Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 5

Capítulo 249: Uma viagem rápida demais

Paltraint Atrex, o vice-capitão da Guarda Real de Andeavor, retornou.

Apenas cinco soldados acompanhavam o homem, considerando o seu posto, havia poucas pessoas que teriam a audácia de tentar atacá-lo em seu caminho para Sophiette.

Kurone sabia que, hora ou outra, aquele homem poderia retornar, mas pediu mais duas semanas, seria muito repentino partir naquele momento, e queria aproveitar um pouco mais o treino com Sylford.

O vice-capitão não teve objeções e deu quatorze dias para o jovem.

Então, desde aquele dia, Kurone esteve dando tudo de si no treinamento. Não subestimava mais as artes marciais e não pegou leve no seu treino secreto na floresta.

Ao decorrer dos dias, notou que Sylford estava voltando a aproximar-se cada vez mais, o jovem também estava ganhando mais confiança e começou a usar um pouco de maquiagem no seu tempo livre.

Sylford, que já possuia um ar feminino, tornou-se ainda mais bonito, e não se incomodou com aqueles empregados que o olhavam torto e o difamavam escondido. 

Loright também estava focado, a batalha contra Belphegor dé Halls serviu para mostrar-lhe que ainda tinha um longo caminho a percorrer até que chegasse ao nível da deusa Cecily e de Azazel van Elsie.

A relação com Cynthia continuou igual, não ia para frente, mas também não regredia, o garoto sabia das limitações que havia, sem mencionar o fato de que ela era muito nova.

Nunca mais encontrou “Salas” naquele cômodo. Não ficou com raiva, retornaria lá sem problemas, mas o que aconteceu foi que Sylford não quis mais usar aquela persona, ele não tinha mais o que esconder.

Assim, duas semanas passaram-se em um piscar de olhos.

No jardim da mansão Sophiette, havia um grupo reunido para despedir-se do garoto loiro, alguns órfãos que apagaram-se ao menino possuíam lágrimas nos olhos.

Kurone saiu da mansão com uma nova roupa, ela fora dada por Paltraint. Segundo o vice-capitão, era o uniforme da academia. 

O uniforme da Academia Mágica de Andeavor era composto por uma calça e uma camisa preta, por cima, havia um blazer branco com o símbolo, lilas, do reino no peito — um Avestruz Gigante e um Vajali Raivoso.

O cabelo loiro do menino estava bem penteado, ele parecia realmente um nobre, se não fosse por sua postura muito relaxada e a expressão feia no rosto.

— Anime-se, garoto, são poucos os jovens da sua idade que tem a chance de frequentar a Acadêmia Mágica! — enunciou o vice-capitão, com entusiamo.

Cynthia estava logo ao lado do garoto, ela possuía uma expressão calma, pois teve tempo suficiente para repetir “Venha me visitar quando tiver tempo” e “Vou te visitar quando eu tiver tempo” nos últimos dias.

Se pudesse, Kurone continuaria ali, Sylford era um ótimo professor e, com o treino secreto, ele se tornaria ainda mais forte em um ou dois anos, porém sabia que havia vantagens em ir para a capital.

Mesmo que o jovem Sophiette ensinasse tudo o que soubesse, jamais seria pário para ele, o sangue que corria nas veias de Sylford dera um divisor de águas, era impossível competir com o dom natural daquele jeito.

Mas a história seria diferente na Academia Mágica, mesmo que fosse inferior ao jovem líder do clã em alguns aspectos, aprenderia coisas que não seriam ensinadas em Sophiette.

O garoto olhou para Loright, que acenou com a cabeça, silenciosamente. Sylford era um monstro, mas aquele jovem certamente evoluiria muito treinando ali, ele possuía muita habilidade com a espada.

Ainda possuía a espada com o Fragmento de Azrale, no entanto, precisava desenvolver mais sua magia, o conhecimento obtido na capital certamente ajudaria muito nesse aspecto.

— Quando voltar, eu te daria acesso à biblioteca da mansão, então, por favor, não nos deixe esperando muito tempo, Iolite — disse Sylford, com um sorriso sincero.

O ar de arrogância não desapareceu totalmente do rosto daquele jovem, mas ele havia mudado após os últimos acontecimentos.

A biblioteca da mansão, como aquela da ilha Lou Souen, possuía livros escritos pelo Sophiette Fundador, Karllos, seria muito útil lê-los quando tivesse a oportunidade, pois foi assim que ganhou mais conhecimento da última vez.

E, considerando que ali era a base do líder do clã, devia haver livros muito importantes no acervo.

Espero que ele não se esqueça disso quando eu voltar.

Após um abraço apertado de Cynthia e um aperto de mão das irmãs do orfanato, chamou Loright para um último diálogo privado.

— Continua se esforçando, que eu vou tá fazendo o mesmo.

— Sim, Iolite, quando vier visitar Sophiette novamente, eu com certeza já vou ser páreo a você, então vamos duelar.

Os dois jovens deram um último aperto e Kurone foi na direção da carruagem. Dali, podia ver todas as pessoas que teve contato desde que retornou ao passado.

Quando chegou àquele mundo, decidiu que não desenvolveria laços com ninguém, via as pessoas como simples NPCs de um jogo qualquer, apenas Rory era importante, mas mudou muito o seu ponto de vista após tanto tempo.

Havia realmente pessoas nojentas, como Edward Soul Za, mas existiam também pessoas boas, as quais podia considerar como amigo ou, até mesmo, como família.

Suspirou.

Sentia-se um pouco sentimental naquele momento, mas não podia fraquejar, precisava acostumar com despedidas como aquelas, na verdade, devia sentir-se feliz por conseguir se despedir de Cynthia.

No futuro, Flugel morreu de uma maneira cruel e não teve nem mesmo a oportunidade de dizer as suas últimas palavras, ver aquela menina sorrindo aquecia o seu coração.

Enfim, o cocheiro fez os sons das rédeas batendo e do relincho do cavalo ecoarem pelo ar. A figura das pessoas acenando foi ficando cada vez menor, conforme se afastava.

Lembrava vagamente da estrada que levava à capital, mas sabia que não era naquele rumo que a carruagem seguiu. Ficou um pouco confuso, porém o veículo na frente do seu era o que transportava Paltraint.

Eles levaram pelo menos trinta minutos até chegarem em uma planície com uma floresta à frente. Se não se enganava, após aquela floresta havia a cidade de Vim, conhecida por seus aventureiros poderosos.

Contudo, não parecia que seguiria para vim. 

Um dos soldados saltou da carruagem que carregava Paltraint e andou um pouco. Ele deixou algo que parecia ser um cubo próximo à entrada da floresta e afastou-se.

Quase que instantaneamente, uma luz azulada surgiu daquele objeto e algo semelhante à entrada das masmorras das ilhas Lou Xhien surgiu. 

Não havia outra palavra para descrever aquilo, era um portal.

Kurone lembrou-se que, quando chegou a Eragon, usou um portal para entrar na ilha flutuante — na época, ele estava desacordado após usar muito força contra Rhyan Gotjail, mas Avios Bishop explicou-lhe sobre a existência dos portais.

Se aquilo à sua frente era realmente algo similar, fazia sentido o vice-capitão não ter ido com muitas pessoas, era bem mais prático e não chamaria a atenção de mercenário pela estrada.

Quando o portal foi totalmente estabilizado, as carruagens voltaram a mover-se e seguiram na direção dele, o tamanho daquela fenda era quase o mesmo dos veículos, por isso precisaram seguir um pouco mais lento.

Bastou o cavalo da carruagem carregando Paltraint tocar a fenda para ser sugado em um instante. Foi algo tão súbito que o garoto loiro não pôde deixar de dar um salto por instinto.

O veículo foi simplesmente sugado, tal qual poeira sendo coletada pelo aspirador de pó.

Era a vez de Kurone. 

O cocheiro percebeu um pouco da hesitação do seu passageiro e acelerou o passo. A cena anterior repetiu-se e o garoto liro ficou um pouco tonto após ser puxado pela fenda.

Não teve tempo para verificar como era dentro daquele portal, quando percebeu, já estava no seu destino: a capital do reino, ou melhor, a entrada para a capital.

Trotes foram escutados e o veículo continuou a rodar como se nada tivesse acontecido.

Deixou o ar escapar do seu pulmão e olhou para a janela. Aquele cenário era familiar, via Avestruzes Gigantes correndo de um lado para o outro e diversos aventureiros adentrando a floresta, assim como da primeira vez que visitou aquele lugar.

A lateral da carruagem possuía o brasão da família real, mas seu modelo era muito diferente, os guardas nem mesmo pararam eles, apenas abriram passagem respeitosamente.

“É por isso que a Noah é surtada com esse negócio de nobreza.”

Noah, a empregada da mansão Sophiette, chegou a repreender os soldados que os pararam na primeiro visita do garoto, se estivessem em uma carruagem mais luxuosa, talvez não tivessem passado por aquilo.

Após aquela travessia pelo muro, finalmente estava no coração de Andeavor, o burburinho e o som de carruagens indo e vindo era incessante. Havia o aroma de comidas típicas espalhado pelo ar.

Enfim, podia dizer com certeza que havia chegado em segurança à capital do reino, onde iniciaria seus estudos na Academia Mágica, como um Gênio.

 



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