Volume 1
Capítulo 15: Maleta do destino
Ele contemplava o horizonte por de trás da máscara de lebre e esperava a noite que sem demora chegou. Ajoelhada Carmila encarou o chão e temia o ser à frente.
— Eles conseguiram fugir, imperador. — Carmila tentou não olhar para a máscara branca pois temia ser retalhada por seu erro. — O paladino das chamas estava junto a eles — Ela foi interrompida por Lebre Branca.
— Havia um vampiro junto a eles?
— Sim, disse se chamar Duque.
— Descubra onde estão; vou fazer uma visita a eles!
— Sim, senhor.
***
Com dificuldade para dormir, Johnny perambulou pelos corredores do hotel. Ao passar pelo quarto da Rose, ele ouviu uma estranha voz. Curioso, entreabriu a porta e ficou horrorizado ao ver Bruno ferido nos braços da Rose e Lebre Branca na sacada do quarto.
— Junte-se a mim — disse Lebre Branca ao estender a mão suja de sangue para Rose. — Se você se unir ao nosso lado, seu pai também virá. Caso contrário, terá que morrer, e ele entenderá o recado.
Sem hesitar, Johnny abriu a porta, com raiva estampada em seu semblante. Ele correu em direção a Lebre Branca e acertou uma voadora, o golpe surpreendeu a todos, inclusive o atingido.
— É como uma vespa tentando matar um urso! — Lebre Branca segurou Johnny pelo pescoço.
Johnny tentou se soltar, mas foi em vão, o garoto então teve a ideia de cravar a cruz dourada sobre o braço de seu algoz o que fez assim o soltar.
Enquanto Rose tentava reanimar Bruno, Johnny atacou Lebre Branca, mas seus golpes foram facilmente desviados.
— Você é fascinante, mesmo sabendo que vai perder esta lutando. — Lebre Branca cerrou a mão em punho. Johnny e Rose sabiam o que isso significava – os fragmentos de vidros estavam prestes a ser invocados.
— A maleta — Bruno sussurrou para Rose — É um portal!
Os fragmentos se dirigiram ao pescoço do Johnny, Rose empurrou-o para dentro da mala aberta, e em um piscar de olhos, ele desapareceu. Rose pulou para dentro da mala também, que se fechou e sumiu, apareceu assim nas mãos ensanguentadas do Bruno, que lutava para se manter de pé.
Johnny olhou em volta e percebeu que estava em uma densa floresta tropical. As árvores eram altas e exuberantes, com folhagens de tons variados de verde. O chão era coberto por uma espessa camada de folhas e musgos, tornando-o escorregadio após a chuva recente. Pequenos riachos serpenteiam entre as árvores o que adicionava à paisagem uma sensação de tranquilidade. O som da chuva que caia suavemente nas folhas e o canto dos pássaros completaram a cena e criavam um ambiente natural e sereno.
— Onde estamos? — Johnny questionou.
— Eu não sei! — Rose respondeu ao pressionar a ferida do Bruno. — Não está funcionando, ele vai morrer! — Ela entrou em desespero. — Vou nos levar de volta.
— Não. Não sabemos como isso funciona. — Johnny segurou os ombros do Bruno e olhou nos olhos do mesmo. — Consegue falar? — Bruno confirmou com a cabeça — Onde estamos?
— Casa. — Bruno sussurrou para Johnny e indicou a trilha à frente.
— Está bem, vamos seguir a trilha. — Johnny carregou Bruno nas costas — Não esqueça da maleta. — Ele lembrou Rose.
A poucos passos dali no fim da trilha havia uma cabana de madeira, um pouco estranha, só havia uma única porta, nada de janelas ou chaminés. Rose forçou a porta de madeira até abrir.
— Procure algo para colocar na ferida. — Johnny largou Bruno sobre o sofá empoeirado.
Rose foi até a cozinha e abriu todas as gavetas e balcões, e todas vazias com poeira e aranhas que teciam suas teias, a garota então abriu uma gaveta e encontrou uma fita adesiva, ela logo correu para alcançar para Johnny.
— Segura ele! — Johnny enrolou toda fita sobre o abdômen do Bruno, que gritou de dor. — Vai ficar tudo bem!
— Eu vou voltar lá, fique com ele e não deixe morrer — Johnny pegou a maleta, mas Rose o segurou.
— Não! — Rose disse seria, sua expressão se assemelhava a do Daniel quando estava bravo, o que assustou Johnny. — Você está tão obcecado em parar o Lebre Branca que esqueceu se não evoluir nunca irá detê-lo.— Enquanto Rose falava, Johnny apertou a maleta e a trouxe para perto de si. — Você prometeu que sempre iria escutar minha voz.
— Já terminou? — Johnny largou a maleta no chão e colocou a mão sobre a bochecha da Rose. — Não se preocupe, nós sempre nos encontraremos.
Johnny abriu a maleta e pulou dentro dela e sumiu assim. Ao olhar em volta, ele se viu em um deserto, com areia e sol escaldante, mas logo se teleporta para diferentes lugares ao redor do mundo. Até que ele foi parar em um lugar desconhecido, a lua vermelha brilhava no céu, as rochas pretas e pontiagudas sobre o solo, Johnny ficou intrigado, ele desejava explorar esse mundo novo, até que um carniçal o surpreendeu, com medo o garoto pulou para dentro da maleta antes que algo de pior acontecesse.
***
— Tio Daniel! O Johnny sumiu e a Rose também! — Sam sinalizou para Daniel deixar o saguão do hotel. — Havia sangue no quarto.
— Estou fodido, viemos atrás da garota e perdemos o garoto.
— E perdemos a Rose de novo — Sam repreendeu Daniel.
— Podemos dizer que não encontramos ela, a bronca será menor. — Daniel mostrou o celular para Sam. — Olha isso, seu pai disse que vai me matar, esse comédia.
— Vou ligar para o Johnny. — Sam pegou o celular de Daniel e discou o número do amigo. — Onde você esta?
“No banheiro" Johnny respondeu do outro lado da linha.
— Qual banheiro? Procurei você em todo lugar. — Ao fundo da ligação foi possível ouvir um som de uma cabra que berrou. — O que foi isso? Uma cabra?
“ É só sua impressão, isso foi... A Rose!”
— O que minha irmã está fazendo com você no banheiro? — Sam gritou para o celular. — Eu vou arrancar o seu...
“Não sei onde estou!" Johnny interrompeu os berros de Sam "Tem cabras e vacas aqui, acho que é uma fazenda.”
Daniel pegou o celular das mãos de Sam e colocou no viva voz para que ambos pudessem ouvir.
— Então me diz, foi a maleta? — Daniel perguntou para Johnny e recebeu como reposta somente um “foi”. — Puta merda! — Daniel abriu um longo sorriso sobre o rosto. — Abre a maleta e me diz o que tem dentro.
“ Nada, só um círculo vermelho”
— Isso é bruxaria, garoto! — Daniel riu — E das mais raras. Tenta imaginar a Torre Eiffel e entra na maleta, vamos te encontrar lá.
Assim que chegaram na torre Eiffel, Duque correu animado, até Johnny.
— Eu conheço isso. — Duque pegou a maleta das mãos do garoto — Foi criado há décadas para... — Duque parou abruptamente no meio da frase.
— Para? — Daniel apertou o pescoço de Duque e tentou força-lo a falar
— Para? Fala seu merda do caralho.
— M...m...me prender. — Duque disse com dificuldade.
— Parece que seu amigo lembra de muito mais do que fala. — Daniel disse e soltou Duque. — Vamos pegar a Rose e voltar para escola.
Assim que o quarteto passou pela maleta, a garota os avistou e impediu que entrassem na cabana.
— Vocês precisam ir embora! Eu vou ficar e ajudar o Bruno!
Daniel deu um longo suspiro, olhou em volta e logo percebeu o que se passava ali: A cabana sem entrada de luz natural, a floresta densa e escura onde a luz do sol mal toca. Sendo um paladino experiente Daniel, sabia exatamente o que ou o quem vivia naquela cabana.
— E o Bruno? — Daniel passou por Rose e adentrou a cabana.
— Por favor, vão embora! — Com dificuldade, Bruno tentou se erguer do sofá ao mesmo tempo que segurava o ferimento com uma mão, enquanto a outra segurava um fio branco.
— Não, até você dizer quem você realmente é e o que aconteceu com o verdadeiro Bruno.
Bruno desviou o olhar involuntariamente para uma porta de madeira trancada, o que fez Daniel se mover em direção á porta. Antes que ele pudesse chegar lá, Bruno puxou o fio que segurava o que fez várias lâminas voarem em direção a Daniel, vindo de todos os lados possíveis. Daniel rapidamente se escondeu em baixo de uma mesa de madeira que havia no centro da sala, mas foi atingido por uma das facas.
— Que saco! — Daniel se ergueu e retirou a faca do braço. Ele fez menção em ir até a porta, mas Bruno se pôs à frente e segurou uma faca em mãos.
— Yuri! — Johnny disse em tom autoritário. — chega!
— Contou para ele? — Bruno, que agora se revelou Yuri, apontou a faca para Rose.
— Eles podem ajudá-la — Rose se aproximou de Yuri e retiroi a faca das mãos dele.