O Segredo no Luar Brasileira

Autor(a): Moonlight Valley


Volume 1

Capítulo 2: O Vale do Luar

Durante o intervalo, Luna, Chika e as outras garotas conversaram bastante sobre as aulas que haviam tido, até entrarem no assunto de clubes quando Watanabe comentou que praticava vôlei no fundamental e pretendia continuar na equipe da escola.

Eu nunca participava muito dos jogos, mas sempre era escolhida ao menos para ficar no banco de reserva. Espero conseguir jogar mais em quadra esse ano, apesar de ser uma caloura ainda.

Tenho certeza que vai, é só se dedicar um pouco mais, dizem que já é difícil ser escolhido para o banco. — Shindo disse em uma tentativa de incentivar sua amiga.

— Nem sempre. Depende muito da escola e do tamanho do clube, entende? Enfim, e vocês meninas, já pararam para pensar em qual clube vocês vão entrar?

Luna estava pensativa com a pergunta, ela realmente nunca tinha se importado com isso devido às várias mudanças repentinas que fazia com sua família. Ela sempre aplicou para escolas onde os clubes não eram obrigatórios e sempre voltava direto para casa após as aulas. 

Antes de ir almoçar, ainda na sala, a garota escutara um boato sobre um clube antigo que não era tão famoso, mas devido ao seu nome exótico, ela se interessou minimamente a ponto de querer dar uma olhada. No entanto, não teve a oportunidade de comentar nada já que Chika a havia puxado para irem comer.

Ao olhar para sua amiga, Luna percebeu a confusão que se passava em sua cabeça. Por ser muito hiperativa, Chika nunca sabia exatamente o que queria e pelo que lembrava, sempre escolhia um clube no último dia. A garota parecia que iria explodir tentando decidir o que faria naquele ano em específico.

— Chika, se acalme, podemos olhar os clubes após o término das próximas aulas! Temos 2 semanas para enviar a carta de requerimento para entrarmos em algum deles.

— Eu sei, eu sei, mas ainda assim é muito difícil de escolher. Cada clube é único, com suas atividades e membros! Se eu pudesse eu entraria em todos!

— Não faça isso, seria muito desgastante… — Luna sussurrou em desânimo ao pensar no trabalho que isso daria.

 

— Ah! Porque a vida é tão complicaaaaada?!

— Você que a deixa assim, Chii…

— Você é muito agitada Yamada-san. A Luna está certa, você deveria relaxar um pouco. Entrar em todos os clubes é loucura!  — Shindo tentou acalmar a Chika.

(Watanabe) — É também impossível… Acho que vocês se esqueceram disso.

— Ehehe, é verdade

Com este último comentário, todas riram da situação e da cara da Chika, que era de decepção iminente, como se tivessem comido o sorvete que ela deixou na geladeira.

 

--= ☽ ✧ ◯ ✧ ☾ =--

 

Depois das aulas, Luna foi com Watanabe observar o clube de Vôlei, aproveitou e viu o time de Basquete treinar, até chegou a pensar em participar do clube de atletismo depois que viu duas garotas esforçadas correndo no campo da escola. No final de seu tour, ela não achou nenhum clube que a interessava. Pensou até em participar do Comitê da Biblioteca, porém eles estavam sem vagas. Até que, perambulando pelos corredores da escola, ela reparou uma sala solitária perto de outras salas vazias que tinha o nome ‘Clube de Novels’

“Acho que já ouvi esse nome antes.” Pensou Luna, não se recordando de onde exatamente era.

— Bom, que seja… Eu vou olhar as atividades deles. Será que tem alguém? — disse Luna, enquanto batia na porta na tentativa de ser atendida por algum membro do clube.

— Já Vai! 

Quando a porta abriu, Luna foi recebida por uma garota com longos cabelos pretos lisos, possuindo estatura baixa. A sua pele era clara, tendo lábios finos e olhos arredondados roxos que brilhavam enquanto olhavam para Luna.

— Ohhh, uma caloura, o que faz aqui? Já sei, você quer entrar no clube, não é? Não é?

Sem perder tempo, a menina se aproximou tanto de Luna que seus rostos estavam a quase dez centímetros de distância. Luna instintivamente foi para trás, mas a garota continuava se aproximando, até que uma voz de fundo a parou.

— Acalme-se, Senpai. Deixe a garota respirar um pouco.

— A-Ah… Desculpe…

— N-não, sem problemas — Luna comentou meio surpresa com a situação.

“Ela estava muito perto… Meu coração quase pulou…” pensou Luna. Aquela menina parecia, à primeira vista, ser outra garota hiperativa como Chika, ou só estava empolgada com a ideia de um novo membro para o clube, ou quem sabe os dois.

— Desculpe por ela, a Yoshimoto-san é sempre assim.

— A-Ah, sim… Entendi…

Um garoto de cabelos negros, curtos e lisos com uma franja cobrindo parcialmente o olho direito e olhos escuros como a noite, saiu pela porta para receber adequadamente a caloura que acabara de entrar.

— Enfim… Olá, seja bem vin– Luna!?

— Ryuu!?

(Ambos) — O que você está fazendo aqui?

(Yoshimoto) — Você conhece ela, Ryuunosuke-kun?

— Ah, sim. Ela é Luna Gekkou, uma amiga de infância minha. Mas não nos víamos desde o fundamental 1.

Ele se vira para Luna com um olhar presunçoso.

— É estranho como em quatro anos você não mudou nada, continua baixinha e com essa cara de pamonha, hehe! — O garoto solta uma risadinha de canto de boca.

— Que grosseria! Você que é alto demais! Hmph! Sinceramente nem sei como conseguiu chegar ao ensino médio. Você só pensava em jogar videogames o dia todo…

Eles costumavam passar bastante tempo juntos quando eram menores porque os pais deles se conheciam. Frequentemente os dois brincavam juntos e quase sempre acabavam em briga. Uma relação fofa era vista de fora pelos adultos, mas não era assim para Luna e Ryuunosuke. Na verdade, eles tinham uma relação arisca, e isso parecia permanecer mesmo depois de uma grande passagem de tempo sem se verem.

(Yoshimoto) — Hmmm, que richa que vocês tem hein… Parecem até–

— Nem ouse terminar essa frase! — Ambos falaram o mesmo.

Eles pareciam irritados, como se já tivessem ouvido esta mesma provocação várias e várias vezes ao longo dos anos. Os dois estavam levemente corados.

(Yoshimoto) — Viu, vocês estão até em sincronia hehe~.

— Colocando a sua opinião ruim e insensata de lado, Luna, essa é Yoshimoto Eru do terceiro ano. Ela é a presidente desse clube de Novels. Acho que podemos deixar você entrar. Mesmo baixinha, até que você tem uma cabeça boa…

Luna não gostou muito desse último comentário. Ela inchou a bochecha, murmurou e se virou de costas para Ryuu.

— Pois fique sabendo que eu não vou entrar se continuar falando coisas desse tipo…

(Yoshimoto) — A-Ah! Não ligue para o que esse cabeça oca diz… O que acha de conhecer o clube antes de tomar qualquer decisão? Hein?

— Parece cativante… Só por ele ter se juntado já me deixa intrigada em querer saber o que vocês fazem aqui… M-mas antes, eu realmente preciso perguntar uma c-coisa…

Luna parecia nervosa ao pronunciar a última frase. Ela estava mexendo seus dedos inquietantemente enquanto olhava para os lados da sala.

— Nã-não me entenda errado… O-o quê eu quero perguntar é… Se tipo–

— Pare de enrolar e fale logo…

— Tá bom! Calma Ryuu, não me apresse! Eu só queria saber se só tem vocês de membros no clube ou se tem mais gente…

— Só tem nós dois, por quê?

— Na-nada não… Só, curiosidade mesmo.

Luna sentiu um pequeno incômodo ao ouvi-lo dizer isso, mas não entendeu muito bem o porquê, e nem por que ela queria tanto saber quantos membros tinham… Foi mais como uma pergunta instintiva.

Lentamente a garota levanta a cabeça e aceita entrar no clube para dar uma olhada. Ryuu parecia confuso com a situação.

Enquanto isso, Yoshimoto olhava para aquilo com um sorrisinho, e murmurava para si: — Ahh vou ter que ficar de vela nesse clube…

— Hum, disse alguma coisa, Senpai?  — Luna pensou ter ouvido algo enquanto entrava no clube.

— Ah, n-não, nada! — Yoshimoto balançou um pouquinho a mão e logo as abaixou.

Após se sentarem adequadamente, Ryuu trouxe três xícaras de chá de erva-doce para tomarem enquanto conversavam. Com isso, Yoshimoto começou a contar uma história bem velha.

— Então, Gekkou-san, há 25 anos atrás três titãs surgiram nessa escola, sendo eles Daisuke Tanimura, Yoru Gekkou e Aoi Mizusawa– 

— E-Espera… Por acaso disse ‘Yoru Gekkou’…?

— Escute e depois pergunte…

Yoshimoto parecia bem insatisfeita e seu amigo não parecia estar tão surpreendido quanto ela, que já teria ouvido esta história um milhão de vezes. 

A pequena Luna parecia mais confusa do que nunca, mas acabou cedendo para ouvir a história. De qualquer modo, ela pretendia falar com seu pai quando chegasse em casa.

— Tanimura-san fundou o Clube de Novels com o intuito de ler e apreciar, em geral, as novels.  Após um ano, Gekkou-san e Mizusawa-san entraram no clube, pois tinham o mesmo gosto por Light Novels, e juntos conseguiram chamar a atenção de várias pessoas. 

— Mas, se chamou tanta atenção das pessoas, por que ele ficou desconhecido? — Luna perguntou.

— Ah, enquanto a isso, muito tempo passou e infelizmente como o clube foi passado para outro aluno que sozinho tentou mantê-lo, mas não deu certo, o conselho o fechou.

— Oh, que pena… mas e vocês o que fazem no clube agora?

— Atualmente o Ryuu quer tentar salvá-lo, então aceitei juntar-me e me tornei presidente dele, já que o garoto aqui é péssimo falando com pessoas, tornando complicado para explicar as atividades, principalmente ao Conselho quando precisamos de apoio… hehe~

— Ohhhh.

— Não é só isso, Daisuke-san disponibilizou algumas reviews na internet. Claro, não sozinho. Gekkou-san e Mizusawa-san, além de outros que entraram depois, fizeram isso.

— Então quer dizer que meu pai e o Tio Dai estudaram na Sakuraen no passado e criaram esse clube?

— Agora que parei para pensar, seu sobrenome é Gekkou também. O que significa que você deve ser filha de Yoru Gekkou, não é?

— Sim, eu sou.

— Que maravilha! Temos os filhos de dois dos primeiros integrantes do clube aqui! 

Luna parecia estar absorta em tanta informação, alguma coisa dentro dela não parecia certa. Porém, apenas seguiu ouvindo a presidente falar deliberadamente sobre o clube. Ela era realmente boa nisso, parecia a inimiga número um da timidez.

Assim continuou por um tempo, até que finalmente acabou, e Ryuu perguntou depois um intervalo:

— Então, Luna, o que achou?

Ele a olhava com a cara mais esperançosa que conseguia fazer. Por outro lado, Luna tentava entender porque ele a encarava como se fosse o fim do mundo. Então ela decidiu falar para evitar os questionamentos em sua mente sobre o que o Ryuu estaria pensando naquele momento.

— Eu ainda tenho muitas perguntas, mas existem coisas que somente outro alguém poderá respondê-las para mim… —  “Preciso conversar com meu pai sobre isso…” Luna pensou consigo mesma.

— Então… Gekkou-san, você vai navegar conosco nesse mundo perfeito de novels?

— Eu… ainda não sei direito–

— Eu quero muito que você entre. Estou curiosa sobre que tipo de leitora você é, e que obras gosta de acompanhar!

Tirando a distância em um piscar de olhos, Yoshimoto estava a dez centímetros do rosto de Luna novamente, com seus olhos roxos brilhando ao ter curiosidade.

— Yoshimoto! Distância! Você realmente não deveria fazer isso com qualquer um que encontrar… Tem pessoas que não aguentam toda essa proximidade.

— Eeeh… Ah, Ryuu, relaxa! Estar perto assim me permite ver claramente o sentimento dos outros. Você sabe, os olhos são a janela da alma!

Com um olhar travesso, se afasta na de Luna e aproxima-se de Ryuu, direcionando o ataque ao garoto, que corou levemente, mas agora com mais intensidade do que da primeira vez. Percebendo isso, Luna os aparta com suas mãos, visivelmente irritada.

— Aahh, p-pelo visto vocês dois só vão cair em problemas sem uma pessoa responsável nesse clube! T-tendo isso em mente, v-vou entrar para ajudar vocês!!!

— Ahhhhh que bom!

Yoshimoto parte para o ataque com ‘Abraço’: é super efetivo. Luna apenas aceita e a abraça também sabendo que não há escapatória, ela havia aprendido isso com Chika anteriormente. Era forte demais para a pequena Gekkou-chan.

— Já posso começar a te chamar de Luna, né Luna?

— Ehhh, c-com você tão perto assim não tem como eu recusar, Senpai.

Luna parecia estar sendo sufocada e começou a dar batidinhas de leve nas costas de sua veterana que ao perceber desfez o abraço apoiando ambas as mãos nos ombros dela. Seu olhar transmitia confiança, travessura e felicidade;

— Estou tão feliz agora que tenho uma kouhai fofa que posso abraçar a todo momento, não só um garoto chato que fica reclamando toda hora!

— Ei, eu ainda estou aqui… — disse Ryuu, incomodado.



Comentários