Raifurori Brasileira

Autor(a): NekoYasha


Volume 1

Capítulo 28: Morram Carbonizados!

— Assassino!

— E-ele falou que o nome dele era Na-Nakano!

— É o demônio!

— Matem esse herege assassino!

Voltemos então ao presente: o julgamento de Sophia.

A multidão de nobres se agitou após Kurone atirar contra a princesa Elisabella; o corpo sem vida da garota despencou do alto até o chão do salão. Apesar da revolta, nenhum nobre se atrevia a descer até onde o jovem estava.

— O que aconteceu? — O rei perguntou confuso.

Um jovem de roupas elegantes ao lado do homem de meia-idade sussurrou algo em seu ouvido — provavelmente explicava o que acabara de acontecer.

— Eu gostaria que não ficassem tão assustados com minhas ações, vejam. — A voz de Kurone ecoou pelo tribunal.

Os nobres revoltados olharam para o local apontado pelo jovem: o canto da parede onde o corpo da princesa caiu.

— AHHHH! — Todos gritaram espantados ao verem a cena grotesca e perturbadora.

O corpo de Elisabella levantou-se, primeiro os braços fazendo "crack crack", depois o tronco e por fim as pernas. A princesa de rosto ensanguentado estava em pé novamente.

— Como podem ver — chamou a atenção novamente —, essa não é a princesa que vocês conhecem. É um demônio!

A criatura fez menção de correr até Kurone, mas caiu em seguida com uma flecha fincada no rosto.

— Obrigado — agradeceu a garota com uma besta em mãos.

Amélia lembrou de trazer a velha besta na carruagem, mesmo não tendo muita precisão, a arma acabaria sendo útil, como foi naquele momento.

Os nobres amedrontados sussurraram ainda mais entre si ao verem a cocheira da casa Soul Za ao lado do herege.

— Se essa garota não é a princesa — gritou enquanto dava alguns tiros para se certificar que o demônio não levantaria. —, onde está a verdadeira princesa? Você saberia me responder? — Apontou o fuzil na direção de Raul, que tentava fugir sorrateiramente.

— E-eu não sei! Eu fui enganado como todos aqui!

— Será…?

— Q-quem não garante que você também não está nos enganando! — O marquês Guller protestou. — Digo, como sabia que a princesa era, na verdade, um demônio? A verdade é que você é aquele terrível demônio do oriente chamado Nakano, não é?

Kurone ficou confuso com o final, mas respondeu sem hesitar ao nobre calvo de bochechas inchadas:

— É simples, a grande deusa Cecily atribuiu a mim o "Olho Sagrado". — "Falando assim até pareço um líder religioso de verdade, hehe..."

As palavras do jovem despertaram o interesse do Santo que se manteve calado até então.

— Não minta! Um herege cono você jamais teria o Olho Sagrado.

— É a mais pura verdade, veja por si mesmo — disse levantando a franja e mostrando o olho esquerdo amarelado. A pupila tinha um formato de uma estrela negra enquanto a íris reluzia em um tom amarelo forte.

— Diga-nos, Santo Bishop, é uma mentira, certo?

— Temo que não, marquês Guller.

— Impossível! — O marquês socou a coluna da parede ao seu lado.

— Esse olho me permite ver o fluxo de mana das pessoas, fantasmas e discernir humanos de demônios.

Kurone não citou a última parte. Usar o Olho Sagrado por muito tempo, além de consumir uma incrível quantidade de mana, provocava uma dor de cabeça excruciante, náuseas e outros sintomas que o jovem aguentava com sua pura força de vontade e insanidade.

— Então, onde está a princesa Elisabella? — O nobre de cabelos ruivos ao lado de Noah perguntou.

— Pode nos contar, Amélia?

— Sim. — A cocheira se dirigiu ao centro do salão e ficou perto do corpo da criatura similar a princesa. — O culpado, o homem por trás da falsa acusação de Sophia, do ataque na vila Grain, da organização conhecida como "Corvos" e do sequestro de várias garotas, incluindo a princesa Elisabella, é ninguém menos que... o marquês Edward Soul Za, meu mestre.

Os nobres em ambos os lados ficaram estarrecidos por um momento, alguns apenas cochicharam entre si enquanto outros processavam lentamente o que a cocheira disse 

— Mentira! — Guller protestou novamente. — Onde estão suas provas!?

— Eu sou uma prova viva — Amélia abriu os braços masculinos. — Eu, um demônio, ajudei Edward Soul Za em seus planos maléficos, não foi, Raul?

— H-HÃ?

— Você também ajudou o Edward, tanto no sequestro da princesa quanto na hora de incriminar sua mestra, estou errada?

— Raul… Por quê? — Sophia voltou um olhar de pena para o jovem.

— Por quê? — Raul gritou, desistindo da ideia de fugir sorrateiramente. — Você quer saber o porquê? Eu te digo! Você, sua vadia, matou a minha irmã!

— OHHHH! — Os nobres, que se tornaram a plateia daquele espetáculo oferecido por Edward, gritaram em uníssono.

— Eu vi tudo — continuou —, você nem percebeu, mas eu estava escondido durante a luta de minha irmã contra você! VOCÊ, sua vadia, matou minha irmã sem piedade!

— Raul…

— Eu não quero escutar! Desde aquele dia eu jurei que iria me vingar, mas fui apanhado por um comerciante de escravos e vendido para o marquês Guller… Alguns anos depois, conheci o marquês Edward, quem me prometeu que ajudaria em minha vingança!

— Raul, seu desgraçado! — Noah gritou do alto.

— Desgraçado? Eu apenas quis vingar a minha irmã! — Lágrimas começaram a cair do rosto do jovem enquanto ele estourava as cordas vocais. — A irmã Ruthy nunca significou nada para você?! Quando ela morreu, você simplesmente seguiu essa assassina e se esqueceu dela completamente! Eu sentia nojo toda vez que escutava você citar o nome da "irmã Ruthy", sua traidora!

— Isso não é verdade! — Noah gritou revoltada. — Foi vontade da irmã Ruthy—

— NÃO CITE O NOME DE MINHA IRMÃ, SUA PORCA!

— Raul! — Sophia gritou irritada.

— Eu não quero escutar vocês… Eu espero que todos morram carbonizados… Sim! Espero que o marquês seja preso antes de entregar os sacrifícios e a Besta Negra despeje sua fúria contra os moradores de Andeavor! HAHAHA!

— Não brinca! — O nobre ruivo gritou.

— Qual o problema?

— Você não conhece a lenda da Besta Negra? — perguntou a Noah.

— Não…

— É um monstro conhecido por ser a própria encarnação da gula. — Quem continuou foi Raul, em um tom insano. — Um monstro que devora tudo à sua frente impiedosamente. Um demônio que faz jus ao título de "monstro classe Calamidade".

— O que esse monstro tem a ver com o Edward? — O Santo Bishop perguntou em tom de espanto.

— HAHAHA! O Marquês fez um contrato com esse demônio!

— I-impossível! — Guller gritou surpreso.

— Estamos todos correndo perigo! — O nobre ruivo avisou.

O medo tomou conta do rosto de todos, até a sacerdotisa levantar a voz.

— Não se preocupem! — Inri tentou acalmar os nobres. — Se nos ajudarem, vamos conseguir sobreviver!

— E qual seu plano, sua herege? — Bishop perguntou olhando com desgosto para a garota.

— Para evitar problemas com a Besta Negra, vamos evacuar a população até uma área segura. Com a ajuda de Amélia, podemos chegar rapidamente ao esconderijo do marquês e libertar os prisioneiros…

— Esse plano é…

— Perfeito. — O rei sobrepôs a fala do Santo.

— Ma-majestade!

— Santo Avios Bishop, é minha filha que está correndo perigo, a princesa regente, caso não tenha uma ideia melhor, é melhor seguirmos o plano dessa senhorita, sendo ela uma herege ou não.

— Argh! — Bishop cerrou os dentes.

— Também podem contar com a minha ajuda!

— Ainda não terminamos seu julgamento — Guller tentou repreender Sophia.

— Do quê sou acusada?

— …

— Se não cometi nenhum crime, não posso ser condenada… Diferente de você, marquês Guller, que parece saber muito sobre os planos do Ed…

— O que está insinuando!?

— Não é hora de discutirmos! Precisamos agir o mais rápido possível. — Uma nobre ao lado de Guller tentou acalmar os ânimos.

— Então, majestade, está nos dizendo para confiarmos em uma herege, uma ex-condenada, uma demônio imunda e um estranho que se autodeclarada um Santo?

— Exatamente, Santo Bishop. Não temos tempo a perder! Eu encarrego a marquesa Sophiette a liderança dessa missão.

— Majestade, se não for pedir muito, gostaria que deixasse a liderança ao Nakano.

— Bom… Não vejo problema nisso, mas tem certeza?

— Sim.

— Então, Nakano, a liderança da missão é sua. — O rei apontou para uma parede aleatória.

Na catedral, Inri contou o motivo da princesa Elisabella ter se tornado a princesa regente: um dia, o atual rei, seu pai, ficou cego misteriosamente. Apontar para locais aleatórios enquanto conversava era algo de praxe daquele velho homem.

 



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