One Vision Brasileira

Autor(a): üMobius


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 5: Tão Frio

─────── • • • ───────

Se ao menos eu pudesse...

Ser mais forte.

O sol penumbre cobre toda a sala aos poucos, trazendo consigo o calor que vem como a primavera.

Vozes abafadas pelo burburinho da multidão começaram a alcançar seus ouvidos, enquanto passos e conversas se tornavam mais nítidos, ecos distantes ganhando forma.

Sentado sobre a mesa, com a cabeça apoiada nos braços, Kitsuia parecia um urso que não havia encontrado seu precioso repouso de inverno. Ao seu lado, um aroma doce dominava o ar, tornando a atmosfera mais confortável.

A brisa inesperada entrou pela janela aberta, sem pedir licença, carregando consigo um perfume delicado, como o de mel silvestre. O cheiro despertou uma leve reação em suas pálpebras, que tremularam.

— Vai dormir até quando, hein? A professora já está na sala, Susu. — Uma voz desconhecida tentou trazê-lo de volta à realidade, mas o som não lhe era familiar. Ainda com a visão embaçada, se rendeu ao cansaço e voltou a se deitar. No entanto, a voz retornou, agora com um tom mais impaciente: — Ei! Acorda, Su... dormiu de novo? O treinamento foi tão difícil assim?

Hm...

Kitsuia abriu os olhos de forma hesitante. Uma mecha de cabelo azul escorregou para trás da orelha de alguém que se aproximava ainda mais dele, quase sussurrando ao seu ouvido: — Acorda, dorminhoco.

Confuso, entreabriu um olho e espiou entre os braços debruçados sobre a mesa. Quando o sol invadiu a sala de vez, seus raios iluminaram um par de olhos vermelhos, que o encaravam com seriedade. Eles brilhavam com uma intensidade familiar.

— Hmm... Uwaa... — bocejou, limpando a baba no canto da boca. — Hrm. Eu dormi?

Como resposta, sentiu seu cabelo sendo acariciado, com dedos que brincavam entre os fios turquesa e brancos. Era o cafuné de Hapura.

Finalmente, sua visão embaçada se tornou clara.

— Dormiu, sim. E por bastante tempo. Sorte sua que a professora demorou mais do que devia, mas você dormiu por quase uma hora! — O tom esbravejante deu lugar a uma voz mais calma. — Está tudo bem, Kitsuia? Seu rosto...

— Hm?

Hapura passou a mão gentilmente pela bochecha quente de Kitsuia, o polegar deslizando devagar. — Você está chorando. Aconteceu alguma coisa? — perguntou, visivelmente preocupada.

Kitsuia piscou, tentando entender o que estava sentindo. Havia algo, no fundo de sua mente, uma sensação vaga de ter feito algo errado, embora não se lembrasse exatamente o quê.

— ...Talvez? — respondeu incerto.

— Como assim "talvez", Susu? Não existe essa de "talvez"! Ou aconteceu, ou aconteceu! — insistiu, inclinando-se ainda mais perto. — Fala logo, quem te fez mal dessa vez? Eu vou dar um jeito neles!

A proximidade de Hapura fez sua respiração vacilar por um instante.

"Como sempre, sem noção nenhuma de espaço."

Kitsuia secou as lágrimas apressadamente e murmurou: — Não aconteceu nada. Acho que só tive um sonho estranho. Nada de mais.

Hmm... Tá mentindo!

— Hã?! Não tô não! É sério, acredita em mim.

— Então me conta o que aconteceu.

— E-eu...

Nem ele sabia ao certo. As palavras fugiam da sua boca, confusas e desordenadas, sem conseguir expressar o que realmente sentia.

— Ei! Nada de conversas paralelas, vocês dois! — A voz da professora soou alta e firme, interrompendo o diálogo.

Hapura e Kitsuia se endireitaram rapidamente nas cadeiras. A sala era composta de carteiras empilhadas contra a parede, e eles estavam sentados no andar superior, enquanto outros alunos ocupavam o andar inferior. Uma risada ecoou pelo ambiente.

Kitsuia virou-se para ver Kanitsu segurando a barriga, tentando conter o riso. Ele claramente se divertia com a bronca que os dois haviam levado. Com uma mão na boca para abafar o som, seu rosto brilhava de satisfação.

Kitsuia estreitou os olhos, murmurando: — Laranja idiota.

— O QUÊ?! — Kanitsu ainda era fraco contra esse maldito apelido.

— Silêncio! — ordenou a professora, jogando o cabelo para trás e colocando um dedo no queixo, com um sorriso sarcástico no rosto. — Já que estão tão interessados em conversar... Kitsuia! — O som abrupto da sua ordem fez com que ele se levantasse de súbito, assustando a sala inteira. — Venha aqui… Vou usá-lo como exemplo para a turma.

O garoto olhou para trás como um fantasma pálido. Sua aura mudou. Antes dorminhoco, agora acordado e com problemas, tudo graças a traição vinda de quem menos desconfiava.

Seguiu em passos lentos, descendo pelas escadas, formulando qual assunto seria, já que ficou dormindo durante a explicação, então precisava pensar em algo.

“Fui pego. Nem tem pra onde fugir... Vai ser igual semana passada quando riram de mim.” 

Pisando no último degrau sentiu um arrepio subindo pelas costas, lembrando-o das situações vergonhosas já passadas e sala. 

Ficou de frente a sala, esperando a diab... profesora começar.

— Bom, hoje temos um aluno excepcional aqui como exemplo. Certo, classe? — sorriu, não escondendo suas verdadeiras intenções.

Cerrou o punho em desaprovação, observando com atenção aos que conversavam entre si. Só poderia ranger os dentes.

— Sim! — todos responderam em meio a risadas.

O garoto folgou a gravata, olhava para Hapura, na parte superior, caindo em risada sobre a mesa junto a Kanitsu. Todos em poucos segundos sorriram por conta dos suspende criado por aquela mulher, que para ele agora, se tornou o próprio demônio. 

Gostaria apenas de tirar um cochilo pós aula, quem nunca fez isso que jogue a primeira pedra. Por sorte, a "plateia" tinha muitas pedras para jogar.

Abrindo um enorme sorriso, começou: Bom, Kitsuia, sobre o que estávamos falando? — Virou para ele, esperando a resposta.

— Eu... — Engoliu em seco, sua falta de atenção começava a pesar. — Talvez... — Até tentou formular algo, mas já era farde. Por fim, com sinceridade, peito estendido, mostrou convicção: — Não sei! — respondeu, olhando para o teto de olhos fechados e punhos cerrados.

Hah... — Soltou um longo suspiro, desapontada, e então corrigiu: — Estávamos falando sobre sonhos, Kitsuia, sonhos... Bem — Virou para classe, sorrindo. — Então responda-me uma questão como punição! Quais são seus sonhos?

Em meio às risadas que tomavam conta da sala, o debate começou. Vários alunos começaram a se levantar em sequência, compartilhando seus sonhos e ambições mais íntimas. Uns queriam cursar medicina. Outros sonhavam em ter aulas de canto. Alguns desejavam aprender uma nova língua, ser mais fortes, lutar por justiça ou até montar suas próprias empresas. E então...

— Eu quero ser livre — disse uma garota de cabelo verde e olhos dourados, com cílios verdes-esmeraldas. Ela levantou a mão entre os colegas e, em um movimento gracioso, jogou o cabelo para trás, concluindo com firmeza: — Esse é meu sonho, professora Yumi.

Yumi, com uma expressão curiosa, questionou: — Ser livre? Livre de quê, exatamente, Liya?

Antes que Liya pudesse responder, Kitsuia limpou a garganta, atraindo a atenção de todos. — Ca-ham! — Ele interrompeu, decidindo se manifestar. — Eu também compartilho desse sonho... Entendo o desejo de ser livre, Liya. E espero que, juntos, possamos enfrentar os desafios e seguir em frente para alcançar esse objetivo. — Ele virou-se para a professora, convicto: — Esse é meu sonho também: ser livre.

A sala ficou em silêncio por um instante, os alunos boquiabertos com a resposta de Kitsuia. Teria ele ficado rancoroso pela provocação anterior?

— Então, seu sonho é...

Antes que a professora pudesse terminar a frase, o som do sinal se espalhou pelos corredores. Os alunos se levantaram rapidamente, pareciam ansiosos para fugir, tal qual trabalhadores exaustos ansiosos pelo fim do expediente. No entanto.

— Hapura, Kanitsu, Liya e Kitsuia. Por favor, fiquem um pouco mais — disse Yumi, interrompendo o fluxo de alunos que já saíam apressados. — Preciso conversar com vocês.

Kitsuia, sentindo-se culpado, foi o primeiro a falar: — Eu sei, eu sei. Fiquei dormindo na aula. Peço desculpas! Mas os treinos de judô ontem me cansaram bastante, e...

Yumi interrompeu com um sorriso sutil. — Não é sobre isso. — Sua voz calma indicava que ele tinha entendido mal. — Na verdade, quero parabenizá-los. Vocês estão indo muito bem.

— Está falando sobre o Taisuru, professora? — perguntou Hapura, se aproximando e fechando a porta da sala.

— Exatamente. Hoje vocês farão o Teste de Qualificação Física, certo? Depois que nosso “dorminhoco” aqui conseguiu passar no Teste Escrito — disse ela, lançando um olhar divertido para Kitsuia —, fiquei sabendo que todos vocês foram aprovados. Quero desejar boa sorte a cada um de vocês.

— Mesmo sendo uma das últimas a prestar o exame, devo dizer que vocês me motivaram muito! Agradeço de coração! — Liya sorriu, animada e radiante, enquanto os outros retribuíam com sorrisos cúmplices.

— Nós vamos ficar na mesma escola de novo, pode ter certeza, Lilizinha. — A garota de cabelos azuis a abraçou forte. — E esses dois idiotas vão também. — Seu olhar ficou sério. — Não é?!

Ambos estufaram o peito em concordância. — Sim. Vamos sim!

Yumi não conteve a risada, olhando para eles com apresso e carinho, antes então tão pequenos e agora estavam saindo de suas asas, finamente. Crescidos. Maduros o suficiente para começarem a voar sozinhos.

Ainda permanecia o receio de deixá-los sem ao menos terminar o ano letivo, mas era o sonho deles prestarem o teste a essa escola denominada "o sonho de todos", então concordou em permitir.

— Eu amo muito vocês. — O tom de voz triste permaneceu, os abraçando. — Espero que algum dia, possamos nos ver novamente. E Kitsuia!

— O-oi?

— Cuide bem delas por mim, tudo bem?... E me prometa dormir regularmente, ok?

— Sim! E-eu prometo! — o pálido respondeu, lágrimas formando em seus olhos.

— Bom. — Yumi enxugou as lágrimas que começavam a cair. — Espero de verdade a aprovação de vocês na Taisuru. Não vou tomar muito do tempo de vocês, então podem ir. E se cuidem, minhas crianças.

— Pode deixar! — responderam em uníssono.

Saíram da sala, e o sentimento de medo surgiu de repente. Estavam dando um passo muito importante, determinados a crescerem nesse mundo de portais.

A Taisuru era a liberdade para lutarem pela justiça, a paz, e principalmente pela humanidade. Sonhos. Desejos. Motivações. Todos precisam tê-los para se manterem vivos, e eles fazem parte disso.

Algo maior estava por vir, a porta para um futuro incerto se abriu, e com garra, a conquistaram.

Perto da saída, Liya chamou atenção do grupo. — Pessoal! Preciso ficar mais um pouco...

— Por quê? — perguntou Hapura, amarrando o cadarço.

— Quero me despedir do pessoal direitinho. — Abaixou a cabeça, uma expressão nostálgica que beirava entre a gratidão e a tristeza. — Depois de tanto tempo juntos, é o mínimo que posso fazer...

Foi possível ouvir passos chegando perto, algo tocou seu cabelo o bagunçando por entre os fios. Levantando o rosto, se deparou com alguém sorrindo de maneira exagerada.

— Tudo bem, tudo bem. Só volte pra gente depois, ouviu? — respondeu Kitsuia. — Mas vamos indo na frente para não atrasarmos. Certo? — Virou-se para trás, sorrindo.

— Certo! — Kanitsu respondeu, batendo no peito.

— Anda logo Susu, a gente não quer pegar a nevasca que vai vir! — exclamou Hapura.

Liya se ergueu com os olhos abertos e marejados. — Obrigada, pessoal! Vejo vocês daqui a pouco!

A neve caiu a medida em que eles se despediram.

 

─────── • • • ───────

Você lembra de como tudo isso começou, não lembra?

 

Lembro... Talvez se fosse mais forte... Mas não adianta pensar muito nisso, todos estão mortos.

Dentro da sala se passaram alguns minutos e a esfera continuava no mesmo estado. Líquida e volumosa, mas ainda parecia ser palpável.

Kitsuia prestava bastante atenção nela, observando cada movimento. 

— Parece gelatina.

Sabia que não era normal algo desse porte aparecer dentro da escola, ainda mais se tratando de uma área escolar. “Provavelmente deve ser algo do Conselho Estudantil. Falaram na última vez sobre isso. Sobre colocarem novos objetos para vistoria das salas...” pensou, colocando a mão no queixo. “Mas nenhum deles tem um poder assim...”

Quando entrou na sala não havia notado muita coisa, observando com calma, percebeu uma neblina semi-transparente azulada e não passava do calcanhar. 

— Estranho. Está tudo muito estranho... Está nevando muito lá fora, mas mesmo assim continua quente aqui… — indagou caminhando em direção à esfera.

A nevasca ainda assolava Kyoto, porém o tempo começava a ficar mais forte. Mas, dentro da sala não estava frio, pelo contrário, a sensação térmica era como se estivesse embaixo de um amontado de lençol.

Era a primeira vez que Kitsuia presenciava algo assim de tão perto, fascinado com a recém-descoberta, queria descobrir mais e talvez a tocar. — Isso… — murmurou estendendo à mão.

Chegando mais perto, a energia se provou calorenta, tanto que a mão pálida do garoto ficou levemente vermelha, não queimava, mas o calor causava leve ardência.

Kaboom!

— Argh!

Kitsuia fora jogado contra a parede por uma onda emitida pela esfera, suas costas geraram um som horrível de se escutar. — Merda! — Seguiu novamente ao mesmo lugar em passos com receio.

— Eu não sei o que você é… mas… por alguma razão, sinto algo estranho chegando perto… E se for mesmo algo do Conselho. — Cerrou o punho. — Eles estão errados!

De alguma maneira o calor se tornou revigorante. Quando chegou perto outra vez notou a leve ardência tocando na pele.

Mesmo assim, permaneceu parado por instantes, ponderando a próxima ação.

— Só mais uma vez! Depois irei embora! E... se eu for jogado para longe de novo? — Teimoso, tentou tocá-la novamente, mas recolheu a mão para perto do peito. Gostaria de descobrir se era algo do Conselho, e se assim fosse, então faria sentido sair e deixar para lá.

No canto de seu olho, uma sombra surgiu de relance, despertando uma urgência repentina. Kitsuia virou-se para a porta, sentindo o coração acelerar, quase saltando do peito.

A porta se abriu...

— Ah! É você, Kitsuia — disse a "sombra", revelando-se uma linda garota de cabelos verdes. A luz da esfera iluminava seus olhos dourados.

Ela vestia uma camisa branca de mangas longas e uma gravata preta, que destacava o contorno elegante sobre o tecido. Seu cabelo longo descia até a cintura, e o uniforme escolar tradicional, com uma meia-calça grossa e sapatos pretos, realçava suas pernas de forma sutil. Para Kitsuia, essa visão não era novidade, mas havia algo em Liya que sempre atraía sua atenção.

— Liya?

— É o meu nome. — Ela franziu a testa, intrigada. — O que você está fazendo aqui? — Curiosa, tentou olhar além dele, dando pequenos pulinhos para enxergar. — E essa coisa atrás de você é...?

— Não é nada! — disse ele, apressando-se a bloquear a esfera com o corpo.

Embora não houvesse realmente motivo para esconder a esfera, o pensamento de Liya se machucar o fez hesitar. "Ela não pode se ferir com isso!" A última coisa que queria era que alguém mais se machucasse, sua preocupação com os outros sempre dominava sua mente.

Hmm! — Ela fez biquinho, visivelmente impaciente. — Sai da frente! Eu quero ver. — Continuava tentando espiar a luz misteriosa.

— Não!

"O que diabos ele quer tanto esconder?" A frustração cresceu dentro de Liya, sua curiosidade aumentando a cada momento. Sem pensar duas vezes, ela apoiou a mão no flanco de Kitsuia e o empurrou, finalmente conseguindo ver a fonte da luz. Seu olhar foi tomado por surpresa e fascínio.

— O que é isso? — perguntou, ainda atônita.

Kitsuia, ainda surpreso, olhou para a esfera luminosa e respondeu, hesitante: — Teimosa, hein? Eu também não sei… Essa coisa já estava aqui quando cheguei. Deve ser algo do Conselho... Mas, já que estamos aqui... — Ele mudou o tom de voz, com um leve toque de seriedade.

— Hm? — Liya o encarou, curiosa.

— Naquela hora, qual era o seu sonho? — perguntou ele, os olhos voltados para os dela.

Surpresa, Liya arregalou os olhos por um momento antes de responder. — Ah... Meu pai é médico, você sabe. Venho de uma família nobre, mas... — Seu tom vacilou por um instante. — Mesmo salvando tantas vidas, ele nunca conseguiu fazer algo que realmente o fizesse feliz, entende? Ele passa horas, dias no hospital, cuidando de pacientes, para poderem voltar para suas casas. — Segurando a barra da saia, sua voz enfraqueceu. — Mas ele também tem uma família esperando por ele em casa...

Kitsuia deu um leve suspiro. — Hah... Eu entendo bem, Liya. — Deu dois passos à frente, suavemente. — Minha avó me criou sozinha, sem a ajuda de ninguém. Muitas vezes, eu a ouvia chorar de madrugada, mas ela nunca me dizia o motivo. Eu sempre quis ajudar, mas... ela nunca me contava por que chorava.

Liya, tocada pela confissão, segurou a manga do paletó de Kitsuia, com um olhar preocupado. — Ela... ainda não te contou quem são seus pais, Kitsuia?

Ele balançou a cabeça, com um sorriso triste. — Na verdade, desisti de perguntar. Talvez ela tenha desistido de me contar também... — Suspirou novamente, como se o peso de muitos anos o estivesse pressionando. — Já faz tanto tempo, sabe?

— Entendo... — disse Liya, com um sorriso gentil. — Você e eu temos sonhos parecidos.

Kitsuia, confuso, perguntou em voz baixa: — Nós nos esforçamos tanto nas avaliações de Taisuru. Foram meses estudando, e você nos ajudou muito. Você pretende usar essa conquista para realizar seu sonho?

Apertou ainda mais o paletó. — O futuro ainda é incerto, Su. Nem sei se o meu poder é capaz de impressionar os avaliadores. E... 

Liya foi interrompida por uma mão mexendo em seu cabelo, acariciando os fios verdes. Com o cafuné, a garota parou e olhou para baixo, escondendo o rubor no rosto.

— Você é perfeita com seu escudo, Lili. Como isso não impressionaria eles? Aquela tática de invisibilidade foi ótima nos primeiros testes! 

— S-se você diz... — garguejou.

Um silêncio vergonhoso tomou conta. 

“Sempre sendo bom comigo... Será que a Hapura ficaria nervosa se eu roubar ele pra mim?” pensou, olhando nos olhos de Kitsuia

— Escuta...

— O-oi...

Sua fala foi cortada por um estrondo ensurdecedor que durou apenas dois segundos. Esse mesmo som foi capaz de acabar com a conversa, e um calafrio sinistro reverberou pelo corpo de ambos.

Dessa vez, a esfera mudou, pulsando em vermelho com uma esfera roxo no centro. A névoa que ficava ao chão começava a se unificar num ponto.

— Escu...

Toc Toc!

Foi possível ouvir dois batidos na porta da sala, Kitsuia e Liya ficaram nervosos a princípio, mas logo a porta se abriu, revelando…

— Ei, ei! — bradou um senhorzinho de barba branca com o rosto desgastado pelo tempo. — Todos já foram embora e os pombinhos aqui namorando? Vão para o pátio!

— Pombinhos!? — responderam em uníssono.

Rubor predominou no rosto de Liya com a situação, ouvir a palavra “pombinhos” foi o suficiente para surgir um vulcão em sua cabeça, até algumas fumaças saíram pelas orelhas.

— Senhor, não somos um casa...

— E eu lá quero saber da sua vida, rapaz, saiam daqui. Xô, xô! 

Mas antes que pudessem sair por completo... Ting! Um som agudo preencheu o ar.

De repente, sangue jorrou, espalhando-se como uma névoa vermelha pelo ar. O velho, que até então os empurrava, caiu como uma marionete sem cordas, inerte no chão, seu corpo pesando sob a gravidade. Uma lança havia atravessado seu peito, e agora cravava-se no chão, bem à frente dos dois jovens, que ficaram paralisados. Seus rostos foram salpicados pelo sangue quente do homem, que escorria lentamente.

No fundo da sala, a névoa que se concentrava se uniu em um ponto. Algo, ou alguém, estava prestes a emergir.

— Mer... — Kitsuia tentou falar, mas a cena à sua frente o deixou mudo.

Um ser coberto por uma armadura negra saiu da fenda com dificuldade, seu corpo magro emitia fumaça arroxeada pelas rachaduras. A mesma fumaça escapava do elmo que ocultava seu rosto. Com um rugido estridente, que soou como uma mistura de desespero e fúria, a criatura se ergueu diante deles. A lança, cravada no corpo do velho, pertencia àquela coisa.

— S-su... — Liya tentou falar, mas sua voz falhou. Seu corpo inteiro tremeu, e ela caiu no chão, paralisada de horror, encarando o sangue que lentamente se espalhava e molhava suas pernas. O calor viscoso que subia por sua meia-calça a fez despertar um pouco da inércia, mas o medo a impedia de se mover.

Kitsuia, igualmente aterrorizado, sentiu-se preso, incapaz de processar o que acontecia. Seus olhos fixos na armadura não conseguiam desviar. O medo era avassalador.

O grito agudo da criatura ecoou pela sala. Ela avançou com uma velocidade surpreendente, destruindo a parede ao seu redor como se fosse feita de papel. Kitsuia, em um ato impulsivo, agarrou a mão de Liya e correu pelo corredor.

KYAAA! — rugiu a criatura novamente, arrancando um pedaço da parede quebrada. Em seguida, começou a persegui-los, seus movimentos eram desajeitados, mas velozes, balançando os braços de maneira errática.

Boom!

Outra parede foi destruída, e a criatura quase os alcançou. Kitsuia puxou Liya para mais perto, conseguindo escapar por um triz, antes de saltar para frente da escada.

Quando olhou para trás, viu algo ainda mais aterrorizante: outras sombras emergiam da fenda. Criaturas similares à armadura negra começaram a aparecer, prontas para caçar suas presas.

Eles continuaram correndo, Kitsuia tropeçando algumas vezes no caminho. Liya o acompanhava, mas estava visivelmente em choque, incapaz de processar qualquer coisa além de seguir as instruções dele.

Boom! Outro estrondo. "Aquela coisa era um portal? O que um portal está fazendo numa área segura? Armaduras!? Quantas delas existem? Do que estamos fugindo? Droga! Droga! Droga!" Seus pensamentos corriam tão rápido quanto seus pés.

As criaturas, agora mais numerosas, diminuíram de tamanho para aumentar sua velocidade, como predadores ajustando-se para a caçada. Seus rugidos ressoavam como leões em busca de sangue.

— Corre, Liya! Corre!!! — Kitsuia gritou desesperado.

Hah...! Estou tentando! — Liya ofegava, sua voz carregada de pânico.

Enquanto corriam pelos corredores, mais anomalias surgiam, unindo-se à perseguição frenética. Kitsuia olhou para trás e viu, com horror, uma das criaturas pegar impulso, destruindo o chão e avançando como um trem desgovernado.

Boom! Mais uma parede estilhaçada. A manga do paletó de Kitsuia foi rasgada no processo, e ele xingou em desespero: — Filho da puta! — Empurrou Liya para um corredor lateral. — Continua correndo!

Os dois já estavam exaustos, seus corpos mal suportavam o ritmo insano da fuga. O peito de Kitsuia ardia, queimando com a frieza do ar. Os gritos desesperados ecoavam pelos corredores, criando uma sinfonia de terror.

Outro rugido. Desta vez, as janelas ao longo do corredor explodiram, espalhando cacos de vidro por toda parte.

"O que diabos essa coisa quer? Está brincando com a gente?!" Kitsuia sentia cada fibra de seu corpo tremer de medo. A intenção assassina da criatura era clara, mas por alguma razão ela não atacava diretamente. Isso era perturbador.

Em completo estado de choque, Liya só obedecia e não falava nada, nem parecia ela mesma. Estava tão branca quanto a neve e suas pernas tremiam tanto que pareciam estar em um terremoto. Mas aquele à frente dela não a deixaria para trás.

Com a morte do provecto, ele apenas reagiu por impulso naquela situação, a única coisa que conseguia fazer era correr como se não houvesse amanhã.

As grandes armaduras correndo atrás dele não o deixaram processar nada!

Estendendo a mão, um grande machado apareceu na mão da anomalia. E, logo em seguida, o balançou abruptamente.

Whoosh! Crash!

“Agora!” A hora perfeita para fugir dali. Juntando todas as forças que ainda lhe restava pegou Liya nos braços e correu com toda a velocidade que suas pernas permitiam.

— Kitsu… 

Boom!

O pior estava para acontecer… A outra maldita armadura estava ao final do corredor, erguendo novamente o machado, mas, dessa vez, aprontando-o para suas presas e lançando-a logo em seguida.

A trajetória do machado chegou tão rápido que não dava para desviar, era inevitável ser acertado por ele. 

“MERDA!!!”

Mas, algo estranho aconteceu, Kitsuia sentiu como seu corpo sendo abraçado por alguns segundos, e um calor tomou-o por completo. 

Por medo do impacto havia fechado os olhos. Abrindo-los devagar, notou que, ainda estava com Liya nos braços e também estava correndo. “Mas… o quê?” Uma aura verde o rodeava juntos de efêmeros fragmentos flutuando.

— Eu… protejo você. Continue correndo! — Ainda agitada, o envolvendo num abraço. O pequeno escudo semi-transparente, parecia frágil, no entanto, foi o suficiente para suportar o impacto.

O solo abaixo deles começou a rachar, desabando graças ao machado pesar o chão.

KABOOM!

Fumaça fora levantada pelo impacto.

— Droga... — reclamou, passando a mão na testa, sentindo algo viscoso escorrendo sobre o braço e festa, a visão estava turva, mas voltava aos poucos.

Quando a visão voltou, sentiu-se flutuando. Algo com viscosidade predominava ao chão, o frio de antes já não mais presente, a voz da garota sumia parecia distante, seus olhos foram de encontro a vermelhidão do chão.

Paredes o teto. Tudo predominava o tom avermelhado. Kitsuia só entendeu onde estava ao olhar para cima.

Tudo desacelerou. A Adrenalina no corpo o fez sentir nada, mas passando o efeito um forte odor fétido impregnando no ar como carde podre exposta a sol. Os braços que deveriam estar com Liya estavam cobertos por um líquido vermelho. 

Corpos. Corpos empilhados, braços, mãos, pernas, olhos...

— Isso é...

— Kitsu...

Tão veloz quanto o vento, as armaduras apareceram, carregando machados maiores do que que anteriormente, repletos de sangue escorrendo. Ergueram os machados para o ar; a trajetória era certa.

 

WOOSH!

.

.

.

.

.

.

.

.

.

 

Superesse puerum ne moriatur.

 

O tempo congelou. Kitsuia não conseguia se mexer e, mesmo tentando balançar os braços, não obteve sucesso. A única coisa que conseguiu ouvir, era uma voz grave e aguda falando em um idioma no qual não conhecia, mas por alguma razão, não sentiu medo ou pavor.

Superesse puerum ne moriatur.

Viu-se de frente a algo diferente, talvez irreal, tinha aparência humana, porém seu rosto não entregava a qual sexo pertencia.

Superesse puerum ne moriatur.

Mesmo tentando entender o idioma, aquelas palavras não entravam em sua cabeça, até que, pela última vez, a voz se repetiu de maneira grave e estridente:

Superesse puerum ne moriatur!

.

.

.

.

.

.

.

O tempo voltou a correr. Contudo, as armaduras estavam distantes e gelo apareceu por todo o local. Kitsuia estava emanando uma energia fora do comum, nunca em toda sua patética vida sentiu algo assim. Seus olhos clarearam em tom avermelhado em conjunto a pupila transformando-se numa estrela de três pontas em volta de dois círculos brancos.

Metade de seu corpo envolto por gelo cristalizado, junto de pequenos raios o envolvendo entre os braços. 

— Não... Não! Eu prometi que iria voltar. Eu vou sobreviver!

— Eu me recuso a morrer aqui!

Boom!

A armadura foi golpeada na velocidade de um tiro, a densidade do golpe fora tão forte que a faz cambalear por alguns passos para três, rachando o elmo. 

A energia que o garoto emanava era eletricidade! Com ela, desferiu um soco na anomalia perto da Liya. Outra entidade arqueou o corpo para lutar, finalmente estavam sentindo alguma emoção na caça. 

Uma machadada foi dada ao chão como se a gravidade puxasse com força, soltando rajadas de vento colidindo contra o gelo.

Kitsuia apareceu como uma formiga por cima do machado, correndo em disparada como um raio cima, visando o elmo da criatura.

— Morra.

BOMM!

Um trovão ressoou, ondas elétricas se espalharam pelo ar como fogo queimando papel. A criatura fora socada no elmo, que pelo impacto rachou por inteiro, cambaleando para trás. 

Ainda no ar, o pálido olhou para o lado, linhas vermelhas rodeavam a segunda armadura e formaram uma projeção dela subindo o machado, quando a lâmina chegou perto, virou-se para o lado, pegando impulso e disparando contra a parede e, em curso, girou, tocando os pés na parede.

Ondas de energia percorreram pelas pernas, tá destruindo a parede, e como um tiro, disparou como contra-ataque.

A armadura fora jogada para trás com o elmo coberto de gelo.

Kitsuia pousou ao chão, perto de Liya que, surpresa, estava boquiaberta com o que viu.

“Como ele fez isso em alguns segundos?”

Quando finalmente aquela aberração que saiu do portal ficou de guarda baixa, aproveitou para pegá-la no colo e correr buscando a saída.

Ficou com medo de ser ferida pela energia correndo pelo garoto, mas quando percebeu as pequenas ondas não a machucavam quando passavam pelo corpo.

Novamente começava a caçada. O corredor de saída se tornou um campo minado, a cada passo as armaduras tentavam acertá-los. Em meio às explosões um terremoto começou com o solo rachando em fissuras vermelhas.

— Vamos, só mais um pouco! — gritou com terror olhando para trás, apertando o abraço.

E na última explosão.

Boom!

Dentro da escola ainda estava o portal, crescendo e crescendo, dele saiu uma armadura branca que, ao pisar no chão, tudo se desfez com rajadas de vento causando uma avalanche gigante.

Eles já estavam um pouco distantes dali, Kitsuia não sentia mais suas pernas e seu corpo todo começou a pesar como se uma grande rocha estivesse o pressionando contra o chão.

Diferente de tudo que já viram na terra, outro tremor começou em conjunto de outra explosão dentro da escola, varrendo tudo ao seu alcance.

A neve se levantou a se arrastou até onde a explosão permitia.

Kitsuia foi levado para longe por conta da avalanche. — Liya! Não, não. — Quando se deu conta, a garota já não estava mais em seus braços, estando longe de onde estavam.

Olhando para o horizonte onde existia a escola, tudo tornou-se apenas uma área vazia e cheia de neve e um exército de anomalias. A nevasca balançava seu cabelo.

E mesmo se levantando, ainda não conseguia ver muito a frente por conta de neve levantada na explosão.  

— Kitsuia!

Quando ouviu seu nome ser chamado, uma fagulha de esperança aqueceu seu coração por um instante.

“Liya, você...” As pupilas voltaram ao turquesa habitual, à eletricidade já não o rodeava, quando tentou de levantar, o peso do mundo caiu em suas costas e cuspiu sangue como uma torneira.

O esforço para sobreviver começava a ser cobrado.

Tampando a boca, olhou para frente com olhos marejados, percebeu que uma trilha atrás da garota se formava, uma trilha vermelha. 

Ela não caminhava, pelo contrário, estava se arrastando em meio a neve com bracos cortados e a perna esquerda aberta pela metade.

— Kitsuia! Foge! Foge daqui! Rápido! FUJA DAQUI! VOCÊ AINDA TEM SONHOS A REALIZAR, POR FAVOR!

— E VOCÊ TAMBÉM NÃO TEM QUE AJUDAR O SEU PAI? — Se levantou, mesmo com o corpo pesado, caminhando devagar contra o peso nas pernas. — Não me fala pra fugir, você ainda não realizou o seu sonho. Como você quer que o realize assim?

— ME DEIXA SER EGOÍSTA SÓ UMA VEZ! POR FAVOR, FUJA... — gritou, mas ao olhar para cima, temeu por sua vida. 

Tudo pareceu ter ficado lento. Kitsuia pode apenas observar de longe a armadura erguendo o pé e se preparando para pisar.

— Não, não..

— Não, não... NÃO! NÃO! NA... — A garganta de transbordou em sangue.

Sentindo seus segundos acabando, olhou para frente e sorriu. — Todos seus acabam aqui, mas se uma vez, apenas uma vez eu puder realizar meu desejo! 

Desejou aos céus, respirou fundo, mesmo o ar queimando seus pulmões de tão gelado. 

— KITSUIA EU...

Crash!

Os desejos feitos aos céus não foram atendidos, e mais armaduras pisaram por cima dos sonhos e desejos de Liya.

Um grande exército se formou em alguns segundos como titãs pisoteando a terra.

A mesma armadura de antes chegou perto de Kitsuia e pegou pela mão. — Só me mata logo…

Seu olhar já não expressava emoção alguma.

Ela ficou observando o garoto por alguns segundos. Até jogá-lo ao vento e crist uma lança com as mãos.

Tudo na visão do garoto passava em câmera lenta.

“Então é assim que vou morrer… Não pude ajudar a Liya, não consegui salvar ninguém da escola. Minha vó ficará sozinha sem mim, mas não há o que fazer, no fim de tudo só fui mais um inútil.”

Boom!

De repente, algo bateu no elmo da criatura, estraçalhando-o por inteiro, deixando o jovem cair ao chão de neve.

Um homem forte pousou diante de Kitsuia carregando um taco de metal grosso.

— Você tá só o bagaço, hein, filho — pigarreou. — Nunca foi meu forte trabalhar na com esse tempo de merda, mas fazer o que, né! Eles me pagam pra isso. Haha!

Logo chegou outro homem forte trajando paletó preto com detalhes dourados e uma gravata roxa.

 — Só termine logo, LihYu — reclamou, acendendo o cigarro nas mãos.

Os olhos dele eram pretos com a pílula branca como papel e seu cabelo era arroxeado.

Yeap! Mas aí, se eu fizer direitinho vocês diminuirão minha pena, certo? — O tom de voz de Lihyu ficou agressivo. — Pelo menos, foi esse o acordo.

O jovem animado tinha um cabelo grande, batia nos ombros e era na cor preta, cheio de tatuagens pelo corpo e seus olhos eram castanhos, não aparentava ser muito forte.

— Sim, LihYu. Diminuiremos sua pena naquele lixeiro. Só faça seu trabalho direito e vamos te dar uma pequena sensação de como é ser recompensado uma vez na vida.

— Agora ficou interessante… ! Tá, vamos lá. 

Saltou para cima, observando a cidade sendo tomada pelo grande exército. — Linda… essa visão é LINDA!!!

Voltando para baixo. Outro homem apareceu esse por si só, já ocupava grande espaço.

— E esse garoto, vamos fazer o quê?

Hm? — Olhou para onde pisava. — Leve-o para a ambulância, não sinto mais nenhuma alma viva naquele lugar. 

— Como quiser, Sr! — Começou a puxá-lo.

O homem de cabelo arroxeado assistia de camarote o caos que LihYu causava, indagando-se por alguns instantes.

“Um portal dentro de uma Área Segura? Que belo trauma pro garoto ser o único sobrevivente... Isso, com toda certeza, deve ser coisa da gênesis. O governo ainda não controlou seus ‘ratinhos’?”

──── Floresta simulada, Teste de Grau ────

Kitsuia estava preso numa parede de pedra com boa parte do rosto queimado. Haruke o enterrou naquele lugar com uma força descomunal.

E foi isso que o “matou” há alguns segundos. Dava para ver nitidamente a expressão de surpresa do adversário ao perceber que ainda estava respirando.

— Continua vivo?

O garoto pálido recebeu o golpe diretamente no rosto — mesmo ficando a centímetros de queimar o cabelo —, e as chamas quase consumiram seu corpo esguio por completo. Claramente a diferença de poder era imensa.

Então, no final das contas, o objetivo era apenas ter o nocauteado nesse golpe, fazendo-o desistir de vez; já que queria um motivo para isso.

“Acho que passei dos limites aqui.”

Voosh!

Uma grande avalanche de gelo em sua direção arrancou-o de seu raciocínio. Esquivando por centímetros de receber o golpe completo, e tomando certa distância daquele lugar.

“Que merda é essa!?” pensou Haruke, tentando trazer algum pensamento lógico sobre esse gelo ter aparecido do nada.

Olhou para a direção, no qual julgava ser a origem, quando percebeu do que se tratava ficou boquiaberto com o que viu.

A origem de todo gelo era um garoto tão brancos quanto papel. Cabelo preto e branco, preto na parte de cima e branco na parte de baixo, mas em seu meio turquesa se destacava.

O gelo era levemente sólido, mas qualquer golpe poderia quebrá-lo com facilidade, entretanto seria completamente coberto novamente pela grande quantidade de energia usada para conseguir concentrá-lo e condensá-lo repetidas vezes.

“O que aconteceu com esse moleque?!” 

Ele estava completamente diferente, como se não estivesse consciente das coisas ao seu redor e apenas obedecia como marionete.

Haruke sorriu como maníaco, trazendo o leão de volta ao jogo.

— Já que você quer tanto... Vamos mais uma vez então, Kitsuia!

 

─────── • • • ───────

Nota

Obrigado aos apoiadores que viram esse capítulo antes de todo mundo! Sem vocês, nem teria capítulo.

 

⭐ Saga 

⭐ Duck

⭐ Lahzinha 

⭐ Dri Ander 

🌹 Stuart 

 

Em One Vision você também pode ter acesso a uma Webtoon! Espera... você não sabia disso?

Nosso universo está se expandindo novamente, portais surgem a todo instante e não só isso! Venha descobrir conosco na Webtoon quais serão os próximos passos do primeiro Manhwa adaptado de uma novel brasileira!

WEBTOON

(↑Só clicar em "webtoon"↑)

 Boa leitura!

 

YouTube | Patreon | Carrd | Discord 



Comentários