Volume 3 – Terra Exilada
Capítulo 56: Interroragatóio forçado
Como num salto violento de um animal sedento, garras — ou unhas — surgindo em uma forma de soco de frente para a arma que a seguia pelo ar.
Mark empurrou o pai adotivo ao agarrar a cintura, derrubando o rapaz.
— Droga!
Disparou. Mas. Errou. A mulher conseguiu prosseguir para a queda no ataque que mirava no adulto de preto, acabou caindo sobre o jovem de blusa azul.
— O fantasma tá... Igh!
— Quieto! Se não quer que eu mate, é bom virem comigo e contar tudo!
O animal — ou mulher — reagiu rápido pelo movimento evasivo e mudou a pegada de um soco para um estrangulamento, ameaçando o jovem em um mata-leão que, rapidamente, era capaz de virar num movimento de quebrar o pescoço num pequeno giro.
— Mark!
— Mais uma gracinha e esse zé morre!
Feites apontou a lança e clamou pelo companheiro de jornada, que não conseguiu responder quando seu pescoço sofreu mais com o aperto.
— Vai em frente, mate-o.
— Hu...Hum?!
— Senhor Réviz?
A desconhecida franziu o cenho com o que ouviu, apertando ainda mais o jovem. O pressuposto irmão, a criança que estava encolhida atrás da porta, resfolegou, ainda trêmula com o disparo anterior.
— Feites, percebi que a reconheceu de algo assim como o Mark.
O vice-líder apontou para o anfitrião, destacando sua hesitação ao tentar evitar de atirar com a lança.
Feites se atentou para a moça e, inconscientemente, começou a baixar a lança enquanto seus pensamentos se divergiam. A concentração se perdeu ao ressaltar tudo que aquilo significava:
— É a Sofia.
— Como cês sabem desse nome?!
A lança parou de balançar e se firmou no aperto do punho. Feites negou para si o que também falou em seguida, deixando a mulher cada vez mais confusa:
— Analise atentamente o indivíduo que está a tentar a matar! Acredito que a senhorita não seria capaz de realizar tal ato, mesmo que assim desejasse. Como... imagino que também se recorda.
— Mas...
O mata-leão afrouxou levemente, a ponto de permitir que Mark começasse a se debater para se libertar.
A moça vagou por um único segundo. Seu olhar ficou fixo no cabelo do jovem, especificamente na parte de sua franja que se dividia em branco e preto.
— Agora! — gritou Réviz.
Esta oportunidade brilhou pelo olhar dos usuários de energia, que viram a brecha de um segundo se tornar uma janela de tempo imensurável.
Réviz correu em direção de Mark enquanto Feites cercou a moça com a base da lança apontada para a nuca da violenta.
— Perdão!
O golpe certeiro fez a mulher cuspir, perdendo a consciência, embora com um certo cuidado para segurá-la ter evitado que sua cabeça atingisse o chão.
Mark foi pego pelo capuz e lançado para longe por Réviz, que ainda sentia o perigo preparar seus dedos.
Um dos braços resistiu a queda, relutando para permanecer levantada. Feites, que demonstrou delicadeza contra o próprio oponente, viu sua escolha se transformar num gancho que arriscava a situação.
Alarmou por cada célula do vice-líder. O reflexo preciso contraiu cada músculo para alcançar a mulher que almejava um golpe... que não parecia como qualquer outro.
Por um mísero momento, teve a certeza de que uma ignição vermelha surgiu pelo braço da mulher.
Assim, seu pulmão gritou por conta própria.
— Contradição!
A ignição marrom ficou maior, cancelando a tentativa estranha da mulher, que olhou para trás, desorientada.
O rosto virou para ver a origem daquilo, sendo surpreendida por dedos que tocaram a testa.
— Quem... são... vo...
Deu passos ligeiros para trás, mesmo tendo sobrecarregado a mente da desconhecida, a viu ajoelhada, resistindo ao próprio corpo. Porém, as terminadas ficaram mais forte e apenas despencou de frente.
— Meus agradecimentos.
As mãos passaram pelo seu queixo após ter retomado a lança para a forma de caneta. A expressão ligeiramente assustada realçou um tipo de dor fantasma que jurou ter sentido.
— Ei! Ei! Que diabos houve aqui?!
Daí veio o outro, que massageava o próprio pescoço, respirando com dificuldade. Abriu o zíper da blusa e apoiou nos próprios joelhos, sem qualquer fôlego.
— É capaz de se regenerar e ainda tem um escudo da Luri, é quem devia estar mais calmo.
— Não sei como consegue ficar tão calmo! Parece um robô! Eu quase... morri! — comentou Mark, tentando recuperar o fôlego.
Réviz apenas se virou casualmente para Mark, passando em sua frente ao seguir mais adiante.
A porta começou a abrir, rangendo em uma constância que sequestrou a atenção do grupo para os olhos chorosos do menino, que engolia o choro.
— O que faremos? — perguntou Feites.
— Vamos controlar a situação.
Deixando Mark se atrasar, os dois seguiram para mais perto da porta, fazendo me menino cair para trás, sentado e com braços na frente do rosto.
— Por favor! Não me matem!
Simplesmente, passaram pelo menino. Averiguaram o salão que tinha no topo da torre, que dava a vista panorâmica da cidade — embora a vista não possua um valor altíssimo.
Tralhas, ferragens, um sofá rasgado e largado ao centro, uma mesa quebrada ao meio, armário de madeira sem portas ou gavetas e uma parede com a marca de um punho estampada, mantendo a profundidade gravava em rachaduras e fissuras.
Havia até buracos no concreto que foram tampados por papelão e muitas camadas de fita.
— Encontrei cordas — disse Feites ao vasculhar algumas gavetas ainda inteiras.
— Traga o menino para o sofá. Mark, pegue-a e a prenda nesta cadeira.
— Não gosto do rumo que isso tá tomando.
— Vamos improvisar um interrogatório aqui.
Réviz começou a limpar o caminho, arrastando algumas gerigonças e outras coisas velhas. Pôs a cadeira apontada de frente para o sofá, onde se sentou no meio.
O anfitrião tentou se aproximar do menino, que se afastou ao correr e se responder atrás de um guarda-roupa quebrado.
— Perdoe nossa falta de delicadeza, contudo, apenas necessitamos de uma conversa num teor civilizado.
Apertou um pouco os lábios, vendo que sua tentativa de persuadir não funcionaria de imediato. As mãos levaram um tapa da criança, a negação do cuidado foi negada num rosto mais agressivo, mesmo ainda em lágrimas contidas.
O anfitrião quase pode palpar a mágoa da criança, fechou os olhos e bufou.
— Frederico me condenaria por tamanha falta de conduta.
Verificou o relógio no pulso e focou nos números. “trinta e dois”, notou, mentalmente, que o aparelho condizia com o desgaste de seu corpo.
— Atrás de ti!
Apontou para a porta que entraram e o menino acompanhou o dedo tão assustado que abriu a guarda para um golpe que já existia uma violação.
— Hãn?! Ah...
— Crer.
No breve momento que o garoto retirou Feites de sua visão, uma breve luz roxa passou pela sala, os outros dois viram o suposto homem certinho perder a aparência mais uma vez.
— Ela é... mais pesada do que parece — disse Mark, arrastando a desacordada.
Um barulho de arrasto surgiu ao lado e o menino virou rapidamente, suspeitando da origem
— Irmã?
Para o garoto, sala estava vazia se apenas desconsiderar a presença ilustre que, agora, tinha uma mão menor e mais áspera.
O garoto foi atraído pela mão da mulher que almeja segurar também sua mão.
— Para onde os vilões foram?
A mulher nada disse, apenas pegou sua mão e o guiou para o sofá no centro.
— Você... não tá brava?
Ela indicou o assento livre perto do braço, e o menino seguiu sem pensar duas vezes, fissurado pela irmã que agia estranho.
A irmão sinalizou para um sinal de ok para o menino, olhando para algo atrás dele.
— Cê tá agindo estra... apertado?
Num piscar, sua irmã desapareceu e o menino estava envolvido por cordas que o deixaram imóvel.
— Os vilões! Humummmuhum!
Suas exclamações foram convertidas em palavras inaudíveis por uma terrível fita que tampou sua boca.
— Gente, não somos os mocinhos da novel? Por que estamos fazendo uma criança de refém? Isso tá absurdo — Mark, colocou a mulher na cadeira, amarrando-a de todas as formas possíveis.
— Nem tudo são flores, Mark.
Desconsiderando os murmúrios gritados da criança, um toque sutil no chão evidenciou os joelhos que despencaram pela exaustão.
— Peço perdão novamente... Meus esforços estão fadados ao fim.
— Feites?!
Mark se aproximou rapidamente, ajudou o colega a se erguer de pé e se colocar no sofá, ficando logo ao lado do vice-líder, que tentava aguentar o debater do menino ao lado.
— Ainda não sou capaz de recriar vozes, contudo, cenários são meu principal atributo, embora custosos de tanto vigor.
— Você jogou uma ilusão só no menino? A gente não viu nada, hipnotizou ele?
Na perspectiva dos terceiros níveis, Réviz ainda tinha sua aparência rotineira. O anormal foi o menino ter o seguido com calma, seus olhos estavam brilhantes e refletiam o cenário que viu.
— Se o alvo estiver muito perto, posso aplicar uma miragem focalizada, é algo extremamente custoso e... antiético.
Balançou a cabeça, tentou ignorar os alertas que já ouviu sobre esta técnica. Antes de continuar, o relógio tremeu a sincronizar com seus batimentos cardíacos, ligando o sinal de alerta numa mensagem de “energia esgotada”.
— Felipe era capaz de aplicar tal tipo de miragem em larga escala de área e alvos, literalmente as tornando realidade por um período admirável. Sou fraco a ponto de não as manter de pé por mais que míseros segundos sem minha mente ruir. As miragens comuns são ineficazes de afetar pessoas que não tenho contato físico, a criança ainda os veriam da mesma forma.
— Mas... Réviz, não podia ter só apagado o menino também?
— Primeiro: preciso dele acordado para evitar que a suspeita em questão fique agressiva de imediato e possa coagi-la para cooperar. Segundo: preciso maneirar no uso contínuo e repetido da minha energia da mesma forma. Afinal, reparou também?
— Reparei?
Mark se manteve de pé do lado de Réviz, que estava com os cotovelos apoiados no joelho, analisando a mulher desacordada na cadeira. O jovem estava em dúvida do que pensar exatamente, indo e voltando com o olhar para o pai adotivo e a moça barulhenta.
— Se é a mesma do vislumbre mais recente, vimos que sua energia é baseada em força bruta e explosiva.
Mark vidrou na mulher, suas lembranças vieram à tona com clareza — ter a visto empunhar um soco ao vento que moveu casas feito folhas.
— Fique tranquilo. Sou mais rápido, ela não irá ter chance. Dado ao que este equipamento diz — apontou para o seu relógio, que marcava setenta e três por cento —, não quer que me esgote, não é mesmo, Mark?
Assim, o mais novo terceiro nível ficou sem resposta para continuar o argumento. Estava prestes a sentar no braço do sofá ao lado de Feites, mas o vice-líder o indicou para uma nova posição.
— Fique atrás dela. Avise se o fantasma aparecer.
— Tá, entendi — respondeu, cabisbaixo.
Estava numa situação tão inimaginável que repudiava o simples ato de abordar pessoas assim. A noção dos perigos já foi esclarecida antes quando foi perseguido por bestas.
Entretanto, era uma pessoa ali. “Isso é realmente necessário”?
— Enfim, comecemos — anunciou Réviz.
Alguns minutos se passaram, o suficiente para acalmar os ânimos agressivos de quem despertava calmamente.
— Cretinos... Iggy?
Uma cadeira se remexia, mas não o bastante para levantar quem estava preso a ela. Braços se debatiam, mas não o suficiente para se libertar. A consciência fraca se esvaia, forte o bastante para mostrar as presas violentas de novo.
Com o queixo apontado para o chão, alguns murmúrios saíram aos ares de profunda sinceridade:
— Filhos... da... puta!
— Desprezo tal tipo de colocação.
A desconhecida estava fraca demais para contestar os invasores. Com o nariz escorrendo um pouco de sangue, vasculhou o local ao erguer a cabeça e isso fez o sangue acelerar nas veias, saltando a testa.
— Iggy! Ahgr! Cês tão mortos, vagabundos!
— Hmmhmmm!
A sua frente, algo embalado numa corda mostrou-se contido, tentando se sacudir levemente. Seu irmão estava preso e com algumas lágrimas ainda frescas pelo roto.
Tentou se erguer da cadeira, mas o vice-líder apenas apontou o indicador como uma arma de mentira, encostando na cabeça da criança.
— Precisamos apenas de uma conversa, tua agressividade nos assaltou primeiro, apenas nos defendemos! — interveio Feites, gesticulando com força de vontade.
— Sem com esse papo de estrela! Vou matar cada... cada...
Réviz desfez a ameaça de mentira e se levantou para encarar olho a olho com a desconhecida. Se ajoelhou e não hesitou em aproximar o rosto num tom agressivo, franzindo o rosto enquanto dizia:
— Somos diferentes da estrela. Feites, aposto que está esperando para fazer o mesmo que fez antes, fique à vontade.
— Hmmm! Hmmm!
Assim, retornou ao sofá rapidamente e ficou ainda mais perto do menino.
A mulher mostrava as presas feito um lobo que exalava ódio aos seres adiante. Uma inquietação surgia principalmente quando Feites, que se levantou lentamente, deu alguns passos em volta da interrogada:
— Sou o descendente e reencarnado das memórias do General Felipe, tua pessoa, no entanto, possui a aparência e... comportamento digno da Sofia, a segunda general.
— Não fala asneira, seu porra! Fica quietinho até eu voltar ao normal.
Feites, enquanto sua análise continuava, a visão focou em dois aspectos que não pode ignorar e que disseram interromper os paços: a maneira sutil de apertar os dentes ameaçadores e o descaso de tentar manter contado direto o tempo todo, quando tentou segui-lo com o olhar.
— Sinto apenas de lhe observar que está escondendo um tópico considerável, creio que também possui lembranças da vida passada. Não conseguiu matá-lo, lembra?
— Vai pro caralho seu... Marcos?
Houve uma brecha na concentração da investigada, do seu outro lado, fora do campo de visão, uma presença nada ameaçadora apareceu; mãos trêmulas e lábios contidos.
— Desculpa, moça. Vamos só conversar um tiquinho? Posso retirar esse seu mal-estar, só não me estrangula de novo por favor.
Mark se aproximou com a mão estendida e uma pequena brasa entre os dedos, e somente isto bastou para culminar o desenrolar.
A moça não pode retirar o olhar de Mark. E isso era muito ruim. Um calafrio começou a subir sua espinha e sua mão foi retirada num reflexo de quem levava um choque.
Uma descarga mental veio. Não era uma habilidade ou qualquer efeito característico da energia, Mark apenas sentiu que quem fixou nele estava espantada e com uma boca aberta em confusão.
— Impossível. Impossível. Impossível! Tô sonhando, odeio sonhar com gente morta! O Felipe se escafedeu, Pedro morreu, e... quem cê é?
Lábios tremeram, foi como um lobo que, entre as sombras das árvores, viu a silhueta de um urso que já o atacou antes. Um ligeiro toque
— Da mesma forma que tens dúvidas, também tenho as minhas, afinal, o general Felipe recebeu um aviso que Sofia também havia partido desta vida. Nosso encontro prova o contrário. Reconhece isto, Sofia?
Uma outra mão estendida veio, desta vez, Feites foi quem mostrou outro item de valor imenso. Retirou a caneta a caneta do bolso do sobretudo e...
— EU NÃO SOU A SOFIA!
— HMMM!
Duas fontes de revolta surgiram em sequência com apenas uma palavra dita, Feites deu passo para trás quando a mulher se movimentou, quase caindo em cima dele.
Agora, nem mesmo Réviz, quem observou o anfitrião conduzir o interrogatório, de braços cruzados, conseguiu aguentar o desenvolvimento.
Simplesmente, buscou uma nova abordagem numa bufada, dizendo:
— Mark, solte o garoto.
— Me chamo Feites, este; Mark. Pacificamente, faço um questionamento para iniciar nossa conversa civilizada: quem é tu?
— Nunca me chame de Sofia. NUN. CA!
A mulher ergueu a cabeça e afiou as presas como soar das palavras que foram diretas e secas, Feites apenas fechou os olhos para evitar qualquer gota de saliva o incomodasse ainda mais.
Mark, enquanto desamarrava a criança, vidrou em sua mão esquerda por um segundo e confirmou mentalmente uma maneira de acalmar a situação: “Feridas são inflamáveis, eu acho”.
Cordas afrouxaram e os leves pés puderam tocar o chão. O menino acelerou em direção a irmã para um abraço firme e surpresa.
— Soraiya!
— Iggy, está bem? Espera...
A sujeita violenta — chamada no momento de “Soraiya” — arregalou os olhos quando notou seu irmão com braços abertos e abertos e um brilho ciano em seu corpo.
Mark, ansioso com a tentativa sem nem mexer um músculo, usou o menino como um combustível móvel até a mulher que poderia o atacar.
O abraço atingiu com sucesso e culminou em outro sucesso: uma teoria um tanto vaga que lembrava do festival flutuante.
“Então, realmente espalha entre as feridas próximas?” O ar preso em seus pulmões escapou num alívio tangível. Réviz apenas constou a ideia e a aprovou no mesmo momento, relaxando mais os braços.
— Mark, pode desamarrá-la.
Soraiya estava assustada, tentando retirar o menino que grudou feito um imã. Lágrimas escorriam e o menino clamava para a irmã sobre o qual amedrontado estava.
Uma chama ciana propagou pelos braços de Iggy e se conduziram até a cabeça de Soraiya, concentrando o pico de calor aconchegante em seu nariz.
Mark aproveitou a deixa para tentar alcançar o nó atrás da cadeira e desfazê-lo antes que a moça voltasse a emanar tanta violência aos ares.
— Eu me adiantei um pouco, por favor, não ataca a gente de novo, não me es... Ah!
Soraiya se levantou de uma vez. Espantou o jovem de blusa azul, que quase caiu num susto.
— Valeu, cor-sim-cor-não.
— “Cor-sim-cor-não”?! Co-como assim?
— Um apelido seu. Perdão, numa melhor precisão, foi um apelido de Marcos.
Soraiya acalmou Iggy com alguns cafunés e o levou para a varanda daquela sala. Mark, desentendido com quem a moça estava falando, coçou a cabeça numa confusão ainda maior.
“Eu devia me lembrar também de algo, devia?” Os dedos na nuca pararam de coçar e perderam o peso rapidamente. Réviz continuava observando com apenas um olho todos os movimentos de Mark, atento a qualquer sinal de perigo que pudesse avisar.
Feites cruzou os braços e negou o próprio comentário antes de se corrigir, tentou seguir Soraiya, mas, antes de seus passos firmarem no chão, percebeu o rosto um pouco inclinado para trás da violenta:
— Se os cês não são partes dos vagabundos, não é a mesma coisa de eu ir com a cara suas.
— Vou tentar ver isto como um progresso.
Mark cedeu as próprias faltas de resposta e despencou de costas no sofá, colocando a mão no rosto e repuxando como se esticasse a própria cara.
Soraiya, que acalmava o irmão pequeno, limpou suas lágrimas e o colocou no chão, encarando o grupo com presas amostra.
— Como raios sabem dos meus pesadelos?
Feites concretizou seu peso sobre o chão e firmou sua presença. Ajeitou o cabelo e respondeu o olhar a altura em corpo reto, levantando a voz ligeiramente:
— Isto que descreve como “pesadelos”, são lapsos de memórias antigas. Estes sonhos distorcidos também ocorrem enquanto desperta, sim? — Ao fazer a pergunta, viu Soraiya assentir por instinto, prosseguindo com convicção. — Se não fosse pelos registros do General Felipe na biblioteca, também estaria confinado na simples ideia de “pesadelos”.
— Eu... vi o cês antes, vi?
Os dois puros sentiram o vacilar das palavras, a entonação mais fraca — e um tanto hesitante — provou que uma outra imagem passou por aquela cabeça ruiva.
Este claro que o homem adiante dele e o outro sentado no sofá eram semelhantes a dois que já constou antes; um rapaz com roupas quase idênticas a de Feites e aparência envelhecida e outro que se escondia num manto azul, mostrando vagamente alguns fios de cabelo brancos e pretos.
— Podemos nos atualizar em um momento futuro. Nosso objetivo foi levantado pelo prefeito Ernec, que nos pediu para vir até aqui. Daniel nos indicou a sua localização.
Antes que os dois puros cogitassem continuar o decorrer de supostas memórias que não eram suas, Réviz interveio ao abrir o outro olho.
Os braços cruzados deixaram um ar de menosprezo a melancolia do momento num toque de realidade. Esse choque trouxe as presas de Soraiya de volta à vista.
— Daniel?! Aquele safado do caralho? Se o zé queria enviar os trem dele até aqui, era só um daqueles dro... dro... drones vim aqui!
— Não go-gosto dele!
A mulher avançou um pouco na direção do vice-líder, que suspirou sem dar a devida importância para as reclamações alheias.
O menino — pequeno Iggy — concordou com a irmão e balançou o indicador para reforçar o que sentia.
— Estamos atrás do paradeiro da Amanda, a conhece?
— Se eu conheço?! Essa biscate?! Nunca fui com a cara dela. Eu e meus homi tamo procurando a muié desde quando Ernec ligou pra cá.
Emoções impulsivas de raiva derramavam pela boca da violenta, que não suportava a pronúncia de dois nomes conhecidos em sequência tão curta.
Réviz pareceu gostar de irritá-la, não por um ato de pirraça ou desdém, mas o quanto a conversa e o fluxo de informações uteis apareciam com esse fato.
— Soraiya! Soraiya!
O grupo inteiro presente teve a atenção capturada em direção a porta, onde surgiu toques nada rítmicos num grito desafinado de uma voz recente.
— Daniel?
A mulher violenta foi abrir a porta, e já externalizou a suposta presença no outro lado, ressoando com hipótese de todos.
— Você não vai fugir de mim!
Sua sobrancelha vermelha se levantou, uma pessoa sentada se levantou, uma pessoa curiosa se espantou, uma pessoa centrada se distraiu, um menino se assustou.
Uma voz que seguiu o grito era tão recente que Soraiya e Iggy eram incapazes de conhecer a quem pertencia.
A mão na maçaneta enferrujada perdeu o atrito com um impulso abrupto. Um rapaz caiu de frente sob a porta e invadiu o recinto contra sua vontade.
Tal evento tinha uma causa bem específica, uma que fez Réviz colocar a mão na frente dos olhos, aflito pelo resultado.
— Você não pode sair correndo na frente! Você é o suspeito...
— MAS QUE CARALHO!
Por cima do rapaz, uma moça de chuquinhas derrubou o suposto vigia da Terra Exilada, que, enfim, acabaram os dois por cima de Soraiya — que saltou veias por todo o corpo.
— Daniel! Perdeu o fio da meada nesse caralho? Quem é essa piranha? É da estrela, tavam perseguindo o cê? DEIXA QUEM EU MATO... Sai do meio!
A violenta encarou Luri de frente e arregaçou as mangas junto do esforço e, antes que um soco propagasse o ódio que sentiu, Daniel se colocou na frente com braços estendidos.
— Estão conosco — comentou Réviz, ainda sentado.
Soraiya engoliu seco e direcionou o soco para a parede ao lado num rosnado, criando uma marca de seu punho.
Dentes tremiam e lábios faziam barulho, um esperneio de quando uma criança mimada não conseguia o que queria.
— São desmemoriados também? Ahgr! Ainda vou matar um hoje!
Mark se aproximou da porta e pode ver outras duas figuras mais atrás, com caras esquisitas ao terem visto a cena vergonhosa de sua líder.
— Como chegaram até aqui?
Seus irmãos estavam tão receosos quanto com relação ao lugar. De fato, a hospitalidade e condições existentes não favorecem uma boa primeira impressão.
— Existe um túnel que conduz do meu posto até a instalação interna da torre. — Daniel indicou para Nirda e Will entrarem enquanto respondeu Mark rapidamente.
— Por que não nos disse?
— Ernec aconselhou testá-los antes de entregar o caminho fácil.
Luri estava emburrada desde que se encontrou com tal rapaz. Mark, pouco a pouco, pode perceber que essa sensação de constantemente estar sendo testado era incomoda para a líder.
“Quando é com os outros...”, pensou ao imaginar a noite no campo de testes.
— Estes maus hábitos do prefeito são tenebrosos. Tenho minhas dúvidas se a cooperação possui mais intenções diferentes.
Feites ajeitou suas roupas, incomodado com os métodos de Ernec. Assim, foi o último a se sentar no sofá, com a postura mais reta possível.
— Podem permanecer aqui por enquanto.
Daniel acenou para os dois ex-órfãos, que entraram na sala com bastante receio em passos lentos; olhavam para Réviz e Luri para buscar uma confirmação, mas estavam vidrados nos movimentos dos dois estranhos.
— Ou! Cê que é quem? São tudo suspeito aqui!
— Xiu! Fecha a matraca!
Soraiya se enfureceu, gritando ao apontar para o grupo novo na sala. Daniel estendeu o indicador e acabou com a agitação como um dono que dava uma bronca no bichinho de estimação.
A raiva da mulher ruiva murchou num tom de estranheza, vendo o rapaz gritar mais alto.
— Mark!
Nirda gritou pelo irmão, correndo em sua direção para um abraço.
Luri, que estava acompanhando os irmãos do jovem de blusa azul, o viu segurar o próprio braço, encarando as chamas acesas na ponta dos dedos, antes de se apagarem e render-se ao abraço.
— Tudo certo, né? Aconteceu nada esquisito?
— Luri ficou enchendo o saco do Daniel até trazer a gente aqui, dei minha vida naquele elevador ali — comentou Will, coçando a cabeça.
— E ele?
— Soraiya...
Nirda inclinou o rosto para indicar o menino no canto da sala. Quando Mark percebeu até onde a indicação ia, o menino se escondeu atrás das pernas da violenta, que não entendeu a razão de imediato.
Soraiya viu o mesmo ato se repetir para Nirda e ficou um pouco ressentida ao ser evitada por uma criança. O jovem de blusa azul se colocou na frente de Nirda e respondeu o olhar com outro — apesar de nada confiante.
— Iggy, tá tudo bem. Acho que... os zé é do mau não.
Nesse clima de impasse, o grupo tinha incerteza se eram capazes de confiar completamente no prosseguir.
Luri, ao encarar a moça violenta, se aproximou com a mão estendida.
— Gostei do cabelo.
— Hrm
A mão, ainda estendida, ficou intocada, sendo esnobada pela ruiva.
— Você é quem é a responsável por aqui?
— Hrm.
Somente o vento que vazou pela janela tocou os dedos de Luri.
— Queremos apenas algumas informações e já iremos.
— Hrm.
Uma veia saltou na testa de Luri.
— Sabe fazer alguma outra coisa?!
— Eu não gostei do cê. Chuquinhas e cabelo azul, parece uma puta rica.
— QUÊ?!
A líder dos terceiros níveis ficou abismada com a descrição que cerrou os dentes, apertou os punhos e sua energia vazou por um segundo numa ignição pronta para atacar.
— Vamos nos acalmar.
Réviz, já tinha se adiantado muito antes.
Desde o início do interrogatório, foi a primeira vez que se levantou, e dedicou esse momento para segurar o ombro de Luri, que olhou para trás com um certo medo do colega.
— Num vô confiá nos cês até me contarem o que são de verdade.
— Somos terceiros níveis. Viemos do Segundo Setor.
Réviz puxou Luri para o lado como se orientasse uma criança birrenta e cruzou os braços ao responder a quem comandava a Terra Exilada.
— Terceis níveis? Segundo Setor? Num sei o que é isso, mas sei que esse lugar é longe. Daniel.
— Eu confirmo isso.
A cara de desorientada de Soraiya pontuou uma certa ingenuidade, precisou buscar ajuda a Daniel, que já assentia antes mesmo da violenta buscar orientação.
— Não são os primeiro que passam por essas banda se chamando de terceiro bível.
— Quem foi o primeiro?
Luri resmungou e corrigiu a outra criança birrenta que errou a pronúncia.
No entanto, apesar desse erro ter incomodado até Mark e Feites, que sentiram como um gelo na espinha, Réviz endireitou o corpo e levantou o queixo, interessado e um tanto curioso.
— Não lembro se era homem ou mulher, tinha um cabelo longo meio cinza.
— Cílios amarelos? Faz quanto tempo?
A centralidade concentrada no vice-líder desmoronou. Seus dedos tremeram sílaba da descrição vaga que o fez desfazer os braços cruzados.
Luri se espantou, abrindo a boca como se ouvisse algo que nunca imaginou.
Os ex-órfãos ficaram desconfortáveis com aquilo, havia algo impronunciável que surgiu como assunto que enterrou todo o proposito do encontro naquele local.
“Será que pode ser quem procuram?” Mark ponderou por um momento, ao lembrar do que Luri disse perto da prefeitura de Ernec há alguns dias.
Aquela visão chorosa da suposta líder o fazia pensar que era algo importante demais para ignorar e cochichou para Feites:
— Será que é aquela mulher que estavam procurando, a que você disse?
— Provável. Tudo que tenho ciência é proveniente das escrituras da biblioteca, sei que tal pessoa existiu, mas desconheço de qualquer detalhe a não ser de ter sido a razão do destino ter os levado a mansão.
Feites, apesar de não retirar o foco na conversa de Réviz, devolveu o cochicho com um sussurro pesado. Franziu o rosto e concordou.
— Faz uns anos, o ou a caba me irritou pra cacete que mandei o trem ir embora.
A aflição de Réviz começou a contaminar os arredores tão rapidamente. Inquietação com um proposito muito parecido.
Mark se recordou de quando viu as criaturas monstruosas no palco do festival, o tom assombroso de Luri ao reconhecer a situação como uma memória péssima era perceptível também no momento de agora.
“Qual é a explicação disso tudo?” Mark não sabia para onde olhar sem se sentir mal. Os últimos dois dias foi carregado de informações que não seriam digeridas com facilidade.
Uma suposta mãe com habilidades parecidas. Memórias que supostamente deveriam se lembrar, Uma mulher que supostamente ainda está por aí.
Sem considerar que a equação do mistério desconsiderava a variável que unia todas essas coisas — teoremas esquisitos que tinha apenas que engolir... Vislumbres traziam cada suposição como um fato retorcido.
“Por que estamos aqui?” Por um momento, foi como se houvesse uma força maior que guiava tudo, um pretexto que dava o ponta pé desde que o acidente no ônibus aconteceu.
O local sujo em que estavam não dava margem para clarearem a mente e se esconderem de mais pensamentos escuros.
— Compartilhar receios faz parte de curar a mente. Suas chamas são incapazes de salvar uma mente. Sinta-se à vontade para compartilhar tuas dúvidas comi...
— Cacete. Soraiya!
— Daniel?
Um barulho sequencial tocou por baixo da roupa de Daniel e interrompeu o espreguiçar, que pegou um comunicador no bolso da calça.
Uma voz trêmula soltou palavras inaudíveis que fizeram o homem saltar do sofá.
— É urgente! Acabaram de avistar corpos perto da ponte!
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