Que Haja Luz Brasileira

Autor(a): L. P. Reis


Volume 3

Capítulo 30: Tártaro

— Hahaha! Finalmente, finalmente estou livre!!! — O ser com rosto completamente coberto de cinzas e sua pele toda em carne viva ria e agradecia o antigo guardião, Jonathan Ismael, por tê-lo libertado após milênios trancafiado naquele buraco.

Jonathan apenas deu um sorriso de leve, acenando aprovação para a fala do ser. Em sua mão direita, ele segurava um corpo morto, que um dia havia respirado naquelas terras. O corpo possuía asas que, naquele momento, estavam se desfazendo como se fossem feitas de cera. Ismael apenas pegou a cabeça presa em sua mão e a jogou para o lado, junto com o corpo, como se fosse algo insignificante.

— Você acabou com Ícaro como se estivesse brincando com uma criança, qual o limite dos seus poderes? — Perguntou o ser com o corpo desfigurado, mas já começando a cicatrizar em uma velocidade absurda.

— Com o tempo, você saberá, Cronos. Agora não temos motivo para continuar batendo papo sobre meus poderes. Preciso contar o plano para vocês — Ismael não gostava de perder tempo e não se deixava intimidar, mesmo estando na frente daqueles que um dia foram conhecidos como os grandes titãs de Elysium.

— Pois fale o que você planejou para nós retomarmos o que é nosso! — Disse outro titã, com corpo humanoide, mas com pés parecidos com os de um pato, sem espaçamento entre os dedos, lembrando cartilagem que os grudava, como se fosse um grande peixe na cor verde. Seu cabelo era branco, enquanto seus olhos eram amarelados. Assim, ele ouvia atentamente as palavras de Ismael.

— Pois bem, Ocean, vocês sabem muito bem que, devido à pluralidade do mundo humano, os bem-aventurados enfraqueceram-se ao longo das eras em que vocês ficaram presos no Tártaros. Colocar Cronos, Ocean, Ceos, Ébero e Gaia para lutar contra eles seria desperdiçar suas energias à toa — Ismael introduziu seu plano de forma a chamar a atenção dos titãs, inflando seus egos ao máximo.

Agora, preciso que vocês lidem com Vinicius para que, assim, possam reinar em paz em Elysium e eu consiga a joia do poder, como combinado.

— Mas como você acredita que podemos derrotar um guardião? Eles são os seres mais fortes do universo. Como podemos ter alguma chance contra ele? Estás nos empurrando para a morte certa — A grande questionadora era Gaia, que também tinha forma humanoide. Sua pele parecia o próprio planeta inacabado, deixando cair fragmentos de terra de vez em quando. Do seu corpo fluía uma espécie de rio, saindo do seu coração e fluindo para suas costas, dando a volta como uma faixa.

— Como eu disse para vocês, nós não estamos aqui para matar Vinicius. Matar um guardião é quase impossível, sem contar que o bestoj dele pode escolher outro bem-aventurado e tornar nossos planos ainda mais complicados, como aconteceu com Rick — A voz de Jonathan silenciou qualquer outra pergunta que eles poderiam ter, até que Érebo deu razão a Ismael.

— Ele tem razão — Disse a voz vinda de um capacete que completava uma armadura tão negra quanto o carvão, fazendo com que as sombras parecessem claras perto de sua tonalidade. Os olhos vermelhos que saíam da fresta do capacete apontavam um olhar de aprovação.

— Jonathan traiu os guardiões, trouxe a melhor aprendiz deles junto de si, convenceu o discípulo de Rick a se juntar a nós e ainda fez quase o impossível: reuniu as sombras em um único objetivo, coisa que ninguém nunca conseguiu fazer. Vamos dar um crédito para o plano dele — Jonathan então destrinchou todo o seu plano, revelando quem deveria lutar contra quem e a forma perfeita para encurralarem Vinícius, impedindo que ele usasse seu poder máximo. Era um planejamento que Ismael havia concebido por eras, imaginando o que poderia acontecer se um guardião se rebelasse, mal sabendo que o futuro lhe concederia esse prazer.

— Diferente do que aconteceu na guerra da titanomaquia e da gigantomaquia, dessa vez nossas forças serão muito maiores do que naquela época, com certeza venceremos — Disse Ceos, cujo corpo refletia o fundo em que ele estava, exaltando os céus, onde um dia todo aquele espaço havia sido seu reino e seu trono estava localizado. Seus olhos refletiam os céus com um azul e branco sem igual.

— Vocês estão certos, Érebo e Ceos. Chegou a hora de nos reunirmos como irmãos de uma vez por todas — Disse Cronos, seu rosto e corpo se regenerando cada vez mais, enquanto ao fundo se ouvia o barulho das grandes piras queimando por toda Elysium.

Jonathan foi até a janela e verificou que o soldado elysiano que havia deixado fugir já havia alertado a patrulha sobre as várias piras que haviam sido acesas em todo o território, como um alerta, e em breve a informação chegaria ao Olimpo.

— Aconteça o imprevisto que acontecer, sigam o plano. Na hora certa, eu aparecerei para acabar com a luta. Fiquem atentos — Ismael subiu na janela e se jogou daquela alta torre onde os titãs estavam reunidos. Do fundo, pôde-se vê-lo voando, usando um par de asas semelhantes às que Ícaro possuía. Cronos observou o voo de Jonathan pela janela, assumindo a liderança mais uma vez.

Os titãs se preparavam para suas vinganças depois de eras sendo torturados no Tártaros. Cronos não mataria seus filhos, mas teria o prazer de ouvir isso da boca de um dos seus irmãos. Quando o titã voltou a olhar para os demais naquela sala, seu corpo já havia voltado ao normal.

Havia passado milênios atrás de milênios sendo derretido e regenerado pelo Tártaros como punição de Zeus. Todos os dias, era quase todo derretido até perder sua consciência, e quando voltava a si, seu corpo estava regenerado, e começava de novo o sofrimento do processo de degeneração. Cronos contou cada segundo desse tempo, esperando o momento propício para acabar com seu filho. No entanto, agora, Vinícius era a prioridade deles, e a ideia de Ismael tinha tudo para dar certo. Quando a luta contra o guardião terminasse, se seus irmãos não tivessem matado seu filho, Cronos teria todo o prazer de acabar com o rei de Elysium com as próprias mãos.

O corpo do titã era humanoide, em uma tonalidade vermelha quase como se fosse a própria ferrugem. Seu cabelo era preto, e do seu rosto, podiam ver as características principais de Zeus, Hades e Poseidon, especialmente os olhos do bem-aventurado dos mares que carregavam o mesmo olhar de seu pai. Os olhos do bem-aventurado do tempo eram azuis, antecessores à origem do tempo, e com a abertura de um sorriso, ele declarou aos seus irmãos com os braços abertos:

Todos os titãs assumiram características de seus poderes elementais depois dos castigos que sofreram dos seus filhos e sobrinhos. Cada parte elemental fazia o corpo tentar voltar às suas formas anteriores.

— Vamos, irmãos, vamos ao Olimpo tomar o que nos foi tirado! — Disse Cronos, gargalhando de prazer por ter esperado todo esse tempo. Ele encarava, da torre, o poço do Tártaros onde milhares de sombras, conhecidas como titãs, foram seladas depois que Zeus e seus irmãos venceram a guerra de titanomaquia e gigantomaquia.

Ele que estava perto de Ícaro, apenas pisou em sua cabeça como se fosse um tomate podre no chão. No momento em que o sangue espirrou para cima com seu pisão, Cronos mostrou que seu poder de diminuir a velocidade do tempo havia voltado. Com pequenas gotículas do líquido vermelho sobrevoando seu rosto, com a mão direita erguida cerrada, gritou:

— Vamos tomar o que é nosso! Esse é o início da destruição da vida dos meus filhos!

Fim do capítulo

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