Peace Out Brasileira

Autor(a): John C.


Volume 1

Capítulo 1: Eu aceito sua vontade!

 

Em um plano além da imaginação, estava em seu trono uma figura de aparência masculina, de cabelos brancos, barba branca e longa, radiando fortes luzes.

Crie o espaço — disse com sua voz extremamente poderosa – para que exista um novo ambiente de criação.

O espaço foi criado.

Crie o tempo, para que exista história!

O tempo foi criado.

Crie um plano espiritual e um plano material, relacionando-se de forma perfeita.

O plano espiritual e o plano material foram criados.

Separarei luz de trevas. Haverá clara separação do que é considerado bom em meu nome e o que é ruim. Esta decisão reverberá sobre os planos espirituais e materiais — disse Deus, gesticulando seus braços e separando duas partes contidas em um globo.

Deus criou primeiro a organização dos céus. Um espaço reservado para o que é bom. Haviam 7 departamentos que separavam hierarquicamente as posições dos céus. Deus também criou a organização do inferno. Um espaço reservado para o que é mau. Haviam também 7 departamentos que separavam hierarquicamente as posições dos infernos.

O céu passou a ser chamado de CYEYU e o inferno de HELLYIOIS.

Deus criou a Terra, e a habitou com suas criações. Uma de suas criações era muito querida e especial a ele, pois se assemelhavam a sua imagem e receberam inteligência para utilizar de linguagem como meio de comunicação. Essa criação é o ser humano e para eles foram aplicados os conhecimentos do bom e do mau.

Aqueles que praticavam enquanto vivos, uma maioridade de ações que eram consideradas boas, eram recompensados e trazidos aos céus. Estes eram chamados de recompensados e para aqueles que praticavam enquanto vivos, uma maioridade de ações que eram consideradas más, eram levados a um espaço de sofrimento e tortura ao inferno. Estes eram chamados de punidos.

Suas ações eram medidas em virtudes e pecados, e passavam a receber sua recompensa pós vida mediante a sua maioridade de ações correspondentes em virtudes e pecados. Essas informações eram passadas de tempos em tempos para Deus, com intuito de avaliar constantemente sua criação.

Com isso em mente, foi elegido um representante maior no plano espiritual dos céus. Este era responsável pela entrega direta de informações para Deus sobre os recompensados. Contudo, não foi possível eleger um representante maior do inferno. Este conflito perdurou por 3500 anos desde o início da criação.

Os pecados capitais pelejavam entre si para decidirem quem dentre eles, receberia o privilégio e honra de se tornar um representante maior para com Deus. Tratava-se de um cargo de prestígio e liderança. Luxúria e Ira constantemente avaliavam suas forças como critério de decisão, mas não era chegado a alguma conclusão de seus conflitos.

A história começa a partir de uma entrega de relatórios rotineira. Uma figura angelical de múltiplas asas se aproxima do trono sagrado de Deus.

Ambiente: Trono do altíssimo

— Apresento-me diante de ti, soberano e todo poderoso — ajoelhou-se diante de Deus, entregando seus papeis em mãos — estas são as informações dos recompensados do tempo estabelecido por ti.

Muito bem — disse Deus, com sua poderosa voz que ecoava como um forte trovão — há alguma queixa a ser feita por eles?

— Não senhor, todos deleitam-se em seus prazeres e compartilham alegria em vossas uniões.

E você? Há alguma queixa a ser feita? — deixou os papeis de lado

— Não senhor, alegro-me todo santo dia de exercer esta função em seu nome — disse o Representante Maior em um semblante preocupado.

Parece preocupado. Diga-me, do que se trata? — aproximou-se do Representante Maior.

— Receio que mais uma vez, o senhor venha a ter problemas no recebimento de informações do outro lado, pois não foi elegido ainda entre eles um representante maior — disse com muito temor em seu rosto.

Levanta-te e vá em direção deles, esta demora não poderá mais permanecer. — disse Deus em uma tonalidade irritada.

O representante maior se levanta e executa um teletransporte, enquanto Deus, sentou novamente em seu trono cheio de glória.

Ambiente: Ira Hellyiois

Neste ambiente, todos os que cometeram em abundância o pecado da Ira era jogado para cá, para sofrerem todo tipo de punições físicas e psicológicas que envolviam, de formas criativas, seus maus feitos enquanto vivos. O responsável por esse local é o pecado capital Ira e sua colaboradora Violência.

Violência era responsável pelas punições e a entrega de informações para Ira, que era responsável pela entrega dessas informações em sua reunião periódica com os outros pecados capitais. Ira caminha em seu território com uma expressão de preocupação em seu rosto. Violência ao notar isso, resolve o confrontar:

— E aí irmãozão! Que carinha é essa? Parece até que não gosta do que está vendo por aqui... — disse Violência em tom provocante.

— Não tente torrar a minha paciência Violência!! Você não entende absolutamente nada do que estou passando... 

— Não entendo, mas quero entender... Você sabe que faço o trabalho duro aqui por você, não é? Somos uma equipe, você precisa de mim e eu preciso de você. Portanto, te ver dessa forma, não é algo que é comum... — disse confiante, ficando séria posteriormente. Passou a acompanhar Ira.

— Você já fez o seu papel, não precisamos mais ter contato.

— Ah sim, já te entreguei todas as informações dos punidos daqui e daqueles que já foram destruídos, mas nem isso foi o suficiente para você pelo visto.

— Isso não tem nada a ver com a sua performance. Você tem tido excelência em seu trabalho e tu sabes disto. 

— Olha só... Ganhando reconhecimento de vez em quando me faz ficar “tããão” feliz... Me dá vontade até de te pegar de jeito de novo. 

— Vá para outros setores verificar se estão aplicando as punições de forma feroz. Não dê descanso para esses malditos.

— Você vai se ver com eles de novo, não é?

— Sim. Isto é o meu trabalho e irei cumprir com excelência. Minha existência é permitida porque o Criador assim quis, portanto, devo isso a ele.

— Entendo... Gosto de te ver determinado assim. Embora eu não compreenda, porque tenho funções diferentes, posso compreender por você. 

Ira continua caminhando enquanto encara Violência que ficou para trás em silêncio. Aproximou-se de um local rochoso onde um demônio de três chifres o aguardava na entrada.

— Então chegou àquela hora novamente chefinho? Hehehee — disse o Demônio de forma entusiasmada.

— Sim.

— Ah, boa sorte então. Tomara que você consiga o que quer desta vez! Hehehahaha.

Ira entra no portal, deixando para trás a sua região para adentrar-se em um ambiente chamado Vazio.

Ambiente: Vazio

No espaço vazio, estavam reunidos os representantes dos pecados capitais para a troca de informações de seus relatórios de punidos. Suas presenças constituíam-se de Luxúria, Avareza, Preguiça, Orgulho, Inveja, Ira e Gula.

Diferente de demônios, possuíam cabeças de animais. Representavam um comportamento animalesco e instintivo em suas regiões de domínio. Esta distinção era feita como identificação moral de cada pecado capital.

Luxúria é um ser de aparência de lobo, sua moral era de um alfa que possuía todas as riquezas, lhe dando confiança e olhar alto para todos ao seu redor.

Avareza é um ser de aparência de hiena. Sua moral era de imparcialidade e frieza para com todos, não dando quaisquer sinais de importância.

Preguiça é um ser de aparência de coruja. Aparentava estar constantemente cansado e falava de forma baixa e calma. Não dava importância para assuntos longos e desinteressantes.

Orgulho é um ser de aparência de touro. Sua moral é de elogios propriamente direcionados, invalidando qualquer esforço alheio e colocando-se maior do que os outros.

Inveja é um ser de aparência de raposa. Sua moral é de desdenhar de posses alheias. Possui profundo desejo de maldição para com aqueles que não lhe agradavam como devidamente queria.

Ira é um ser de aparência de gato. Sua moral é de explosões de raivas contínuas e duradouras. Não é um bom ouvinte e tem profunda convicção de fazer as coisas do seu jeito, recorrendo a violência caso não obter o que é de seu desejo.

Gula é um ser de aparência de baleia. Sua moral é de unicamente obter prazer da alimentação. Não se importa com problemas alheios. O seu único prazer era com a comida.

Com todos os representantes reunidos, era dada a reunião de informações redatoriais. Porém, o ambiente tornava-se hostil logo que começavam a transmitir informações:

Muito bem, quem vai falar primeiro? – disse Ira, incomodado com a situação.

— Mas é claro que vai ser eu! Sou o mais qualificado para começar a falar por aqui. — disse Orgulho.

— Lá vem o touro do mato querer falar de qualificação. A única qualificação que você tem é de ter uma cabeça dura. — murmurou Inveja.

— Raposa tola, ousas falar de mim? Essas mãos são grandes o suficiente para esmagar seus miolos, se é que você tem alguma coisa que lhe faça pensar na cabeça... 

— Nossa, como vocês conseguem ficar gastando energia com isso... — intrometeu-se Preguiça.

— Vocês pedem para começar porque não querem começar por conta própria. É coisa mesmo de alguém no mínimo indisposto de fazer as coisas com as próprias mãos... — disse Avareza, provocou todos ao seu redor.

— Cale-se Avareza!! Você é o que dá mais problemas para entregar suas informações, porque é um maldito que acha problemático até para dar informações!! — disse Ira.

— Mas que falta de modos são esses? Tem de vir mesmo do animal do IRA, que não consegue se comportar em uma reunião de tamanha importância como essa... Por isso ficamos mais tempo que deveríamos. — Interviu Luxúria, falou de forma galanteadora e provocativa.

— Se enchessem a boca de comida, não estariam falando tantas baboseiras por aí. — disse Gula, comia enquanto falava.

— Achei que quem gostava de encher a boca para falar é o Gula, e não esse lobo beta em que calado é um poeta! — disse Ira, encarou Luxúria.

— Uhh essa foi boa! Hahahahaha, toma essa panaca! — caçoou Orgulho.

— Vai deixar barato Luxúria? — disse Inveja.

— Já fiz o meu convite de cavalheiro para este infeliz sem controle, para podemos resolver nossos problemas do jeito dele sem problema algum. Até porque, o representante que possui mais pecadores em seu território sou eu. Sendo assim, eu sou o mais forte dentre todos vocês, incluindo você, descontrolado. — discursou Luxúria, encarou Ira.

— Não se trata de quem tem mais no território que é o mais forte, e sim quem é o mais competente. Mesmo ficando em segundo lugar em números, sou competente em lhe descer a porrada e lhe provar que você não é merecedor de ser Representante Maior dentre nós!

— Hahahaha... Parece que chegamos novamente no ponto de discussão, onde partiremos para algo mais prático do que trocar palavras e ideias. Seria irracional continuar essa discussão com você Ira, pois você não me escutaria mesmo. — disse Luxúria, preparou sua pose de combate.

— É sério que vocês vão fazer isso de no... — disse preguiça, foi interrompido com o início da luta entre Luxúria e Ira.

Dentro do espaço Vazio, Luxúria e Ira lutavam com todas as suas forças. Lutavam para decidirem qual dos dois, iriam ocupar o cargo por merecimento de força, o representante maior dentre os 7 pecados capitais. Enquanto lutam, os outros pecados continuam a dialogar.

— Por que você não vai lá e para esses dois? Já que fica se gabando a todo o momento, deveria ser forte o suficiente para colocar ordem por aqui, não é touro do mato? — provocou Inveja.

— Raposa tola, você não compreende o orgulho que há em fazer as coisas com as suas próprias mãos e conquistar aquilo que lhe é merecido em seu esforço... Me intrometer nisso seria retirar todo o mérito existente nesta batalha dos dois para o cargo de Representante Maior. Me acho bom o suficiente para o que eu faço e me sinto completo fazendo o que me foi designado, por isso, não me é interessante disputar aquilo, que acredito, ser vontade dos dois.

— Além do mais, se eles encontram razão em continuar com essa luta, deixe-os gastar energia com isso. Eu não faria isso, porque seria trabalhoso demais... — interviu Preguiça, falou de forma cansada.

— Mas é sempre a mesma coisa! Por isso ninguém gosta de vir aqui e reunir as informações para o relatório! Acaba sempre na mesma situação! Assim não conseguimos dar prosseguimento no que deveríamos estar dando atenção! Logo seremos cobrados por esse tempo perdido, e vocês tem noção do que dirão na frente do Criador se formos cobrados por improdutividade?! — reclamou Inveja.

Silêncio é feito entre os pecados capitais remanescentes. Ira e Luxúria continuam a lutar de forma feroz.

— Essas suas garrinhas não fazem nem um bom coçador de costas, você deveria tentar algo mais eficiente. Que tal usar esse seu rabo gastado de tanto usar? — provocou Ira enquanto desfere fortes e velozes golpes com seu punho.

— Seus punhos não transmitem segurança alguma para sua personalidade, por isso ousa falar das armas alheias..., mas deixe-me mostrar o que esse coçador de costas consegue fazer com a sua cara! — retrucou Luxúria enquanto desferia ágeis e afiados golpes com suas garras, preparando-se para um golpe maior.

— Então me mostre de uma vez, antes que eu lhe quebre todo com isso! — preparou Ira, posicionando para desferir um golpe mais poderoso.

— Dilaceração... — gritou Luxúria, concentrando em seu golpe.

— Impacto... — gritou Ira, concentrando em seu golpe.

— ATÔMICA!!! — gritou Luxúria, lançou o seu poderoso golpe de milhões de partículas cortantes em direção de Ira.

— DESTRUIDOR!!! — gritou Ira, lançou o seu poderoso golpe de um canhão de ar de nula resistência da força de seu punho em direção de Luxúria.

A luta de Ira e Luxúria é interrompida pelo Representante Maior do CYEYU. Todos os pecados capitais se deparam com a situação com uma visível expressão de espanto. Era a primeira vez que o  Representante havia materializado nesta reunião e neste espaço.

Uma grande mudança estava para acontecer.



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