Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 9: Interrogatório

Feitiço de “debuff”, essa era a especialidade da família Soul Za junto ao “Tipo Elemental Raio”, o marquês herdou especificamente o feitiço “Sonolência”. Havia algumas condições para que esse debuff, que provocava sono extremo, funcionasse.

Primeiro: o alvo precisava estar um pouco ou completamente cansado.  

Segundo parâmetro: o alvo tinha que estar próximo ao usuário. O feitiço também podia ser imbuído em objetos ou alimentos — como a cama no quarto de Kurone e Rory e o chá que o jovem tomou. 

Essa foi a explicação que Edward deu ao prisioneiro acorrentado, as informações era um pouco vagas, mas soube logo que havia diferença entre Tipo Elemental e “feitiços herdados” nesse mundo. 

— Agora que forneci ao senhor informações deverás relevantes, é a sua vez… diga-me, senhor Kurone Nakano, foi a marquesa Sophiette que o enviou para invadir minhas terras, não foi? — O nobre conduzia o interrogatório na sala iluminada pelas chamas das tochas. 

Kurone, por sua vez, olhou confuso para a pergunta incompreensível do marquês. “Sophiette”, era a primeira vez que escutava esse nome, mas Edward tinha certeza de que ele havia sido enviado por essa pessoa, que a julgar pelo nome, provavelmente era uma nobre rival.

— Eu não sei…

Clap! O chicote negro zuniu ao lado da bochecha do jovem, fazendo uma pequena fissura na parede atrás dele. — Por favor, não minta — Brain disse com um sorriso angelical.

Todos eles eram assim? Kurone ficou perplexo ao perceber a distância em que a empregada gentil estava. O chicote era bem extenso, e, aparentemente, não era a primeira vez da empregada em um interrogatório.

— Acalme-se, Brain, não queremos assustá-lo… — o marquês repreendeu a precisão da serviçal.

— Desculpe, hihi, faz tempo que não uso esse brinquedo, fiquei um pouco excitada e causei problemas ao marquês.

O chicote nas mãos da garota, assim como a mordaça, estavam mais para brinquedos sexuais que para uma arma de tortura… o desenrolar dos acontecimentos o preocupavam.

— Como pode ver, senhor Nakano, não vou poder controlar minha fiel serviçal por muito tempo, se não se dispor de boa vontade a contar a verdade, infelizmente terei que encarregar a Brain de interrogá-lo à sua própria maneira.

A expressão “cavou a própria cova” passou-se pela mente do jovem, e suor frio escorreu por toda a sua espinha ao perceber mais um erro que cometeu. 

Quando chegou à mansão, e até mesmo quando estava na carruagem, Kurone interrogou todos os empregados. Claro, ele queria apenas aprender mais sobre aquele mundo, porém isso acabou levantando suspeitas. 

Um estranho que questionava a todos os empregados, mas não chegou a fazer qualquer pergunta relevante ao marquês, alguém assim certamente possuía segundas intenções!

— Se não foi aquela mulher asquerosa que o contratou, então quem foi? O marquês Guller? Penso que não, ele não tem motivos, tudo aponta para a Sophiette… 

— É sério! Eu não conheço nenhuma dessas pessoas que você tá falando! Na verdade, você foi o primeiro nobre que conhecemos depois que chegamos a esse mund…

O chicote sibilou ao lado do rosto do jovem, aprofundando cada vez mais o buraco na parede — e fez Kurone calar-se.

— “Primeiro nobre”? Senhor Nakano, se não me engano, disse que o senhor e sua amável companheira eram aventureiros autônomos que faziam missões para outros nobres, estou correto? — Edward perguntou, ainda em seu tom anormalmente calmo.

— Então, se o senhor mentiu sobre o ataque à sua vila e sobre o fato de realizar trabalhos autônomos, posso presumir que, na verdade, o senhor tem um segredo que queira guardar, e seu objetivo desde o início era chegar até mim, estou certo?

— Mas, — ele continuou — se for verdade que o senhor é um aventureiro autônomo, então nada o impede de estar realizando uma missão para a maldita da Sophiette. Ela mandou-lhe invadir minhas terras com o objetivo de me capturar, não foi? Ou quer coletar provas para fortalecer suas acusações sobre o envolvimento de minha pessoa com conspirações?

Kurone encontrava-se em um beco sem saída. O raciocínio era atrapalhado pelo batimento cardíaco, os membros trêmulos começavam a ficar dormentes e a garganta ainda era incomodada pelo chá quente que bebeu muito rápido. 

Quem diabos era essa Sophiette que Edward torcia o rosto só de pronunciar o nome?

— Estou ficando impaciente, senhor Nakano, diga logo quem o contratou… — O marquês franziu o cenho, demonstrando sua irritação. A qualquer momento, esse rosto sereno poderia desaparecer.

— É sério, eu não conheço nenhuma Sophiette!

Clap!

— Ahhhhhhh!

O chicote atingiu de raspão a testa, apenas a ponta foi o suficiente para fazer o sangue escorrer.

— Eu sou um nobre que preza pela segurança do meu povo e de minha terra, por isso não vou deixar passar que alguns estrangeiros foram enviados com a missão de invadir as minhas terras.— Edward olhou de relance para o jovem. — Essa é sua última chance, senhor Nakano, fale logo quem o enviou e eu lhe libertarei. Juro que pagarei o mesmo valor que ele ou ela lhe prometeu.

Kurone optou pelo silêncio. 

Não tinha credibilidade nenhuma para pedir que confiassem em suas palavras quando afirmava que não conhecia nenhum outro nobre — isso por conta da mentira contada na hora do jantar. A essa altura, dizer ter sido reencarnado do Japão moderno só levantaria mais suspeita e o marquês provavelmente pensaria que isso era mais uma mentira. Reencarnado? Nem deviam saber o que era isso.

O que faria, então? Não sabia o que aconteceria se dissesse que fora enviado por um nobre para invadir as terras de Edward. Primeiramente, ele não conhecia o nome de nenhum nobre desse mundo a não ser “Sophiette” e “Guller”. 

Dizer que foi enviado por “Sophiette” podia acarretar ainda mais problemas, tanto para ele quanto para essa pessoa, fosse lá quem fosse. “Tô mesmo em um beco sem saída e agora cada vez mais distante de meu objetivo principal… que ainda nem sei qual é. Porra, uma aventura em um mundo de fantasia era pra ser assim mesmo?” 

— Admiro sua devoção ao seu trabalho, mantendo seu contratante no anonimato... sinto pena mesmo, senhor Nakano… — Edward se virou e foi em direção à porta.

— É com você, Brain, analise e traga-me resultados.

Clap! A garota lambeu os lábios ao escutar as palavras do mestre. Nesse momento, ela podia interrogar Kurone à sua própria maneira e, com certeza, não se limitaria apenas ao chicote amedrontador.

Kurone ignorou a empregada se despindo e voltou a atenção para chicote em sua mão. Jamais fora apreciador daquele tipo de prática, na verdade, odiava sentir dor. O desespero tomou conta de todo seu corpo frágil assim que viu as gotas de sangue pingando da própria testa.

“Será que vou desmaiar na primeira chicotada?” 

Queria apenas que sua consciência se desligasse antes de começar a sessão intensa de tortura, porém, além do desespero, a excitação também o dominava. “Se ela tá tirando a roupa, é porque também vai usar o corpo pra arrancar a verdade de mim?... Porra, como consigo ficar tão excitado em momentos como esses…?!”

Ele não recebeu nenhuma habilidade poderosa quando chegou a esse mundo, sua companheira o odiava, foi preso em seu primeiro dia, “drogado” por magia de sono e, nesse momento, corria o risco de despertar fetiches duvidosos com relação à dor. 

Novamente, que droga de aventura em outro mundo era essa?

Clap!

— Prometo que será divertido~~





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