Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 3

Capítulo 172: Refinando A Mana Em Grupo

O corpo de Kurone teve outro espasmo quando ele trocou de lugar com Annie novamente. A deusa gentil foi até os seus limites para alterar as configurações do Orbe Amarelo, agora tudo dependia do garoto.

Porém, mexer na esfera provocou efeitos colaterais, a energia emanada dela aumentou ainda mais, forçando Lao Shi e Lothus a se afastarem.

[Você não precisa absorver tudo de vez, vamos aumentando a quantidade exponencialmente para equilibrarmos a entrada da mana bruta e a devolução da refinada. Não se preocupe, basta tocar no Orbe que eu controlo o seu fluxo daqui.] 

“Nie, tem certeza que ainda consegue? Você se esforçou pra caramba agora pouco.”

[Eu vou me esforçar enquanto você também estiver se esforçando, Kurone. Mas eu que devia te perguntar isso, você ainda tem forças?]

“Pode apostar que sim!”

O jovem encarou o grande objeto à sua frente. Apesar da imensa quantidade de mana que saiu dali, o Orbe Amarelo continuava imponentemente espalhando a energia contida em seu interior para o ambiente.

Kurone fechou os olhos e suspirou. Dessa vez, quando ele pôs a mão no vidro, não levou um choque ou foi arremessado. Com cuidado, o garoto colocou as duas mãos sobre o vidro rachado e permitiu que Annie agisse do interior da sua mente.

O começo foi sem problemas, porém o corpo dele começou a arder após poucos segundos. Apesar de suportar uma quantidade infindável de mana no seu interior, a maneira como ela adentrava o fluxo com violência passava a impressão que centenas de agulhas perfuravam sua pele.

Ele escutou os murmúrios de Annie na sua cabeça. Aparentemente, controlar todo aquele poder e devolver parte dele para o Orbe era uma tarefa muito difícil para a deusa.

As pernas tremeram, o coração acelerou e algumas estrelinhas invadiram o seu campo de visão, mas Kurone perseverou, ele sabia que tinha em mãos a vida de todas as pessoas que estavam ali e dos habitantes inocentes do Continente Oriental.

Pensar que era como um super-herói tendo que proteger uma cidade de uma explosão iminente provocou um misto de emoções no garoto. Contudo, o importante não eram as pessoas distantes, mas sim aquelas que estavam ao seu lado.

Cerrou os dentes para suportar a dor aumentando gradualmente, porém, ao olhar para o lado, ele foi surpreendido pela figura de alguém que o ajudava.

— Se for nós dois, eu não estarei em perigo — explicou Lou Xhien Li. A menina mantinha uma postura semelhante à do garoto, com ambas as mãos apoiadas no espesso vidro do Orbe Amarelo.

Mesmo sendo uma Sophiette de sangue puro, Lou Xhien mantinha uma expressão de sofrimento no rosto. Era extremamente complicado para ela, que suportava pouca mana no seu interior, absorver, refinar e liberar parte da energia de volta para o grande Orbe.

Para Kurone as coisas eram mais fáceis, ele só precisava resistir à dor enquanto Annie fazia todo o processo. Vendo a determinação da princesa das garotas artificiais, o jovem forçou os seus músculos doloridos e consertou sua postura.

Ele podia sentir os ossos quebrados na batalha contra Mamon von Faucher estalando um após o outro, sua mente parecia ter sido perfurada após usar a Análise Avançada e todos os poros ardiam como se fossem perfurados por mil agulhas. Porém, ele precisava resistir até o fim.

Nunca fora fã da dor, odiava senti-la, mas, se para salvar seus amigos precisasse suportar aquilo, então que fosse!

— Lou Souen! — gritou Lou Xhien quando a quantidade de mana aumentou após uma pequena explosão. — Rápido, coloque suas mãos aqui!

Apesar de ser normalmente hesitante e racional, a sacerdotisa de cabelos negros correu sem pensar duas vezes ao escutar a ordem de sua princesa.

— Tem certeza? — perguntou Kurone.

— Como eu disse, enquanto você não soltar o Orbe não teremos problemas.

Quando a garota artificial tocou o vidro, ambos sentiram a energia do objeto sendo equilibrada. A dor não diminuiu, no entanto era mais fácil controlar a energia quando três pessoas estavam ali.

Um garoto estranho, uma Sophiette muito jovem e uma garota artificial metade Sophiette, a formação incomum seria o suficiente para controlar toda aquela energia, quando Kurone assim pensou, um barulho foi ouvido na entrada da torre em pedaços.

— Malditos! — berrou uma voz infantil e irritada.

O olhar de todos se focou na pequena garota de cabelos mistos de rosa e azul e máscara branca. Kurone praguejou baixinho por achar que tudo caminhava para um bom final.

— Mamon! — gritou Asmodeus avançando sem pensar duas vezes. O Arquiduque e a Duquesa impactaram na entrada e rolaram para fora da torre.

— Precisamos ir mais rápido! — gritou Lou Xhien, o pequeno corpo dela tremia de medo.

— Não é perigoso? — questionou o jovem com uma voz ofegante.

— Será mais perigoso se aquela demônia conseguir nos pegar… — a menina olhou para Lou Souen — Você acha que consegue? — Ao receber um aceno afirmativo, Lou Xhien direcionou o olhar para o Orbe e aumentou a velocidade do processo.

A princípio, parecia que o trabalho duro deles não tinha resultado, porém Kurone percebeu que o vidro do Orbe parou de rachar e a densidade da energia emanada no ar diminuiu. Lou Xhien explicou que eles só precisariam manipular a energia para calmá-la quando ela parasse de vazar, mas aquela seria a parte mais perigosa.

Naquele momento, o corpo deles era tão perigoso quanto o Orbe Amarelo, soltar aquilo poderia resultar em uma explosão.

— Eu vou achar o seu irmão, não se preocupe — Lao Shi falou para Lothus. — Kurone, se algo acontecer comigo, você sabe para aonde ir! — após o grito, ele correu para o exterior da torre.

Seria realmente útil se o Arquifeiticeiro conseguisse usar outro selo e incapacitar Mamon por mais alguns minutos, porém Kurone tinha ciência que ele estava muito fraco. O corpo de todos estava carregado pela mana espalhada pelo ar, mas provavelmente usar magias avançadas exigia mais que energia vital.

Quando o homem saiu, apenas Lothus permaneceu no centro da torre. Kurone, Lou Xhien e Lou Souen continuavam sua árdua luta para controlar a energia do Orbe. Lao Shi e Asmodeus saíram para lutar, aquilo gerou um desconforto no peito de Kurone.

Ele não gostava de Lao Shi por aquele homem lembrá-lo do marquês Edward Soul Za, porém não queria vê-lo machucado, afinal foi graças a ele que aprendeu a lutar e estava ali de pé em uma situação tão crítica.

Em sua mente também se passou a figura de Berthran, Baltazhar, Ayshla e Hime, eles estariam bem? Também questionou-se onde Inari teria ido após avisar ao Arquifeiticeiro sobre o que acontecia naquela ilha.

E, naquele momento, o jovem sentiu um arrepio na espinha. 

— Cuidado! — gritou Lothus, porém foi tarde. 

Um ataque rápido e preciso zuniu pelo ar da torre e seguiu em direção ao trio que continha energia do Orbe. Tudo aconteceu tão rápido que bastou Kurone piscar para ver o cenário mudando.

— Não!

— Você não pode soltar o Orbe, plebeu idiota, ou vamos morrer! — berrou Lou Xhien.

O ar em forma de flecha atravessou a região da cintura de Lou Souen, uma quantidade considerável de sangue descia pelo local, mas a garota artificial continuou a refinar a mana do Orbe, ela sabia que aquilo era mais importante que a sua vida.

Lou Xhien tinha uma expressão desesperada, mas conseguiu manter e calma e começou a curar a sacerdotisa de cabelos negros. 

Dividir sua consciência entre refinar mana e curar uma ferida daquele tamanho exigiu que a garotinha se esforçasse ao seu limite.  

Kurone, sem soltar o vidro da esfera, olhou com fúria para a direção de onde a flecha rápida veio. De repente, o som de passos lentos reverberou pelo local e a figura da pequena Duquesa do Inferno apareceu.

Lao Shi não teria sido derrotado, teria?

A vontade do jovem era saltar dali e segurar o pescoço daquela menina até ter certeza que ela estivesse morta, porém ele sabia qual era sua obrigação. O que poderiam fazer ali sem a força de Lao Shi e Asmodeus?

Mas antes que o desespero tomasse conta do rosto de todos, quem se adiantou foi a garota demônia de cabelos castanhos. Lothus correu e parou um pouco distante da Duquesa. Claro, Mamon não poderia machucá-la, afinal a irmã do Arquiduque era um dos seus objetivos ali.

Lothus estendeu as mãos sem dizer nenhum palavra e pegou duas lâminas brilhantes. A garota entrou em sua graciosa posição marcial de batalha, pronta para enfrentar a Duquesa. Aquilo era suicídio.

“Droga! Droga! Nie, não tem como acelerar ainda mais esse processo?!”

[Estamos em nosso limite! Só podemos torcer para a Duquesa não mudar de ideia sobre manter a irmã do Arquiduque viva.]

Sem perder tempo, Lothus avançou com cuidado, arremessando as duas lâminas que tinha em mãos e sacando mais duas. A Duquesa fez apenas um movimento com a mão para desviar os projeteis e outro para derrubar Lothus com um ataque fraco de magia de vento.

— Fique quietinha aí que te deixo viva — disse Mamon.

A demônia andou imponentemente em direção ao trio contendo a energia de Orbe Amarelo, porém ela foi surpreendida por uma dor fina nas costas. Ao olhar para trás, viu as duas lâminas arremessadas anteriormente presas ali.

O veneno percorreu a corrente sanguínea rapidamente e fez a Duquesa se ajoelhar por alguns minutos. Kurone percebeu que a luta estava perdida ao sentir a intenção assassina e a fúria de Mamon aumentando, não era para menos, afinal uma demônia fraca a fez ficar de joelhos.



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