Volume 1 – Arco 2
Capítulo 23: O Amanhã é o Hoje
O que eu e Yukari concordamos, foi a terceira coisa que aconteceu na cafeteria.
Eu odeio falar sobre esse assunto e, não estou afim de ter que lutar contra a Yukari de novo. Não daquele jeito.
Tch, tanto faz. O que importa é que depois do Manabu ficar bêbado, eu pedi dois favores em troca de ajudá-lo.
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Finalmente, o grande dia da excursão chegou.
Todos estavam animados, até a própria Horikita estava.
— Certo pessoal, fiquem como combinamos — falou um professor e todos seguiram seu comando.
No chão, haviam três grandes quadrados. Cada ano ficava no seu devido quadrado, começando da esquerda e terminando na direita, sendo a ordem:
1° Ano → 2° Ano → 3° Ano
Eu estava no meio.
Olhei para os lados e percebi algo que nunca havia parado para notar, o segundo ano tem mais alunos do que o primeiro e o terceiro.
Acho que isso explica o motivo da maioria das pessoas que vejo serem do segundo.
— Vocês podem se misturar, mas quando chegarmos no local, peço que fiquem junto do líder de cada turma — disse o professor.
— Tudo beeem! — falaram todos ao mesmo tempo.
— Primeiro ano, peguem os seus ônibus! — gritou o professor.
Eles obedeciam o professor e entravam nos ônibus.
Até agora, todas as pessoas que eu encontrei tinham algum poder, então isso quer dizer que…
— Segundo ano! Podem ir!
Nós obedecemos o professor e pegamos nossos ônibus.
Entrei no ônibus; tinha um leve aroma agradável para meu nariz, não era forte para não irritar o nariz de alguém e nem fraco ao ponto de não conseguir senti-lo.
A temperatura por dentro estava agradável graças ao ar condicionado, isolando o calor externo.
Por dentro, o ônibus é branco e seu chão preto. Haviam janelas fechadas nas laterais, elas eram grandes e pareciam ser fáceis de abrir.
Dava pra alguém se jogar da janela; Os bancos eram azuis e o tamanho era perfeito para duas pessoas.
Mas infelizmente, não tinha um banco grande no fundo do ônibus.
Fui até um banco e me sentei.
Olhei em volta, analisando o ônibus. Ninguém calava a boca.
Mas deixando isso de lado, Yoichi e Gyomen estavam aqui, Horikita estava aqui, mas sentada com uma garota ao seu lado. Quanto a Yukari, não sei onde ela es…
— E aí? Posso sentar aqui? — perguntou Yukari.
Falando no diabo…
— Pode — respondi.
Yukari sentou-se ao meu lado: Também notou que a Horikita ficou separada do Makyu, né?
— Sim. Deve ser pelo desentendimento forjado deles na minha frente, eles já deviam esperar que eu contaria isso a alguém e talvez, as pessoas já saibam disso, então seria estranho os dois ficarem juntos.
— Uau, pensou rápido — falou Yukari., com um leve tom de sarcasmo.
— Isso foi um elogio ou sarcasmo?
Yukari piscou: Talvez os dois.
Às vezes, ela é complicada de entender.
O ônibus começou a andar.
Yukari se espreguiçou: Hmmm! Uah! Então, já tem alguma ideia do que vai acontecer?
— Hmm, um pouco — falei.
— Que bom, pois quero que me acorde quando chegarmos — disse Yukari.
— Hã?
— Sim, eu vou dormir até chegarmos lá — disse Yukari.
— Isso eu entendi, mas por quê?
— Por que não?
— Pelo ponto — falei.
Yukari encostou sua cabeça no meu ombro: Eu vou usar seu ombro como travesseiro, então não leva pro pessoal não, viu?
Ela estava com um sorriso no rosto, tentando me provocar.
— Ha! Cê sabe que esses seus joguinhos não funcionam comigo — disse, com um leve sorriso no rosto.
— Hmph! Chato! Nem pra ficar com vergonha. — Yukari empinou o nariz, ergueu a cabeça e cruzou os braços e as pernas.
— Tá bravinha, tá? — disse, a provocando.
— Claro que n… — Comecei a cutucá-la na cintura — Aí, aí! Para! Hahahah!
Como ninguém calava a boca, foda se também. Não dava pra ouvir a risada da Yukari.
— Para, Alger! Hahahah! — Parei de cutucá-la — Caramba, você está atacante hoje.
— Você sempre me provoca quando tem chance, então por que não revidar de vez em quando? — falei.
— Heh, é justo, mas eu realmente queria dormir — Yukari se aproximou mais de mim.
Coloquei a cabeça dela no meu ombro: Dorme aí então, vai.
Yukari sorriu e fechou os olhos: Se você não me acordar quando chegarmos, eu vou falar… pra todo mundo…
A voz dela ficava cada vez mais baixa.
— Que você… — Ela parou de falar.
Parece que ela apagou sem terminar a frase.
… Espera, agora parando pra pensar…
… Porra! Me deixei levar pela emoção do momento!
Olhei pra Yukari, ela estava realmente dormindo.
Que bom que ela já apagou, pensei.
Enquanto olhava para Yukari, senti um par de olhos me observando. Olhei na direção; Horikita rapidamente desviou o olhar.
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Finalmente, o ônibus parou. Acho que ficamos 2 longas horas sentados e, mesmo assim, ninguém calava a boca.
Não sei como a Yukari conseguiu dormir com esse barulho. Espera, hein?
Olhei para o meu lado; Yukari estava abraçando o meu braço.
Desde quando ela estava assim?!
Tch. Ela sempre fica pegajosa e irritante quando tem a chance.
— Hmm. — Parece que ela está sonhando.
… Tive uma ideia.
— Ei, Yukari, é hora de acordar. Nós já chegamos — sussurrei em seu ouvido, com um tom suave e gentil.
— Mmm…? — Ela abriu os olhos e olhou para mim, com seu olhar relaxado
Ela soltou meu braço e se espreguiçou: Acho que vou te usar de travesseiro mais vezes. Mas não vá se acostumando, hein.
— Como se eu fosse deixar.
— Você vai — disse Yukari, com um sorriso provocador.
As portas abriram e como reação, todos se levantaram e foram caminhando até as portas.
Yukari levantou, mas puxei-a para o banco.
— Aí, o que fo… — Coloquei o dedo indicador nos lábios dela.
— Shh.
Yukari ficou rapidamente confusa.
— Por mais que essa excursão tenha sido feita para “relaxar”, não se distraia.
Yukari mordeu meu dedo; puxei minha mão pra trás: Aí!
— Mereceu. Além do mais, já sei disso. Eles podem fazer algo no acampamento — falou Yukari.
Concordei com a cabeça.
Yukari levantou do banco e saiu pela porta. Fiz o mesmo; nós estávamos em um terminal completamente vazio.
Ou melhor, quase vazio. Todos nós, do primeiro ao terceiro ano, enchemos o terminal.
De um dos ônibus, sete professores saíram e ficaram na nossa frente.
— O que é isso?
— Hã?
— Isso fazia parte desse passeio?
— Que merda tá rolando?
As pessoas perguntavam entre si.
Até que uma mulher saiu do mesmo ônibus que os outros professores.
Seu cabelo era preto ia até os ombros; seus olhos também eram pretos; ela estava vestindo uma camisa e saia justa, também era da cor preta.
Sei que não é conveniente dizer isso, mas as partes superiores e inferiores dela, eram grandes
Essa é a professora de Matemática.
Ela então bateu 3 poderosas palmas, calando todos.
— Bem melhor. — Ela suspirou — Viemos para esse terminal pois sabíamos que vocês eram muitos e, acertamos em cheio. Quanto ao motivo de estarmos na frente de vocês, é bem simples.
— Como sabem, cada líder será responsável pela sua turma, no entanto, cada ano terá um responsável, sendo esses um de nós oito — explicou a professora de Matemática.
Olhei para Horikita; seus olhos um pouco arregalados e suas sobrancelhas franzidas; sua boca estava aberta.
Parece que ela também foi pega de surpresa com isso. Talvez isso possa não ser parte do plano dela, mas não quanto ao Makyu.
— Ficamos com a de Português.
— Seu cu, quem fica com a de Português somos nós!
— Foda se a de Português, quero de Filosofia.
— O seu rabo, a gente fica com ele.
— Bora ficar com o de Educação Física.
— A gente já escolheu ele.
— O caralho que escolheram!
— Bando de trouxas, discutindo entre si. A de Matemática já está no nosso time.
— Acho que você quis dizer, no meu time.
— Física, chega aqu…
— Pensando melhor, o de Física seria bom.
— Hmm, talvez o de Biologia…? Ou o de Sociologia…?
Todos discutiam entre si. Alguns queriam bater nos próprios colegas de sala. Enquanto isso acontecia, um pensamento corria pela minha mente.
Notei que os ônibus já não estavam mais aqui. Tirei o celular do meu bolso; eu estava sem wi-fi. Olhei pra Yukari e a puxei para um canto afastado da multidão.
— Quê que foi? — falou Yukari.
— Sei que deveríamos estar discutindo qual professor escolher, mas você está com internet?
Yukari tirou do bolso seu celular e o olhou: Não.
— O merda… Me ajuda a chamar o Gyomen pra cá também?
— Tá bom. — disse Yukari.
Eu e ela fomos até Gyomen, que estava tendo seu espaço de fala sufocado pelos seus colegas de sala e o puxamos para longe deles.
— Ei, ei, calma aí! Não tão vendo que eu estou tentando resolver aquela bagunça?! — gritou Gyomen.
— Tem internet? — perguntei.
— Sério que vocês me arrastaram aqui pra me perguntarem isso? — Com o dedo indicador, médio e dedão ele alisava a testa.
— É óbvio que eu tenho. A escola sempre disponibiliza internet nas excursões, não importa o quão longe estejamos da escola — respondeu Gyomen.
— Mas estamos sem internet.
Gyomen pegou seu celular; sua boca abriu; seus olhos se abriram mais; suas sobrancelhas franziram.
— Também está sem internet?
— Sim… — disse Gyomen.
Enquanto eu sentia um par de olhos em cima de mim, com o fluxo da situação, meu pensamento anterior se tornou outro.
Olhei em volta; a professora de Matemática rapidamente desviou o olhar.
Já sei.
— Tudo bem então, tenho um plano.
Os dois olharam para mim: Hm?
Sussurrei para eles o plano que acabaria com a discussão entre os próprios anos e turmas.
Depois, andei até a “linha de frente” e parei. Apontei pro professor de Química: Você será o responsável pelo segundo ano.
— Eeeeeehhh?! — Todos do segundo ano gritaram.
— Ei, Alger, o que você está fazendo?! — gritou Horikita.
— Ficou maluco?! — disse um cara da minha turma.
Virei-me: Cala a boca!
Eles se calaram.
— Eu sou o líder dessa turma. Yukari, Yoichi e Gyomen das suas. Eles não disseram nada sobre a minha decisão porque, devem ter chegado ao mesmo raciocínio que eu. — Olhei para Yukari.
— Como assim, Alger?! — gritou Horikita.
— É simples. Oito professores e três anos escolares. Escolhemos três e os outros oito nos acompanham — disse.
— Como? — disse Makyu, em um tom irritado.
— O que quer dizer com isso? — perguntou Gyomen.
Yukari se aproximava de mim: Quem cuida de passeios é o diretor, mas o Vergher pensa antes de agir. Então, se fosse para cada professor ficar responsável por cada ano, teriam só três aqui, não oito.
A explicação dela era convincente.
— Além do mais, os ônibus já foram embora, estamos sem internet e muito longe da escola. Então não importa quem escolhermos, todos virão juntos — finalizei a explicação.
Olhei para a professora de Matemática.
— É isso, professora? — A lancei um olhar amedrontador.
Ela sorriu e bateu palmas.
— Parabéns, gostei da teoria de vocês. No entanto, adquiriram somente noventa pontos.
— Noventa pontos? — disse.
— Não importa quem escolherem, ainda iremos com vocês. Mas… — Ela tirou o celular do bolso — Diferente de vocês que estão sem internet, nós e os alunos que têm quatro G, estão com internet.
— Mas admito que chegaram bem perto — Ela colocou a mão na minha cabeça, sorrindo.
Dei um tapa na mão dela: Então vocês podem ir embora a qualquer momento, mas minha intuição me diz que vocês continuarão conosco a pedido do Vergher.
— Cem pontos para o Alger! — Ela me fez novamente carinho na minha cabeça — Na minha matéria você é ruim, mas você até que é esperto.
Dei outro tapa em sua mão: É só um raciocínio básico que até quem tem só dois neurônios consegue formular.
— Sim, sim. Você está certo. — Ela fez outro carinho na minha cabeça.
Dei outro tapa na mão dela: Sai daqui, desgraça!
— Fu… — Ela olhou para todos — Então, o segundo ano está de acordo com a decisão do Alger?
Olhei para eles: Lembrando que não cheguei a esse raciocínio sozinho.
Eles pareciam hesitantes.
Gyomen levantou a mão: Eu estou de acordo. Foda se se ele teve ajuda da Yukari pra chegar a esse raciocínio, diferente de todos aqui, ele soube o que fazer em uma situação dessas.
Sua turma pareceu hesitante, até um falar: Eu também concordo!
No mesmo instante, toda a turma dele levantou as mãos.
Yoichi e Yukari também levantaram as mãos: Eu também concordo!
O mesmo efeito aconteceu com a turma dos dois e por fim, Horikita se sentindo pressionada, levantou a mão: Eu também… concordo.
Novamente, o “Efeito Manada” aconteceu.
— Hmm, entendi. E quanto aos primeiros e terceiro anos? — disse a professora de Matemática.
— Sim! Queremos o de Biologia! — disse todo o pessoal do terceiro ano.
— Vamos ficar com a de Português! — falou todo o primeiro ano.
Então esse foi o resultado:
Professora de Português → Primeiro Ano
Professor de Química → Segundo Ano
Professor de Biologia → Terceiro Ano
Os professores que restaram foram os de: Física, Filosofia, Educação Física, Sociologia e a de Matemática.
— Tudo bem então, vamos indo. Cada professor escolhido para ser responsável, guiem os primeiros, segundos e terceiros anos. — Ela se virou e junto dos que restaram, saiu andando pelo terminal.
Os professores escolhidos seguiram o seu comando; o de Química ficou de costas para mim.
— Aí Alger, valeu por ter me escolhido. — Ele olhou por cima do ombro e fez um joia com a mão.
— Por nada — falei.
Por mais que eu só te escolhi pra evitar discussões desnecessárias.
— Beleza, vamos!
Nós seguimos o professor que escolhemos e saímos do terminal.
Sinto que essa será uma boa e longa caminhada…