Volume 1
Capítulo 8: Jardim das Rosas-Brancas
Daniel se aproximou do portão da casa e sentiu a atmosfera sombria e tóxica que emanava. Espectros da morte rodeavam o local, criaturas normalmente avistadas em cemitérios ou frigoríficos, pois se alimentavam de carne morta, seja humana ou animal. O cheiro de sangue e podridão atraía essas criaturas. Logo que viu os espectros negros, Daniel correu até a casa. A cena macabra que se desenhou diante dele o deixou paralisado: o corpo nu e sem vida de Sueli estava caído no chão da sala de estar. Sem conseguir acreditar no que seus olhos azuis estavam vendo, Daniel repetiu para si mesmo: Não, não pode ser!
— Rose! — Daniel correu pelas escadas e seguiu o rastro de sangue que a garota deixara para trás.
Ao alcançar o quarto, ele hesitou em entrar, pois esperava encontrar Rose morta. No entanto, decidiu entrar e notou a janela quebrada e o rastro de sangue pelo telhado, logo entendeu o que aconteceu ali. Daniel pegou o celular da Rose do chão e ligou para Silver.
“O que você quer, Rose? Estou ocupado!”
— Ocupado de mais, para saber que sua filha pode estar morta!
“Daniel? O que aconteceu?”
— A Sueli está morta e provavelmente a Rose também.
Daniel avistou o rastro de sangue que Rose havia deixado e desligou o celular, sem se importar com que seu irmão dizia,
Alguns espectros rodearam Daniel enquanto este procurava por rastros que o levem a Rose.
***
— Boca grande! — Sam disse a Johnny.
Johnny olhou pela janela do banco traseiro, sua expressão séria emanou raiva por ter sido descoberto.
— Foi você que contou primeiro!
— Caquetá!
Ao ouvir Sam, Johnny parte para cima do garoto: Vou quebrar todos seus ossos.
— Johnny! — Eliott disse, sem tirar os olhos da estrada. — Olha os garotos, Silver!
Silver se observava em um pequeno espelho, enquanto tentava passar um batom deslumbrante, que acaba borrado quando o carro freia bruscamente.
— Seus merdinhas! — Silver virou-se para apartar a briga dos garotos, foi quando o celular tocou. — Vê quem é nessa merda, Eliott — Silver desceu do carro, puxou Sam pelo braço e o colocou no banco da frente.
— É sua filha — Eliott entregou o celular para Silver.
Silver sentou-se ao lado do Johnny enquanto atendia o celular.
— O que você quer, Rose? Estou ocupado!
“Ocupado de mais, para saber que sua filha pode estar morta!”
— Daniel? O que aconteceu?
Silver gritou do banco traseiro para Eliott. — Vai rápido! — O que assustou Eliott, que pisou fundo no acelerador.
— Aconteceu alguma coisa? — Johnny perguntou preocupado.
— O Lembre Branca atacou novamente, e a Rose ela... — Silver desviou o olhar de preocupação — Ela é minha filha deve estar bem.
— Mas não é sua filha biológica, não possui a resistência da família Benedetti — Johnny lembrou Silver do que ele tentava esquecer no momento.
Antes do Silver dar uma resposta para Johnny, Eliott estacionou o carro e retirou o sinto de segurança.
— Espectros!
— Vamos mandá-los de volta para o “paraíso”.
Johnny se pendurou na janela do carro afim de ver o que ocorria, mas só enxergou Eliott e Silver que desenhavam círculos no chão com sal.
— O que esta acontecendo ali?
— Você não pode vê-los, são espectro da morte, só Paladinos podem ver. — Sam puxou a manga da jaqueta do Johnny para cima e deixou visível o braço arrepiado do garoto. — Mas consegue senti-los!
Johnny assustou-se ao ver Silver de repante na janela do carro.
— Eliott disse para vocês dois irem para sua casa.
— Mas e a Rose?
— Nós vamos procurá-la. — Silver abriu a porta do carro para Johnny — E não se esqueçam: é direto para casa, vocês estão de castigo!
Johnny caminhou pela rua, iluminada pelos brilhos artificiais dos posters que adornavam os prédios ao seu redor. A cada minuto, ele voltou o olhar para trás, o que criava uma sensação de suspeita em Sam.
— O que foi?
— Só estou vendo se estamos longe o suficiente.
— Pra quê?
— Para isso! — Johnny desferiu um soco contra Sam, que surpreso ficou sem reação.
— Por quê?
— Não vamos entrar nessa discussão, temos que procurar sua irmã.
— Mas o Silver disse...
— Não importa o que eles disseram, não vou ir para casa e dormir, sabendo que o assassino do meu irmão pode estar com a Rose.
— É melhor deixar os adultos resolver.
— É sua irmã!
— Como você disse: “Ela não tem o sangue Benedetti.”
— Você também não.
— Tudo bem, então vamos lá, espertalhão. Vamos achá-la.
Os dois garotos fizerem a volta no quarteirão e contornaram Eliott que conversava com policiais e curiosos ali.
— E agora? — Sam disse entre sussurros.
— Escuta!
— O quê? Barulho de sirene? Pessoas conversando?
Johnny respirou fundo, na tentativa de ignorar os sons ao seu redor, conectou-se a um único som: um assobio melódico, fraco e baixo. Ele seguiu a origem do som junto com Sam, que o acompanhou. O som provinha de uma casa abandonada, situada a alguns metros de distância da casa do Silver. O local aparentava estar totalmente deserto, como se ninguém tivesse passado por ali há dias.
— Mora alguém aqui? — Johnny perguntou a Sam.
— Acho que sim, uma mulher esquisitona. — Antes mesmo do Sam terminar de falar, Johnny pulou o muro da casa. — Johnny, espera!
Sem dar ouvidos a Sam, Johnny seguiu o assobio, até o jardim de rosas–brancas que no local. Lá, os garotos avistaram algumas rosas manchadas de vermelho, e sobre elas, Rose, que usava suas últimas forças para assobiar.
— Te encontrei! — Johnny retirou uma mecha de cabelo do rosto da Rose e observou os olhos estagnados da garota.
— Ela vai morrer! — Sam gritou desesperado. — Olha para ela!
— Fica aqui com ela, vou chamar seu pai.
— Não, não me deixe aqui!
Novamente, sem terminar de ouvir Sam, Johnny deu as costas para ele e deixou o local.
Assim que viu Johnny, Eliott fez menção em protestar, mas foi logo interrompido pela notícia que o garoto encontrou Rose.