Orc Eroica Japonesa

Tradução: Tama


Livro 1

História Bônus: Judith Após Bash

Cerca de três dias se passaram desde o encontro de Judith com Bash.

Naquele dia, ela recebeu ordens de patrulhar a estrada com os soldados de infantaria sob seu comando.

A questão das emboscadas nas rodovias havia sido resolvida, mas estavam sendo enviados apenas para garantir que não houvesse novos casos. Recebeu ordens para verificar se não havia sobreviventes do grupo de bandidos da caverna. Se tudo parecesse bem, deveriam limpar a estrada enquanto estivessem lá fora.

O grupo dela consistia nela e apenas alguns homens, aliás, os mesmos que estiveram envolvidos na solução do caso anterior. Em outras palavras, essa tarefa era um castigo para todos eles.

Houston era pragmático. Sabia que permitir que seu motim ficasse impune seria um mau precedente para os outros. Além disso, achava que um período autoimposto de reflexão silenciosa não seria nada além de um desperdício de força de trabalho valiosa.

Portanto, sua solução para esses dois problemas foi enviá-los para esse trabalho inútil.

“Alguns dias de trabalho duro nas estradas sem descanso – isso será um castigo para gente como vocês.”. As palavras dele surpreenderam a todos.

Ainda assim, sabendo que se saíram bem, ela e os homens partiram para a estrada, aceitando as ordens que receberam.

Todos assumiram que a tarefa prosseguiria sem incidentes. No entanto, não foi assim que se desenrolou. Assim que ela e companhia chegaram à estrada, um único orc saiu rastejando da floresta.

Era um verde normal, com um machado de batalha em uma mão e um grande porrete amarrado às costas.

Se chegasse a uma briga, talvez quisesse empunhar duas armas.

— É um orc. Ei, você aí. O que você está fazendo aqui?

Se isso tivesse acontecido antes de ela conhecer Bash, já teria dado a ordem para atacar. Porém agora estava disposta a dar de ombros e passar direto por um orc aleatório que apareceu na floresta.

Só que estava em uma missão e tinha o dever de questionar quaisquer indivíduos suspeitos que visse na floresta naquele dia.

— Quem disse que eu tenho que contar pra gente que nem tu?

— Sou Judith, uma cavaleira de Krassel. Estamos patrulhando a rodovia neste momento.

Heh! Essa voz, esse nome... uma cavaleira, né, não? — O orc deu a ela um sorriso lascivo.

Era o tipo de sorriso que lhe dizia que estava pensando em jogá-la no chão e violá-la ali mesmo.

Ela o olhou mais de perto, sem medo. Ele tinha braços fortes, sim, mas ao contrário de Bash, possuía uma barriga saliente e não havia nenhum tipo de ar digno sobre ele.

— Um renegado, hein?

Heh, e daí?

— Nada, de verdade. Apenas me perguntando por que estão vagando por aqui: não conseguiram manter a palavra de seu rei.

Ha! Não é óbvio? Os orcs estão acabados. Perdemos nosso orgulho. Geral tá vivendo como gado dia após dia! Vocês humanos nos chamam de porcos, não é isso? Bem, talvez cês estejam certos! Perdemos a vontade de até ficar bravo!

— É por isso que você deixou seu país?

— Exato, cacete! Vou viajar pelo mundo e mostrar às pessoas tudo sobre nós! Vou começar com você, lindinha! Eu vou esguichar em tu e fazer você dar à luz bebês verdinhos!

Ela fez uma careta de desgosto e pensou no orc que conheceu apenas três dias antes.

Sua expressão calma e seu jeito cuidadoso de falar.

Uau, realmente há uma enorme diferença entre o Herói Orc e um de vocês, não é?

— Herói? O que uma puta como você sabe sobre Bash?

— Eu o conheci outro dia, na verdade.

— ... O quê?

— Ele é quem realmente está aqui consertando a reputação dos orcs. Com honra e dignidade também, não desespero e autoabandono como vocês, patéticos patifes.

— Bash tá... consertando a reputação nossa?

— Sim.

Ela contou ao orc tudo o que aconteceu alguns dias atrás. Sobre como Bash tinha sido um perfeito cavalheiro, sobre como permaneceu gracioso apesar da grosseria humana e desrespeito, sobre como veio em seu socorro quando ela agiu como uma tola. Contou tudo a ele. Também falou sobre seu próprio palpite, que ele havia embarcado em sua jornada por um sentimento de lealdade à sua raça.

— Eu não posso acreditar que um orc viril como ele iria ficar quieto contigo nuazinha na frente dele, bicho!

— Isso é porque o sr. Bash não é um patife como você. Ele segue as regras do rei orc, mesmo que isso signifique negar sua própria motivação. Como resultado, mesmo uma tola como eu agora entende o verdadeiro orgulho dos orcs!

— Tava me perguntando para onde ele foi; não o vejo há dias…

— Ele sacrificou seus próprios desejos pelo bem de sua raça. Por que você não tenta aprender com o exemplo dele?

Enquanto falava, ela desembainhava sua espada. Apesar de seu diálogo, sabia que não deveria esperar nada muito de um orc desonesto. Provavelmente a via como nada além de uma mulher estridente e excessivamente falante tentando ganhar tempo antes de ser pega e engravidada.

Sempre era assim.

Ela só teve negócios com esses orcs algumas vezes, sim, mas cada vez, terminou em uma luta até a morte.

Hmm?

Ele estava recuando. Abaixando o machado de batalha, recuou vários passos, como se a vontade de lutar o tivesse abandonado.

— O que você está fazendo? Aonde você está indo?

— Não é óbvio? Tô indo para casa.

— Isso é... incomum. Cada renegado que eu encontrei antes veio voando para mim com raiva no segundo em que eu os confrontei…

— Sim, não me cai bem estar me dando as costas e me afastando de uma puta humana arrogante como tu. Mas se Bash tá por aí tentando consertar a reputação de nós, eu não posso estar fazendo as coisas pra estragar. Se você realmente quer brincar comigo, não vou recusar. Afinal de contas, sou um orc e tenho orgulho...

— Não, não, se você planeja voltar para casa, então não vou impedi-lo.

O orc bufou uma risada e foi embora. Ela o observou partir, sentindo-se meio desanimada. Estava tão convencida de que estavam além do raciocínio. Não era por isso que sempre fora tão pesada com eles? Por que Houston sempre emitiu a ordem de matar na hora?

Ele foi tão teimoso e desagradável quanto todo o resto. Contudo, estranho. Com a mera menção do nome de Bash, pareceu retornar a alguma semelhança de seu passado guerreiro e recuou com honra.

Herói Orc. O título soou impressionante o suficiente para ela, entretanto claramente carregava muito mais peso na terra natal dele. O próprio título de herói parecia vir com muita confiança e respeito, até mesmo reverência.

— Se o nome dele pode ter esse tipo de efeito sóbrio até mesmo em um desonesto como aquele… então está claro que encontramos uma pessoa muito mais importante do que jamais poderíamos imaginar...

Os soldados murmuravam coisas assim entre si.

Ela compartilhou seus sentimentos. O Herói Orc Bash... Comparado com o renegado que tinha acabado de ver... não, comparado com todos os humanos que conheceu em sua vida até agora, ninguém parecia mais digno do título de herói do que ele.

— É por isso que Houston o tratou com tanta reverência…

— Na próxima vez que você ver Bash, você vai tratá-lo com esse tipo de reverência também, Judith?

— Talvez da próxima vez que ele pedir para você ter seus bebês, você não vai recusá-lo, hein?

Ela odiava orcs. A mera visão de um fazia a sua pele arrepiar.

— Todas as piadas à parte, vamos nos apressar e checar aquele esconderijo de bandidos mais uma vez. Houston vai nos fazer trabalhar duro mais uma vez amanhã. Teremos que fazer isso o suficiente para compensar o desrespeito ao sr. Bash antes que o general fique satisfeito.

— Foi você quem desrespeitou o sr. Bash, Judith. Nós apenas seguimos você.

Ah, cale a boca e mexa-se.

Sorriu de modo irônico para si mesma. Sim, ainda odiava os orcs, com uma exceção muito especial.



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