Volume 1
Capítulo 21: Ragnarok
A sala estava mergulhada em um grande breu, mas a presença de dois seres destacava-se, como se fossem entidades convocadas para um encontro de extrema importância.
— Vamos começar o nosso encontro, Yume — a voz soou firme, com um tom rouco que se destacou no ambiente misterioso. Assim que confirmou o início da reunião, uma luz intensa irrompeu do teto até o chão, revelando suas aparências.
Quem havia dado a ordem para começar a reunião era um jovem de cerca de 30 anos, cuja presença imponente rapidamente chamava a atenção. Seu rosto, totalmente coberto por uma barba espessa e bem cuidada, realçava suas feições marcantes. A pele escura, de um tom profundo, harmonizava-se perfeitamente com seus olhos intensos, que brilhavam de forma opaca como carvão. Com mais de 1,90 de altura, ele se destacava, projetando uma aura de autoridade e respeito que envolvia o ambiente ao seu redor.
Ao seu lado estava Yume, uma jovem de cabelos curtos e negros que emolduravam seu rosto delicado. Sua pele clara destacava-se com um brilho sutil, e seus olhos, com uma tonalidade de mel que quase se aproximava do verde. As características de sua aparência remetiam aos povos orientais. Para completar seu visual, ela usava botas de cano alto na cor preta.
— Sim, Joninha! — Concordou a garota, utilizando um nome peculiar para se referir ao rapaz.
— Não me chame assim, Yume! — destacou o jovem, tentando desferir um golpe rápido contra ela. No entanto, como sempre, sua mão atravessou o corpo de Luariaqen, incapaz de tocá-la.
— Você nunca aprende, né mestre Joninha?! — A garota ria com um sorriso sarcástico em seu rosto, demonstrando sua habilidade em esquivar dos ataques.
— Maldito dia em que te dei esse poder, você só ficou mais folgada! — Afirmou o jovem, frutado por não conseguir atingi-la.
Os dois usavam sobretudos que envolviam seus corpos, indo das canelas até a altura do pescoço, com traços vermelhos nas bordas dos pulsos e das pernas.
— Vamos ficar aqui o dia inteiro ou vamos começar logo, Jonathan Ismael? — Uma outra voz feminina, carregada de sarcasmo, questionou, emanando de um ser holográfico. Sua forma era invisível, exceto pelo contorno, mas suas palavras soavam claras e nítidas — Qual é o motivo desse encontro?
— Revelarei assim que Yume parar com suas brincadeiras, Loki — Respondeu Jonathan, indicando que o início da reunião estava prestes a ocorrer.
A presença de Loki e mais nove pessoas surgiu na sala, manifestando-se como figuras holográficas. Suas vozes eram audíveis, ecoando naquele lugar.
— Podemos começar, Yume? — Perguntou Jonathan, olhando para a garota com uma expressão de que ela o estava envergonhando.
— Sim, mestre Jonathan — Disse a garota com uma continência, piscando para ele de forma sarcástica.
— Precisamos começar logo, antes que eu desmaie devido ao meu castigo eterno — Outra voz, quase arrastada, expressava sua necessidade de avançar com a reunião.
— Ainda se arrastando por aí, Cronos? — provocou uma outra voz, fazendo referência ao titã grego do tempo e ao castigo eterno que seu filho, Zeus, lhe impôs.
— Não o provoque, Naze, ele está do nosso lado! — Outra voz saiu do mesmo holograma que havia provocado Cronos, mas com uma tonalidade diferente, revelando que o ser parecia ter duas personalidades: uma mais provocativa e outra mais séria.
— Agora são vocês que estão nos fazendo perder tempo, Sukuna. Mas, enfim, os chamei aqui porque nossos preparativos estão finalizados. O ciclope e o orc já testaram o garoto, e ele se mostrou capaz — Ismael caminhava pela sala enquanto falava sobre Gael para todos ali presentes.
— E como foi a performance desse garoto? — Perguntou uma voz feminina, cruzando as pernas, demonstrando interesse pelo que Silva poderia demonstrar.
— Ishtar, pelo que nos foi relatado, ele já consegue usar seu elemento principal e secundário, já consegue usar a verdadeira forma de sua espada e conseguiu derrotar sozinho um orc. Acredito que essas informações sejam suficientes para vocês — Afirmou Jonathan, ciente de que as sombras fariam muitas perguntas.
— E como você conseguiu todas essas informações, se esse garoto agora é protegido dos guardiões? — perguntou outra voz, quase arrastada, como se a língua estivesse grudando no céu da boca.
— Eu sou a fonte da informação dele, Yamata no Orochi —A voz saiu de uma terceira figura que saiu das sombras, criando outra luz que se acendeu na sala.
O homem que apareceu era careca e de pele clara, destoando completamente do ambiente daqueles seres ancestrais. Vestia uma calça e uma camiseta polo colocada para dentro do jeans, parecendo estar fora de forma, mas sua presença ainda era intimidadora. No entanto, ao deixar o lado sombrio e se aproximar da luz, seu corpo começou a se transformar.
Sua pele escureceu, os olhos ganharam uma tonalidade obsidiana e um afro volumoso surgiu em sua cabeça, enquanto as laterais foram raspadas. A barriga saliente deu lugar a um corpo definido, e um sobretudo semelhante ao Yume e Jonathan foi delineado em seu corpo.
— É você! — Afirmou uma voz séria, mas surpresa com a revelação.
— Sim, sou eu, Érebo, Bernardo Pitta! — O jovem revelou-se, agitando todos com sua presença.
— Isso não estava nos planos, Jonathan, ele não é um de vocês! — A voz feminina demonstrava indignação com a chegada de Bernardo naquela reunião. A sala parecia envolta em sombras densas, destacando a tensão que pairava no ambiente.
— Pitta está conosco desde que vocês decidiram participar disso, Hela. Foi ele quem levou Gael para casa quando Rick transferiu seus poderes para o garoto. O escolhido está onde deve estar, mas não podíamos contar isso a vocês, porque essa informação poderia chegar aos guardiões e arruinar nosso plano! — Jonathan tomou a dianteira, deixando claro que estava passos a frente tanto dos guardiões quanto das sombras.
— Ei, me dê os créditos, essa ideia foi minha! — Reclamou Yume para Jonathan, requerendo seus devidos pontos.
— Yume analisou todas as possibilidades e chegou a esse raciocínio para que nosso plano desse certo. E agora estamos a um passo para começar ele — Jonathan posicionava os devidos créditos, mesmo que tenha sido forçado.
— Muito obrigada — Disse Yume, sorrindo como se tivesse ganhado um doce de seu mestre.
— E o que garante que ele não vai nos trair? — A voz que ecoava na sala era a mais idosa que havia se manifestado até então.
— Podemos resolver isso agora, Surtur. Se você quiser continuar duvidando de mim — Bernardo dizia aquilo fazendo a sala toda tremer com seu poder.
— Como Jonathan mencionou no início da nossa reunião, Bernardo e Surtur, não estamos aqui para brigar entre nós. Nosso objetivo é unir forças para derrubar os líderes dos bem-aventurados — a voz que proferiu essas palavras transparecia um ódio profundo pelos que governavam as sete dimensões, ao ponto de desejar formar essa aliança entre as sombras para derrotá-los.
— Seth tem razão. Enquanto ficamos discutindo e provocando uns aos outros, o tempo avança e os bem-aventurados continuam controlando nossas vidas — a voz feminina, que estava sentada ao lado das vozes que vieram de Sukuna, concordou.
— Muito bem colocado, Princesa Kaguya. Quanto mais tempo perdemos discutindo, mais essas escórias ficarão no poder. Quanto mais duvidarmos uns dos outros, mais demoraremos para conquistar o que é nosso! — Jonathan proferiu seu discurso, e o silêncio que se seguiu indicava que suas palavras estavam surtindo efeito. No entanto, a demora de Pitta tinha um motivo, e Ismael claramente queria saber qual era — Você conseguiu encontrar o item, ele existe mesmo?
Questionou Ismael a Pitta sobre a missão dele.
— Sim, existe. É curioso como isso foi criado naquela dimensão, mesmo Vand, Taciano e Nedtech nunca tendo autorizado a sua criação — O silêncio pairou na sala por alguns minutos, e não era à toa. Jonathan havia conseguido a impressionante proeza de reunir todas aquelas sombras, algo que ninguém mais tinha conseguido. Cada palavra que ele dizia desafiava a maneira como todos se submeteram aos líderes dos bem-aventurados, sem nunca deixar seus egos diminuírem para poderem assumir o controle.
— Agora vamos para a segunda parte do nosso plano, conforme Yume elaborou. Precisamos encontrar os garotos que estão começando a manifestar o eixo e trazê-los para o nosso lado. Como Orochi mencionou, chegar perto do Gael agora será impossível, mas esses garotos, com certeza, nos levarão até ele. Portanto, antes de tudo, vamos começar as nossa busca pelas joias de poder — Jonathan explicava os próximos passos, ciente de que precisava reconhecer Yume antes que ela voltasse a insistir — Loki, você terminou os preparativos?
— Só interrompendo o seu raciocínio mais uma vez, Jonathan — Quem puxou a fala agora era Ishtar, que parecia querer fazer uma pergunta — Eu sei que você sabe e parece uma loucura ter que reforçar isso, mas como raios você pretende matar os guardiões?
A pergunta de Ishtar voltou a provocar os demais na sala, que estavam em volta de suas silhuetas nas projeções. O discurso de Jonathan os envolveu tanto que até esqueceram de como poderiam derrotar seres tão fortes como os guardiões. Rick foi um caso isolado, mas o que aconteceria se lutassem com dois ou três deles ao mesmo tempo?
Bernardo apenas abriu um sorriso, Yume colocou as mãos por trás da cabeça e começou a sorrir, enquanto Jonathan puxava um cubo de dentro do bolso do seu sobretudo. O objeto tinha várias raízes esculpidas em sua forma. Enquanto isso, uma jovem lutava para se desvincular da caixa, como se estivesse lutando para se libertar. A base de cima e a debaixo eram firmes, sem as profundidades do centro, e com vários dizeres antigos na borda.
Ismael segurou o objeto e perguntou:
— Quem disse que precisamos matá-los? — O que Ismael tirou do bolso surpreendeu a todos e espantou ainda mais os titãs Cronos e Érebo.
— Como você conseguiu a Caixa de Pandora? — Cronos perguntou, sua voz ressoando pela sala, apesar do evidente cansaço. Afinal, era um objeto que ele mesmo havia criado — Esse é um dos tesouros de Zeus e fica guardado diretamente na sala pessoal dele.
— Como eu disse, meu amigo Bernardo Pitta tem poderes muito interessantes, e com isso ele sempre consegue o que precisamos — afirmou Jonathan, demonstrando mais uma vez que estava um passo à frente dos pensamentos das sombras.
Pitta acenou com a cabeça, agradecendo pelo elogio que havia recebido de Jonathan. Entre eles, não havia uma posição de liderança, apenas a mesma motivação, um único propósito: destruir os guardiões e matar todos os líderes dos bem-aventurados.
— Podemos continuar, Loki? Como estão os preparativos finais? — Perguntou Ismael, finalizando qualquer pergunta que as sombras poderiam fazer.
— Está quase lá. Em breve, vou conseguir acesso à Bifrost para todas as sombras, e será tarde demais para Heimdall reverter isso — Loki respondeu à pergunta de Jonathan, avançando um passo a mais nos próximos movimentos que fariam.
— Muito bem, Surtur, esteja preparado para começar sua parte assim que Loki terminar a dela. Não podemos adiar mais essa revolta — Jonathan dava um passo à frente, abrindo os braços e, unindo as palmas das mãos, declamou — Vamos começar o Ragnarok!
FIM DA PRIMEIRA PARTE!
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