Volume 1 – Arco 2

Capítulo 25: Aja normalmente!

Os líderes das turmas foram decididos bem rápido, então estamos sem o que fazer vindo para a escola.

Neste exato momento, estamos em uma lanchonete.

— Tudo isso foi planejado? — perguntei.

Hm? Como assim?

— Não se faça de idiota, Horikita. Perguntei se o resultado dos líderes foi planejado.

Ah, mas é claro que sim, afinal, o clientelismo é muito útil — respondeu Horikita.

Durante o exame, me lembro que havia uma questão relacionada sobre o clientelismo. De forma resumida, o Clientelismo se resume em uma troca de favores.

Os políticos abusam dessa tática para comprar votos, prometendo algo em troca aos cidadãos, como dinheiro e outras coisas materia… espera, parando pra pensar, eu também faço isso.

— Que maldade a sua — sorri.

— O Alger é egoísta, então ele fará o que for bom para ele, cagando para a vontade dos outros — Horikita segurou a risada — A turma A colocou a Yukari como líder fácil, fácil.

Uau, você realmente analisa os outros. Mas o que você prometeu em troca?

Horikita sorri de volta: Quem disse que fui eu? A pessoa que os compensou foi o Makyu!

Olhei para o Makyu; ele estava sério enquanto comia seu hambúrguer.

— E os seus amigos? Não quiseram vir? — falou Horikita.

— Não, eles disseram que teriam que ajudar seus pais no trabalho — disse.

— E quanto a você, Payman? Como estão seus pais? — perguntou Makyu enquanto tomava uma Coca-Cola.

— Já está querendo saber demais — disse.

— Curiosidade — falou Makyu.

— Vai ficar na curiosidade mesmo, mas aproveitando que estamos aqui, quero que guardem algo na mente.

Eles olharam para mim: Hm?

Meu sorriso sumiu; minhas sobrancelhas franziram: Vocês decidiram ir atrás do Alger por conta própria. Eu pedi nada para vocês, então caso sejam derrotados, não terei envolvimento algum nisso e, não receberam nem um Iene.

— Fui claro? — disse.

— O suficiente — disse Horikita.

— Não somos idiotas, sabemos que você não tinha intenção alguma de nos retribuir com dinheiro e, também, você já não sabia mais o que fazer — falou Makyu?

Hãa? Onde quer chegar com essa conversa?

— Era só questão de tempo até o Alger descobrir que você era o mandante, então entramos na jogada, por pura diversão — disse Horikita, com um sorriso malicioso.

Acho que essa foi a primeira vez em muito tempo que senti um calafrio percorrer pela minha espinha.

Meus olhos se arregalaram e fiquei boquiaberto. Eles nunca haviam imposto essa pressão em mim antes. Será que foi assim que eles dominaram a escola ano passado?!

Makyu engoliu o último pedaço do seu hambúrguer: Não se preocupe, “Payman”, ainda temos um resquício de piedade por você antes de te envolvermos em um dos nossos planos, então…

— E-Então…? — Meus lábios se pressionaram.

— Vou te contar algo que irá acontecer— disse Makyu.

— E o que irá acontecer? — perguntei.

Makyu me contou uma parte do plano deles e, um sorriso se formou no meu rosto.

Heh! Vocês são malucos, mas quero ver até onde isso vai.
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Atchim! — Funguei o nariz — Tão falando de mim pelas costas? Ah, foda se também.

Depois que os líderes da sala foram decididos bem rápido, os professores estavam sem o que fazer, então a esse ponto, continuar vindo a escola era opcional.

Parei de frente para uma pizzaria, já era de noite.

Entrei e fui para uma mesa de 5 pessoas. Manabu, Yoichi, Gyomen e a Yukari estavam lá. Puxei uma cadeira e sentei-me.

— Atrasou hein, Alger — disse Yukari, de braços e pernas cruzadas.

Tive que pensar rápido em algo para não levar sermão e, tudo que consegui pensar foi…

Fiz uma arminha com a mão e apontei para a Yukari: Está bonita hoje, Yukari.

— Tentar flertar não vai mudar o fato de você ser atrasa… espera , por acaso eu não sou bonita sempre? — perguntou Yukari, com um olhar penetrante.

Merda.

— De modo algum, você é sempre bonita! O que o Alger quis dizer é que você está mais do que de costume, Yukari — falou Yoichi.

Hmph, tá bom.

Muito obrigado, Yoichi.

— Esqueci de te agradecer, mas obrigado por nos convidar para esse rodízio, Yukari — disse, com um sorriso no rosto.

— De nada — falou Yukari.

Um garçom chegou na mesa: Pizza de calabresa?

Na nossa mesa, havia pratos e cinco pares de garfos e facas. Eles estavam em um estado impecável, dava até para ver o reflexo do meu rosto.

Yoichi e eu levantamos nossos pratos: Sim!

O atendente colocou uma fatia em nossos pratos e já foi em outra mesa.

À medida que cada atendente vinha à mesa, nós comíamos mais pedaços. Consegui bater meu recorde de comer 8 fatias, mas ainda estou com fome.

Até que Manabu se levantou da mesa e fez uma curva, provavelmente ele foi ao banheiro.

Gyomen, você está… comendo as bordas?

Hm? É óbvio — falou Gyomen.

— Você é burro?! Nunca se come as bordas em um rodízio, não é? Yoichi?!

— O Alger está certo, Gyomen — disse Yoichi.

— Sim, claro, puxa saco do caralho — falou Gyomen.

— Como é? — Yoichi ficou sério.

Ah, acho que precisa limpar mais o ouvido. Ou você só é surdo mesmo? — Gyomen sorriu.

— Não sou sordo, mas prefiro estar com o ouvido entupido de cera do que ter que ouvir uma boca que só fala merda — Yoichi deu um sorriso de convencido.

Gyomen estalou os dedos: Ah, eu só falo merda é? E você que só de existir já espalha um odor de bosta?

Yoichi estalou os dedos: querendo brigar é, seu porra?

Eles ficaram trocando farpas enquanto eu olhava para a Yukari. Ela estava fazendo um movimento circular no refrigerante de Manabu, usando uma colher, como se estivesse misturando algo.

Ela parou e colocou a colher embaixo da mesa. Provavelmente nas coxas.

Ao longe, pude ver Manabu voltando. Ele parou e deu um tapa na cabeça do Gyomen e do Yoichi.

— Estamos em um local público e viemos aqui para nos divertirmos, não para agirmos como crianças — disse Manabu, em um tom autoritário.

— O po…

— Yoichi, ele está certo. Além do mais, discutir na mesa de jantar é feio — falei, interrompendo o Yoichi.

Tch! — Yoichi virou o rosto enquanto Gyomen esboçava um sorriso de vitória.
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Tive que pagar 1.488 Ienes mas no final, valeu a pena.

— Tchau Yukari! Valeu pelo convite! — falou Yoichi.

— Até Yukari! — falou Gyomen.

— Falou, Yukari — disse Alger, sorrindo.

Eles então tomaram rumos diferentes, indo para suas casas. Mas, Manabu continuava na frente da pizzaria.

— Manabu?

Ele estava com a respiração pesada; seu rosto estava vermelho e ele parecia estar lutando para continuar acordado.

E-Eu fui p-pego desprevenido… Preciso… Manabu mal conseguia pensar direito.

De repente, Manabu desabou em queda para o chão. O peguei rapidamente.

— Manabu! — O chamei.

Ele olhou para mim, parecendo estar mais atento: Tem como não… gritar? Minha cabeça dói.

Tch. Onde você mora? Eu vou te deixar em casa, você não está em condições de andar assim na rua — falei.

— Eu moro na… — Ele me falou o seu endereço.

— Beleza! — Eu o coloquei em minhas costas e chamei um Uber.

Entramos no Uber e saímos na frente da casa do Manabu. A casa dele era tão grande quanto a minha.

— As chaves… estão no meu… bolso — disse Manabu.

Enfiei a mão nos bolsos de sua calça; ele estava com o braço por cima do meu pescoço; tirei do seu bolso um chaveiro com três chaves.

Fui na sorte e tentei a chave do meio na fechadura e, entrou perfeitamente!

Destranquei a porta e entrei com Manabu, bati a porta com o pé. Subi as escadas e entrei em seu quarto, dei uma olhada rápida em volta, havia uma cadeira Gamer de frente para um Setup Gamer.

Deixei Manabu na cama.

— Você está bem? — perguntei.

Ele ainda respirava ofegante: S-Sim.

— Eu vou pegar um pouco de água, espera aqui — falei.

— C-Certo.

Saí do quarto. Demorou um pouco, mas achei a cozinha sem grandes dificuldades. Eu abri a geladeira; havia uma garrafa de água.

Peguei a garrafa de água e voltei para o seu quarto, Manabu estava sentado na cama, com uma coberta por cima de suas pernas.

Peguei sua cadeira, me sentei e fui até a cama, entregando-o a garrafa d’água: Consegue beber?

— Sim. — Ele pegou a garrafa e dava pequenos goles com pausas.

— Você está quente. Sabe por que?

— Não, só… fiquei assim — falou Manabu.

— Estranho. — Ele me deu a garrafa, a peguei e coloquei-a sob um criado mudo perto da cama do Manabu.

— Tudo que eu lembro é de… alguém mexeu no meu… copo? — perguntou Manabu, com dificuldade.

— Não — respondi.

Manabu se deitou: , Yukari. Obrigado.

Hm? Pelo o que?

— Por me trazer… até aqui em… segurança — disse Manabu.

Um sorriso se formou no meu rosto: Por mais que tenhamos nossas diferenças, jamais o deixaria naquele estado, ainda mais sozinho.

Manabu sorriu: É, você é uma boa pessoa… Yukari. No início… pensei que você era babaca, mas… eu estava errado.

Nesse momento, vários flashes de memórias passadas vinham à minha mente e nelas, eu estava batendo em alguém, com toda força.

Sacudi a cabeça: Deixa disso!

— Aliás, onde estão seus pais? Ainda não chegaram? — Peguei o meu celular.

De repente, lágrimas desceram pelo rosto do Manabu: Você já está ciente do meu caso com a Horikita, então não vejo porquê esconder.

Ele se sentou na cama, de cabeça baixa.

— Eu de fato, abusei da Horikita. Você, como mulher, deve me odiar… sei muito bem disso. Bem, quando a Horikita “desmentiu” o caso para a polícia, mas meus pais não acreditavam em mim.

— Eles acreditavam mais na Horikita… não importava o que eu dissesse, eles não acreditavam… afinal… Sniff. M-Mas…

Você acha que essa sua atitude foi certa? — perguntei, com um tom imponente.

— E-Eu sei que não é! Mas eu tive os meus motivos! — Ele ergueu a cabeça e me olhou.

— E quais foram? — O lancei um olhar penetrante.

— E-Ela… A Horikita armou pra mim, me acusando de ter matado a minha… própria irmã…! Eu sabia que tinha sido ela, mas nem meus pais acreditavam em mim! E-Então… eu pensei “Matá-la não a faria pagar o suficiente, então a deixarei com uma marca impagável.”

— Então foi isso? Esse foi o motivo de você ter a estuprado? Porque a Horikita matou sua irmã? — Coloquei a mão no pescoço de Manabu, na artéria, apertando-a

— S-Sim… Desde o ano passado, meus pais me deserdaram. M-Mas a minha irmã, ela era quase uma caloura do ensino médio! — gritou Manabu.

— Entendo, deve ter sido difícil. Desculpa por te julgar tanto assim sem saber da sua história — falei.

— D-Des… — Manabu desmaiou na cama.

Tirei a mão do seu pescoço e olhei para o celular, encerrei o modo gravação de áudio e salvei a gravação.

— Agora, vou ter algo pra usar contra aquela vagabunda. — Guardei o celular e ajeitei Manabu na cama.

Deixei a janela do Manabu aberta, somente para quando eu saísse da casa dele, jogar as chaves pela janela.

Eu havia feito cálculos para conseguir as chaves cair com precisão no criado mudo dele, calculando a resistência do ar, massa, força e trajetória das chaves.

— Pron…

— Estava ocupada com ele, hein?

Me virei; Alger estava em frente a casa, com as mãos nos bolsos e um rosto sério.

— Alger? — Levantei uma sobrancelha — O que está fazendo aqui? Achei que já tinha ido embora.

— O Yoichi e o Gyomen podem não ter percebido já que os distraí, assim como você pediu. Mas vi você mexendo no refrigerante do Manabu. O que você colocou na bebida dele foi álcool em pó?

Ele me pegou de surpresa com essa pergunta.

— Percebeu rápido, mas como descobriu? — perguntei.

— Gyomen e Yoichi estavam conversando, então prestei atenção no Manabu. Seus cambaleios, seu rosto vermelho, os soluços repentinos que ele segurava. Ele te entregou sem você perceber.

Hmm, entendi. Então você já sabia de tudo — falei.

— Na verdade não, eu só queria confirmar duas coisas — disse Alger.

— Duas? — disse.

— A primeira era se você realmente tinha usado álcool em pó. A segunda que quero confirmar é se você está fazendo algo que vai contra o que concordamos.

Alger não gosta de comentar isso por ser um assunto que ele evita, mas naquele mesmo dia em que Yoichi falou tudo que ele sabia sobre Gyomen, Yoichi tinha ido embora primeiro.

Deixando eu e o Alger sozinhos.
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— Ele disse tudo que ele sabia sobre o Gyomen, não é?

Yep — afirmou Alger.

Heh — Alger sorriu.

— O quê?

— Nada não, é só que… recentemente, parece que eu tenho quebrado algumas “correntes”, como se eu estivesse preso antes — Alger olhou para o céu estrelado.

— Eu te entendo. Tenho me sentido da mesma forma, mas ao invés de “correntes”, parece que eu estive quebrando “barreiras” que me prendiam.

De repente, um estalo mental veio em mim. Eu e Alger nos viramos rapidamente um para o outro, com os olhos arregalados e bocas abertas, sem acreditar no que um havia dito para o outro.

— R-Ryomen Kiritsugu?! — disse.

— S-Shugo Tenshi?! — falou Alger.

Nós estávamos perplexos, olhando um para o outro, como se tivéssemos visto um fantasma.

A-Aí, eu não tô afim de ter que ir contra você de novo! — disse Alger, desesperado.

É-É, eu também não. — Meu tom de voz era o mesmo que o dele.

Alger soltou um longo suspirou, tentando se acalmar.

— Então vamos fazer o seguinte: concordamos em não entrar no caminho um do outro, mas, sem traições. Ao invés disso, vamos nos ajudar — falei.

Alger estendeu a mão para mim: P-Pode ser assim.

— É melhor do que causar um conflito desnecessário. — Apertei a mão dele.

Nós sorrimos um para o outro, ainda nervosos; nossas mãos estavam trêmulas.
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Desde então, descobri sua origem e ele a minha.

Não ficar no caminho um do outro considerando nossa situação, foi a melhor escolha que tomamos.

— E então, Yukari? Você está indo contra o que concordamos? — perguntou Alger, com um olhar intimidador.

— Claro que não, para de ser idiota. Eu só estava pegando algo para usar contra a Horikita — respondi.

Alger suspirou: Eu sempre te conto o que vou fazer. Você não me contar seus planos é meio injusto, sabia?

Hahah, foi mal! Mas eu precisava que você agisse como se não soubesse de nada, desculpa — disse.

— Tudo bem — falou Alger.

— Mas o que você pegou? — perguntou Alger.

O real motivo do Manabu ter estuprado a Horikita. Não foi por desejo sexual, mas sim por vingança — respondi.

— Ele te fez prometer que contaria para alguém?

Nah, posso te mostrar se quiser — falei.

— Claro, me manda no privado — disse Alger.

— Beleza.

Depois disso, ambos fomos embora, deixando Manabu descansar. Ele vai acordar de ressaca no dia seguinte, mas provavelmente vai acabar me ligando.

Como ele era presidente do Conselho Estudantil, ele tinha o número da maioria dos alunos e professores.



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