Volume 2

Capítulo 3: Uma vez que você começa a acelerar nos minijogos, é sério, você não consegue parar. (PARTE 2)

— Ok, supondo que o panfleto esteja em boas condições, precisamos pensar no resto do nosso plano...

— Não poderíamos simplesmente entregar isso aqui?

— Talvez em circunstâncias normais, mas sua oponente é a Hinami.

— Ah, é verdade.

Estávamos discutindo estratégias enquanto cortávamos os panfletos impressos ao tamanho adequado. Olhei para um deles e sorri de forma cínica.

 

  1. Ampliar os itens à venda na cantina e na loja da escola.
  2. Relaxar as regras sobre penteados e uniformes escolares, melhorando assim a vitalidade e independência dos alunos.
  3. Petição para permitir que os alunos subam no telhado durante o intervalo.
  4. Aumentar o entusiasmo e energia convidando celebridades como convidados especiais para o festival cultural.

 

— Estamos realmente bajulando os alunos agora.

— Verdade! Você é surpreendentemente maligno, Tomozaki!

Mimimi cobriu a boca com a mão e riu maliciosamente.

— Oh, não, estou jogando limpo!

Era verdade. Esse era o estilo de jogo de nanashi — usar tudo ao seu alcance.

— Você tem certeza?

Mimimi disse, parecendo surpresa, mas feliz.

— Sério, qualquer um que ver isso vai adorar!

— Bem, provavelmente ainda vão considerar parte disso como retórica de campanha.

— Ah-ha-ha! Também pode funcionar, né?

— Acho que sim.

— Gosto das desculpas caso um professor veja isso — é terrível! Você é um agente do mal!

— O que posso dizer?

Mimimi riu.

Ela estava certa; mantive nossas promessas de campanha focadas em coisas que seriam fáceis de defender como apoio ao espírito escolar e conveniência dos alunos caso um professor tivesse perguntas.

— Agora precisamos pensar no que fazer a seguir?

— ...Sim.

Eu já tinha algumas ideias.

— Entre agora e o seu grande discurso, precisamos reunir um número de apoiadores que rivalize com os da Hinami.

O grande discurso dela seria aquele que ela faria na frente de toda a escola nesta sexta-feira. Se deixássemos a Hinami estabelecer uma imagem melhor do que a nossa até lá, perderíamos mesmo que Mimimi conseguisse uma vantagem no discurso.

O problema era que Mimimi teria dificuldade em ganhar mais apoiadores do que a Hinami com as táticas usuais. Tínhamos apenas quatro dias, e isso incluía hoje. Falando honestamente, Mizusawa era de longe um melhor orador público do que Yamashita-san.

Enquanto isso, a Hinami não estava apenas trabalhando duro neste exato momento.

Ela já tinha sua boa reputação estabelecida, além do nível insano de esforço que ela já havia colocado em coisas como memorizar fatos sobre cada aluno.

Reduzir a diferença seria difícil. Como a habilidade é construída a partir do esforço anterior, experiência e talento inato, tentar reagir agora seria como uma gota d'água no oceano.

Se não encontrássemos um gerente que pudesse fazer discursos de apoio melhores do que Mizusawa e tornar Mimimi mais popular do que a Hinami, não seríamos capazes de reduzir a diferença.

Ambas as coisas seriam difíceis de fazer. Impossíveis, francamente.

A Hinami acumulou uma quantidade avassaladora de vantagens; era assim que ela era.

Em resumo, o estilo de jogo da NO NAME era derrotar o inimigo com esforço.

Nesse caso, nanashi tinha que aceitar sua vantagem óbvia como dada e descobrir como atacar o castelo por trás.

Para desenvolver minha estratégia, explorei Mimimi e suas conexões para obter informações privilegiadas sobre clubes e equipes da escola. Então, com minha sugestão, saímos do laboratório de informática e fomos para o ginásio, onde estavam treinando os times de vôlei e basquete.

Quando contei a ela o que íamos fazer, Mimimi sorriu provocadoramente e disse: — Ooh, Tomozaki, você é realmente malvado!

Não, não sou! De certa forma, isso é tão ortodoxo quanto pode ser.

Chegamos ao ginásio. Olhei ao redor e avistei Tama-chan atravessando a quadra de vôlei com uma bola. Parece que o tamanho não importa para esse esporte.

Eu poderia ter cumprimentado, mas não era meu objetivo agora, então deixei as formalidades para Mimimi.

Seguindo o plano que discutimos, Mimimi se aproximou do capitão do time de basquete masculino e começou a conversar com ele. Ele era musculoso e bonito — um normie, aparentemente. Eu fiquei à distância para evitar recuar fisicamente dele.

— Oi, Sasaki!

— Huh? Mimimi? O que está acontecendo?

O cara que ela chamou de Sasaki atravessou a quadra até ela.

— Estou fazendo campanha!

Mimimi colocou as mãos nos quadris e estufou o peito. As rugas na sua camisa enfatizando seus seios naturalmente chamaram minha atenção, mas Sasaki nem olhou para baixo. Testemunhe o poder do normie.

— Sim, ouvi dizer que você está concorrendo. Trabalhando duro, hem?

— Ah, você sabe! O trabalho duro é minha salvação!

— Nerd!

Normies — nunca se sabe quando alguém vai chamar outra pessoa de nerd. Eu quase recuei naquela hora.

— Na verdade, vim negociar.

— Negociar?

— Sim. Tipo, se eu defender essa política, você vai votar em mim!

— Hã. Sendo brutalmente honesto, eu pretendo votar na Aoi.

— Nããão, não diga isso!

Mimimi cobriu os ouvidos com as mãos de brincadeira.

— E daí? Você mencionou alguma coisa sobre políticas?

— Sim! Políticas!

— Aff, você é alta.

— Apenas escute! A ideia geral é... eu vou pressionar a escola para comprar bombas elétricas para bolas. Eu tenho o seu voto?

Enquanto anunciava a oferta, Mimimi sorriu astutamente.

— Você está falando sério?!

Sasaki mordeu a isca completamente.

Sim, uma bomba elétrica para bolas. Essa era minha estratégia.

Desenvolver uma plataforma que trouxesse benefícios significativos para clubes específicos e solidificar o apoio entre seus membros. Política de compadrio. É uma estratégia de campanha legítima.

— Estou muito sério. Qualquer coisa para dar uma vantagem às nossas equipes esportivas! Aliás, não é apenas para o time de basquete. Vocês compartilharão isso com os times de vôlei, futebol e handebol.

A bomba traria grandes benefícios para todos os quatro times, e foi por isso que eu a escolhi. Com um custo de algumas centenas de dólares, estava dentro das possibilidades reais, e permitiria que os estudantes poupassem o aborrecimento de encher as bolas. Nada faria os atletas mais felizes.

— Estou dentro.

— Um voto honesto para a Mimimi! E não apenas o seu, é claro?

— Ha-ha, certo. A bomba é certa, não é?

— Pode deixar comigo!

— Incrível. Vou contar para os caras.

Ele apontou para a quadra com o queixo. Parecia haver um pouco menos de trinta membros na equipe. Se 80 por cento deles concordassem com o plano, isso seriam pelo menos vinte votos para nós.

— Obrigado!

Com isso, Mimimi conquistou seus primeiros novos votos. Em parte, isso foi graças ao meu plano de compadrio, mas provavelmente foi mais devido às habilidades de comunicação de Mimimi.

Se eu fosse o responsável pela negociação, ele provavelmente teria me recusado com base na lei do não-normie: Estranho, nojento e feio. Mesmo que ele não me recusasse, eu sou tão fraco que isso provavelmente se voltaria contra mim de alguma forma.

Ele poderia até pensar que eu estava sendo ardiloso. Pelo menos, ele não teria sentido essa vibração favorável de cúmplices como teve com a Mimimi. O culpado usual era o de sempre: eu.

Enquanto pensava em tudo isso, Mimimi olhou para Tama-chan com um brilho nos olhos.

— Tama! Sempre pequena, vejo!

Com isso, ela correu na direção de Tama-chan e a abraçou.

— Minmi?! O que você está fazendo invadindo a quadra?!

— Desculpe pela intrusão!

Ela disse, levantando a parte de baixo da camiseta de Tama-chan e esfregando o rosto lá dentro. O que diabos ela está fazendo?

Mimimi colocou a cabeça dentro da gola, de modo que agora duas cabeças estavam para fora da camisa. O que estava acontecendo?

— Minmi, você está apertando demais! Eu não te entendo!

— Somos como duas ervilhas numa vagem!

— Ah, para com isso!

Uma garota mais velha da equipe se aproximou e deu um tapa na cabeça de Mimimi. Aparentemente, ela já tinha tido o suficiente.

— O que você pensa que está fazendo, Nanami?

— M-minha querida senpai Shiori!!

Os olhos de Mimimi brilharam ainda mais com a chegada de Shiori, e ela começou a se aproximar dela. No entanto, como ela ainda estava dentro da camisa de Tama-chan, mal conseguia se mexer.

— Você está certa... eu estou presa.

Murmurou. Shiori suspirou e olhou para Mimimi.

— E de quem é a culpa disso?

— Ah, é mesmo, né! He-he!

Com isso, ela puxou a cabeça de volta para dentro da camisa de Tama-chan e começou a se contorcer para tentar sair.

— Eek!

Tama-chan gritou. Sem dúvida, Mimimi havia feito algo com ela.

Um segundo depois, Mimimi emergiu da camisa.

— Bleh! Ah, o ar fresco é maravilhoso!

Ela espalhou os braços e sorriu.

Tama-chan segurou o estômago meio atordoada.

— I-isso realmente aconteceu?!

— V-você está bem, Natsubayashi?

Uma colega de equipe de Tama-chan olhou para ela com preocupação.

— Meu umbigo...

Tama-chan sussurrou. Ela parecia envergonhada.

— U-umbigo?

— Ela lambeu meu umbig— 

— O que há de errado com você, idiota?!

Shiori interrompeu Tama-chan para cutucar Mimimi.

— Eu não sou uma idiota! Hoje eu venho trazendo boas notícias para o time de vôlei!

— Huh?

Aproveitando o caos, Mimimi atropelou Shiori com a mesma explicação que havia dado a Sasaki alguns minutos antes.

— ...E é assim que estou planejando dar um impulso às equipes esportivas da Sekitomo High School!

— Pfft... Tudo bem, então. Se é isso que você quer, vamos ajudar. O time de atletismo precisa parar de receber todas as regalias.

— Muito obrigada, Shiori-senpai! Você é a melhor!

Mais uma vez, ela tinha facilmente feito sua ideia vingar. Sim, um personagem de alto nível realmente faz a conversa fluir muito mais suavemente.

Mimimi era incrível. Na metade da sua troca de palavras com Shiori e Tama-chan, algumas garotas mais jovens do time já tinham se reunido em volta dela.

— Mimimi-senpai!

— Ouvi dizer que você está concorrendo!

— Eu vou votar em você!

Como diabos ela conhecia todas essas pessoas de diferentes anos e em diferentes times?

Enquanto isso, eu estava lutando para me manter sob os olhares que pareciam gritar: — Quem é aquele cara que ficou rondando a quadra o tempo todo?

Um personagem de baixo nível não tinha propósito nessa situação, então não havia muito mais que eu pudesse fazer.

Enquanto nos preparávamos para sair do ginásio, Mimimi se virou para Tama-chan novamente.

— Aliás, Tama, cheque suas costas.

— Minhas costas... Huh?

Tama-chan disse, encarando Mimimi.

— ...Min...mi?

Suas bochechas ficaram vermelhas e um profundo ressentimento encheu seus olhos, Tama-chan foi até a parede e começou a mexer as costas.

 

 

— O quê, você fez?

Sussurrei para Mimimi.

— Dedos mágicos!

Ela disse, juntando o indicador e o dedo do meio e depois soltando-os.

Shiori deve ter entendido o que ela quis dizer.

— Você fez isso enquanto estava lambendo ela? Habilidosa com as mãos, pelo visto.

Ela soava meio impressionada e meio irritada.

O quê??

Mimimi nunca me contou o que ela fez.

Depois disso, fomos para fora, para o campo, e conversamos com os times de futebol e handebol, e no final do dia, tínhamos mais de cem eleitores comprometidos.

 


 

No caminho para casa, Mimimi caminhava ao meu lado, conversando alegremente.

— Isso funcionou tão bem! Você resolve as coisas, Tomozaki!

— Não... Sem suas habilidades de negociação, isso teria sido impossível.

Estávamos indo para casa juntos. Acho que era natural, já que ambos descíamos na mesma estação. Era a segunda vez que só nós dois íamos para casa juntos, mas eu ainda não estava preparado para isso.

— Acha que as chances estão um pouco mais equilibradas agora?

— Sim, deveriam estar. Pelo menos, estamos no campo de jogo agora... Eu acho.

Tentei esconder o quanto estava nervoso. Acabei de aumentar as esperanças da Mimimi, meio que, mas essa esperança realmente era justificada? A Sekitomo High School tinha quase seiscentos alunos.

Para falar a verdade, cem ou mais apoiadores não eram suficientes. Em uma eleição normal, poderia ser, mas estávamos enfrentando a Hinami. Ainda estávamos em desvantagem. O que deveríamos fazer a respeito?

Infelizmente, eu estava tão nervoso por ir para casa com a Mimimi que eu não conseguia pensar direito. Mas enquanto andávamos lado a lado, eu percebi que, mesmo que ela estivesse me superando no jogo da vida, eu era mais alto e musculoso que ela... não sei como colocar isso exatamente, e acho que é óbvio, mas notei que ela era uma garota.

— Por que você está me encarando? Você finalmente quer me contar sobre sua paixonite?!

— Não é isso!

Eu retruquei, em pânico.

Mimimi sorriu brilhantemente e balançou sua bolsa, fazendo tilintar todos os pequenos pingentes nela.

— ...O que é isso?

Eu olhei para uma miniatura com listras estranhamente coloridas. Parecia uma daquelas esculturas antigas de argila chamadas haniwa. Ela sempre tinha aquilo na bolsa?

— Você tem um bom olho! Me apaixonei por isso outro dia e tive que comprar!

— Hã, sério?

Era bem esquisito. Eu não sabia o que dizer.

— O que você acha? Bonito, né?!

— Bonito?!

Eu disse, surpreso. Ela achava aquilo bonito? Decidi experimentar a mesma provocação estilo Mizusawa que usei com a Izumi.

— De jeito nenhum, é super estranho!

— O quê? Ah, vamos lá! É super fofo!

Mimimi riu.

Olhe só para nós dois, sendo super amigos. Mizusawa, você é incrível. Isso realmente funciona.

— Quero dizer... parece um haniwa.

— É exatamente isso que é fofo! Você só não entende.

Mimimi fez bico, mas ainda parecia estar se divertindo. Essa é uma técnica incrível, Mizusawa. Mas, falando sério, aquilo definitivamente não era fofo.

— Enfim, voltando para a eleição! O que devemos fazer amanhã? Tomozaki, o Gênio, o que você acha?

Ela segurou um microfone imaginário na minha boca.

— Uh... vamos ver. Na nossa situação atual...

Eu pensei sobre isso.

O que tínhamos que fazer para vencer essa eleição? Como poderíamos pegar de surpresa a impecável NO NAME?

O cerne dessa batalha era a diferença entre as perspectivas de luta da Mimimi e da Hinami. Francamente, Hinami estava menosprezando-nos. Não quero dizer que ela era tola o suficiente para relaxar seus esforços. Era mais uma suposição válida — mas equivocada — de que não íamos lutar com tanta força.

As pessoas geralmente veem o objetivo em uma eleição como reunir mais votos do que o oponente. Hinami provavelmente assumiu que isso era o que Mimimi esperava alcançar com o seu plano de ação. Simples e direto. E até eu me tornar o cérebro dela, isso era verdade.

A melhor estratégia de Hinami para uma vitória avassaladora nessa situação seria fazer o mesmo e focar em conseguir muitos votos. Se ela tivesse uma grande vantagem e mais recursos do que Mimimi antes mesmo de a eleição começar — ao ponto de Mimimi não conseguir fechar a lacuna  — , simplesmente enfrentá-la com as mesmas técnicas no mesmo campo de batalha praticamente garantiria a vitória para Hinami.

E, certamente, Hinami estava trabalhando neste exato momento para atrair mais eleitores do que Mimimi. Essa estratégia combinava com o padrão da NO NAME de usar um esforço avassalador para investir de frente contra o inimigo.

Em outras palavras, não podíamos vencer sob essas condições. Hinami tinha um monopólio sobre essa arena e esses métodos de luta. Nossa única escolha era jogá-los pela janela.

Por isso, fiz uma proposta diferente para a Mimimi antes de irmos ao ginásio comprar votos.

— Vamos fazer nosso objetivo ser 55%.

Desde o início, esqueceríamos de conseguir o máximo de apoiadores possível. Desistiríamos de 45% do eleitorado. Em vez disso, dedicaríamos tudo o que tínhamos para garantir os outros 55%.

Enquanto Hinami se concentrava em conseguir o apoio de cada estudante, nós estaríamos tentando solidificar nosso apoio entre essa maioria estreita. Com essa estratégia, mesmo que Hinami fosse o dobro mais forte do que nós, poderíamos oferecer uma boa luta.

E assim, tive uma ideia para uma campanha muito eficaz dentro de uma seção limitada do eleitorado: a bomba elétrica.

Foi assim que expliquei isso para a Mimimi.

— Quando se trata de ganhar uma eleição, conseguir 51% dos votos é tão bom quanto conseguir 100%.

Quem obtivesse a maioria venceria. Nesse sentido, qualquer coisa além disso era apenas para alimentar o ego. Claro, poderíamos supor que Hinami sabia sobre essa estratégia também. Mas ela era uma jogadora ortodoxa, então ela não a escolheria.

Se ela soubesse que Mimimi planejava jogar a aparência pela janela e apenas buscar uma maioria simples, as coisas seriam diferentes, mas Hinami provavelmente nem tinha considerado isso.

Por isso, poderíamos pegá-la de surpresa e atacar por trás. Em certo sentido, era um ataque surpresa simples. Mas também significava que não poderíamos nos defender se ela escolhesse lutar com outros métodos. Se Hinami tomasse contramedidas contra nossa estratégia, ela desmoronaria como um castelo de areia.

Mas tudo bem. É tudo sobre o metajogo — qualquer estratégia que supera a estratégia anterior se torna a nova melhor estratégia. Acontece o tempo todo.

— ...Heeey, Terra chamando Tomozaki! E quanto a amanhã?

— Ah, é verdade.

Nada bom, nada bom. Eu inconscientemente mergulhei novamente no meu próprio mundo mental.

— Está tendo dificuldades para pensar em algo?

— Não... eu vou pensar nisso.

Eu tinha passado por várias ideias, mas ainda não conseguia encontrar uma que nos desse tantos eleitores comprometidos como hoje.

— A propósito, por que você quer tanto derrotar a Aoi?

Essa veio do nada.

— Por que?

Eu repeti, um pouco confuso.

— ...É como eu disse antes.

— Porque você gosta de jogos e oponentes mais fortes te fazem querer lutar mais?

— Basicamente.

— ...É só isso?

Mimimi continuou insistindo. Para ser sincero, não era só isso. Quero dizer, se eu gostasse de ganhar porque gosto de jogos, eu seria mais competitivo na escola e nos esportes, então não era uma explicação muito boa. Mimimi estava sorrindo, mas parecia desconfiada, então a honestidade parecia ser a melhor política.

No meu nível atual, quase a única coisa que eu podia fazer era dizer o que estava na minha mente.

— ...Eu sou muito bom no Atafami.

— De onde isso veio de repente?

— Bem, na verdade, a Hinami é muito boa nisso também.

— Aha!

Mimimi disse, como se de repente tivesse entendido tudo.

— Então você está em busca de vingança?

Inclinei a cabeça, confuso.

— Vingança?

— Não? Pensei que era porque ela te venceu em sua especialidade.

— Ah, certo.

Eu disse, sorrindo.

— Não, eu venço no Atafami.

— Uau, sério?!

Parece que o fato de eu ter conseguido vencer a Hinami em pelo menos uma coisa foi surpreendente.

— É, mas ela é facilmente a melhor jogadora de Atafami que já enfrentei. Ela pode até me vencer um dia, e eu nunca pensei isso sobre mais ninguém.

— Ohhh.

Mimimi ouviu, sem palavras.

— A questão é que ela está me esmagando na vida. Não consigo vencer não importa o que faça — não consigo nem imaginar isso. Enquanto isso, Aoi Hinami é a única pessoa que eu respeito como jogadora de Atafami, e a vida é o seu palco favorito.

— Oh, então a vida é como um jogo.

Diria que realmente é um jogo, mas de qualquer forma...

— É, basicamente. E como jogador, quero tentar jogar com ela em seu palco também. Mas sei que não consigo vencê-la ainda...

— Ah... Então é por isso.

— Isso mesmo. Eu pensei que se você e eu trabalhássemos juntos, poderíamos talvez derrotá-la.

— Entendo. É bastante plausível.

Eu não tinha mentido diretamente sobre nada, embora tenha mantido meu status como o melhor jogador de Atafami do Japão em segredo por vergonha. Não preciso dizer que também não mencionei as lições de vida com a Hinami. Mimimi continuou acenando com a cabeça e fazendo comentários como, — Sim, faz sentido, você é jovem.

Caramba, ela conseguiu puxar muita informação de mim. Deve ser uma habilidade de conversa de normies. Bem, então, vou copiá-la. Hinami me disse para roubar alguns truques da Mimimi, e além disso, eu queria saber.

— ...E você?

— Oi?

— Por que você quer tanto vencer a Hinami?

Voltei a pergunta dela para ela mesma. Plagiarismo é fundamental em conversas. Assim como plagiei o Método Mizusawa.

— ...Bem...

Mimimi sorriu desconfortavelmente e olhou para cima. Será que o meu ato de cópia descarada foi longe demais?

— Desculpe.

— Não, está tudo bem! Não é grande coisa.

Ela coçou a bochecha, o olhar dela ainda vagando, e continuou a falar.

— Ok, hora do quiz! Qual é a montanha mais alta do Japão?

Sua expressão alegre habitual estava de volta.

Por que esse quiz animado de repente?

— Quiz surpresa, huh?

Eu disse, confuso.

— Monte Fuji, mas...

— Correto! Você é bom!

— Uh... tá.

Eu disse, sem saber como responder.

— Ok, próximo.

Mimimi disse, sorrindo.

— Qual é a segunda montanha mais alta do Japão?

Ela olhou nos meus olhos como se estivesse tentando ler minha mente.

— Uh, a segunda? Um, me dê um segundo... hum...

— Bzzzt! Tempo esgotado! A resposta é... Kitadake!

Mimimi ergueu dois dedos no ar.

— Kitadake? Eu não sabia disso, na verdade.

— Não é mesmo?

Disse Mimimi, sorrindo radiante.

— Ok, próxima pergunta! Quem foi o primeiro presidente dos Estados Unidos?

— George Washington.

— Correto! E... quem foi o segundo?

Mais uma vez, ela falou lentamente, como se estivesse me testando em algo mais profundo.

— Um... espere um pouco, estou pensando...

— Desculpe, muito devagar! Foi John Adams. Tomozaki, você é ruim em história mundial?

— Uh, acho que sim?

Como aparentemente eu não estava entendendo o ponto dela, Mimimi ficou um pouco mais séria do que antes.

— Ok, próxima pergunta! Quem ficou em primeiro lugar no teste esportivo geral das meninas em maio?

Ela sorriu gentilmente, mas significativamente para mim.

— Hinami, certo?

— Correto.

Ela disse, inclinando um pouco a cabeça.

— E você sabe quem ficou em segundo lugar?

Seus olhos encontraram os meus.

— ...Não faço ideia.

— Pensei que sim. É isso que estou dizendo! Se você fica em primeiro lugar, fica famoso, mas no momento que cai para o segundo, sua vitória praticamente não significa nada!

Praticamente nada. Comecei a entender o que ela queria dizer.

— Então, a pessoa que ficou em segundo lugar no teste esportivo...

Por um momento, Mimimi parecia solitária e desconfortável, mas então seu habitual bom humor voltou.

— Exatamente! Essa pessoa fui eu, Minami Nanami! E então? Eu sou bem talentosa também. Você sabia disso?

— N-não.

— É isso que estou dizendo. Ah, aliás, eu também fiquei em segundo lugar academicamente durante todo o primeiro ano! No entanto, caí para o terceiro e sexto lugar nos testes do semestre, no entanto.

Surpreendente. E considerando que estamos em uma escola preparatória para a faculdade, genuinamente impressionante.

— Sério? Você não parece o tipo estudioso.

Sinceridade excessiva, eu sei. Culpe a surpresa.

— Isso foi rude!

Mimimi disse, gargalhando.

— Mas ninguém sabe, na verdade. Minami Nanami é um desses garotos e garotas japoneses bonitos que se destacam nas artes literárias e militares.

— Mas você não é um garoto bonito.

— Isso é o meu Tomozaki, pegando os detalhes! Mesmo assim, eu aprecio que você reconheça o resto!

— Cala a boca!

Disse com um tom de brincadeira.

Eu estava fazendo o meu melhor para acompanhar o ritmo rápido da Mimimi com minhas respostas rápidas.

— Ah-ha-ha!

Ela abriu a boca para rir, mas o riso logo se dissipou.

— De qualquer forma, essa é a história.

Ela olhou para baixo, ainda sorrindo, e chutou uma pedrinha.

— ...Huh.

Eu não fazia ideia. Hinami simplesmente brilhava demais, e Mimimi sempre esteve escondida na sombra dela.

Eu continuei andando, evitando inconscientemente o contato visual. Mimimi sorriu novamente enquanto falava — não era o seu sorriso usual, excessivamente brilhante e cintilante, mas um sorriso leve e fugaz.

— É por isso que quero vencer.

 


 

No dia seguinte era quarta-feira. Mimimi estava fazendo campanha no mesmo local com a Yamashita-san, que parecia ter se acalmado um pouco. Hinami estava fazendo campanha perto da segunda entrada da escola, ao invés da primeira entrada, onde ela estava antes, mas estava falando alto o suficiente para ser ouvida pelos estudantes que usavam qualquer porta.

Ela aparentemente planejou para máxima eficiência. Típico da Hinami. Normalmente eu interpretaria isso como uma ameaça, mas também era evidência de que ela estava tentando conquistar o maior número possível de votos, então eu encarei como incentivo. Nosso contra-ataque iria doer.

Durante o intervalo antes do quarto período, eu fui para a biblioteca como de costume e li com a Kikuchi-san... ou fingi que lia. Assim como costumava fazer antes de começarmos a conversar, eu estava planejando estratégia. Mas desta vez, era estratégia para a eleição, não para o Atafami.

Sim, ela queria vencer.

Pelo que eu pude perceber, o desejo de Mimimi pela vitória era genuíno. Ela não queria perder. Ela queria vencer.

Até agora, ela se permitiu ser a segunda colocada, incapaz de vencer Hinami. Mas desta vez, ela estava determinada a mudar isso.

Eu não acredito que alguém nasça com talento para jogos. Se é alguma coisa, é uma questão de o quanto eles odeiam perder. E nesse quesito, Mimimi era como eu.

Nesse caso, tínhamos que lutar.

Talvez meu desejo de vencer a NO NAME na vida real pareça infantil, mas era genuíno. Eu sou um jogador afinal. O que significava que se eu não desse tudo de mim nessa luta, eu me arrependeria depois.

— ...As regras da vida: trazer os interesses de todos a um acordo, persuadir as pessoas mais vocais, controlar o clima...

Enquanto eu segurava o livro de Michael Andi na minha frente, fechei os olhos como fazia quando estava planejando estratégias para o Atafami, dissecando cada regra de vida que a Hinami me ensinou abstratamente, reunindo-as em termos concretos, visualizando os resultados e considerando minhas opções.

— Um... você disse alguma coisa?

— Ah, não, nada.

Kikuchi-san me olhou com curiosidade. Eu estava murmurando em voz alta.

Ops.

— Você está... tem certeza?

Desculpe, Kikuchi-san. Mas eu tenho que vencer.

Naquele momento, eu estava pensando em como abordar o grande discurso da Mimimi. Quando decidi dominar o Atafami, a primeira coisa que fiz foi imitar um jogador chamado Zero, que na minha opinião era o melhor dos melhores. Da mesma forma, agora eu estava tentando imitar Aoi Hinami, a jogadora que eu achava ser a melhor no jogo da vida.

Aoi provavelmente fez a mesma coisa. Eu não sei como ela dominou a vida. Mas pelo menos quando se tratava do Atafami, ela definitivamente começou imitando meu estilo de jogo. Depois disso, ela aprimorou os vários movimentos e desenvolveu contra estratégias com base nos meus métodos.

Ela estava tentando me superar. Comece com a cópia e depois a refine. Eu sei disso porque joguei com ela inúmeras vezes: Seu objetivo no Atafami é extremamente simples.

Com esforço, ela aprimoraria meus métodos de luta, executá-los-ia com mais precisão do que eu e me esmagaria de frente.

Como eu disse antes, o estilo de jogo da NO NAME é usar esforço avassalador para atacar seu inimigo de frente. Ela não insistia que estava certa e lutava de acordo com suas próprias regras. Ela entrava no ringue, jogava de acordo com as regras estabelecidas e vencia. Isso era ela em poucas palavras.

Mas escute, Hinami. Claro, eu posso ter começado imitando outros jogadores. Eu coloquei esforço e conquistei minhas vitórias.

Mas eu não parei por aí.

Quando ouvi a Hinami dizer que você tem que jogar pelas regras existentes, pensei que meu estilo de jogo não funcionaria na vida real. Ao mesmo tempo, a dúvida brotou dentro de mim.

Por isso quero testar isso desta vez.

A NO NAME está jogando Atafami há apenas alguns meses, então ela pode não saber ainda.

Ela pode não saber quem mudou a forma como os jogadores de Atafami viam o jogo apenas seis meses atrás.

Eu quero ver se o estilo de jogo do nanashi funciona na vida real também.

— Tomozaki-kun...

— ...Ah!

Minha consciência foi puxada de volta das profundezas do meu mundo interior por um fio de luz. Kikuchi-san estava me olhando.

— Sim? O quê?  há algo errado? Tem algo errado com o meu rosto?

Se ela dissesse que sim, eu tinha uma resposta pronta: Não se preocupe, sempre parece estranho.

— N-não... é só que a sua expressão está...

Minha expressão? Será que minha boca ficou aberta enquanto eu estava perdido em pensamentos?

— Está...?

— E-eu só fiquei surpresa porque... você parecia meio... galante.

— Galante?!

Meu rosto queimou; essa não era uma palavra que eu esperava ouvir. Kikuchi-san tocou a boca com o dedo e olhou para longe. Droga, quase me apaixonei naquele momento.

 

Após a escola, Mimimi e eu fomos para a cafeteria e sentamos perto da janela, comendo sorvete enquanto começávamos nossa segunda reunião de campanha.

— Primeiro, deixe-me te perguntar algo

Eu disse.

— Claro, pode falar.

— Você já decidiu o que vai dizer no seu discurso para a escola depois de amanhã?

— Não. Pensei em algumas opções, mas nada parece certo.

 


 

Ela falava de forma descontraída, mas suas palavras me tranquilizaram — quando, na verdade, não deveriam. Eu achava que podia fazer o que quisesse.

— Nesse caso... — eu disse, passando mentalmente o restante da minha frase antes de dizê-la, — q-que tal você me deixar escrever o discurso?

— O quê?!

Ela exclamou. Bem, é claro que ela fez isso. Eu sabia que estava pedindo muito.

— Um, como posso dizer isso? Olha, você é ótima para falar com as pessoas e negociar, então... eu acho que você deveria passar seu tempo interagindo com o público.

— Não sei se sou tão boa nisso... mas entendi seu ponto!

Mimimi respondeu modestamente, mas positivamente. Afinal, eu tinha criado esse argumento pensando no melhor para ela.

— E eu sou bom em estratégias e coisas assim, então... você deveria deixar isso comigo enquanto você lida com a negociação. Enquanto você está fazendo isso, eu vou escrever o discurso e, quando terminar, você revisa e entrega.

Mimimi olhou para baixo pensativamente.

— ...Você acha que vai funcionar?

O que ela provavelmente queria dizer era ‘Será que vamos vencer?’ Eu olhei diretamente para ela. Havia muitas coisas que me preocupavam: incerteza, falta de autoconfiança, se a Mimimi confiaria em mim. Mas também tinha uma pequena esperança.

— Eu... tenho uma ideia.

Mimimi olhou para mim por um momento, depois assentiu levemente.

— Ok! Faça o que você sabe fazer, como dizem. Você me apoia; eu te apoio. Eu não me oponho a isso, Cérebro!

Ela disse alegremente, batendo forte no meu ombro.

— Ow!

Eu esfreguei meu ombro enquanto continuava falando.

— Tem algumas coisas que eu gostaria que você fizesse hoje.

Depois de explicar a estratégia para ela, ela deu sua aprovação e se dirigiu para a escola. Sua missão hoje: conquistar os alunos do primeiro ano. Enquanto isso, eu finalizei os detalhes do discurso que comecei a planejar na biblioteca, e depois fui para o ginásio. Eu queria ver se uma das minhas estratégias potenciais era realmente viável.

— O-o-oi lá dentro.

Chamei com uma voz muito suave para que ninguém ouvisse. Como no dia anterior, as equipes de basquete e vôlei estavam praticando no ginásio. Eu procurei Tama-chan no meio da multidão, e quando a vi, contornei a borda do prédio para me aproximar.

— T-Tama-chan.

Chamei timidamente.

— Tomozaki? O que foi?

— Tem algo que eu quero que você me ajude... Tem a ver com a Mimimi.

— Ok... que tipo de ajuda?

Você não esperaria isso de alguém tão pequeno, mas essa garota não enrola. Ela é amiga da Mimimi, então aposto que ela já sabe que estou ajudando na campanha.

— Você pode sair um minuto do treino?

Tama-chan olhou silenciosamente ao redor dela.

— Espere um segundo!

Ela trotou pelo ginásio até Shiori, trocou algumas palavras com ela e correu de volta para mim.

— Ela disse que está tudo bem. Então, o que você precisa?

Ela virou o pescoço e focou aquele olhar excessivamente direto em mim. Como sempre, eu sentia que ela estava me aceitando como eu era, em vez de me julgar como alguém que ela gostava ou não gostava.

— Eu preferiria não entrar em todos os detalhes, mas.. — eu tirei meu smartphone do bolso — eu vou andar lá longe e colocar um pouco de música, e eu quero que você me diga se consegue ouvir.

Ela olhou para o meu telefone e depois direto nos meus olhos novamente.

— Devo te dar um sinal?

— Sim, claro.

— Entendi! Onde eu devo ficar?

Estávamos indo rápido. Parece que ela não tinha perguntas.

— Uh, você pode ficar aqui, mas...

Comecei a murmurar mais à medida que o constrangimento crescia.

— Mas o quê?

— Oh, não, eu fiquei surpreso porque você não perguntou por que eu queria que você fizesse isso.

Tama-chan inclinou a cabeça como se dissesse

— Hã?

— Você não disse que não queria entrar em detalhes?

Ela disse, muito seca.

— Ah, certo, eu disse isso.

Esse sentimento de constrangimento estava realmente me atrapalhando. Tama-chan não sorria.

— Além disso, é para ajudar a Minmi a ganhar a eleição, certo?

Ela não parecia estar insinuando mais nada.

— Sim.

— Bem, então, vou te ajudar! Minmi disse que estava tudo bem, certo?

— S-sim, ela disse.

— Ok, então! Eu vou ficar aqui e ouvir.

— Ah, obrigado!

E foi isso. O que posso dizer? Ela é uma pessoa muito direta. Acho que lembro da Hinami me dizendo uma vez que o tipo dela era incomum nos dias de hoje.

Corri para começar os testes que tinha vindo fazer. Primeiro, fiquei no fundo do ginásio e liguei a música. Tama-chan fez um grande círculo com os braços para indicar que tinha ouvido. Bom. Em seguida, subi para as pequenas varandas dos dois lados do andar superior do ginásio, bem embaixo do teto.

Tama-chan fez outro círculo. Então fui para trás da cortina no palco e testei alguns lugares, como a unidade de armazenamento retrátil onde as cadeiras eram guardadas. Finalmente, voltei até Tama-chan.

— Obrigado!

— Já terminou?

— Sim. Ah, onde a música pôde ser ouvida melhor?

Tama-chan apontou para as duas varandas.

— Lá em cima.

— Ok... obrigado.

Bom. Eu dei mais um passo para realizar meu plano.

Agora que minha tarefa estava feita e eu não tinha mais nada para falar, me despedi de Tama-chan e me virei em direção à porta, planejando voltar para a cafeteria para trabalhar mais no discurso. Inesperadamente, ela me parou.

— Tomozaki!

— Oi?

Virei para olhá-la.

— Sobre a eleição.

— Yeah?

Ela olhou para mim, claramente preocupada com algo.

— Não a faça trabalhar demais.

— Oi?

A princípio, eu não entendi.

— A Minmi...

O rosto de Tama-chan caiu.

— Ela tende a se esforçar. Mais do que deveria.

— Ah, entendi.

Assenti, confuso.

— Claro, eu não acho que ela deixaria você ver isso.

Tardiamente, percebi que ela estava completamente séria. Ela estava honestamente preocupada com a Mimimi, e estava tentando me contar, de sua maneira muito direta, quais eram suas preocupações. Não havia segundas intenções em jogo. Ela disse o que quis dizer.

— Ela tende a dizer que não está se esforçando demais e depois se esforça demais.

— ...sim, eu consigo ver isso.

Mesmo que eu não tenha passado muito tempo com a Mimimi, a imagem que Tama-chan pintou se encaixava na garota que eu conhecia.

— Então, cuide dela, ok?

Hinami me disse uma vez que Tama-chan era capaz de abrir seu coração em suas palavras. Agora, a verdade disso estava ficando bem clara. E isso significava que eu não podia ignorar o que ela estava dizendo. Eu bati no meu peito, que, pelo que eu sei, é o peito mais magro da nossa escola, e forcei um sorriso.

— Pode deixar comigo!

Tama-chan apontou alegremente para o meu rosto.

— Claro que vou deixar!

Ela se virou para a quadra, olhando para mim com satisfação.

De repente, eu me lembrei de algo. Eu não tinha perguntado a Tama-chan o que a Mimimi fez com ela ontem, mas ela poderia me contar agora. Por que não tentar?

— Ah, a propósito, outro dia, a Mimimi disse algo sobre 'dedos mágicos'  o que ela fez com você?

Vermelha como um pimentão, Tama-chan se virou para mim, apontou agressivamente na minha direção e exclamou: — Você não pergunta esse tipo de coisa para as garotas!!

Rejeitado. Por que apenas para as garotas, especificamente? O mistério se aprofunda...

 


 

Depois de terminar minha tarefa e voltar para a cafeteria, estava trabalhando no discurso quando a Mimimi chegou.

— Ei. Como foi?

Ela fez um sinal de — ok — e olhou nos meus olhos.

Perfeito!

A onda de energia ameaçava me dominar, mas tentei acompanhar, formando um sorriso e fazendo um sinal de positivo.

— Bom trabalho!

Mimimi riu alto.

Sucesso? Eu devo estar pegando o jeito dessas respostas rápidas!

— Caramba... isso não pareceu nada com você...!

Ela riu de novo. Ah, então era isso. Ela riu porque o cara sombrio de repente fez algo animado. Faz sentido.

— E como... Seu polegar...!

Ela riu, imitando meus movimentos desajeitados.

Vamos lá, não chuta um cara quando ele está pra baixo! Espera aí, sério? Foi isso que eu fiz? Ok, isso é engraçado. Trabalho adicional necessário.

— E-então!

Eu disse, meu rosto quente.

— Você foi para quantas aulas?

— Uh, duas ainda não tinham terminado a chamada, então fui nessas duas... heh-heh-heh.

As últimas ondas de risos dela quebraram através da resposta dela.

— Sério, pare. 'Ok, então você vai fazer o resto amanhã?’

— Sim. Além disso, é uma questão de quanto eles confiam em mim.

Eu assenti.

— Mas sério, Tomozaki, você é malvado. Será que eu deveria mesmo enganar os calouros?

— Do que você está falando? Você não está enganando eles. Quando você vencer, vai realmente se dedicar, então qual é o problema?

— Ah-ha-ha, acho que sim!

— Você não está prometendo que conseguirá cumprir suas propostas. E talvez você realmente consiga!

— É verdade! Se eu ganhar, vou sair e conseguir aqueles condicionadores de ar!

Sim, essa era minha proposta para a Mimimi: conquistar os alunos do primeiro ano com ar-condicionado. Era muito simples. Ela só precisava ir às salas de aula deles logo após a escola ou logo antes do início das aulas, quando a maioria dos alunos estaria lá, e dizer a eles que assim que fosse eleita, trabalharia para instalar um condicionador de ar em cada sala. O ponto chave era ir apenas para as salas do primeiro ano.

Isso porque nós, alunos do segundo ano, sem falar nos alunos do terceiro ano, já sabíamos o quão difícil seria alcançar esse objetivo. Se ela fizesse o mesmo discurso para essas classes, não só seria ineficaz; faria com que pensassem que ela era irrealista e talvez até perdesse alguns votos.

Os calouros, por outro lado, acabavam de entrar no ensino médio. Era julho, nem mesmo três meses após a cerimônia de entrada, e eles poderiam pensar plausivelmente que, se a presidente do conselho estudantil se esforçasse o suficiente, conseguir condicionadores de ar poderia ser mais do que um sonho vazio. Ainda mais quando ouvissem o discurso apaixonado da Mimimi.

A questão do ar-condicionado era de suprema importância para os alunos do ensino médio. A maioria das escolas hoje em dia já tem, mas não a Escola Secundária Sekitomo. Por isso, qualquer aluno com esperança genuína na possibilidade se tornaria um apoiador fundamental da Mimimi.

Claro, não seria bom mentir, então a Mimimi teria que pressionar bastante pelo ar-condicionado depois de eleita. Se ela não conseguisse até o momento em que eles fossem para o segundo ano, eles provavelmente pensariam que era um objetivo mais difícil de alcançar do que pensavam originalmente. No melhor cenário, de qualquer forma.

— Ah, sobre o discurso.

— Eu estava pensando nisso! Como está indo?

Eu espalhei as folhas de papel e comecei a contar para a Mimimi. Claro, eu estava apenas repetindo o que a Hinami havia dito...

— Primeiro, para conquistar o apoio de todos durante o discurso, a Mimimi precisará manipular o clima. Mas não será fácil com um grupo tão grande quanto uma escola inteira. Em uma situação assim, uma arma provavelmente será especialmente útil. Lembrei-me do exemplo mais impressionante que conhecia de manipulação de humor: a vez na aula de economia doméstica em que a Hinami salvou a Tama-chan.

— Primeiro, você tem que fazê-los rir.

— Entendi, entendi... Espera, o quê?

Mimimi disse, exagerando sua surpresa como um comediante de stand-up.

— Espera um segundo, senhor! Fazer eles rirem parece fácil, mas não é!

Sim, faz sentido. Eu concordei. Teria sido mais fácil se a Mimimi tivesse dito: — Deixe comigo!

Mas como ela não disse, contei-lhe meu plano.

— Eu sei. Seria realmente difícil fazer uma grande piada inteligente como um comediante, não é?

— Impossível, na verdade!

— Mas...

— Mas?

Enquanto pronunciava minhas próximas palavras, visualizei o que a Hinami havia feito na aula de economia doméstica e como a Mimimi tinha falado nos últimos dias — como ela zombava de mim com suas imitações perfeitas.

— Se for uma piada interna, você pode fazer isso.

Na minha opinião.

— ...Uma piada interna?

A Mimimi inclinou a cabeça perplexa. Ela estava certa. Conseguir uma risada da maneira usual seria difícil. Mas se a piada fosse algo relevante apenas para as pessoas ouvindo, tornava-se possível. Foi o que a Hinami fez na aula de economia doméstica.

— Especificamente, imitar a Sra. Kawamura.

A Mimimi olhou para baixo por um minuto, provavelmente imaginando isso, e então sorriu.

— Ah-ha-ha, entendi... Sim, acho que consigo fazer isso. E acho que vai funcionar!

Bom. Eu tinha a aprovação da Mimimi. Foi um alívio.

Nossa professora, Sra. Kawamura, era a professora-chefe do segundo ano, então ela frequentemente se levantava para falar nas assembleias escolares. Como resultado, todos os alunos estavam familiarizados com sua maneira distinta de falar.

A Mimimi estaria imitando ela.

— Oh, bom. Então vamos colocar isso no começo. Quanto à parte principal do discurso— 

— Oh, meu Deus! Eu estava esperando por isso!

Pensei em cada uma das técnicas que a Hinami havia me ensinado para uma proposta bem-sucedida, então as usei contra ela como uma arma.

— Os principais elementos do discurso serão promessas de campanha que agradam a todos.

Primeiro, trazer os interesses de todos para um acordo; faríamos com que o máximo de alunos possível sentisse que ganhariam algo se a Mimimi fosse eleita.

— Ok, como fizemos com o panfleto, certo?

A Mimimi estava certa, quase. Mas também tínhamos que convencer as pessoas mais vocais na audiência.

— Não exatamente. Precisamos ter cuidado com algo.

— Cuidado com o quê?... Ah, entendi.

a Mimimi percebeu.

— Professores.

Exatamente. Tínhamos distribuído o panfleto apenas para os alunos. Isso era diferente. Também tínhamos que satisfazer os professores, que detinham o maior poder de decisão na escola. Se eles rejeitassem a Mimimi, todos os votos que tínhamos reunido seriam inúteis. Eu assenti.

— Tem que fazer os professores pensarem Hexatamente!

— Ooh, Aoi-ese! Mas acho que você não está usando do jeito certo!

No momento em que fiz minha cara — legal — A Mimimi me cortou.

— R-realmente? Uh, de qualquer forma, me certifiquei de não escrever nada que fizesse você ser expulsa do palco por um professor, mas todos os alunos ainda sentirão que vão ganhar algo.

Na verdade, isso fazia meu discurso parecer mais louco do que realmente era. Era apenas uma extensão das promessas de campanha dela.

Mostrei o discurso para a Mimimi e repassei o conteúdo, enquanto ela ouvia muito atentamente.

— Hmm. Parece seguro!

Ela parecia satisfeita. E ela estava certa — nada era muito arriscado até agora.

— Seria ótimo se você argumentasse pelos condicionadores de ar, mas isso não é uma opção. O que nos deixa com isso como um compromisso.

— Sim, seria difícil fazer isso!

A Mimimi disse, sorrindo.

— Tem mais uma coisa, e é a mais importante de todas...

Expliquei o truque que eu havia bolado para o final.

— ...E é assim que você vai concluir o discurso.

Quando terminei de falar, esperei nervosamente pela resposta da Mimimi.

Quando olhei para ela, ela estava sorrindo animadamente para mim.

— ...Tomozaki, você é um verdadeiro vigarista!

Ela levantou o braço bem alto acima da cabeça e o abaixou em direção ao meu ombro. Isso de novo. Ela já tinha me pego tantas vezes agora que, no instante em que a vi se mexendo, pulei para o lado, mal escapando do golpe. Whoosh.

— ...Huh?

— Boa tentativa!

Apontei para o rosto dela como a Tama-chan sempre faz.

A Mimimi começou a rir e espirrou, — O que foi isso...? Quem é você...?

Entre outras coisas.

Pare já! Prometo que nunca mais farei isso de novo!

Ainda assim, eu tinha a aprovação dela. A única coisa que restava era acertar os detalhes amanhã e me preparar para o grande dia.

 

 

 

Na manhã seguinte — um dia antes do discurso  — , eu saí para a escola mais cedo do que o habitual. Hoje a Mimimi estaria indo às salas de aula do primeiro ano antes do início das aulas para fazer seu discurso sobre os condicionadores de ar.

Quando cheguei à escola, a Hinami estava fazendo campanha do lado de fora como de costume, com um grande grupo de alunos reunidos ao redor. Lancei-lhe um olhar enquanto passava, tranquilizado, e depois segui pelo corredor onde ficavam todas as salas de aula do primeiro ano para verificar a Mimimi.

Após passar por algumas salas de aula, cheguei à que a Mimimi estava falando sobre como trabalharia para conseguir condicionadores de ar.

— Chega dessa campanha para fazer todo mundo se cumprimentar! Eu quero conseguir condicionadores de ar para que todos possam se concentrar melhor nos estudos em vez de sofrerem de insolação. Claro, minha maior motivação é só porque eu odeio sentir tanto calor o tempo todo!

Com falas como essa, ela estava arrancando risadas junto com o apoio para as pesquisas. Ela era realmente incrível. Eu nunca conseguiria fazer isso tão bem quanto ela. Se eu inventasse a mesma estratégia para mim e tentasse implementá-la, tenho certeza de que minha posição como um personagem de baixo nível faria com que eu tropeçasse o tempo todo.

Então, isso estava indo bem.

A estratégia que eu havia elaborado estava sendo implementada exatamente como eu tinha imaginado. Senti como se estivesse usando um controle para fazer o Found executar os movimentos que eu tinha imaginado. Se a vida fosse um jogo como a Hinami disse, então essa luta era realmente divertida.

E por isso eu estava determinado a levar essa eleição muito a sério. Eu venceria a qualquer custo — pela Mimimi, que tinha confiado o coração da luta a mim. Acho que era isso que a Hinami quis dizer quando estava me falando sobre responsabilidade.

— Ah.

No intervalo, eu lembrei de algo: eu deveria encontrar a Hinami na quinta-feira após a escola. O que eu deveria fazer? Eu queria falar com a Mimimi sobre os detalhes finais do discurso. A eleição terminaria amanhã. Por que não encontrá-la com a Hinami naquele dia? Decidi enviar a ela uma mensagem no LINE imediatamente.

— Dá para remarcar a reunião para amanhã?

Alguns segundos depois, ela respondeu.

— Está bem, mas por quê?

Fiquei indeciso por um minuto antes de decidir responder honestamente.

— Acabei ajudando a Mimimi com a campanha dela, e precisamos acertar os detalhes finais, então quero me concentrar nisso.

A notificação de que ela havia lido a mensagem apareceu, e depois houve uma pausa. Eventualmente, uma resposta chegou, dizendo simplesmente: — Ok.

Foi curto. Mas a Hinami também é assim. Tanto faz. Agora eu poderia me dedicar totalmente à campanha até que ela acabasse.

— Ahhh! Não acredito que amanhã é o discurso!

A escola tinha acabado, e eu e a Mimimi estávamos nos encontrando na cafeteria como de costume para revisar nosso trabalho até agora e falar sobre o plano para o dia seguinte. Mais uma vez, estávamos sentados perto da janela, comendo sorvete.

— Sim. Ah, falando nisso, você foi em todas as salas de aula do primeiro ano?

— Sim! Eles adoraram!

— Ótimo...

Essa foi a melhor notícia que eu poderia ter recebido. Uma ótima reação. Se 80 por cento dos alunos do primeiro ano votassem na Mimimi, isso seria cerca de cento e cinquenta votos. Se 80 por cento dos times de basquete e handebol também votassem nela graças ao esquema da bomba elétrica, isso daria por volta de duzentos e cinquenta votos no total.

A Escola Secundária Sekitomo tem um pouco menos de seiscentos alunos. Isso significava que, para conseguir uma maioria, teríamos que conquistar mais cinquenta ou mais dos trezentos e cinquenta votos restantes com o conteúdo do discurso. Mesmo com a Hinami como nossa oponente, era um plano bastante forte.

Por outro lado, se os planos do condicionador de ar e da bomba elétrica nos dessem 50 por cento dos alunos-alvo, isso nos daria um pouco mais de cento e cinquenta votos. Dos quatrocentos e cinquenta alunos restantes, precisaríamos conquistar cento e cinquenta. Com a Hinami no campo, isso não estava garantido, mas tínhamos uma chance.

— Tudo o que resta é o discurso de amanhã.

— Sim. — Eu disse, assentindo. — Por falar nisso, você teve alguma ideia para melhorá-lo?

— Hmm, algumas.

Mimimi disse antes de apresentar suas ideias de onde adicionar mais piadas e coisas do tipo. Todas as revisões dela tinham como objetivo tornar o discurso mais divertido.

— Deixe com um normie. 

Eu não pude deixar de lamentar. Enquanto estávamos praticando e revisando vários pontos.

— Olá, se não são Tomozaki e Mimimi! O que vocês dois estão aprontando?

Mizusawa estava se aproximando de nós com Nakamura e Takei.

Nakamura. Mesmo após o incidente no escritório do antigo diretor, ele ainda estava me atacando. Ok, talvez ele não fosse tão agressivo como antes, mas eu ainda o evitava. Toda vez que eu falava com a Izumi, parecia que alguém estava me encarando — mas espero que fosse apenas minha imaginação.

Espera aí... Por que o Mizusawa não estava com a Hinami hoje? Não, não assim — estou falando de atividades eleitorais aqui. Eu estava desconfiado, mas por enquanto, mantive minha posição e respondi ao Mizusawa.

— Ah, eu só estou ajudando a Mimimi com a campanha dela.

O Nakamura interveio.

— O quê? Você está?

Ele disse, olhando para mim e depois para a Mimimi.

— Por que o Tomozaki?

— Acredite ou não, Nakamu, o Tomozaki é meu cérebro!

— Hã? O que isso quer dizer?

O Nakamura franzia as sobrancelhas, parecendo sério. Ignorando a reação dele, a Mimimi continuou animada.

— Tipo, para conseguir votos e trabalhar no meu discurso!

— Hmpf. Parece um perdedor para mim.

O Nakamura disse após uma pausa de vários segundos, como se estivesse compartilhando seus sentimentos intuitivos. Era como se cada neurônio em sua mente estivesse colorido pela psicologia do normie sempre vitorioso.

— ...Bem, é isso que é preciso para vencer a Aoi!

Percebi que a Mimimi hesitou brevemente antes de dizer isso.

— Hmpf. Vencer, serio?

O Nakamura zombou, como se tivesse acabado de ouvir uma piada particularmente fraca. Isso me irritou.

— É-é claro que ela quer vencer. Por isso ela está concorrendo.

Não foi exatamente eloquente, mas pelo menos era uma resposta ao Nakamura.

— Ah, é mesmo

Ele zombou.

— É, é verdade.

Obviamente, eu estava petrificado.

— Se me perguntar, vocês estão perdendo tempo.

Ele disse para nós dois.

— Vocês viram aquela bumerangueada?

Foi o Mizusawa quem interrompeu as palavras provocativas do Nakamura com uma resposta murmurada. Mas o que diabos? O que um bumerangue tinha a ver com isso?

— Como assim?

O Nakamura disse.

O Mizusawa começou a explicação de bom humor, completa com gestos com as mãos.

— Whoosh, whoosh, bang! Significa que suas próprias palavras voltaram para te morder, Shuji.

— Cara, do que você está falando?

Eu já tinha adivinhado o que o Mizusawa estava tentando dizer. Ele estava tentando...

— Deixa pra lá. Pessoalmente, eu não acho que seja inútil dar o seu melhor para vencer alguém muito melhor do que você. Entende o que quero dizer?

O sorriso de Mizusawa era como uma máscara, mas seu tom alegre evitava que a pergunta parecesse um desafio.

Nakamura desviou os olhos desconfortavelmente por um segundo antes de responder.

— ...Ah. Bem, tanto faz.

Então ele fechou a boca.

Afinal, era difícil não notar a implicação irônica na pergunta de Mizusawa: — Será que também é inútil para você praticar Atafami para vencer o Tomozaki?

— Mas quer dizer, sério. Tomozaki? E quanto ao Kawasaki ou alguém assim?

Nakamura entendeu o que Mizusawa queria dizer, ou apenas sentiu como uma pequena cutucada em sua ferida? De qualquer forma, ele mudou de assunto e os três começaram a imitar como eu falo e a me provocar de uma maneira pouco amigável. Até você, Mizusawa? Bem, tanto faz.

Meus olhos encontraram os de Mizusawa. Ele avaliou Nakamura por um segundo, depois se afastou da conversa e veio se sentar ao meu lado.

— Então, vamos ver algo bom amanhã?

Ele estava sorrindo. Ele devia estar falando sobre a eleição.

— Quem sabe? Estamos nos saindo bem, pelo menos.

— Ha-ha-ha. Bem, estou ansioso por isso.

— Ei, por que você não está com a Hinami hoje?

Enquanto eu fazia essa pergunta, senti uma névoa sombria se formar no meu peito. Não, eu estou imaginando coisas.

— Fui dispensado. Ela disse que queria pensar sobre o discurso dela e fazer algumas coisas sozinha hoje.

— D-di...

Tenho vergonha de dizer que exagerei, mesmo sabendo que ele estava usando a palavra metaforicamente.

— De qualquer forma, amanhã é o grande dia.

Mizusawa começou a se levantar, mas eu o parei. Eu queria dizer algo sobre o ocorrido com Nakamura mais cedo.

— O que foi?

— Oh, ah, desculpa por ter que pedir ajuda...

— Hã? ...Ah, com o Shuji?

— Sim.

Mizusawa ficou sério.

— Escuta. Situações como essa? Você não pede desculpas, Fumiya. Você agradece.

— Uh...

E com esse pequeno ditado esperto e de alguma forma familiar, Mizusawa se levantou, se juntou a Nakamura e Takei sem olhar para trás, e saiu da cafeteria. O que acabou de acontecer? Não faço ideia se ele estava falando sério ou brincando. Além disso, desde quando ele me chama de Fumiya?

— Aqueles caras estão tão animados como sempre, não é?

De alguma forma, Mimimi foi capaz de ignorar tudo o que acabara de acontecer como algo animado

Ela realmente tinha a mentalidade normie. Para mim, parecia mais uma briga verbal. Mas agora que o confronto verbal tinha terminado, Mimimi e eu discutimos calmamente o discurso, praticamos e encerramos nossa reunião.

Mimimi disse que precisava esperar a Tama-chan, então fui para casa sozinho. No caminho, descobri uma emoção em meu coração que nunca, jamais esperava encontrar lá.

Não, isso não pode ser verdade! Dessa vez eu realmente sinto... um pouco de solidão?



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