Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 4

Capítulo 215: É Só Isso, Hyze?

Eram golpes impressionantes, de fato.

Hyze tinha o domínio de muitos Tipos Elementais e seu controle de área do campo de batalha era balanceado. Até esse momento, quase não havia se movido para efetuar seus ataques.

Os espectadores em nenhum momento duvidaram que a xamã iria vencer. Era um jovem inexperiente e fraco contra uma existência que persistia nesse mundo desde a Era dos Deuses, porém…

“Não tô vendo nada de novo, isso tá certo mesmo? Tô em desvantagem, mas isso é por causa do meu cansaço mesmo.”

Os ataques utilizando o Tipo Elemental Água eram similares aos de Lao Shi, Kurone era especialista em esquivar, afinal teve que fazer isso inúmeras vezes durante seu treinamento na ilha Lou Souen.

Os ataques de terra pareciam os de Inari e Noah, o jovem conhecia-os bem o suficiente para saber como evitá-los, assim como os de fogo, pois era o seu Tipo Elemental.

Não tinha quase experiência com lutas contra o Tipo Vento, mas os feitiços mortais da elfa não conseguiam acompanhar sua velocidade.

Em outras palavras, estava tudo sob controle, o que era estranho.

Era aquilo o que chamavam de experiência? Sabia que essa não era toda a extensão do poder de Hyze, mas apenas o fato de lidar com isso já era uma grande vitória para um ser que há pouco tempo era tão fraco.

“Não posso diminuir o meu ritmo agora. Nie, foco em gerenciar a mana que chega nos braços.”

[Sim!]

Usar a Franchi Spas-12 na mão direita era um pouco incômodo, não era o seu membro dominante e a arma possuía muito peso, mas a melhoria corporal com a mana permitia que lidasse com isso.

Em momentos como esses, sentia falta de sua antiga habilidade “Melhoria Corpórea”, obtida após logo no início da sua jornada, foi um buff  bem útil em suas batalhas.

Mesmo treinando tanto nos últimos tempos, havia um limite que um humano podia chegar. Não era 100% humano, mas precisaria se esforçar muito para ganhar mais massa muscular, pois seu estilo de batalha era corpo-a-corpo com foco na velocidade.

O problema ali era que ele era como um tank querendo jogar de ladino, precisaria do dobro da velocidade de um patife comum para se movimentar como queria, e o peso das armas não ajudava.

Sem dar brecha para que Hyze efetuasse mais um ataque, Kurone chutou o chão com força e reduziu a distância entre o seu corpo e o da xamã.

Ao chegar a poucos metros dela, investiu com a Boito .20, um “pow” reverberou pelo ar, contudo a elfa fez apenas um gesto para fazer uma barreira de terra surgir, protegendo-a do disparo.

“Boa tentativa, mas eu já esperava algo assim.” 

Para a surpresa do público, Kurone arremessou a escopeta menor para o alto, descartando-a, e focou em sustentar a Franchi Spas-12 com as duas mãos. Os mais atentos podiam ver a energia saindo do seu corpo e sendo absorvida pela arma segurada.

Um suspiro foi escutado quando a arma estava pronta, Kurone agarrou a escopeta como se ela pudesse arremessá-lo para longe apenas com o disparo. Após o dedo ir ao encontro do gatilho, o barulho de uma explosão absurda foi escutado.

A parede erguida por Hyze não suportou a impacto e ruiu, no entanto a xamã já não estava mais lá, algo também esperado por Kurone.

Sem perder mais tempo, o jovem mirou para o alto e buscou o seu alvo. A velha não desapareceu, apenas deu um super salto para evitar ser atingida pelos destroços da barreira de terra.

Dessa vez, seus disparos foram mais suaves, mas aquilo não queria que dizer que o ataque era inofensivo, essa única investida tinha força para perfurar até mesmo a carne da Besta Negra, ao perceber isso, Hyze não teve escolha a não ser mover-se e mudar sua rota de aterrissagem.

— Tá achando que vou te dar essa moleza, coroa?! — rugiu o garoto desmaterializando a Franchi Spas-12 e substituindo-a pelos dois revólveres de tambores giratórios. Não era bom com aquela dupla, mas não havia espaço para falhas ali.

Assim que os gatilhos foram pressionados ao mesmo tempo, os tambores carregados com mana giraram sem parar enquanto as armas cuspiram os projéteis impiedosamente contra a elfa.

Como esperado, Hyze não teve dificuldade em desfiar dos ataques, mesmo ainda no ar, apenas a sua mentalidade era de idosa, pois o corpo movia-se em uma velocidade impossível até para os mais jovens.

— Menino, se você não lutar a sério, vai morrer. Os poderes do Vassalo da Morte ainda não foram utilizados, assim como seus orcs, está querendo perder tanto assim?

Kurone apenas praguejou e focou na batalha. Não via seus servos orcs como simples cartas descartáveis, assim como também não podia lidar com o Tipo Elemental Escuridão. Na verdade, a relutância de usar os poderes do Vassalo era mais por conta do medo de perder o controle.

— Você também, coroa, vai começar a levar isso a sério quando? Já tô ficando entediado de pular de um lado pro outro — ele provocou limpando o suor da testa. Suas palavras sem respeito provocavam desgosto nos elfos da plateia.

Hyze era alguém no mesmo nível de um deus, mas estava ali, tendo uma batalha patética contra um jovem inexperiente.

Por algum motivo, a xamã pôs um sorriso perverso em seu rosto, isso, combinado aos olhos amarelados, davam-na uma aparência assustadora.

— Eu estava sendo educada, não queria terminar a luta tão depressa… mas parece que as crianças de hoje em dia não têm paciência mesmo. — Em um piscar de olhos, a elfa se teletransportou e ficou frente a frente ao seu oponente.

Não houve tempo de resposta, Kurone foi atingido por um golpe rápido de mão aberta e seu corpo voou pela arena, contudo, ao invés de impactar contra a barreira que protegia o público, suas costas encontraram a bota de Hyze.

A xamã usou a habilidade que parecia ser teletransporte para chegar ali e, flutuando no ar com a magia de levitação, especialidade de magos do Tipo Elemental Vento, desferiu um chute.

Apesar da velocidade da elfa, não pôde deixar de rir. Novamente, isso não era algo novo. Foi arremessado muitas vezes durante sua luta contra Asmodeus di Laplace, a chave para escapar dessa situação era deixar seu corpo forte com o máximo de mana possível.

“Nie, manda tudo pras pernas, vou cair de pé!”

[S-sim!]

Por sorte, não precisava se preocupar com a manipulação de mana entre o corpo e a alma, ter Annie gerenciando tudo lhe dava a chance de focar na luta.

Assim que tocou o chão, caindo em pé como um gato, uma cratera foi criada e a terra espalhou-se pelo ar. Podia ver dali o rosto assombrado de Eulides, na arquibancada.

Kurone estava mostrando truques que nenhum humano comum podia fazer, era realmente grato por ter Annie ao seu lado.

Mas, apesar de sobreviver à queda, as partes atingidas pelos ataques da xamã ardiam, a sua defesa não era capaz de suportar os ataques, Hyze conseguia quebrar muitos ossos em poucos movimentos.

— Estar vivo após meu arremesso é uma grande conquista… contudo, é hora de acabarmos com isso. — A elfa elevou sua mão direita ao céu e, após pronunciar algumas palavras inaudíveis, diversas bolas de fogo começaram a despencar na direção de Kurone.

Estava cercado, fugir era um movimento inútil que poderia custar a sua vida. O tempo para pensar era curto, por isso decidiu tentar outras das suas imprudências.

Ao invés de tomar distância, aproximou-se do local onde as bolas de fogo cairiam e, após pedir para a sua companheira direcionar mana para suas mãos, lançou uma esfera flamejante semelhante às convocadas por Hyze.

A diferença era que a xamã convocou mais de cinco apenas levantando a mão, enquanto Kurone lançava uma bola de fogo com dificuldade. Mesmo se o impacto com a outra fosse suficiente para destruí-la, precisaria arremessar mais de cinco das bolas de fogo.

Como o esperado, as esferas de fogo chocaram-se no ar e explodiram em pequenas faíscas que iluminaram o local por alguns segundos como fogos de artifício.

Uma tontura violenta passou-se pela cabeça do jovem após ele usar a habilidade tantas vezes, mas Hyze não perdeu tempo mais tempo e teletransportou-se para as costas de Kurone, pronta para dar mais um golpe que o arremessaria em direção à borda da barreira novamente.

— Dessa vez não, coroa! — vociferou girando o mais rápido que podia, o seu intuito era apenas esquivar, mas, ao ver a oportunidade, sacou a sua faca de combate e tentou investir contra Hyze.

A lâmina de curvatura anormal fez um corte rápido, poderoso suficiente para rachar uma pedra ao meio, contudo a arma foi simplesmente parada pelas unhas da xamã.

Kurone deixou um leve suspiro escapar ao ver aquilo, seu corpo ficou parado nessa posição, Hyze conseguiu imobilizá-lo segurando apenas a ponta da faca de combate com as unhas.

— Você perdeu — ela falou acertando-lhe um chute giratório no rosto, o que o atingiu em cheio e jogou-lhe contra a barreira protegendo a plateia. Além de todos os Tipos Elementais, a elfa também conhecia artes marciais letais.



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