Volume 1
Capitulo 7: Contaminação
O laboratório espaçoso, antes limpo e organizado, estava um completo caos. O rato que permaneceu no laboratório destruiu completamente alguns dos livros que deixei lá. Ele derrubou diversas coisas e destruiu alguns dos equipamentos, pelo menos a maioria estava intacta. A maioria dos equipamentos eram coisas bem resistentes, por isso foram capazes de sobreviver.
O ratinho parecia ter entrado em estado de frenesi, seus olhos estavam vermelhos e seu pelo parecia ter ficado mais escuro, mas a gaiola aberta não parecia ter sido obra dele. A gaiola estava intacta, ela havia sido aberta de maneira natural e a janela que estava fechada quando deixei o laboratório, foi deixada aberta de qualquer forma.
Ele tentou pular em cima de mim assim que me viu, por sorte não era tão difícil para mim lidar com um animalzinho tão pequeno. Usei um pouco da minha magia de gravidade para prendê-lo no chão e olhei envolta confuso.
— O que aconteceu aqui?...
E então percebi algo que não tinha reparado antes. Me aproximei da gaiola e olhei atentamente para ela.
— ... Não está aqui... Aquela pedra não está mais aqui...
Eu coloquei o ratinho dentro da gaiola e depois procurei aquela pedra por todo o laboratório enquanto o organizava lentamente. Quando me aproximei da janela, ela tinha uma energia desconfortável, semelhante à energia daquela pedra negra e eu podia ver os raios negros saindo da tranca da janela.
— Certo... O ratinho ficou maluco. A aparência dele está de certa forma semelhante àqueles lobos, provavelmente por causa daquela pedra? A gaiola foi aberta por alguém intencionalmente e a janela foi aberta com magia negra?... A pedra também desapareceu, ela pode ou ter sido comida pelo rato, ou ela sumiu quando sua magia acabou ou a pessoa que veio até aqui e deixou a gaiola aberta de qualquer jeito foi quem levou a pedra...
— "Acho que a última é a mais provável, mas não tenho como ter certeza... Quem fez isso também não pode ser qualquer um, não é como se qualquer pessoa conseguisse invadir tão facilmente um laboratório em um dos andares mais altos da torre dos magos, simplesmente impossível. Acho que tinha uma barreira muito forte que impedia invasores de se aproximar, além de vários outros tipos de sistemas de segurança feitos com magia...
Eu continuei murmurando e pensando enquanto fazia alguns experimentos com o sangue do rato e observava como ele se comportava.
— Vossa alteza, por que você está murmurando assim?...
— Eu estava pensando aqui, Emilly. Às vezes você se esquece de me chamar de vossa alteza, não é mesmo? Ou talvez você faça isso de proposito...
— Não sei sobre o que vossa alteza está falando e não mude de assunto por gentileza.
— Você já me chamou de "Você" pelo menos 1 vez, porque eu me lembro, mesmo que eu não tenha uma memória tão boa assim. E eu não estou tentando mudar de assunto...
— Então, vossa alteza poderia me dizer o que você estava murmurando?...
— Nada de mais, estava apenas pensando alto... Hm... — Eu voltei meu olhar para o microscópio magico e pude ver as células e a mana se modificando enquanto o sangue se tornava negro — O sangue dele está sendo gradualmente contaminado pela energia negra e... Está se autodestruindo... CARAMBAA!! — Pulei do meu assento e fui observar o rato novamente.
— O-o que aconteceu?... — Emilly deu um leve pulo e me fez essa pergunta.
— Essa coisa é realmente perigosa, ele está contaminando e destruindo as coisas a sua volta também, existe a possibilidade que mesmo morto ele continuará destruindo as coisas a sua volta... Ele provavelmente precisa ser purificado corretamente para não contaminar outras coisas, mas aí é que está a coisa, eu não tenho certeza de como fazer isso. E para piorar as coisas... Eu não tenho certeza de como lidaram com os corpos dos lobos da última vez...
Observei o ratinho que parecia estar morrendo aos poucos, mas não parava de atacar as paredes da gaiola. Vesti minha jaqueta que tinha deixado em cima da cadeira e sai do laboratório apressadamente.
— Preciso avisá-lo rapidamente!!
Fui correndo até o escritório do mestre da torre e abri a porta com força. Quando vi o olhar confuso dele, acabei ficando confuso também e apenas fiquei parado olhando para ele sem dizer uma única palavra. Ele apontou para mim do outro lado de sua escrivaninha e me fez uma pergunta.
— Por que... Por que você entrou em meu escritório tão violentamente?...
— Ah, isso?... Bem, isso... É...
Eu cruzei meus braços enquanto pensava por um momento, "eu realmente deveria dizer isso para ele? Qualquer um por aqui pode ter sido a pessoa que invadiu o laboratório e roubou aquela pedra... Mesmo que não seja ele, também pode ter sido algum subordinado, se ele tiver um... Tanto faz, acho que não faz sentido que o mestre da torre tenha feito isso, algo me diz que não pode ser ele... Será que perdi algo?...
""Bem, mesmo que tenha sido ele, ele ainda vai ter que fazer algo sobre o que eu vou falar, se não ele vai se tornar muito suspeito, então acho que não tem problema..., mas se a barreira tivesse sido invadida, Hidetaka (mestre da torre) com certeza teria ficado sabendo, ele seria o primeiro a saber... E por que falei tudo aquilo para Emilly? Ela também pode não ser confiável..."
O mestre da torre me olhava enquanto eu continuei parado de braços cruzados pensando em várias coisas e começava a me embolar em meus próprios pensamentos, tanto que esqueci o assunto principal e comecei a pensar na vez que uma garota que pensei ser minha amiga me traiu e depois em como a comida da escola era boa naquela época...
— Talvez... — Quando Hidetaka (mestre da torre) começou a falar com muita confiança, como se tivesse acabado de ler meus pensamentos, eu saí de meu transe por um momento, ansioso para saber o quanto ele conseguiu ver através de mim — ... Você não conseguiu dormir? Teve um pesadelo é?
— QUÊÊ!? Você acha que é por isso que eu vim!? Eu achando que você seria bom em ler as pessoas por ser o mestre da torre... Eu vim aqui por isso! — Eu mostrei para ele a gaiola com o rato que Emilly tinha acabado de me entregar — Não sei se você consegue ver isso, mas esse rato foi contaminado com uma pedra que encontrei a um tempo no lugar da última missão, ele teve alterações parecidas com as daqueles lobos da última vez, acho que eles também podem ter sido afetados por uma pedra daquela ou algo parecido.
— "Mas o problema é que isso está destruindo a si e as coisas a sua volta aos poucos. Aqueles lobos que matamos antes, o que aconteceu com eles? Será que estão contaminando aquela região sem ninguém saber?
— Eles queimaram os corpos em pior estado e juntaram os outros no armazém, pra usar para fazer roupas, armas e acessórios, assim como vender a carne deles... MERDA!! Eu vou ter que sair para resolver isso, avise os outros que estarei fora por um tempo novamente.
— Espera! — Eu gritei e ele olhou para trás na minha direção — Tem esse rato sabe, eu também não sei o que fazer com ele...
— Certo, me dê ele, eu vou resolver isso por você.
— Aqui, obrigado, eu acho... — Eu disse enquanto entregava a ele.
"Acho que realmente não foi ele quem roubou a pedra..."
— Quando eu voltar, você me explica melhor tudo isso.
Ele teleportou sem dar chance de eu falar mais sequer uma palavra.
— O que aconteceu com as pessoas daquele lugar?... Será que viraram tipo zumbis? Nhac nhac nhac! — Eu tentei meio que imitar um zumbi após pensar que eles poderiam ter ficado parecidos com zumbis e Emilly me olhou estranho novamente, parecia que ele estava me julgando, haha!
— O que são zumbis?...
— Ah, isso?... Eles são tipo seres humanos que só pensam em comer celebro humano e mais nada. — Eu comecei a andar lentamente na direção dela com os braços para frente — Desse jeito!
Eu peguei o braço dela e dei uma mordida de leve.
— KYAAAA!! Vossa alteza! Oque você está fazendo!? — Ela gritou e afastou rapidamente sua mão. Gritou tão alto, que acho que toda torre pode ter escutado.
— Por favor, pelo bem dos tímpanos de toda a humanidade, nunca mais grite assim... — Eu disse enquanto tapava meus ouvidos.
— Quê? -
— Eu estava apenas brincando com você, desculpe por isso...
— Vossa alteza você faz parte da realeza e eu sou apenas uma simples empregada, é improprio para você tocar seus lábios puros no braço de alguém tão inferior quanto eu. — Ela disse em um tom sério.
— Que lábios puros? E claro que você é inferior a mim, afinal eu sou o ser humano supremo, eu sou superior a todos!! Brincadeirinha, hahaha... Eu não acho que você é inferior ou superior a ninguém, eu só sou um príncipe por pura sorte sabe. Se eu tivesse tido um pouco de azar, eu poderia muito bem ser um daqueles mendigos jogados na rua e famintos. Sem qualquer tipo de direito ou migalha para chamar de seus, se preocupando em como vão conseguir uma migalha de pão antes de acabar morrendo de fome. E além de tudo isso, ter que lidar com pessoas orgulhosas e egoístas, que os humilham com todas as forças sem nenhuma razão em particular. Bem merda mesmo, eles são verdadeiros guerreiros.
"Sendo sincero, na verdade, só vi esse tipo de gente em filmes, novel's e coisas do tipo. Eu até vi mendigos nas ruas, mas não é como se eu ficasse reparando muito neles ou ficasse o dia inteiro observando a vida deles, então, na verdade, eu não sei tão bem assim como é a vida de um mendigo... Mas tem certas coisas que se você tiver um celebro como o meu, você não precisa ver para ter uma ideia de como é."
— ... Como você sabe de tudo isso?
— Acho que vi muitas novel's.
— Quê?... ... Mas mesmo assim, é impróprio para um garoto como você tocar seus lábios na mão de uma garota de repente assim.
— Isso não era um tipo de comprimento?...
— ...
— Acho que você poderia até ter um pouquinho de razão, mas você só estaria um pouco certa se eu fosse realmente um "homem" já. Tinha me esquecido por um momento que eu sou um garoto agora, mas não sei se você percebeu, eu sou só um garoto de 6 anos e você tem quantos? 18?
— Tenho 12...
— Puta merda!! Isso significa que você tinha apenas 6 anos quando começou a cuidar de mim!?
— Sim, sua mãe me resgatou das ruas, então eu queria retribuir o favor de alguma maneira, então ela me disse para cuidar de você como retribuição.
— Que mundo caótico... Uma criança de apenas 6 anos, pensando em coisas como retribuir favores...
— ... Não sei se você percebeu, mas você é o mais estranho aqui.
— A única coisa que percebi é que você não tem um pingo de respeito pela minha pessoa... Como você pode chamar um príncipe de estranho hein? E eu não me lembro de ter chamado você de estranha. Aliás, se você tinha apenas uns 06 anos quando minha mãe morreu, como sabe tanto sobre ela?
— Eu fiquei com ela por uns 02 anos e ouvi muitas histórias dela, naquela época ela já erá apaixonada por seu pai aliás.
— Entendi... É engraçado que você lembre tão bem dessas coisas, você só tinha 04 anos naquela época.
— Eu jamais poderia me esquecer de minha salvadora, eu tenho um diário com todo tipo de informação daquele tempo, para que eu nunca me esqueça de nada e do quanto eu devo a ela.
— Tão rigorosa...
Nós continuamos conversando por um tempo enquanto caminhávamos pelo corredor.
"Eu só espero que as pessoas daquele lugar fiquem todas bem..."
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— Agora... Oque eu devo fazer?...
Eu podia pedir para Emilly chamar todos para a sala de reuniões para que eu pudesse avisá-los que o mestre da torre saiu, ou simplesmente esperar até o almoço para avisá-los. Mas eu preferi passar em seus laboratórios e salas de treinamento e avisá-los um por um, já que não era uma tarefa tão difícil e provavelmente eu acabaria rapidamente. Meu primeiro objetivo: sala de treinamento do Jeff!
Entrei na sala e pude ver todo tipo de lembrancinhas, acessórios e bugigangas diferentes. Pareciam vir de vários lugares diferentes do mundo, já havia visto algumas em livros e assim que entrei na sala, jeff desapareceu por um momento e reapareceu depois de 2 minutos, exatamente no mesmo lugar que estava antes, com alguns espetinhos de carne na boca.
— A precisão das coordenadas estão quase perfeithas... Mhais ainda tem uma diferença de 2 centímetros mais ou menhos... Uma diferença como essa também pode ser a diferença dha vida e miorte... Preciso treinar mais... A distância que posso me teleportar thambém não está boa o sufhiciente... — Jeff falava sozinho enquanto mastigava seus espetinhos e observava com cuidado algumas marcas que ele tinha feito no chão.
— Jeff! Eu vim avisar que o mestre da torre saiu por um tempo novamente!
— Sério?! Chega aí, você chegou em boa hora, eu queria fazer um teste, eu só testei em ratos até agora, estava precisando de uma cobaia humana mesmo.
— Quêê?! Como assim?!
Ele tocou meu ombro e quando eu pisquei novamente eu me vi na beirada de um penhasco, a um passo de cair.
— ... Que lugar é esse?!
Nota da autora: Amanhã(27/06) é meu aniversário hehe!
Obrigada por lerem <3