Our Satellites Brasileira

Autor(a): Augusto Nunes


Volume 2

Capítulo 3: Os Interesses de Todos se alinham, completamente Bagunçados. ③

Conforme retornava à classe, notei algumas pessoas aglomeradas e me deparei com Chinatsu contemplando uma das obras expostas por um dos membros de seu clube.

— Oh. Olá, Shiroyama! — Ela me cumprimentou com um sorriso no rosto.

— Olá — disse, acenando a cabeça. Olhei para o desenho exposto, uma bela paisagem de um castelo ao lado de um lago azul.

— Ei, me diga... você está bem?

— Hum? O que quer dizer?

— Bem... no dia que te conheci e durante a organização da exposição te vi de máscara — indagou a garota, preocupada. — Fiquei me perguntando se estivesse doente, sabe...

— Ah! Entendi... — dei uma tossida seca. — Não... não estou doente. Digamos... que apenas prefiro estar de máscara...

Aquele fator da máscara parecia sempre voltar pra me atormentar. Como pode uma medida de me manter discreto chamar tanta atenção?!

— Oh, sei... hum? Na verdade, não... — Chinatsu me encarou, confusa. — Não querem que vejam seu rosto, ou algo assim?

— É... me pegou. Queria ao menos não ter que explicar a mesma coisa toda vez... — suspirei.

— Que curioso... — A garota ficou sem jeito. — Mas fico contente que não esteja doente, então!

Aquela garota era o próprio sol, por acaso? Ela brilhava intensamente a todo momento!

— Você... resolveu verificar como ficou a exposição? — Disse, mudando de assunto.

— Estava admirando alguns trabalhos. Todos são realmente muito bons, né?

— Realmente. Fiquei surpreso que todos tiveram chance de poder expor mais de um desenho.

— Isso foi ideia da minha amiga, Shiina. Ela também faz parte do clube como vice-presidente.

— Vocês são incríveis. Acho que nunca vi um Conselho Estudantil aceitar uma proposta destas. Isso vai chamar muita atenção mesmo.

Chinatsu fitava o desenho como se estivesse olhando para além da paisagem pintada.

— Sim, vai mesmo. Estou contando com isso, é para isso que todos estão se dedicando tanto.

Ver todo aquele esforço sendo reconhecido daquela maneira me fez querer pensar calmamente sobre o que poderia desenhar. Eu queria poder fazer parte daquele reconhecimento, mesmo que apenas um pouco. Acabei desviando minha atenção do desenho por um momento pelos devaneios e acabei notando a presença de uma pessoa conhecida vendo outro desenho exposto perto dali.

Eu e Chinatsu nos aproximamos, nos deparamos com uma Yonagi tirando incontáveis fotos do desenho de dois gatinhos brincando exposto. Ela parecia estar maravilhada, seu rosto expressava pura fofura apreciando a cena.

— Vejo que gostou do desenho da Shiina! — expressou Chinatsu, rindo. — São muito fofos, não é?

Yonagi se virou para nós e ao me ver, enrubesceu.

— Ah, eu... realmente achei muito bom...

Por que a nossa presidente não poderia agir desta forma o tempo todo? Seria simplesmente perfeito.

— Tem mais retratos de animais do outro lado, se tiver interesse — instruiu Chinatsu para Yonagi, que apenas balbuciava.

— Ah... entendi... Eu...

Yonagi tirou mais algumas fotos do desenho dos gatinhos e foi embora apressada. Eu teria a certeza de nunca esquecer este momento, custe o que custasse.

— É ótimo ver todos apreciando os desenhos. Isso faz realmente tudo valer a pena — murmurou Chinatsu.

Me despedi de Chinatsu e segui em direção a classe, ainda absorto em suas palavras. Entretanto, durante o caminho meus olhos encontraram Kumiko Horie observando a exposição, tirando fotos.

Também havia visto de relance os três ex-membros do antigo clube de jornalismo e aliados de Kumiko (quais eram seus nomes, mesmo?). Pareciam estar fazendo a mesma coisa.

Logo, houve o movimento massivo dos alunos voltando para as suas classes, perdendo-os de vista. Acho que não importava todas aquelas palavras ditas a mim por Takahashi e do conselho que dei a Himegi, eu mesmo não conseguia evitar de desconfiar das pessoas.

***

A semana passou rapidamente e com isso, nenhuma ideia me veio à mente sobre o que deveria desenhar. Por outro lado, com a convenção de escritores cada vez mais próxima, sentia que a vontade de escrever estava retornando, rendendo algumas horas escrevendo no computador.

Eu apenas podia escrever com vontade quando estava em casa, pois na escola, as atividades na classe e os debates no clube me tiravam toda concentração de pensar em novas histórias.

Como estava saindo mais cedo pra me preparar para o concurso de desenho, usei esse tempo extra para me organizar. Teria que planejar o que deveria desenhar em breve, devido ao prazo. Enquanto descia as escadas para voltar para casa, acabei passando por perto do armazém dos materiais de arte, em que Chinatsu estava lá. Aparentemente, estava arrumando as coisas e auxiliando os membros do clube. Porém, notei que havia mais uma pessoa ali.

Kumiko Horie.

— Chinatsu, posso te ajudar? Parece ser muita coisa para carregar — ofereceu-se.

— Ah, muito obrigada. Kumiko, não é? Acho que teremos que fazer duas viagens do clube para cá. Você se importaria?

— Claro que não. Na verdade, há algo que queria falar com você...

As duas encheram os braços com os materiais e avançaram pela escadaria. Movido pela curiosidade, me movi cautelosamente para tentar ouvir o que conversavam. Eram conhecidas, por acaso?

Dificilmente pessoas conhecidas se cumprimentariam daquela forma, certo?

Meu retardo de ação impediu de prosseguir na investigação pelas duas terem se aproximado da sala do clube. Elas não entraram, se mantendo no corredor pela conversa. Em muitos instantes, apenas Kumiko abria a boca e a todo momento Chinatsu parecia paralisada, congelada naquele local.

Rangi os dentes e tornei a me esconder, no momento exato em que Kumiko desceu as escadas com as mãos vazias. Aparentemente, parecia que não iria voltar. Chinatsu ainda estava com aquela expressão perturbada em seu rosto. Surgiu um desconforto em mim, por isso não podia recuar naquele momento.

Me aproximei e Chinatsu me avistou.

— Oh... Shiroyama. O que foi?

— Eu já estava de saída. Mas vi o armazém aberto e pensei que você poderia precisar de ajuda, talvez?

— Oh, está certo — Ela me respondeu ainda aturdida. Depois de segundos inerte, tornou a me perguntar: — Você por acaso conhece a aluna Kumiko Horie do segundo ano?

Foi então que notei o quanto Chinatsu estava pálida. Seus raios UBV tinham se dispersado pelo eclipse lunar de Kumiko?

— Sim... eu a conheci mês passado e nos envolvemos numa disputa entre o clube de literatura e o de jornalismo, então sei um pouco sobre ela.

— ... — Chinatsu ficou pensativa por um momento. Provavelmente, analisava se deveria confiar em mim.

— Eu... gostaria de te pedir um favor.

— Certo. Qual seria?

— Você disse que já estava indo embora, certo? Eu também estou de saída.

— É mesmo?

— Sim. Se você não estiver ocupado, poderia me acompanhar?

Cogitei que fosse uma boa ideia. Não sabia o que Kumiko tinha lhe dito pra ficar tão perturbada. Seria outra inimizade como com Yonagi?  Era possível se falando dela, mas por que Chinatsu?

— Tudo bem, não tenho nada pra fazer depois mesmo.

Sua aura animada havia se esvaído, restando uma Chinatsu cabisbaixa com os ombros tensos, seu semblante melhorou um pouco após minha resposta. Eu a ajudei a carregar os materiais restantes para o clube de artes e depois disso a acompanhei até o hall. Seguimos para a estação de metrô, o que pra mim era a minha rota diária, parecendo ser a dela também. Como as linhas de monotrilho eram uma das personalidades de Chiba, não era uma surpresa a maioria dos alunos usá-las.

Nós entramos na Estação Inagekaigan e compramos uma passagem até Chibaminato. Naquela hora do dia, a estação estava um pouco cheia, mas assim como nós haviam muitos alunos esperando o metrô para voltar para casa.

— Você mora para qual direção? — perguntou Chinatsu.

— Ah, eu vou até Kemigawahama. Sou de Mihama.

— Oh, eu vou na direção do centro de Chiba — explicou Chinatsu. — Fica na direção oposta da sua casa. E ainda teremos que pegar a linha 2 do monotrilho urbano. Não tem mesmo problema?

— Não se preocupe. Em qual estação vamos descer?

— Na Estação Yoshikawakoen. Vai ser uns quinze minutos daqui para lá.

— Acho que não tem problema, então. Não é tão longe.

A escola Daiichi se localizava no bairro vizinho ao meu, em Inage. O centro de Chiba ficava após ele, através das linhas de trem e monotrilho. Passaríamos rapidamente pela zona industrial de Inage desta forma, o que poupava muito a viagem.

A caminhada até a Estação Inagekaigan era relativamente curta e simples, atravessando poucos quarteirões. Ao chegarmos, passamos pelas catracas junto ao aglomerado de estudantes em uma estranha marcha organizada. O cotidiano tinha um poder realmente assustador, parecíamos um cardume caminhando...

Galgamos as baixas escadarias e chegamos até a pista de embarque. Em exatos cinco minutos, o monotrilho da Linha Keiyo chegou na estação com o ruído habitual seguido do comunicado automático. Entramos no metrô e nos sentamos rapidamente, já que o ressinto lotou quase de imediato.

— Que incomum alguém de Mihama vir de metrô pra escola... — ressaltou Chinatsu, surpresa. — Você não poderia vir de bicicleta?

— Ah, bem... — desviei o olhar, nervoso. — Não tenho ainda muito costume com o caminho... estou considerado tomar essa decisão, sabe...

Não tinha como dizer que o fato de vir sempre de metrô era devido aos meus hábitos sedentários... somado ainda à questão de estar sempre sonolento todas as manhãs pelas noites de insônia, não era uma decisão muito sábia de se tomar... certo?

O cenário externo se alternava velozmente, com a paisagem repentina industrial se tornando urbana em questão de segundos. Em três minutos chegamos na estação Chibaminato — que sua estrutura mais parecia uma torre de lançamento de foguetes... —, vencemos o desembarque dos passageiros e avançamos na intersecção em direção a Estação Keisei Chiba.

Com menos pessoas pra se desvencilhar pelo espaço plano, pegamos o monotrilho urbano — o maior orgulho de Chiba, por ser o maior do mundo! —. Além de serem mais confortáveis que os trens, seus percursos eram mais convenientes por serem linhas suspensas. Era como se pegasse carona em uma aeronave no meio urbano, realizando curvas e manobras de tirar o fôlego.

Nenhuma experiência com o monotrilho era igual! Chiba tinha o seu próprio Thousand Sunny que, conquistava toda aquela região imensa e seria capaz de até mesmo deixar a Grand Line no chinelo!

— Você... gosta mesmo de andar por aí de monotrilho, hein? — A garota loira me encarou, rindo.

— Não tenho tantas oportunidades de passear por aí usando o monotrilho, então toda chance se torna algo precioso. Quando se coloca que é um meio de transporte exclusivo daqui isso só se realça ainda mais!

— Ah, sei...

Poderia falar por horas sobre o realce da paisagem urbana se tornar maior quando observada pelos ângulos versáteis causados pelo monotrilho, mas senti que era melhor permanecer quieto...

O prático — e infelizmente curto — percurso se encerrou ao chegarmos na Estação Yoshikawakoen, cujo local era bem elevado pelos suportes dos trilhos suspensos. Saímos da estação e tornamos a andar por já estarmos dentro do centro, atravessando a via central e adentrando a avenida principal. Conferi o relógio do celular — constando 18h30m —, relativamente cedo. Se não demorasse tanto ali, ainda poderia chegar em casa antes de anoitecer.

E poderia usar o monotrilho novamente!

Chinatsu ficou em silêncio grande parte da viagem, me fitando de tempos em tempos. Provavelmente duvidando se deveria confiar em mim ou não. Não éramos próximos e aquele clima era até desconfortável, mantive a calma para tentar me acalmar.

Paramos em frente ao Museu de Arte de Chiba, que ficava no centro da avenida de mesmo nome. Era um prédio corpulento, como daqueles tirados dos filmes LEGO. Era condecorado com várias pilastras ordenadas, sem janelas. Tomava parcialmente um quarteirão com seu tamanho, mas não tinha muitas pessoas por perto, dado sua pequena área de estacionamento adjacente. O pôr-do-sol latente era refletido pelas vitrines de vidro abaixo da abóbada azulejada de cor quase monocromática.

Havia participado de algumas exposições escolares nele no ensino fundamental, então já o conhecia. Era realmente espaçoso em seu interior, com uma arquitetura de inspirar qualquer arquiteto e artistas, obviamente.

Era realmente um lugar impressionante, mas ainda não entendia a razão dela ter me levado até ali.

— Shiroyama...

— Sim?

— Você sabe... guardar segredos?

Ela me perguntou diretamente. Como não tive tantas interações profundas, nunca pude guardar o segredo de alguém. Mas não é como se tivesse alguém para comentar sobre isso.

— Não se preocupe. Não direi nada a ninguém. É sobre a Kumiko, certo? — inspirei fundo. — Ela fez algo para você, não foi?

Supus que essa era a melhor hora para perguntar isso, não estávamos na escola e não havia nenhum conhecido por perto. Sem esses empecilhos, poderia agir sem cerimônias.

— Não. Não é sobre a Kumiko. É sobre mim... — Ela disse aquelas palavras sem olhar para mim, apenas encarando a estrutura do museu.

— Hein? Sobre você?

— Isso mesmo, venha comigo — A garota tornou a caminhar para o seu interior, e tive de segui-la. — Você vai saber quando entrar.

***

Eu não esperava por aquilo.

Havíamos entrado no museu, que se concentrava naquele primeiro andar seus acervos — pinturas, peças metálicas e cerâmicas —. Era como se entrássemos dentro de uma pirâmide, tamanha quantidade de obras que eram vistas ali.

Em um canto próximo ao centro do local, uma área reservada para as crianças se encontrava cheia de êxtase e animação. Todas praticavam desenho e pintura, sendo instruídas pelos funcionários dali.

— Oh, Chinatsu? Pelo visto já chegou... — Um funcionário idoso se aproximou e lhe entregou uma muda de roupa dobrada. — Vá se trocar, está na hora.

— Sim, estou indo! — Ela pegou rapidamente a muda de roupa e avançou em direção ao banheiro. — Eu já volto!

Fiquei sem reação ao vê-la desaparecer rapidamente por não saber o que deveria fazer. No entanto, era divertido ver aquelas crianças se divertindo colorindo e desenhando.

— Está de passagem, garoto? — perguntou o senhor.

— Bem... algo do tipo, acho.

Chinatsu voltou logo depois com o mesmo uniforme daquele funcionário, sendo carinhosamente recepcionada pelas crianças. Ela anunciou radiante: — Certo, pessoal! Nossa aula já vai começar!

— Quer dizer que...?

— Sim, eu estou trabalhando meio-período por aqui. Obrigada por me acompanhar hoje!

Em instantes, a desanimada Chinatsu se transformou na Chinatsu radiante. Parecia que sua animação havia retornado assim que avistou aquelas crianças. Com carinho e paciência, ela os ensinava os métodos básicos de desenho.

— Isso é realmente impressionante... — expressei.

Chinatsu veio até a mim e me puxou pelo braço, me apresentando às crianças.

— Pessoal, esse é o Shiroyama! Nós estudamos na mesma série no ensino médio!

— É... olá — me apresentei, sem jeito.

— Ele tem cara de zumbi! — disse uma das crianças.

— Como ele consegue ter esse olhar morto? — disse outra.

Todos caíram na gargalhada, o que acabei fazendo o mesmo por nervosismo. Crianças realmente sabiam tirar os mais velhos de jeito.

— Esse era o seu segredo, Chinatsu? — perguntei para ela, que acenou positivamente.

— Há algo a mais que gostaria de falar com você, Shiroyama — Ela se dirigiu para uma porta que tinha uma escadaria e, ao final dela, dava para outra sala que tinha vários materiais artísticos. Em uma mesa, vi exemplares de páginas de uma história em andamento, o que me deixou surpreso.

— Isso... foi você que fez?

— Sim. Depois do meu horário de trabalho, venho para cá trabalhar nessas páginas. Como moro perto, sempre deixo minha bicicleta aqui antes de ir para a escola.

— Espera... quer dizer que você fica aqui até tarde da noite?

— Exatamente. Bem, sabe aquele senhor que falou comigo mais cedo? Ele é meu avô e trabalha na gerência daqui, por isso consegui esse trabalho!

— Que... surpreendente... — fitei todos aqueles materiais artísticos e um estalo surgiu em minha mente: — Então... espera aí! Você está fazendo um...

— Estou participando de um concurso editorial — proferiu a garota. — Esse é o meu segredo!

Ao ouvir aquelas palavras, algo me veio à mente.

— Então... aquele anúncio de inscrição que vi na sala dos professores no começo do mês...

— Ah, então você o viu... aquela inscrição foi minha. O professor Miyamura acabou o achando e me repreendeu por querer participar. Como estou estudando e trabalhando aqui por meio-período, não haveria tempo para me dedicar a isto, certo?

— Bem, sim, mas...

— É por isso que estou fazendo isso em segredo da escola — disse Chinatsu, determinada. — Estou animada para seguir com isto até o fim!

— Sem dúvidas... se você está fazendo isso, não vai ser possível manter o rendimento escolar como os professores almejam.

— Você... acha que estou querendo alcançar algo impossível?

Não cabia a mim querer achar algo da vontade dos outros. Todos tinham que fazer suas próprias escolhas. Porém, conhecendo a Chinatsu como presidente do clube de artes da escola e trabalhando por meio-período em um ateliê para crianças, como poderia querer julgá-la por querer competir em um concurso?

— Claro, acho que isso é bastante coisa para te deixar preocupada, mas... isso apenas mostra a sua determinação. Não consigo deixar de ficar maravilhado com isso, apenas. E se seu avô a ajudou com tanto, nem tenho posição de dizer nada a respeito...

Ao saber da minha resposta, Chinatsu ficou aliviada. Pareceu que tinha retirado um grande peso em seus ombros.

— De verdade. Fico muito contente por você ter aceitado. Fora a Shiina, você é o único que sabe sobre isso. Ela também me diz que estou me esforçando além da conta.

Ela revelou isso rindo envergonhada. Apenas suspirei como resposta.

— E então? Se pude tirar esse peso dos seus ombros, o que foi que Kumiko te afligiu para te deixar daquele jeito?

Tinha ficado com um mal pressentimento desde que Kumiko havia conversado com Chinatsu e isso poderia ser a chave que iria revelar o que poderia estar tramando.

— Certo... — Ela respirou fundo antes de dar sua resposta. — Acontece que estou escondendo mais uma coisa da escola. Quer dizer, de todos.

Fiquei intrigado ao ouvi-la falando:

— A verdade é que legalmente, Shiina é a presidente do clube. Eu não estou matriculada no clube de artes.

— Hein? Por quê? — indaguei.

— Por que, na verdade... — Ela fechou os olhos e cerrou os punhos, como se tentasse se desgarrar de espinhos. — Eu faço parte do Conselho Estudantil.

— Como assim?!

O que um membro do Conselho Estudantil estava fazendo no clube de artes? Eu podia compreender o fato de Chinatsu e Shiina serem muito amigas. Mesmo assim, não fazia sentido.

E pior, já estava supondo o que Kumiko estava planejando.

— Talvez fosse pela atenção que chamei no dia da exposição. Isso foi tudo culpa minha...

— Então, a Kumiko...

— Eu sou a tesoureira do Conselho Estudantil. Fiz com que Shiina e os outros se dedicassem em suas atividades de clube enquanto os ajudava externamente com materiais.

Kumiko havia descoberto de alguma maneira que Chinatsu fazia parte do Conselho Estudantil. Mas como foi repreendida em querer participar de um concurso editorial, se alguém descobrisse essa participação e que ainda estivesse trabalhando seria expulsa.

— Foi o que ela quis confirmar hoje ao me encontrar... se me dedurar sobre o que venho fazendo durante todo esse tempo, serei expulsa do Conselho Estudantil e responsável por usar o título de tesoureira ao bel prazer de arcar com os custos da exposição de artes! Ele poderá ser cancelado!



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