Volume 1 – Arco 1
Capítulo 11: Acordo
Quando estávamos com os líderes da dupla #1, Yukari e eu fingimos ter ficado de mal um com o outro, e eu fui para a sala de cinema.
Mas antes, espalhei microfones bluetooth pela biblioteca e com meu celular, podia os ligar e desligar a qualquer hora.
Para me certificar de que o áudio funcionaria, apliquei uma fórmula que entre os criadores de áudios subliminares, é a mais poderosa.
Depois de inserir esse áudio na cabeça de todos, esperei o domingo chegar.
Quando chegou, era um dia antes do exame e, Yukari apostava que todos passariam no exame, mas não sabia como dar um counter no Yoichi.
Então, fomos à praça de alimentação conversar sobre.
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— Hoje é domingo, amanhã é o dia do exame — disse Yukari.
Sua voz estava trêmula; seu rosto era de preocupação, mas ela também parecia estar ansiosa.
— Me certifiquei de que o subliminal surtisse efeitos, não tem porquê ficar nervosa com isso — falei.
Yukari me olha nos olhos.
— Não é isso, é que eu só não consegui pensar em um jeito de dar uma “volta por cima” no Yoichi. — Ela suspira — Aquele rato sujo.
— Então você quer dar um counter nele? — perguntei.
— Sim — respondeu Yukari.
— Hmm. Aí, preciso que leve a nossa turma até a biblioteca e traga duas caixas de som também.
Yukari sorri: Pretende deixar as coisas mais divertidas?
— Heh, você é rápida em notar as coisas, hein?
De dentro do bolso, tirei uma pequena caixa e a coloquei na mesa.
— Toma, vai precisar — disse.
— Você parece estar planejando algo bem divertido — disse Yukari.
— Eu? Não. É que tanto eu como você notamos que para aqueles merdas, tudo isso é um jogo. Então eu vou apenas deixar as coisas mais “interessantes”
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Depois, a segunda chegou e fomos fazer o exame.
Tive pouco tempo, mas depois que terminamos o exame, editei o áudio, cortando partes desnecessárias e mantendo uma que eu usaria mais tarde.
Agora, estamos todos na biblioteca, com a verdade sendo escancarada para as turmas A e D, e desmascarando Yoichi e o plano da dupla #1.
Yukari deu play no áudio e, a reprodução começa:
— “E aí, Gyomen. Como foi o teste?” — Era a voz do Yoichi.
— “Moleza, ainda mais sabendo que a dupla um perderia. Isso me dava um enorme sentimento de realização” — Essa era do Gyomen.
— “Aqueles idiotas. Você tinha que ver a carinha deles durante o exame, foi hilário!” — disse Yoichi.
— “Eu vi! Fala sério, aqueles, uhh, nove eu acho…” — Gyomen estava incerto.
— “São dez” — disse Yoichi.
— “Aqueles dez, oferecendo uma bolada de dinheiro para você e minha dupla firmamos um acordo. Isso foi a melhor coisa que já aconteceu” — disse Gyomen.
— “Concordo. Com o exame tendo como “Lei” que os alunos que passassem no exame subiriam de classe, essa foi a melhor coisa que já ouvi nessa escola” — disse Yoichi.
— “Mas… Aquele Alger e a Yukari não desconfiam de nada?” — perguntou Gyomen.
— “Não. Alger é um idiota sem cérebro e a Yukari só é bonitinha” — disse Yoichi.
— “E outra, a turma A é ingênua demais enquanto a turma D é burra pra caralho! Hahahah!” — Yoichi ria.
— “Nem fudendo! Hahahah! — Gyomen ria, junto de Yoichi.
No áudio, foram 10 segundos deles rindo, até pararem.
— “Mas diz aí, você lembra qual o valor que eles haviam prometido?” — disse Gyomen.
— “Cinquenta mil” — disse Yoichi.
— “Wow! Valor altíssimo!" — disse Gyomen.
— “Sim. Aliás, seria melhor você ir. Não quero que ninguém nos pegue aqui” — disse Yoichi.
— “Certo” — disse Gyomen.
A partir daí, o gravador de áudio reproduz a minha atuação de estar em prantos, até revelar meu plano.
E finalmente, a reprodução acaba.
Olhares enojados, incrédulos, tortos, de desgosto, de raiva; lábios pressionados contra si, levantados, abertos; queixos caídos; sobrancelhas franzidas; estalos de dedos.
As turmas A e D estavam divididas em dois lados:
1: Estavam totalmente decepcionados com Yoichi.
2: Queriam espancar o Yoichi.
— Seu merda!
— Você nos traiu por dinheiro, seu rato sujo?!
— Eu vou te encher de tanta porrada que nem sua mãe vai reconhecer você!
— Heh, eu pensava que fôssemos amigos.
Todos estavam putos com o Yoichi.
Yukari olha por cima do ombro: Pessoal! Entendo que queiram meter a porrada nele, eu também quero. Mas isso não vai resolver nada, só trará problemas!
Mesmo nessa situação, ela não perdia o título de Queen.
Ela conseguiu controlar a multidão em menos de 1 minuto.
— E você, Alger?! — perguntou um cara da turma A.
— Hm? Eu o quê?
— Como você conseguiu pensar em tudo isso? — perguntou uma garota de óculos.
— Quem disse que fui eu quem pensei?
A multidão congelava, em total confusão.
Eu aponto para Yukari.
— Quem planejou tudo isso, foi a Queen. Eu fui apenas um peão no palco — disse.
Claro, isso era uma mentira, mas que soou convincente para as turmas A e D.
Eles rapidamente cercavam Yukari, enchendo-a de elogios.
— Yukarii!
— É por isso que você é nossa Rainha!
— Eu te amo!
Todo aquele lenga-lenga de antes voltou.
Todos estavam bajulando a Yukari.
Quem havia feito boa parte do plano e criado as informações subliminais, fui eu.
Mas pensem no cenário: um aluno com notas medianas, brigão e ignorante, pensar nesse plano inteiro.
Seria totalmente incoerente.
Então eu pensei: “Por que não jogar todo o mérito na Yukari?”
Enquanto todos babavam a Yukari, Yoichi, invisível, passava despercebido pela multidão.
Saí da biblioteca, deixando Yukari sem chances de se explicar.
Eu e ele ficamos nessa disputa de quem cansava primeiro.
Yoichi não parava de correr.
Enquanto o seguia, parei; havia percebido uma coisa: estávamos fazendo curvas nos corredores, que levava para um só lugar.
O telhado.
Ele estava visível novamente; de frente pra grade, olhando para baixo.
Yoichi respira fundo.
— Que merda! — Yoichi chutou a grade.
— Por que?! Justo quando eu estava prestes a conseguir cinquenta mil Ienes de mão beijada, aquele filho da puta vem e estraga tudo! — gritou Yoichi.
— Que merda! — Yoichi chutava a grade cada vez mais forte.
De trás da porta, por uma fresta, eu o assistia.
Eu o segui achando que poderia descobrir quem estava por trás do acordo de 50.000 Ienes, mas ele tomou outro caminho.
— Mas aquele áudio não era cem por cento verdadeiro — falou Yoichi.
Oh, espera.
Eu tive uma ideia!
— Alger, aquele filho da puta. Ele cortou justamente a parte…
Abri a porta: Que vocês falavam dos seus poderes, certo?
Yoichi se virou depressa para mim.
— O que você quer? — disse Yoichi.
— O quê eu quero? — Coloquei a mão no queixo — Hmmm.
Eu conseguia sentir a fúria de Yoichi.
Como um caldeirão cheio de água no fogão; sua raiva borbulhava, ao ponto de fazer a tampa tremer.
— Bom, eu poderia exigir dinheiro, ou te humilhar mais! Mas o que eu de fato quero — Apontei para Yoichi — É você.
Suas sobrancelhas estavam mais franzidas; seus olhos cerraram; seus lábios se pressionaram contra si e sua cabeça recuava.
Mas seus lábios se distanciaram, um sorriso debochado se formava em seu rosto; suas pálpebras superiores e inferiores se distanciaram; seu olhar fervente se tornava de deboche.
— Foi mal aí, mas eu curto mulheres — disse Yoichi.
— Não, acho que você não entendeu.
Yoichi me encarava com um olhar duvidoso agora.
Um leve sorriso e olhar cheio de malícia se formavam no meu rosto.
— Não quero você como alguém íntimo. Eu quero você como meu peão — disse.
— O quê?
Abri os braços: Você me ouviu, esse é o acordo.
— Que acordo? Eu nem concordei com nada! — gritou Yoichi.
— Não? Bom, que pena. — Estiquei os braços — Esse era o acordo.
De repente, vinha um flash à minha mente.
Nesse flash, eu sufocava novamente, sem oxigênio.
— Que acordo?! — disse Yoichi.
— Ei! — gritei — Se calma aí que eu te explico.
— Tch. Ande logo, minha paciência é curta — disse Yoichi.
Coloquei as mãos nos bolsos e me aproximei de Yoichi: Primeiro, preciso que me prometa que esse acordo ficará só entre nós.
— Hnm, tá legal.
— Eu não ouvi direitooo! — disse, com um sorriso infantil no rosto.
— Tch. Eu prometo guardar esse acordo somente entre nós.
— Ótimo. — Parei na frente de Yoichi — Por que o áudio estava alterado?
— Eh? E eu sei lá? Quem fez isso foi você, não eu.
— Hm, não está errado. Mas eu removi algumas partes desnecessárias e guardei uma essencial — disse.
— Qual? — perguntou Yoichi.
— Mimetismo Empático: Ao canalizar as emoções atuais do seu alvo, você pode copiar o poder daquela pessoa. — Fechei um olho e com o aberto, olhei para Yoichi.
— Estou certo?
Sua expressão tão confiante, agora era uma de choque.
— Bom, eu presumi que você gostaria que seu segredo ficasse oculto, por isso cortei essa parte do áudio. O tempo que eu tive pra isso foi curto mas valeu a pena.
Yoichi ainda estava em espanto.
— Mas me diz, Yoichi. Você por acaso, sabe porquê perdeu? — perguntei.
— Por que você, um merda, veio e me sabotou todo — respondeu Yoichi.
— Errado. A resposta é: imprevisto. Eu te peguei desprevenido, e você acabou surtando, revelando tudo — respondi.
— Sabia que entre todos, quem finge ser o bonzinho e bom em tudo, geralmente é o mais burro? — O provoquei.
— Se eu quisesse, poderia ter te matado aqui mesmo. Considere-se privilegiado por ainda estar vivo, escória — falou Yoichi.
— Hm, é verdade. Mas esse é o preço do acordo. — Colei minha cabeça com a dele.
— Eu guardo o seu segredo e em troca, você se torna o meu peão. É bom que saiba que gosto de peões bem obedientes — disse.
— O que disse?! — gritou Yoichi.
— Você já foi um peão da pessoa que te ofereceu cinquenta mil Ienes, porquê não ser o meu também? — O provoquei.
— Tch. Não me lembro de ter concordado com nada disso. E quem acreditaria nisso? — Sua cabeça estava sendo pressionada contra a minha, mas eu nem havia saído do lugar.
— Quem disse que alguém precisa acreditar? Sendo meu peão, estou te oferecendo uma proteção, sem te sacrificar.
— Espera mesmo que eu vá cair nessa e simplesmente aceitar? — falou Yoichi.
— Não estou propondo esse acordo para te dar livre arbítrio de escolha, você vai voltar rastejando até mim, implorando para eu fazer esse acordo.
— Heh, quero ver. — Yoichi sorriu.
Nesse momento, senti como se meu nariz trancasse.
Dessa vez não. O mesmo truque não vai funcionar de novo comigo.
Fechei a mão; dei um uppercut nele; Yoichi de costas no chão.
Com um único golpe, pensei.
Então se ele desmaiar, o poder dele é desativado automaticamente.
Coloquei as mãos nos bolsos; virei-me e saí do telhado, deixando Yoichi sozinho.
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Finalmente, hora de ir embora.
Bocejei; me levantei da cadeira.
— Dormir na biblioteca não é tão bom quanto eu pensei. — Peguei minha bolsa, a pendurei no ombro e saí da biblioteca.
Dentro da minha bolsa, havia todos os microfones espalhados pela biblioteca.
29 no total.
Tive que escolher pontos estratégicos para colocá-los, como os cantos das estantes, entre os livros, debaixo das mesas e cadeiras.
Ainda bem que eu ainda tinha eles.
A verdade é que se eu não os tivesse, poderia pensar em outro método de expor o plano em que Yoichi estava envolvido.
Mas seria muito trabalhoso.
Como sou preguiçoso quando se trata de pensar, optei pelo método mais fácil: usar a tecnologia a meu favor.
Enquanto descia as escadas, fui puxado pelo ombro.
Olhei para trás; era a Yukari.
Ela estava de cabeça baixa, se apoiando no joelho; respirando pesado e rápido.
— Onde você estava?! Eu te procurei pela escola inteira! — disse Yukari.
— Eu fiquei andando por aí, depois fui dormir na biblioteca e acordei agora — falei.
Ela ergueu sua cabeça; seu olhar era de raiva, seus dentes rangiam um contra o outro; seu cabelo estava um pouco armado.
— Que história foi aquela de jogar todo o mérito nas minhas costas?! Achei que estávamos juntos nessa!
A peguei pela mão, desci a escada. Soltei ela e me agachei.
— Sobe aí — disse.
— O-O quê?! Eu não…
— Sobe logo, não quero que se canse ainda mais andando — falei.
— Hum. — Yukari, relutantemente, montou nas minhas costas.
Com ela nas costas, me levantei e desci outra escada.
— Antes de responder sua pergunta, estou fazendo isso como forma de agradecimento.
Sei que sou ateu, por isso não vou soltar a frase “Ai meu Deus”
Mas cara, os peitos dela são grandes e pesados!
— E respondendo sua pergunta, fiz isso porque seria convincente.
— Você jogou o mérito todo em mim porque pegaria mal, um cara como você pensar nesse plano, certo? — disse Yukari.
— Bingo. Sabia que você tinha um pensamento muito rápido.
— Eu já tinha deduzido isso antes, só queria confirmar mesmo — disse Yukari.
Levei a Yukari o caminho todo de cavalinho, até o ponto de ônibus.
Isso já é abuso.
Mas, ela estava tão feliz, então acho que dessa vez passa.
Nos sentamos no banco do ponto, esperando o ônibus passar.
— Ah, é verdade. Yukari, tem algo que esqueci de te contar.
— E o que é? — perguntou Yukari.
Me aproximei dela; sussurrei em seu ouvido.
— H-Hã?! — Yukari havia ficado surpresa com essa nova informação.