Volume 1

Capitulo 3: A Torre

— É, isso com certeza parece algo surpreendente... Mas antes de eu ir até a torre com você e tal, tem algo que eu queria te perguntar

— Hum? E oque seria isso?

— Qual o seu nome mesmo? Também tô curioso quanto a sua idade, você tem 11?

— Ah, sim, desculpe, esqueci de me apresentar. Meu nome é Nozuka, sou um mago que está sob a tutela do próprio mestre da torre, um dos candidatos para ser o próximo mestre da torre, tenho oito anos e também era um filho ilegítimo como você.

— Como assim "era"?

— Ah, é porque eu não tenho mais contato com a minha família... E...

— Entendi, eu aposto que você deve saber bastante sobre mim, mas vou me apresentar também mesmo assim. Meu nome é Yuki Solaris, eu sou o 4º príncipe, apesar de eu ter 6 irmãos mais velhos... Tenho seis anos, sou um filho ilegítimo e sou a criança mais linda que eu já vi.

— Acho que essa última parte foi meio desnecessária...

— Todas foram desnecessárias, você já não sabia de tudo isso?

— Bem... A úl—

— Eu aceito ir com você para torre, mas eu tenho algumas condições

— Quais seriam elas?

— Eu quero um quarto grande e confortável, um bom salário garantido, eu também quero ler livros de romance e de aventura, então eu espero que lá não tenha apenas livros de estudos, seria entediante, e por último, mas não menos importante, não pode faltar de forma alguma... Uma comida deliciosa e eu gostaria que me trouxessem algo diferente todos os dias.

— Você é um pouco exigente pra um filho ilegítimo, não acha?

— Você ta tentando me insultar?

— Não era minha intenção, afinal eu também sou um filho ilegítimo.

— Para a sua informação eu ainda sou um príncipe. Mas e aí? Você concorda com as minhas condições, então?

— Certo, tudo bem. Afinal, não é uma coisa tão difícil para eu conseguir.

— ... Mas como você me curou mesmo?

— Poção de cura. — Disse ele enquanto balançava a garrafa de vidro vazia em sua mão. — Não se preocupe, isso não é caro. E eu tenho várias.

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Emilly e Sebastian organizaram tudo para eu partir, eu tenho várias malas, porque, você se pergunta? Acontece que eu não vendi as decorações que roubei ainda, eu peguei algumas delas e to pensando em vender no caminho, ou depois.

Quando eu estava entrando na carruagem, alguém me puxou por trás e eu quase caí, mas essa pessoa me segurou.

— Onde você pensa que vai!? Você acha que uma criança como você pode sair assim quando quiser, sem nem avisar nada!? — Disse ele, enquanto me sacudia.

Ele era um rapaz bonito, um cabelo vermelho vibrante e as íris de seus olhos eram verdes como as minhas. Ele tinha olhos afiados, mas seu rosto era muito expressivo. Parecia uma pessoa muito cheia de energia e ele tinha um leve cheiro ácido.

— Quem caralhos é você!? E pare de me sacudir! Eu estou ficando tonto!!

— Ah, certo, acho que você nunca me viu... Mas não importa agora, o que importa é que você tem que saber que você não pode seguir qualquer um assim só porque te ofereceram doce!!

— Ninguém me ofereceu doce!! Bem... Tecnicamente...

— Não ficou sabendo que os príncipes ilegítimos como você andam desaparecendo!? E se você sumir também!?

— Acho que a pergunta certa era "e se algo acontecer com você também?". Mas sério, QUEM É VOCÊ!?

— Ah, eu sou—

— V-vossa alteza!! Espera um pouco, já te falei que você não pode agir impulsivamente assim!! Você nem terminou de ouvir o que eu estava falando!! — Um homem de meia-idade veio em nossa direção correndo e ofegando.

— Então você é um dos meus irmãos? — Eu perguntei.

— Sim, eu não queria que outro dos meus irmãos desaparecesse do nada, então vim correndo. — Falo o cara que nunca me viu uma única vez.

— Qual irmão você é?

— O melhor dos irmãos, é claro! Meu nome é Kenji! O segundo irmão!

— Quê!? Aquele irmão assustador que mata pessoas a sangue-frio, tortura e já matou milhares de pessoas!!??

— Não é pra tanto, esses rumores são sempre tão exagerados, eu nunca matei ninguém da família, nem crianças. E eu só mato algumas pessoas que me atrapalham ou me irritam...

— Então você realmente mata pessoas a sangue-frio...

— Eu não sou um cara assustador! Olha pra mim, eu não pareço um filhotinho inofensivo?

— Eu acho que os servos discordam, olha como eles tão assustados.

— Os servos não contam, eles são todos medrosos e ainda por cima muito burros para pensar por si, eles só sabem espalhar rumores falsos por aí.

— Mas acontece que eu também não acho que você parece um filhotinho...

— Sério? Hiroshi disse que eu parecia...

O senhor de meia-idade finalmente nos alcançou, ele se endireitou e começou a falar.

— Vossa alteza! Sua alteza, o quarto príncipe, foi convidado para a torre magica por Nozuka, um candidato a próximo mestre da torre. Por essa razão que ele estava deixando o seu Palácio.

— Ah!~ então era isso, por que não me disse antes?

— Isso porque vossa alteza não queria escu—

— Ah, e sobre você nunca ter me visto, era uma mentira, você me viu quando era um bebê minúsculo, muito mais minúsculo do que você é agora. Eu te vi junto de Hiroshi, eu já vi todos os meus irmãos ao menos uma vez. Eu só não vim te ver mais por que minha mãe é bem doida, ela fica me enchendo o saco para eu não conversar com os outros irmãos e até causa problemas para eles quando eu desobedeço. Só não queria que ela acabasse te causando problemas.

— Entendo... Eu posso ir agora?

— Ah... Claro, pode ir. Mas eu vou te arrumar uma carruagem melhor, essa é muito feia e não é confortável o suficiente.

Na realidade aquela minha carruagem até que era uma boa carruagem e ela era bem bonita, mas o Kenji me trouxe uma carruagem tão luxuosa que era extravagante e com certeza era muito mais confortável. E nisso eu saio do meu Palácio pela primeira vez, desde que vim a esse mundo.

No caminho eu passei por uma joalheria para estar vendendo todos aqueles objetos de ouro e algumas outras joias. Consegui um bom dinheiro, eu pediria para Emilly guardar... Mas acho que ainda não confio nela o bastante para entregar meu dinheiro... Então eu mesmo fui la, abri uma conta no banco do império e depositei. Eles também tem cartões aqui, oque é muito interessante, parece funcionar com magia.

E eu também parei em vários lugares para comprar algumas besteirinhas para comer, afinal eu só penso em comida. Na minha vida passada, não importa o quanto eu comesse, eu nunca engordava, me pergunto se não vou acabar ficando gordo nessa vida. Mesmo que não engorde, isso não é muito saudável, talvez eu devesse me controlar um pouco... Bem, eu penso nisso depois!

A torre era enorme e por alguma razão ela estava flutuando no céu, para chegar lá eu precisei de usar um portal de teleporte. E ao que parece a torre está sempre mudando de lugar, pessoas de forra nunca sabem onde ela está. Os únicos, com acesso aos portais são pessoas que já estão na torre há um tempo, outras pessoas precisam ser convidados como eu e entrar na torre junto da pessoa que o convidou.

Para sair e entrar quando se é novo na torre precisa da companhia de outra pessoa que tenha o aceso aos portais. Achei bem interessante, mas o melhor desse lugar é a vista encantadora. Agora, está na hora de aprender mais sobre magia e criar novos contatos.

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Quando eu cheguei no lugar, não era bem uma torre que vi, mas sim um portal, um portal que precisava de uma runa que estava na posse de Nozuka e de sua magia. Parece que se fosse uma mana diferente que fosse usada, o portal e a torre iriam entrar em estado de alerta.

A sensação de teleportar não era muito confortável, me deu um pouco de náuseas. Mas quando atravessamos o portal, eu tive uma visão realmente magnifica, o céu era tão lindo, o lugar era tão silencioso e tinha tantas nuvens abaixo de nós que me dava a impressão de estar no céu... Mas eu estava no céu não é mesmo?

— Mas agora que penso nisso... Quem tentou me envenenar mesmo?... Emilly, quem colocou o veneno na minha comida? Quem estava tentando me assassinar.

— Eu trouxe algumas das empregadas para que vossa alteza pudesse lidar com elas e retirar informações. Eu imaginei que só poderia ser uma delas, porque elas foram as únicas que chegaram perto das sobremesas que preparei para a vossa alteza.

— Entendo, então depois eu tento ver isso.

E nos entramos na torre, a primeira sala era grande com várias estantes de livros espalhadas por todos os lados e ainda tinha outros andares e portas. Na recepção tinha um lindo rapaz, cabelos castanhos, olhos azuis e orelhas de gato...

— Me deixa tocar!? — Eu perguntei apontando para as orelhas dele com um olhar brilhante.

— Eh!? — Ele corou de leve sem muita reação e olhou para Nozuka — Quem é esse? — Ele sussurrou para Nozuka.

— Sua alteza, o 4º príncipe, Yuki Solaris. — Respondeu ele com um sorriso.

— Serio!!? — Ele perguntou surpreso e olhou relutante para mim por uns momentos. — ... Fique a vontade vossa alteza...

— Pensando bem, acho que não quero mais tocar...

— Mesmo?

— Sim...

"Ele claramente não parece estar a vontade para que eu toque! Parece que minha autoridade como príncipe ainda serve de alguma coisa..."

— Ryoichi, nós estamos indo para o segundo andar, podemos usar o elevador?

— Claro, fiquem a vontade — Disse ele enquanto apontava para uma porta, muito parecida com portas de elevadores modernos.

— Obrigado Ryoichi, agente conversa mais na próxima.

— ... Você me pediu para ser seu primeiro amigo, mas não parece que eu seja realmente o primeiro. — Eu comentei enquanto seguia Nozuka para o elevador.

— Pois é... — Comentou ele com um sorriso.

— Como assim "pois é"!?

— Chegamos ~— Disse ele com um sorriso, poucos segundos após ter pressionado o botão do tal elevador.

— Já?...

— ... Você sabe que teleportes são instantâneos né? — Perguntou ele com uma sobrancelha levemente levantada.

— Sei, claro que sei! É só que...

"Como assim elevador!? Isso é só um portal de teleporte no final!!"

— Vossa altez-

— Você não disse que queria ser meu amigo? Pode me chamar só de Yuki.

— E você poderia me chamar de Nozuka em vez de ficar me chamando de "você".

— Só não te chamei de Nozuka até agora porque não teve necessidade. Mas tanto faz, da próxima eu te chamo pelo nome.

— Mas como eu estava dizendo..., Yuki, esse é o segundo andar mais alto da torre. Os alunos principais ficam todos nesse andar.

— Entendi...

— Você voltou?... — Um garoto muito lindo de cabelos pretos e olhos vermelhos apareceu e perguntou enquanto fazia careta. Ele também tinha uma pinta embaixo do olho, oque o deixava mais atraente ainda na minha opinião, me pergunto como ele seria quando crescesse.

— Sim, voltei, por quê? Esperava que eu não voltasse mais? — Respondeu Nozuka

— Eu já imaginei que você voltaria, só esperava que demorasse mais... Quem é esse aí atrás?

— O quarto príncipe do império. Yuki Solaris.

— Ah, então você é o príncipe, um conselho, fique longe desse carinha do seu lado com cara de idiota.

— Por quê?

— Que pergunta boba... É simples, eu não confio nele, meus instintos me dizem que tem algo de errado com esse cara e meus instintos nunca falham.

— Pare de falar idiotices e vai arrumar o que fazer. — Disse Nozuka

— Hmph! Mas uma coisa eu tenho certeza e todos podem confirmar isso, esse cara é uma criança realmente estranha, ele só sabe pensar em magia e mais magia, além de ser um aluno perfeitinho que nunca causa problemas, que tipo de criança não causaria problemas!?

— Na minha opinião os dois são apenas crianças, não acho que uma criança estaria preparando um plano maligno ou algo assim e me pergunto o que uma criança como você imagina do Nozuka, talvez você esteja pensando que ele é alguma criatura maligna de contos de fadas ou algo assim?

— Eii! Que merda você ta falando!? Eu tô falando que realmente tem algo de errado com esse cara!! E eu nem leio contos de fadas. Não, pior que isso. Quem você pensa que é pra me tratar como uma criança!? Você não é mais novo que eu? Quantos anos você tem? 3!?

— Na verdade, eu tenho 6 anos.

— Pois é e eu tenho sete, então continuo sendo mais velho que você.

— Certo, certo. Vamos parar de discutir por agora, Akira, mostre ao príncipe o quarto dele, é bem em frente ao seu. Eu tenho algumas coisas para fazer, se ele precisar de mais alguma coisa você o ajuda.

— Certo, vai embora logo! — Disse Akira olhando para Nozuka com uma careta e depois se virou para mim — Venha vou te mostrar o seu quarto.

— Ok, obrigado

— Falando nisso, você é bem bonito, né? Se você fosse uma garota, eu poderia te pedir em namoro, mesmo que eu tenha certeza de que seria rejeitado...

— Sério? Se você fosse mais velho e realmente tivesse me pedido em namoro, eu poderia ao menos te dar uma chance.

— Quê!? Sério!? Não vá se arrepender depois, eu vou me lembrar disso.

— Perai... Você realmente vai me pedir em namoro!? Eu achei que era só se eu fosse uma garota.

— Ah, não, eu apenas vou me lembrar disso caso eu acabe mudando de ideia, porque você é tão lindo que existe uma pequena chance de eu acabar mudando de lado estando morando no quarto na frente do seu.

— Que merdas uma criança de sete anos está dizendo!? Nesse exato instante, você está flertando comigo!?

— Hahaha!! É brincadeira, brincadeira, só uma brincadeirinha. Você realmente estava levando isso a sério?

— Não. — Eu disse com uma careta.

— Certo, esse é o seu quarto, precisa de ajuda pra organizar as coisas aí dentro?

— Não, eu posso me virar sozinho.

— Certo, até depois!!

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Depois que organizamos tudo no quarto fomos ver as empregadas que eram consideradas suspeitas e eu fiz algumas perguntas individualmente para elas, eu comecei com algo simples e básico.

— O que você viu naquele dia? Você suspeita de alguém?

Eu perguntei mais algumas coisinhas e com isso algumas estavam parecendo menos suspeitas, outras estavam ficando cada vez mais suspeitas. Eu continuei o interrogatório, até que tive que partir para as ameaças e com isso eu descobri quem parecia o maior suspeito, mas ainda não liberei as outras, no final eu fui obrigado a torturar de leve a empregada, parece que uma simples tortura com uma pena foi o bastante para eu conseguir minhas respostas.

De qualquer forma, depois disso eu finalmente consegui algumas informações, parece que foi uma ordem da segunda concubina... De novo essa mulher, parece que ela não tem o que mais fazer. Ela pediu a essa empregada para envenenar minha comida, mas a maioria das outras empregadas estavam ajudando-a a encobrir isso, porque a maioria dos meus empregados vieram do castelo da segunda concubina e seguem as suas ordens. Sebastian e Emilly são exceções.

Parece que Emilly era a empregada pessoal da minha mãe...



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