Possessão Brasileira

Autor(a): Matheus P. Duarte


Volume 1

Capítulo 2: Possessão

Na calçada após a aula, Mutsuki e suas amigas estavam caminhando por entre uma multidão de pessoas, a maioria deles alunos, professores e alguns funcionários, fossem do colégio ou de algum escritório próximo.

Kanae e Mika seguiam mais a frente conversando sobre o que havia acontecido na sala, enquanto Mutsuki caminhava mais atrás, olhando para o chão com os cabelos cobrindo as laterais de seu rosto.

Depois dessa aula eu me senti vazia… — falou Kanae olhando para o horizonte.

Pois é… Do nada com aquele papo de misturar ficção e realidade, ou sei lá direito o que ele quis dizer… O que você achou, Mutsuki?

Quando Mika voltou para trás, viu sua amiga com uma expressão vaga, quase catatônica. Era como se ela não estivesse lá.

Mika parou. Kanae, vendo ela fazer aquilo, olhou para trás com curiosidade e teve a mesma reação.

Mutsuki, por sua vez, continuava como se nada estivesse acontecido, sem nem mesmo perceber que estavam olhando para ela.

Quando estava prestes a cruzar pelas duas, Kanae segurou seu ombro e a interrompeu.

Terra para Mutsuki! Alô! — ela balançou sua mão na frente do rosto dela tentando acordá-la.

De repente, ela deu um salto para trás e vestiu uma expressão de susto no rosto.

Ah!? É… Aconteceu alguma coisa?

Kanae colocou as mãos na cintura e se curvou para encará-la antes de responder

Você tá bem? Tava parecendo um zumbi.

Ah, eu só tava um pouco distraída. Desculpa! — disse Mutsuki balançou sua cabeça de um lado para o outro em negação.

Sem perder tempo, ela passou a caminhar na frente de suas amigas sorrindo com um quê de falsidade.

Aquela aula acabou comigo. Tô louca pra chegar em casa, vamos!

Era visível que alguma coisa não estava certa e que ela não queria falar sobre o assunto. Talvez por isso, Kanae olhou para Mika com uma expressão interrogativa, mas a mesma retribuiu balançando o dedo de forma negativa.

Mutsuki se despediu de suas colegas e partiu em direção a sua casa, desfazendo quase imediatamente seu sorriso mentiroso e voltando seu olhar para o chão.

O que deu em mim? Suspirou com a mão na cabeça.

Ela fez todo o caminho de volta respirando de forma ofegante, com um olhar assustando e tentando se manter longe das pessoas as quais cruzava perto. De fato, algumas delas soltavam olhares confusos para ela.

Quando abriu a porta de casa, com muita dificuldade, pois não conseguia colocar a chave na fechadura, a bateu atrás de si e deixou suas costas escorrerem por ela até chegar ao chão gelado. De repente, começou a falar em voz alta.

Eu estava vendo a aula e de repente… “Eu”? Por que falar isso parece tão estranho? — Com suas mãos, tocou seu rosto pálido e continuou — É como se estivesse com sono, como se tudo estivesse turvo. Será cansaço?

A jovem confusa olhou um pouco para suas palmas, depois para os lados e até mesmo para o teto, então respirou fundo, se levantou e foi até o banheiro, onde lavou seu rosto, já um pouco mais relaxada.

Quando olhou para seu reflexo no espelho, um breve sorriso tímido brotou em seus lábios, logo seguido de um tímido aceno positivo com a cabeça.

Agora é hora de me trocar e me preparar pra noite. É… Se é estresse, então é melhor eu me distrair.

// — // —

O local onde marcou de se encontrar com suas amigas era um calçadão que já estava iluminado pelas luzes de vários outdoors, com propagandas diversas e muitas pessoas andando de um lado para outro. Alguns vestiam uniformes, aparentemente voltando do serviço, outros se vestiam mais casualmente e lotavam os barzinhos, com um cheiro de comida que pairava nas redondezas vindo dos restaurantes. Não estava particularmente frio, mas o ar gélido do começo da noite já se encontrava presente.

De baixo de uma das tantas luzes, estavam as duas amigas com quem Mutsuki ansiava por se encontrar.

Ela acelerou seu passo, mas parou repentinamente e limpou o sorriso do rosto, vendo suas amigas acompanhadas por três rapazes. Misato viu Mutsuki não muito distante e a chamou acenando com sua mão, tirando-a de sua inércia, ainda que a passos lentos.

Misato se agarrou no braço de um dos rapazes, o mais alto, de aparência boa e muito bem vestido, até com um ar de ser um bom partido e o apresentou a Mutsuki.

Este é o Yuito. Gatão, né? — disse ela piscando seu olho esquerdo.

Olá… — respondeu sua ouvinte com a voz baixa, quase sem emoção.

Aff, que gelo é esse?

Como se tivesse sido surpreendida, respondeu — Não, é que eu achei que nós fossemos sair sozinhas.

Então acabamos de ter um bônus! Certo rapazes?!

Os outros levantaram suas mãos um pouco acima da cabeça e deram um sorriso modesto, aliás, um deles estava com sua outra mão sobre o ombro de Sachiko e a mesma não parecia se importar.

Aqui ó, Chikazinha.

A senpai empurrou o jovem chamado Yuito para mais perto dela, ainda um pouco sem jeito.

Se deem bem!

Deste modo, Misato, Sachiko e os outros amigos de Yuito começaram a caminhar para longe deles.

O rapaz colocou a mão atrás da cabeça e perguntou para seu par — Então, vamos… Chika?

Ah, sim. Não vamos querer ficar pra trás — respondeu com um risinho desajeitado.

Foi quando eles começaram a caminhar juntos dos demais, ainda que um pouco mais distantes um do outro que os outros pares.

O clima oscilava de escuro a iluminado e a rua por onde andavam não tinha muitas pessoas, dando um ar de acolhimento e de muita propensão ao romantismo.

A propósito, meu nome é Mutsuki. Chikazinha é um apelido que a Misato me deu fazendo um diminutivo do meu sobrenome.

Hum... Eu achei bem fofo, sabe.

O breve elogio foi o suficiente para fazê-la corar e seus lábios se curvarem brevemente.

Mas então… Yuito… Você gosta de cantar?

Não muito, mas sabe como é que é. A vergonha pelo menos nos tira umas risadas, hahaha.

Que coincidência, haha, eu também sou bem inexperiente com isso. Não costumo sair muito.

Não gosta?

Não, é que meus pais não deixam.

Entendo… Bom, como dizem por aí, só é problema se te pegarem — Ambos riram um para o outro.

O semblante de Mutsuki era bem mais sereno do que quando chegou. Ouvindo aquele desenrolar, Misato abriu um sorriso maldoso em seu rosto e olhou para Sachiko por cima dos ombros de seu companheiro, acenando positivamente com a cabeça e sendo respondida na mesma moeda pelos demais.

Ei, turma! A gente tava conversando sobre uma casa mal-assombrada, porque não vamos lá pra ver?

Suas palavras fizeram quem vinha mais atrás dar um salto.

Mas, Misato, não era pra ser Karaokê?

Tá com medo?!

Mutsuki começou a encolher os ombros e levou uma das mãos ao peito, mas logo em seguida pôde sentir a mão de Yuito sobre seu ombro. Ela olhou o sorriso simpático e pareceu não se importar em estar sendo tocada, até ouvir um Eu te protejo vindo dele. Na ora ela ficou vermelha como uma maçã, embora, na mesma, mantivesse um sorriso discreto.

Ai, que fofo! Minha Chikazinha tá crescendo! — disse Misato colocando as mãos sobre o peito, como se estivesse morrendo de amores.

A grande questão era que ela não parecia estar disfarçando nada. O fato de ser uma boa atriz era notado até mesmo por Mutsuki, mas aquilo era diferente. Suas transições entre o fofo e meloso para o maldoso e perverso eram tão gélidas como o ar penetrante do começo da noite, embora este último estivesse além dos olhos da inocente Mutsuki, mas saltando a vista de Sachiko, que se mantinha calada.

// — // —

O restante da caminhada foi recheado de uma boa dose de brincadeiras, risos e algumas flertadas. Não demorou até encontrarem seu destino. De fato, Mutsuki até tomou um susto ao perceber uma mudança repentina de cenário.

O que é isso!? — exclamou apertando mais os seus braços ao redor do de Yuito.

O prédio que estava em frente a eles se tratava de um casarão abandonado. Suas janelas estavam quebradas, seu portão enferrujado, quase caindo, e seu quintal, que outrora poderia ser chamado de belo, mais se assemelhava com uma selva.

Dá medo né? Meu coração tá acelerado de emoção — disse Misato com um tom sedutor para o seu par.

Mas isso não é invasão? Será mesmo que a gente não pode ir em outro lugar?

Acho que é melhor a gente ir embora… — falou Sachiko com um olhar de medo, quase de pavor e suas mãos estavam trêmulas.

A resposta veio de uma forma diferente, quase que em tom de ameaça.

Você não quer ir embora… — seus lábios estavam curvados para cima e seu olhar severo.

De forma abrupta, Misato voltou a ser a mesma de antes da pergunta de Sachiko — É só medo, já já passa. Vamos indo, não queiram ficar pra trás!

A primeira dupla desapareceu dentro dos confins da mansão, seguidos logo em seguida pela hesitante Sachiko e seu par.

Vamos, Mutsuki. É a nossa vez.

Hum… Tá bem…

Os dois continuaram pela escuridão do quintal a passos lentos, ouvindo apenas o som dos grilos, já sem conseguir enxergar as outras pessoas com quem estavam. Quando finalmente entraram pelas portas do local, não puderam ver nada.

Que cheiro a mofo. Onde será que eles foram?

Fica aqui, Mutsuki. Eu vou um pouco mais na frente ver se eles aparecem. Qualquer coisa você fica na frente da luz da porta, onde é fácil de te ver.

Mutsuki soltou o braço de Yuito e o mesmo foi logo engolido pelo breu do lugar.

Um par de mãos veio por trás de Mutsuki e colocou um pano em sua boca. Ela se debateu tentando se libertar, mas foi jogada contra o chão e uma segunda pessoa amarrou suas mãos nas costas com uma corda.

No chão, um par de sapatos familiares entraram em seu campo de visão. Tratava-se de seu próprio companheiro, olhando para ela com desdém.

Mutsuki começou a se debater com ainda mais veemência, só para se frustrar ainda mais com seu insucesso.

Ela foi posta em pé e mais uma pessoa apareceu, Misato. Mutsuki se surpreendeu novamente e seus olhos começaram a se encher de lágrimas, com a frase Por que? Estampada em seu rosto.

Quer saber o motivo? Digamos que eu realmente gosto de você. A questão é que tenho uma paixão maior, o dinheiro.

De forma exacerbar ainda mais sua traição, ela passou sua mão pelo rosto de Mutsuki, que balançou sua cabeça para evitar ser tocada.

Revoltadinha, é? Yuito, vamos deixar ela num canto escuro pra aprender a se comportar!

Boa ideia, Isei. Eu vou falar com meus contatos. Vocês duas vigiem ela.

A garota assustada e confusa foi jogada em um dos quartos vazios da casa pelos amigos de Yuito. Do lado de fora, Sachiko e Misato começaram a conversar uma com a outra.

Misato… Acha que isso é mesmo uma boa ideia?

Ela suspirou fundo e continuou — Não podemos voltar atrás, então nem pense nisso…

Dentro do quarto, entre alguns soluços e prantos, pouco a pouco a vítima do que seja que estivesse realmente acontecendo foi se acalmando, ficando sozinha com o escuro e o silêncio.

Mutsuki olhou para os arredores, infelizmente muito pouco da sala era visível. Uma poltrona em frangalhos, uma escrivaninha velha caindo aos pedaços e algumas estantes que outrora deveriam ter livros era tudo que podia ser enxergado. O Chão estava com toda madeira que outrora devia ser bela, podre e úmida o suficiente para molhar levemente sua roupa.

Haviam apenas duas janelas, uma das quais coberta por tábuas e outra na qual elas se encontravam quebradas. Um objeto pontiagudo brilhou através da luz da lua, um caco de vidro remanescente.

Ela caminhou sem ruídos e se agachou de costas para pegá-lo. Não era grande, mas ainda podia ser usado para tentar cortar as cordas e assim foi feito. Cuidando para não se cortar, passou ele pelas cordas da maneira que conseguia, bem desajeitada, sem força.

Alguns passos foram ouvidos do corredor. Mutsuki deu um salto, correndo para trás da escrivaninha, com o vidro em mãos.

Abaixada por trás do móvel, encostou suas costas nele, continuando tentar se libertar, desta vez com mais avidez.

Sua respiração ficava cada vez mais e mais ofegante, seu rosto escorria cada vez mais lágrimas e alguns gemidos escapavam de seus lábios amordaçados.

A porta se abriu, iluminando o quarto mais escuro que o restante da casa. Uma lanterna desferiu uma luz ofuscante para todos que haviam perdido a sensibilidade ao claro.

Mutsuki tentou segurar sua respiração, com seu nervosismo impossibilitando que conseguisse. Podia-se observar suas mãos apertarem em volta da arma que possuía, sua única forma de defesa, de sobreviver.

Não tardaram caminhar em direção a ela, que estava atrás de um dos poucos lugares capazes de esconder alguém dos olhos de um perseguidor. Quando estava prestes a ser alcançada, suas pernas a levantaram com um impulso para o lado oposto aos passos, driblando a pessoa que estava atrás dela.

Em um piscar de olhos, a sombra dela correu pelo corredor em direção a saída, sua esperança de fugir de lá, topando-se com uma silhueta que vinha por ele. O susto ao ver um dos responsáveis por sua captura, Isei, fez Mutsuki ficar paralisada por um breve segundo, o suficiente para ele vir correndo atrás dela.

Ela tá fugindo!

Instintivamente, Mutsuki correu de volta por onde veio, mas tropeçou em um pequeno buraco na madeira podre do chão e foi alcançada.

Tá pensando em escapar, sua vadia?!

A mão de Isei se aproximou para agarrá-la. Mutsuki, ainda no chão, cerrou os dentes e desferiu um golpe com o caco de vidro em seu agressor, fazendo-o ficar cravado.

Vagabunda de merda!!

Com a mão direita sangrando, Isei tentou usar a esquerda para socá-la, sendo atingido logo em seguida na cabeça e tombando no chão desmaiado. Sachiko estava atrás dele com uma tábua e mãos.

Desculpa, Mutsuki. Eu tava desesperada por dinheiro e… — ela colocou as mãos na cabeça, soltou um suspiro de olhos fechados e continuou — Deixa eu te soltar.

Se debruçando sobre sua amiga, Sachiko explicou a situação enquanto tentava desamarrá-la às pressas.

A Misato andava com umas pessoas muito estranhas, talvez você não saiba. Dai um deles prometeu o céu e o mundo pra ela se conseguíssemos te sequestrar… Você é rica, sabe… Me desculpa.

Sua fala era pesada e algumas pausas foram feitas. Durante todo o processo, suas mãos tremiam, mas no fim conseguiu desamarrá-la

Depois eu explico o resto. Vamos fugir!

Antes que Sachiko conseguisse pegar sua amiga, foi a vez de Mutsuki ser atingida, desta vez por Isei, com a mesma tábua com que foi atingido. Ela se bateu contra a parede e se ajoelhou, com sangue escorrendo da lateral de sua cabeça, mas não ficou desacordada.

Sem ter tido tempo de reagir, Sachiko foi agarrada por trás pelo terceiro integrante do grupo de Yuito. Ainda em uma tentativa de contra atacar, seu calcanhar acertou o pé de seu inimigo, abrindo uma brecha para usar seu corpo para jogá-lo contra a parede. Por mais que fosse visível em seu rosto a intensidade dos ataques, não foi suficiente para soltá-la. O som da briga que se desenrolava ecoava por dentro das paredes, sendo impossível não alcançar os demais.

De seu bolso, ele retirou um canivete e o colocou em sua garganta.

Fica quietinha, sua piranha!

Yuito apareceu logo em seguida, acompanhado de Misato.

Dois marmanjos como vocês apanhando pra umas menininhas?

Vá se fuder, Yuito! Essa desgraçada acertou minha cabeça!

Mais atrás, Misato trocava olhares com Sachiko, talvez querendo ouvir dela uma confirmação, mas o que recebeu foi apenas silêncio.

Entendo, Isei… Pois é, Sachiko. Eu tinha dado um voto de confiança a você porque é amiga da Misato, mas me enganei.

Seu olhar era sereno, ainda que afiado como uma lâmina e frio como uma pedra.

Me diz, cara. Vamos deixar por isso mesmo?

Misato engoliu seco e enrijeceu ao ouvir o que Isei tinha dito.

Vá em frente, mas não a mate. Apenas garanta que ela nunca vai abrir o bico.

Isei pediu a seu comparsa que amarrasse Sachiko e a jogou no chão. Tendo feito isso, pediu por sua faca.

Mutsuki estava de bruços sobre o chão, acordada, mas imóvel. Talvez por este fato, não partiram para amarrá-la imediatamente.

Isei começou a cortar o rosto de Sachiko enquanto ela era segurada, com Yuito apenas observando ela se debater e gritar agoniada. Misato, por sua vez, desviou seu olhar, visivelmente incomodada.

Depois de fazer um corte fundo, ele começou a cortar as roupas de sua vítima, mesmo que ela estivesse implorando para que não fizesse aquilo. Irritado, ele socou o rosto dela, ao ponto de cuspir sangue e sujar mais seu rosto já coberto de lágrimas.

Aos poucos ele ia escorregando a lâmina e fazendo alguns cortes rasos em sua pele. A cada grito que dava, um golpe era desferido em sua face, uma facada era dada em suas pernas e seus dedos ameaçavam serem decepados pela firmeza com que a faca era prensada contra eles.

Mutsuki, no chão, começou a murmurar algumas palavras, baixo, embora audível.

Eles cortam… Mães…

Droga, ela não tá desmaiada? — resmungou Yuito.

Você viu…?

Ela continuou a falar coisas sem nexo, com um olhar desfocado e distante daquele lugar. Só foi quando Yuito chegou mais perto que a vida voltou a seus olhos… Ou o que quer que fosse.

Quando ele a levantou para prendê-la novamente, Mutsuki, em uma fração de segundo, aproveitou o momento em que estava sendo erguida para golpear seu olho esquerdo, usando sua unha para perfurá-lo.

Yuito caiu no chão gritando e se contorcendo, com ambas as mãos sobre o olho. Isei, soltou Sachiko e correu para cima de Mutsuki, carregado de ódio.

Sua puta!

Ele moveu sua mão para frente e tentou esfaqueá-la, mas seu pulso foi agarrado, seu braço torcido e, por fim, seu osso soltou pelo antebraço.

Com a faca em mãos, Mutsuki a jogou no terceiro, no mesmo instante em que ele tentou escapar, enfiando-a em suas costas.

Em questão de um minuto, todos os três homens foram derrubados.

Mutsuki retirou a faca das costas do último, que já não respirava mais e caminhou lentamente em direção a última de pé, Misato. Ela permaneceu completamente imóvel, enrijecida, mas depois de estarem próximas, caiu para trás e tentou rastejar pelo chão, gemendo de pavor. Logo em seguida, a faca desceu por sua garganta, antes que tivesse a chance de pedir por socorro.

Sachiko lutava contra sua própria dor e não parava de chorar em estado de choque.

Isei ainda soltava alguns urros de dor, dos quais chamaram atenção de Mutsuki, agora com as roupas manchadas de sangue que pingava e escorria pelo chão. Seu olhar foi o suficiente para fazê-lo começar a implorar.

Não! Por favor! Eu sou só um capanga deles! Só estava seguindo ordens!!

Mutsuki apenas ouviu seus prantos e caminhou em direção a ele sem hesitar. Um fato curioso foi o de sua expressão ter se mantido inalterada durante toda a ação, sempre apática, quase inexpressiva, mas quando se aproximou daquela figura deplorável implorando por sua vida, o mais puro ódio surgiu de repente.

Você viu o que fez?! Viu?!?!

Uma facada veio em direção a sua barriga, um ponto não vital, depois outro e outra, não o matando de forma rápida e fazendo-o sufocar no chão com o próprio sangue.

A fronteira… Preciso chegar até lá… Preciso salvar eles…

Estas palavras sem nexo foram proferidas por aquela que acabara de ser batizada com sangue. Suas roupas, suas mãos e até seu rosto estavam tingidas em vermelho vivo. Não parecia que se importava.

Sem mais nem menos, ela caminhou para fora daquele local, para o lugar que tinha como sendo seguro…

— // — // —

Um capítulo novo toda sexta-feira!

Tem vontade de escrever, mas não sabe ao certo o tema e como desenvolve-lo? https://discord.gg/9VmnbQmJk2

Pra quem quiser contribuir: https://nubank.com.br/pagar/6psyw/8wjFKDf3X1



Comentários