Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 217: Uma Vitória É Uma Vitória

Conseguir uma aproximação era mais difícil do que pensava. Hyze usava a habilidade de voltar o próprio corpo no tempo muito rápido, o que a permitia usar vários ataques mágicos.  

Era óbvio que ela ainda estava se contendo, provavelmente ainda não percebeu que o jovem descobriu sobre o seu trunfo, e era esse o motivo pelo qual ela perderia esse duelo.

— Seu vigor é impressionante… mesmo com tantos ossos quebrados, continua a forçar o seu corpo ao limite, contudo isso destrói a sua chance de vencer por resistência — observou Hyze após lançar lâminas de vento, esquivadas com sucesso.

Sem mais nenhum plano, Kurone decidiu investir de frente. O Orbe Vermelho brilhava como nunca, essa pequena esfera absorvia a mana do jovem como um aspirador, embora fosse uma quantia ínfima quando a origem da energia era uma fonte ilimitada.

Claro, a elfa ancestral reagiu sem pensar duas vezes.

Uma sequência de espigões de terra surgiu, no entanto havia uma maneira de adivinhar a localização do surgimento deles. Sempre que iriam brotar, o chão tremia alguns segundos antes, esse tempo era suficiente para alguém tão rápido desviar.

O jovem saltou e saltou pela arena para evitar ser empalado, porém sentiu na hora que caiu em uma armadilha. Estava completamente cercado na área onde quatro espigões seriam convocados ao mesmo tempo.

Não havia como sair dali sem ser atingido por pelo menos um dos espinhos de terra, a adrenalina nesse momento tomou conta da mente do garoto e ele só pôde sorrir em excitação. A sensação da mente queimando era nostálgica, os pensamentos rápidos passaram em segundos enquanto buscava por uma solução.

Os espigões dispararam prontos para empalar sua vítima, mas Kurone surpreendeu a oponente com uma defesa inesperada.

Ele avançou para a esquerda, qualquer pessoa diria que estava pronto para receber o golpe no ombro, porém o que a ponta daquele espinho de terra encontrou foi o metal duro da Franchi Spas-12. O jovem usou a arma recém-materializada como escudo, na verdade parecia mais uma marreta, pois ele segurou o cano da arma e contou com o peso do corpo dela.

Foi um ato imprudente, pois não sabia realmente se a escopeta seria forte o suficiente para suportar aquele impacto. Se falhasse, estaria com o peito atravessado naquele momento. Era algo tão maluco que nem mesmo a xamã esperava por isso, esse foi o motivo dela usar os espigões médios ao invés dos grandes, que mais pareciam montanhas gigantescas quando emergiam do solo.

Mas Kurone não perdeu tempo. 

Aproveitando-se da brecha, impulsionou-se com toda a força e avançou em direção à xamã. A elfa tentou impedi-lo com diversos “Feixes de Água”, contudo o jovem forçou seu corpo cansado e destruído a desviar das pequenas gotículas mortais.

Ao perceber a distância do jovem, a xamã pareceu finalmente entender qual era o intuito dele, mas era muito tarde para esquivar.

Sem mais outra opção, optou por usar artes marciais. A aura dela estava baixa, o que indicava que não teve tempo realmente para usar a sua habilidade de retornar o corpo no tempo e recarregar o estoque de mana.

A forma assumida pela elfa era similar à que Lou Xhien Li e Lothus usavam antes de suas lutas. Gracioso, mas mortal, era um estilo de luta deixado por Karllos Sophiette que apenas os mais habilidosos conseguiam usar.

Ela podia estar com pouca mana, mas ainda era uma Deusa-Elfa, seus golpes destruiriam o crânio de Kurone facilmente se ele não desviasse. Não teria outra chance de decidir essa batalha, por isso decidiu agir assim que Hyze deu o primeiro golpe de mão aberta.

O corpo já em seu limite foi forçado novamente, o jovem esquivou com sucesso e, ao invés de recuar, avançou sem pensar duas vezes e envolveu os braços com músculos magros ao redor da cintura fina da xamã, levantando-a em seguida. 

Uma investida inesperada, como um “suplex” incompleto, que tirou um suspiro de surpresa de todos nas arquibancadas. 

Hyze era magra e possuía pouco mais de 1,50, não foi difícil segurá-la, pois a maior parte de sua força provinha da mana.

Se não bastasse tamanha insolência, Kurone fez questão de demonstrar que era um verdadeiro ser desprezível que as elfas deviam temer. 

Sem hesitar, abaixou o short negro de tecido fino que Hyze vestia, enquanto segurava ela como um saco de roupas velhas, com a bunda virada para a plateia e a outra parte do corpo suspensa. Tudo que a xamã podia ver eram as costas largas do oponente enquanto sofria a humilhação.

Alguns espectadores taparam os olhos enquanto outros amaldiçoaram o jovem que ousou ir tão longe. O elfo de armadura negra era segurado pelos outros guardas para não invadir a arena e avançar em Kurone.

Nas mãos que seguravam a cintura de Hyze de qualquer jeito, podia sentir o corpo frágil da xamã tremer. Uma ponta de culpa passou-se pela sua cabeça, mas não era hora para isso, afinal estavam em um combate onde prevalecia o mais forte.

Ahhhhh! 

Após o rugido furioso da xamã, Kurone sentiu um empurrão violento no próprio corpo. Quando notou, estava distante da elfa, exatamente no mesmo ponto onde ficou no início da luta.

Exaustão, dor e feridas recentes não existiam mais em seu corpo, o que indicava que Hyze usou a sua habilidade de retornar no tempo, mas como estava segurando ela — em uma posição embaraçosa, diga-se de passagem — também foi afetado.

Pelo cenário, dava para se notar que tudo naquela área foi alvo da técnica descontrolada da xamã. Ela provavelmente queria retornar tudo ao seu redor no tempo, fazendo os espectadores esquecerem o que viram, mas a barreira erguida ao redor da arena impediu isso.

[Cuidado, cafajeste, apesar de você ter se recuperado, cafajeste, ela também está com 100% da sua força, e agora deve estar com muita raiva de você, cafajeste.]

{A Celestial jamais viu tal forma de humilhar o inimigo. Você é um guerreiro imprevisível, A Celestial lhe concede o título de “guerreiro cafajeste”.}

Argh! Agora são as duas, deixem para me insultar depois que eu ganhar da coroa!”

Devia manter os olhos sempre fixos na oponente, mas a pausa fez com que baixasse a guarda. Hyze devia estar ardendo em fúria e disparando golpes sem parar, no entanto Kurone não viu nenhuma movimentação dela desde o retorno no tempo.

Ao direcionar sua atenção para a figura da elfa, franziu o cenho ao vê-la prostrada no chão. O corpo frágil tremia e pequenos soluços eram escutados. Ela estava com a cabeça virada para o chão, não havia como dizer qual era realmente sua expressão, mas todos os elfos furiosos na plateia assumiram que ela estava chorando.

— Eu… eu… nunca fui tão humilhada…

[Nossa, agora eu estou ficando com pena dela. Kurone, você fez algo muito errado! Por mais que ela seja sua inimiga, não pode mostrar o traseiro e as roupas íntimas dela para a plateia de maneira tão humilhante. Será que ela vai ficar traumatizada?]

— Eu… eu jamais me senti assim antes… jamais… Menino, não, Loright… por favor, faça mais!…

[Viu só? Ela… Hã?!]

Eh?!

{A Celestial não consegue compreender o que a elfa diz, mas sua expressão contém semelhanças com expressões de jovens fêmeas desejando acasalar.}

Para surpresa de todos, assim que levantou a cabeça, uma expressão corada estava presente no rosto de Hyze. O rosto estava totalmente vermelho e gotas de suor escorriam por sua face, no entanto um sorriso podia ser visto ali. O que era isso? Onde estava a honorável e respeitável Hyze?

— E-ei, coroa, será que a vergonha fritou os seus miolos? A gente ainda tá brigando.

Oh, isso? Eu desisto! Eu desisto, apenas me humilhe mais, por favor, eu estou derretendo. — A xamã disparou do local que estava e ficou de joelhos em frente ao jovem, como um cachorro obediente. — Por favor…

Kurone poderia culpar a influência do Vassalo da Morte mais tarde. Sua mão não conseguiu se conter e ele deu um tapa de repente, porém foi um pouco mais forte do que planejava.

Os espectadores já não entendiam mais nada, provavelmente jamais viram aquela face do ser que consideravam sua divindade. 

Qual era o motivo da xamã pedir para levar tapas de um humano?   

— É isso mesmo, fritei os miolos dela. 

— B-bem, — começou Lothus — visto que a senhorita Hyze cumpriu o requisito de desistência, o vencedor desta luta é Loright al Mare. Certo? — Ela olhou para o elfo de armadura negra ardendo de raiva ao seu lado.

— … Ahhh, me dói aceitar isso, mas a palavra da xamã é absoluta, o desgraça… quero dizer, Loright al Mare é o vencedor e receberá a recompensa prometida. Agora… alguém por favor afaste aquele humano dela!!!

Kurone não perdeu mais tempo e saiu da arena, indo de encontro aos companheiros que estavam presos anteriormente, seu corpo estava realmente tenso e era melhor se seguisse até a área com os curandeiros, mas o olhar hostil do elfo de armadura e das pessoas nas arquibancadas lhe deram calafrios, era melhor estar ao lado de seres fortes como Berthran e Dora, apenas por segurança.



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