aceitar a pequena Luminus no orfanato, tratou a garotinha de maneira cruel e, nesse momento, gastava toda a sua energia vital.

Não podia se dar por vencido após chegar tão longe, enfrentaria a demônia com todo o seu poder.

Com passos pesados, estabilizou o corpo mais uma vez e encarou a criatura à sua frente com ódio. Poder demoníaco vazava do corpo obsceno sem parar, pressionando o Sophiette contra o chão.

O homem ignorou aquilo e impulsionou-se com força, com ambos os punhos fechados.

Quando se aproximou de Azazel, desferiu uma salva de socos poderosos, eram golpes impossíveis de serem acompanhados por olhos destreinados.

A demônia, por sua vez, moveu o corpo graciosamente e desviou de todos os golpes. Ela sorriu ao ver um ataque com a cauda.

— Desculpe, grandão, mas não vai conseguir me pegar duas vezes no mesmo golpe.

— Roaaaar!!! — Wylberg berrou ao ver sua cauda sendo cortada facilmente pelas unhas afiadas da oponente.

Sangue espalhou-se pela vegetação destruída e Azazel tomou proveito daquela brecha para chutar o Sophiette com força.

O homem rolou e rolou diversas vezes antes de impactar contra uma grande rocha e ficar atordoado. A dor excruciante do membro cortado percorria todo o seu grande corpo.

— É inacreditável como Astarte é amada. Não faz sentido, não faz sentido! Por que dar a vida por um ser tão nojento?! Você podia ter evitado tudo isso se ignorasse ela!!

O Sophiette cuspiu o bolo de sangue aflorando da gargante e encarou aquela monstruosidade chegando mais parte.

— Astarte?... Não, acho que você se confundiu, o nome dela é Luminus, apenas Luminus. Já que é apenas um engano, você já pode ir embora.

Cambaleando, ele levantou-se.

Sabia tudo sobre Astarte, e também sobre a “Reencarnação de Astarte”. 

Mas queria que a pequena Luminus tivesse uma vida normal, aquele fardo era pesado demais para uma menina tão pura. O coração dela seria quebrado se descobrisse qual o dever da reencarnação daquela deusa.

— Se quer proteger ela tanto assim, apenas me deixe matá-la, assim aquela menina não vai precisar fazer nada.

Wylberg ignorou a demônia e posicionou-se.

Seu sangue ferveu ao imaginar a cena da garotinha tendo a vida ceifada por aquela monstruosidade. A pequena Luminus só precisava viver em paz.

Ele reuniu todas as forças que ainda lhe restavam e mais mana começou a fluir pelo seu corpo.

A estatura do Sophiette aumentou. Gradualmente, ele deixava a sua forma humana de lado e parecia mais com um grande lagarto, aquela era uma forma que superava o Sophiette Verdadeiro.

— Vai abandonar toda a sua racionalidade para me matar? Ah, não perca seu tempo com isso, eu aguento os grandões também.

Aquele homem com mais de três centenas de anos não estava mais ali, no seu lugar, surgiu um enorme dragão de vinte metros marrom emanando uma aura assassina capaz de intimidar até divindades.

O preço para alcançar aquela forma foi abdicar de seus sentimentos humanos e tornar-se uma besta por completo, mas estava tudo bem desde que matasse Azazel van Elsie.

Booom!

Estrondos ecoaram pela floresta conforme o dragão batia com força no chão, na intenção de esmagar a sua oponente.

A outra parte continuava a esquivar, mas a diferença de altura a deixou em desvantagem. 

Com uma baforada raivosa, a besta criou um círculo de fogo ao redor de toda a floresta, que consequentemente tornou-se uma muralha flamejante que impossibilitava a fuga da demônia.

Nuvens negras surgiram no céu e raios despencaram um atrás do outro, todos com um único alvo. 

Raios, muralha de chamas e ataques explosivos. Se fosse qualquer outro ser, já teria perecido àquela altura, contudo era diferente para aquela criatura mascarada e com uniforme de empregada.

Azazel usava apenas sua velocidade para lidar com todas as investidas do Sophiette, era um insulto comparar ela a um idaten, sua velocidade superava qualquer ser vivente daquele mundo.

Os poderes daquela coisa estavam além da compreensão.

Mas a besta que um dia foi Wylberg Sophiette não desistiu e aumentou também a velocidade e a força dos seus golpes. Cada vez que suas garras tocavam o chão, um terremoto era criado.

— Isto já se tornou inconveniente — murmurou a demônia. — Não tem graça fazer piadas com alguém que já abandonou a racionalidade. Entenda, você não pode me vencer se lutar como se estivesse enfrentando um inimigo comum. 

Ela levantou-se e encarou a besta preparando para afundá-la com uma pisada poderosa.

Azazel fez apenas um movimento.

A cena era a de uma pequena formiga enfrentando o pé de um humano que se preparava para esmagá-la.

Em instantes, o punho de Azazel tocou a pata do dragão e uma explosão colossal reverberou pelo ar, destruindo o que ainda restava de vegetação.

Sangue choveu pelo cenário devastado.

A demônia ainda estava na sua posição de quando o seu punho tocou o membro da besta, na base do boxe com o braço estendido. Havia acabado de rebater o inimigo com um direto.

Quanto ao dragão… apenas metade do seu corpo ainda existia, a pata que tocou a pele de Elsie, assim como essa metade do corpo, desintegrou-se após o choque.

O Sophiette pendeu e caiu com força no chão, provocando um leve tremor na área. Ele ainda tinha espasmos, mas não podia mais se mover, aquele era o seu fim.

Azazel van Elsie suspirou e olhou para os nós dos dedos. Havia hematomas ali, a troca de golpes foi suficiente para quebrar suas barreiras e ferir sua pele.

Wylberg lutou bem. Se estivesse no seu ápice, certamente o resultado seria diferente.

— Nada mal para um velhote. A Reencarnação de Astarte vai ficar muito feliz ao ver como você lutou para protegê-la… Sim, morra horrorizado, vou mostrar cada parte dessa luta para aquela menina, hihi.

O Sophiette sentiu que não queria mais desistir ao escutar aquilo, não podia deixar a pequena Luminus ser torturada… sua racionalidade estava voltando, mas era o seu fim.

Elsie moveu a mão e terminou de desintegrar Wylberg Sophiette.

O homem morreu e a demônia cuidou para que não restassem nem vestígios de sua existência naquele mundo.

Mas a barreira que ele criou continuava a proteger a vila.

Azazel van Elsie perambulou por pelo menos metade de um dia antes de encontrar uma anormalidade mágica ali perto.

— Você era realmente extraordinário, hein? Usar uma Barreira d’Água para ocultar a vila e fazê-la se teleportar pela floresta é uma boa jogada.

Ela limpou a poeira do uniforme e bateu educadamente na barreira, destruindo-a no segundo toque. O som de vidro quebrando ecoou.

Os moradores eram apenas humanos comuns, eles sequer perceberam que estavam em uma barreira mágica.

— Pelo menos vou conseguir aliviar um pouco do meu estresse aqui — comentou a demônia com um sorriso sádico. Unhas longas surgiram e ela caminhou calmamente pela vila.

O massacre começou.

Primeiro, Elsie pegou uma tocha e espalhou fogo pelas casas, cantarolando. 

Os humanos ficaram em choque por um momento, mas alguns recobraram os sentidos rapidamente e avançaram na direção da demônia.

Splash!

Gotículas de sangue espalharam-se e um mar de corpos formou-se no centro da vila. Os gritos de fúria tornaram berros de medo e os mais fracos tentaram fugir, mas o fogo já havia chegado à entrada da vila.

Azazel caminhou devagar, decapitando homens e mulheres ocasionalmente.

Um suspiro pesado escapou quando ela chegou a uma casa próxima a uma casa de fundição.

Toc Toc.

— Eii, posso entrar? — perguntou quebrando a porta com um soco. — Então é aqui onde a Reencarnação de Astarte vive? E eu achando que ela nunca passaria a noite em algo que não fosse um castelo.

No canto da sala, estava um casal. 

Marido e mulher estavam sentados calmamente, um encarando um outro, mas sem qualquer expressão no rosto. Eles ignoraram completamente a demônia falando em tom sádico.

Elsie levantou uma sobrancelha.

— Que rude, não vão nem me convidar para sentar à mesa também? — Ela girou pela sala e sentou-se na cadeira entre o casal. — Nossa, fui ignorada mesmo. Não tem graça matar se você não vão sofrer… talvez algo aconteça se eu matar a mulher primeiro?

— Nós cometemos o maior pecado do mundo, Luminus não merecia ter escutado aquilo — começou o homem.

— Não temos mais motivos para viver — completou a mulher.

— Para, para, assim não tem graça. Hmmm, já que não vou conseguir nada com vocês mesmo, talvez eu deva torturar cada um, gravar e mostrar para a Reencarnação de Astarte.

O casal não demonstrou nenhuma reação para os dizeres da demônia cruel. Após alguns instantes o marido enunciou:

— Nos desculpe, Luminus, por não podermos te ver crescer, mas estaremos sempre com você. Grave isso, demônia, e mostre a ela, assim não partirei com a consciência tão pesada…

— Espero que ela encontre alguém que possa dar o amor e o carinho que nós não conseguimos…

Após falarem aquilo, o homem e a mulher deram as mãos e um círculo mágica enorme surgiu abaixo da mesa.

A formação brilhou em um azul intenso e…

Booom!

A casa e tudo que existia ali dentro desintegrou, tudo, exceto Azazel van Elsie.

Uma fúria sem igual emanava daquela demônia, pois a explosão foi capaz de criar feridas em seu corpo. Aquele casal estava esperando por ela.

— Maldito Wylberg Sophiette, isso foi obra sua — Azazel olhou com ódio para as suas feridas.

O círculo mágica tinha um efeito similar ao ataque que usou para matar o Sophiette, ela usava a força do inimigo contra ele. 

Naquele caso, a formação absorveu a mana de Azazel para se energizar e explodir tudo ao redor, sem deixar nem mesmo poeira.

— Vou precisar de tempo até me recuperar… não é possível que eles estivessem dispostos a morrer assim pela Reencarnação de Astarte! Malditos! Mil vezes Malditos!

Espumando de raiva, a demônia usou a força restante para matar todos os moradores sobreviventes da pior maneira possível.

Não sobrou pedra sobre pedra na vila, e tudo foi gravado para que a Reencarnação de Astarte visse quando finalmente se encontrassem.



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