Volume 1
Capítulo 2- A Reunião
Na sala de reuniões todos os líderes se reuniram com as Matriarcas.
A sala era grande, havia quadros retratando os antepassados da família. No centro da sala, havia uma grande mesa de madeira maciça, rodeada por cadeiras estofadas, onde os líderes se sentavam durante as reuniões. Iluminada por lustres de cristal, que espalham uma luz suave e agradável. Nas extremidades da sala, haviam grandes janelas com cortinas pesadas, que podem ser abertas para permitir a entrada de luz natural e uma vista panorâmica do reino de um lado e do outro, uma bela paisagem do rio que se conectava com o mar no horizonte. O ambiente transmitia uma atmosfera de seriedade e importância, refletindo a importância das decisões tomadas ali. Havia também muitas cadeiras enfileiradas mais ao fundo da sala, caso fosse uma reunião para mais pessoas, possuía uma lareira grande, com duas poltronas de balanço, almofadadas, estes eram os assentos das Matriarcas.
Tinham convocado a reunião para discutirem sobre algum assunto de importância, elas estavam sentadas em suas poltronas, as adoravam, os guardas presentes na sala saíram e esperaram do lado de fora da sala, ficando apenas os líderes e Matriarcas.
— Olá filhos, como estão? Meredith e eu sabemos que nosso tempo já passou, nossa idade enfim passou, então precisamos de um sucessor para ser intitulado como rei ou rainha, por meros conformes, sabem que todos aqui lideram juntos, e creio que cabe a vocês decidirem quem será o próximo rei ou rainha — disse Cid.
— Seria o Calum pela ordem de idade, além de ser o mais velho, sempre foi mais próximo de vocês, e sempre se deu bem com toda burocracia — disse Prays.
— Sim, o Calum é perfeito para isso, ele já faz praticamente tudo o que um rei faz, além de que não mudaria nada para os demais reinos — completou Grace.
— Meus filhos, vocês também já estão com a idade avançada, teriam que mudar novamente esse cargo em alguns anos, então pensamos em algum dos prodígios. E mais, prevemos que algo acontecerá muito em breve ao reino, acreditamos que começar a preparar um deles, para se tornar um grande líder é a mais sábia das escolhas — disse Meredith.
— O que acontecerá??? O que estão pressentindo? Algo acontecerá a vocês? — Perguntou Calum.
— Filho, isso é algo que não está muito claro, e não é importante por hora, mas está na hora deles começarem a entender o que nosso reino é e como um líder deve se portar.
— Tudo bem, mas sabem que isso vai dar uma confusão entre eles, tem os egos muito inflados! Lana é a mais velha, mesmo não sendo diretamente do ramo principal, é a mais velha — pontuou Grace.
— Lana acredito que não se encaixe, conheço muito bem ela, justamente por esse ego, pode levar a tempos difíceis, ela precisa amadurecer muito ainda, e já tem um reino a esperando, Allub — respondeu Rosie.
— E Guildor? Creio que seria o ideal — sugeriu Vlad.
— O meu filho? Ele não vai querer, tem preguiça de fazer qualquer coisa, nunca quis participar de nada que não fosse obrigado aqui no reino.
— Não é preguiça Grace, e isso pode ser bom, sabemos que ele não gosta muito de treinar ou se esforçar fisicamente, então sempre tentará evitar um conflito, fora que é o que melhor administra seu tempo, é bondoso, obediente e tranquilo, será um grande líder! — Exclamou Prays.
— Vendo por esse lado tem razão Prays, só não sei se ele aceitará de qualquer forma.
— Por mim, treinamos o Guildor para liderar o reino então — finalizou Rosie
— É uma Sábia escolha meus filhos, Aniya passa muito tempo conosco, mas é muito bondosa e inocente ainda, deixaremos com vocês a decisão e o treinamento, sei que cada um tem algo a ensinar a ser um grande líder, agora eu e Cid vamos fazer crochê em nossos aposentos! —Finalizou Meredith.
— Sim senhoras! —exclamou todos na reunião.
Saindo da sala de reunião, todos estavam com olhares desconfiados de algo, pois havia sido bem diferente do normal aquela reunião.
— Vocês também notaram?! —Calum.
— Sim, elas não contaram tudo do sonho, sempre contam para nos prepararmos... – disse Vlad preocupado — ...nem tocaram no assunto, será que é algo sério? De qualquer forma, concordo que precisamos preparar não só Guildor, mas todos os outros também, para serem ótimos líderes.
— Vai ser difícil, as meninas só querem ficar fora do castelo, Mats só treina, treina e treina! Lana mal vejo por aqui, e o Jay-Jay e Corbin são tão novos, difícil de entenderem o que é liderar — pontua Prays.
— Lana realmente nunca vejo, está sempre com Robin, acho que tem algo aí, mas sempre que precisamos vem prontamente, Jay-Jay e Corbin não saem do laboratório deles, são muito imaturos ainda. — Complementou Grace.
— Bom tudo dará certo, mas vamos manter isso em segredo, vamos aos poucos e indiretamente preparando-os — aconselhou Calum.
Do lado de fora de uma das janelas, Mats havia enfincado suas adagas na parede e ficou em pé em cima delas, escondido, conseguiu ouvir tudo, graças as suas habilidades, costumava sempre ser sorrateiro, pois vivia desconfiado de tudo, e sempre foi muito curioso para saber o que acontecia, então quase todas as reuniões ele conseguia uma forma de “participar”, e com suas habilidades e sentidos aguçados, era imperceptível, ouvindo mesmo não estando dentro da sala.
“Hm, o que será que vai acontecer?” pensou Mats saindo dali, e indo até o quarto de Guildor.
Guildor estava lendo um jornal, deitado em sua espaçosa cama.
— Guildor, precisamos treinar, agora — disse Mats
— O que? Porque está gritando cara? — Respondeu Guildor bocejando.
— Só vamos treinar logo.
— Mas agora estou lendo as notícias do Plano, parece que os Brutamontes capturaram outra criatura para ser feita de escrava.
— Não me interessa, vamos treinar.
— Você está muito estressado hoje.
— Vamos logo.
— Estou indo, estou indo.
— Vou esperar aqui fora, não demora!
Guildor se levantou e se trocou, colocou seu traje de treino, era uma armadura de metal e couro, já um pouco danificada e suja devido aos treinos que sempre a usou, e sai ao encontro de Mats.
Indo até a sala especial para treinar, passaram pelas meninas no corredor, ambas estavam com sorvete na mão, e demonstraram interesse no que iam fazer.
— Onde vão? — Perguntou Minev.
— Não é da sua conta — respondeu Mats.
— NHANHANAHA bocó — retrucou Minev.
— Ele está me obrigando a treinar de novo, me ajudem por favor — suplicou Guildor, caçoando de Mats.
— Vocês dois só treinam, não aproveitam nada da vida real, do mundo fora do castelo, que vida pacata — disse Mavie
— E você aproveita até demais né Mavie haha — afirmou Aniya.
Todos deram risada com exceção de Mats que se manteve sério e continuou caminhando para a sala de treino, sempre o foi o mais calado entre os jovens, e o mais introvertido.
“Eles só treinam na sala especial e não deixam absolutamente ninguém entrar para assistir, nem mesmo nossos pais...” pensou Aniya.
— Não sei o que fazem tanto lá que ninguém pode ver, mas a verdade é que meu irmão sempre deve ganhar do seu hehe — disse Minev.
— Você está lendo minha mente sua intrusa? — Perguntou Aniya.
Chegando na sala de treino, havia sempre um guarda em sua porta, era Lewis, um dos guardas de confiança da família, e um dos pouquíssimos que sabiam a verdade sobre os jovens e toda profecia.
— Lewis, não deixe absolutamente ninguém entrar — disse Mats.
— Pode deixar, meu senhor, mas tentem não destruir a sala, fica difícil mentir para seus pais toda vez, dizendo que eu não sabia o que estavam fazendo — respondeu Lewis.
— Não posso prometer nada.
— Pode deixar meu amigo Lewis, vamos pegar leve não é Mats? — Respondeu Guildor
O castelo contava com inúmeras áreas de treino para todos, tinha área de treino perto do rio para Mavie treinar suas habilidades com a água, tinha um perto de uma floresta para Aniya, e até um com uma grande fogueira e tochas para Lana, entre outras campos neutros de batalha, mas essa sala era a preferida de Mats, além de ser fechada, mantendo olhos de fora longe, ainda era reforçada com os materiais mais resistentes do reino.
Era uma sala redonda, muito alta, era inteira branca, com algumas colunas que iam do chão até o teto, e ... apenas isso. Mats a adorava por também ser uma área sem muitas coisas para destruir, e podia se soltar à vontade.
— Porque você nunca quer que ninguém veja nosso treino? — Perguntou Guildor.
— Você sabe o porquê, temos sempre que ter uma carta na manga, principalmente para surpreender em horas cruciais, ninguém pode saber da sua forma colossal ainda, e preciso que use ela para eu tentar ficar cada vez mais forte.
— Você sabe que nunca vai me vencer naquela forma né? O cara aqui vira um tanque.
— Se transforma logo, e vamos ver.
Guildor deu dois tapas na cara, se concentrou, fechou seus olhos gritou — LA VAI!
Guildor entrou em uma forma, em que seu corpo ficava revestido por metal, um metal brilhoso, único, dividido verticalmente em duas cores diferentes em cada metade de seu corpo, crescia cerca de 30 centímetros e ficava mais largo, além de ter cerca de 10x mais força que o normal.
— Pode vir Mats, mas vem, com tudo — disse Guildor.
Mats sacou suas duas adagas negras, duas adagas feitas de um material que nunca souberam explicar o que era, mais resistente de que qualquer metal, seus olhos violetas brilharam, e então, em alta velocidade partiu para cima de Guildor.
A sala inteira tremia com os golpes dos dois, Mats sempre na ofensiva devido sua velocidade unida de sua forca, mas os golpes em Guildor não pareciam muito eficientes, ele não sentia, ele não recuava, mas também tinha dificuldade em acertar Mats, nessa forma ele perdia velocidade, e com o aumento de tamanho ficava com menos mobilidade, o dificultando a acertar alguém bem rápido como Mats.
E assim treinaram por horas, no fim, pareciam que os dois tinham enfrentado um exército sozinho, ambos muito suados, principalmente Mats, estava ofegante, gotas de suor pingavam de seu rosto.
— Foi um bom treino Mats, vai me deixar com uns hematomas — afirmou Guildor.
— Você é absurdo, mal se cansou parece, e ainda nem usou seus Summons — respondeu Mats.
Summon eram criaturas os quais podiam ser invocados pelos prodígios, cada um tinha um, com exceção de Mats.
— Ai que está! Eu só consigo ficar nessa forma graças a eles, são eles que revestem meu corpo. Então se estão invocados não consigo ficar assim.
“Nunca consigo sequer dar um golpe que doa nele, pelo menos não que ele demonstre, apenas golpes leves, sempre fico pensando no quão bom que é ter esse cara do nosso lado, mas eu preciso o superar de alguma forma, a verdade é que tem aquela outra coisa que não consigo controlar ainda... porque justo eu tinha que vir com poderes que ninguém nunca teve, consequentemente ninguém pode me ajudar a usá—los da melhor forma e ainda não tenho um Summon.” Pensou Mats.
— É eu aguento a maioria dos seus golpes, mas mesmo assim, acertar você parece impossível, só quando se cansa muito que consigo te acompanhar, eu fico muito mais forte e resistente, mas perco um pouco de velocidade, mas por hoje deu, eu vou nessa, outro dia treinamos mais — disse Guildor voltando a sua forma normal.
Ambos saindo da sala, passaram por Lewis pedindo desculpas.
“Eles destruíram a sala de novo, esses dois, que poderes eles guardam? São dois monstros” pensou Lewis.
Em uma montanha fora do castelo, ao entardecer, Lana estava treinando com um amigo que conhecerá a algum tempo que também possui poderes de fogo.
Seu nome era Robin, ele era de fora de Inorram, de um vilarejo distante, mas decidiu se mudar para Inorram em busca de melhores oportunidades de vida, e se alistou ao exército do reino. E foi aí que conheceu Lana, em um treinamento no reino viu como ela era poderosa e tinha poderes de fogo como o seu.
Robin era muito habilidoso em combate, mas não era rápido, era um excelente observador e estrategista, além de conseguir manipular o fogo.
Era possível ver de longe alguns clarões no alto da montanha, rajadas de fogo e explosões aconteciam enquanto eles treinavam, iluminando o céu e enaltecendo as cores das folhas de outono.
Os dois sempre trocam muitos golpes durante seu treino, com rajadas de fogo que assustam qualquer, por isso geralmente treinavam longe. Até que Robin desviou de uma bola de fogo lançada por Lana e a derrubou com uma rasteira.
— Você tem fogo infinito? — perguntou Robin
— Talvez, mas ainda não consigo te vencer, eu posso ter um poder maior, mas você tem muito mais controle e sabe como os usar com perfeição — reclamou Lana.
— A única perfeição aqui é você — respondeu Robin, todo apaixonado
— Talvez você tenha razão mesmo — disse Lana se aproximando.
Os dois então se beijam, com uma vista de tira o folego atrás deles, lá de cima era possível ver toda bela paisagem que circundava Inorram, com o pôr do Sol deixando tudo mais perfeito.
— Vamos voltar pro castelo, estou exausta – disse Lana.
— Vamos lá, também cansei bastante hoje, você está melhorando bem, precisa só controlar um pouco o impulso e pensar com calma antes de tomar uma decisão.
— VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE EU NÃO PENSO ROBIN?! É ISSO! — Retrucou Lana toda enfurecida.
— Não, não, eu não disse isso, mas esqueça o que eu falei, você é ótima e sabe disso — tentava apaziguar a situação — vamos voltar, ah e você está tão linda.
— Acho bom mesmo.
Encerrando o treinamento, ambos começaram o caminho de volta para o Castelo.