Volume 2

Capítulo 76: A Tristeza De Maria.

Seol não conseguiu aguentar Maria o perturbando e se forçou a ficar de pé. Ele carregou Mikhail e Chohong, enquanto Maria carregou Veronika para fora da caverna subterrânea.

Eles eventualmente deixaram a região das colinas para o lugar de seu acampamento inicial. Só então ele sentiu que tinha sobrevivido um encontro mortal. Lagrimas ameaçaram cair, mas ele suprimiu.

Entretanto, Maria chorou. Apesar de sua maneira de falar ser áspera, no fim, ela ainda era um humano como ele. Seol sentiu um senso de proximidade dela e formou um sorriso quieto.

— Por que você está sorrindo?! Vá se fuder, é divertido ver alguém chorar?

— …

Acontece que as lagrimas de tristeza dela eram pelo crucifixo que ela sacrificou na cerimônia. Ela disse algo sobre isso ser um item que dinheiro nenhum poderia comprar, mesmo se o custo fosse fatorado em equação.

Maria perdeu seu artefato valioso, e a aparência dela estava além de bagunçada. Talvez fosse obvio que ela começaria a chorar por causa de seu estado.

— Mas pelo menos nós conseguimos solucionar o mistério. – Seol tentou consolar ela com palavras.

— Por acaso fama coloca comida na mesa?

Ela então começou a apontar dedos acusadores e suspiros de lamentação seguiram.

— Eu não deveria ter vindo com vocês, se eu soubesse que algo assim iria acontecer, esqueça 15 moedas de prata, eu não diria sim nem por 150.

Mas Seol tinha algo a dizer sobre isso.

— Bem, se você tivesse ficado do meu lado durante a votação…

— Eu não sabia que as coisas seriam assim!

Maria agarrou a gola dele e começou a balançar ele como se estivesse louca. E então gritou.

— Por que!? Por que você não me persuadiu melhor?!

Ela não estava pensando direito mais, respirava como um boi bravo, então se levantou e foi para onde estavam Mikhail e Veronika dormindo tranquilamente e os chutou várias vezes.

“…Ela pirou de vez.”

Seol suspirou cuidadosamente e tirou a atenção dela. Ele direcionou seu olhar preocupado para Chohong. De alguma forma, o cabelo dela continuava com traços de prata brilhante até agora. Com esse visual, ela parecia uma pessoa diferente. Ela estava muito bonita enquanto dormia parecendo uma deusa.

O jovem alisou o cabelo da guerreira adormecida e no processo deitou-se ao lado dela. Ele adormeceu e quando abriu os olhos já era manhã, percebeu que tinha esquecido de ficar como vigia, algo que nunca deveria ter acontecido, mas estava cansado demais e não pôde evitar.

Os primeiros a acordar foram Mikhail e Veronika, que inicialmente estavam confusos e incertos do que tinha acontecido, mas depois Seol explicou a situação os fazendo entender o que aconteceu. Eles começaram a rugir de raiva quando ouviram que Gierszal escolheu fugir quando eles ficaram incapacitados.

— Gierszal, aquele filho da puta…!

Mikhail bufou com a face vermelha de raiva.

— Aquele bastardo fudido. Nós iremos ver! Eu irei dizer a todos, não apenas em Haramark, mas em todo lugar do Paraiso, para ter certeza que ele seja evitado por todos.

Como os mais velhos dizem, noticias ruim andam a galope. O impacto de um rumor será assustador. Nenhum terráqueo aceitaria alguém que abandonou o time no meio de uma batalha.

Seol também faria o mesmo que Mikhail, apenas não é mais necessário.

— Você não precisa fazer isso.

— O que? Por que não?

— Ele já está morto.

Só em pensar no ocorrido o lanceiro ficava irritado. O ‘Ninho’ absorveu o corpo do fugitivo e se recuperou do ferimento fatal que Chohong e Maria conseguiram ao apostar as vidas. Se sua ‘visão futura’ não tivesse ativado a tempo, eles já estariam mortos.

— Bem feito para ele.

— Que bom que aquele arrombado morreu.

A reação dos dois estava fora do esperado por Seol. Eles eram camaradas que trabalharam juntos por um tempo. Em vez de sentir amargura ou simpatia, eles estavam aplaudindo em celebração. Mikhail viu a reação do jovem e falou.

— Não precisa se sentir triste por um bastardo assim, sabe?

— Não, não é que eu esteja me sentindo mal por ele.

— Ele foi quem jogou nossa confiança no lixo, violando um dos taboos do Paraiso. Se ele estava planejando agir por si, por que se dar ao trabalho de entrar em um time? Por que não saiu por aí sozinho então?

Essas palavras certamente não estavam erradas. Ele fechou a boca e silenciosamente observou a reação do jovem e então juntos as mãos em uma posição de suplica.

— Desculpe-me. Não falo apenas por causa de Gierszal, mas você estava certo. Não deveríamos ter entrado, mas ficamos cegos pela ganância e …

Veronika abaixou o olhar como se não tivesse como se defender.

Para ser honesto, esses caras não estavam nos padrões do líder. Comparando com a expedição anterior, eles faltavam em muitas áreas. Samuel e Veronika não deveriam ser mencionados na mesma categoria, a diferença era tanta quanto a distância entre o céu e a terra.

Mas ainda assim, esse foi o time que ele conseguiu reunir. Esses dois fizeram o melhor que podiam. Pelo menos não fugiram com o rabo entre as pernas como o outro, então certamente conta algo.

Talvez foi por isso que Seol conseguiu rir.

— Está tudo bem.

O time recolheu a bagagem e voltaram para o vilarejo. Só restava um problema, Chohong ainda estava inconsciente.

Mikhail sentia-se mal pelo que aconteceu e fez a sugestão, com boa vontade, de que ele carregasse a bela adormecida, mas Seol imediatamente rejeitou. O lanceiro ainda não estava plenamente recuperado, mas ainda a carregou sem reclamar. Na verdade, ele não queria deixar outro homem tocar nela.

O time precisou de duas horas para voltar para a vila. A primeira coisa que fizeram ao chegar foi alugar o maior quarto da estalagem. Os outros podiam estar bem, mas Maria e Chohong estava em urgente necessidade de descansar.

Mikhail saiu a procura de carruagens e Veronika, após ordens de Maria, foi procurar uma refeição gostosa.

Seol também sai, ele ainda tinha um ultimo assunto para resolver antes de sair do Vilarejo Ramman. Ele chegou em uma casa, bateu na porta e ouviu uma voz dizendo para entrar. Assim que entrou viu o velho dono da casa, que não era outro senão o chefe do vilarejo.

— Como vai a missão?

Ele nem se deu ao trabalho virar o assento para perguntar isso.

— Está resolvido. Os mutantes não vão aparecer mais.

O jovem percebeu a expressão do chefe do vilarejo enrijecer por um breve momento.

—… Eu deveria agradecer a você. Entretanto, foram apenas um dia ou dois desde nosso ultimo encontro, ainda você parece bem mal. Eu imagino que os mutantes eram bem fortes…

— Você não nos viu lutar, ainda assim sabe tanto. – Seol sorriu brilhantemente e manteve o olhar trancado no ancião na frente dele. — Bem, um mago famoso como você facilmente consegue deduzir o que aconteceu.

O chefe se manteve inexpressivo. Ele simplesmente permaneceu na cadeira, seus olhos fechados. Parecia como se estivesse nadando dentro do mar obscuro de seus pensamentos. Permanecendo assim por um bom tempo. Apenas quando o jovem teve a impressão de que o tempo havia parado, o velho finalmente quebrou o silencio.

—… Você o matou?

— Sim.

Inesperadamente, a reação do velho foi tranquila. Ou estava mais próximo de uma mistura de alivio e tristeza? Até mesmo parecia que um peso tinha saído de seus ombros.

— Entendo.

Mesmo sua maneira de falar se tornou breve, mas a mudança foi tão natural que Seol não se incomodou.

— Foi como eu esperava. Anteriormente, quando você começou a falar dos centros de pesquisa, eu comecei a suspeitar. Talvez você estivesse testando as águas porque já sabia quem eu era.

—Eu não vou negar isso.

— Como você descobriu? As informações sobre minha identidade deveriam ter sido expurgadas a essa altura.

— Antes de eu responder, tem algo que gostaria de perguntar primeiro.

O chefe não disse mais nada. Seol puxou uma cadeira próxima ao velho e sentou-se.

— Primeiramente… – O jovem tomou um momento para organizar seus pensamentos e fazer a pergunta. — O que exatamente era aquela caverna? Um laboratório?

— Um laboratório você diz…, de certa forma, sim. Na verdade, estava mais próximo de ser um esconderijo.

Seol concordou, fazia mais sentido chamar aquilo de esconderijo.

— Você criou um esconderijo perto do seu vilarejo.

— Eu disse que um lugar como esse teria que ser construído, mas não foi eu quem construí e sim foi construído para mim.

— Construído para você?

Seol inclinou a cabeça. Esse velho queria tentar sofisma com ele agora?

— O esconderijo foi construído pelos moradores da vila.

O que ele queria dizer?

— Você implica que os residentes são seus cumplices?

— Cuidado com o que diz. Essas pessoas estão tentando sobreviver, então como poderia ser visto como crime?

O homem só fez essa simples reclamação. Um jeito de sobreviver você diz. Seol ponderou sobre essas palavras e reorganizou os pensamentos novamente.

— Então você escapou do ducado após o fechamento do projeto e se assentou nesta vila. Após isso, você continuou com sua pesquisa. Os adultos do vilarejo de alguma forma descobriram e decidiram ajudar você.

— Você não é inteligente? Eu não desgosto de caras inteligentes como você.

O chefe da vila sorriu esplendidamente.

— Bem, nossos interesses se alinham bem. – Ele então suspirou suavemente e continuou — Eu quero um retorno glorioso e os aldeões querem meios para defender a vila de uma possível invasão. Entendeu?

O Vilarejo Ramman localizava-se próximo a fronteira. Para simplificar, os aldeões queriam alguma maneira de se defender de uma invasão parasita que podia acontecer a qualquer momento. Considerando esse ponto, não era como se o jovem não conseguisse entender o ponto de vista dos moradores do vilarejo, mas…

— Mas, mesmo assim, estou surpreso pelos aldeões decidirem ajudar assim. Especialmente com tantas crianças por aqui.

— O que eu posso dizer? Nós estamos em tempos obscuros. Não há certo ou errado quando se trata de sobreviver. Nesse mundo, independente de ser um homem justo ou um mal, você terá que se unir e juntar os recursos para sobrevir. É assim que as coisas são.

— Mas eles não poderiam apenas se mudar?

— É difícil abandonar a terra que você chama de lar por décadas…bem, eu não vou dizer algo genérico assim. – O homem deu um sorriso amargo. — Mas a verdade é que eles não têm para onde ir. Nós não vivemos na fronteira porque gostamos disso.

— Foi recusada a entrada de vocês na cidade?

— Se estamos falando de simplesmente entrar, não, não é difícil na verdade. Entretanto, é se assentar parte do problema. Não chega ao ponto do assassinato. Afinal, independente da cidade ou castelo, sempre há um limite de quantas pessoas aguenta. Já é uma dificuldade acomodar todos vocês terráqueos, então como eles podem dar atenção a gente como nós?

A voz do homem parecia espinhosa aos ouvidos do jovem.

— Mas isso não quer dizer que planejamos sentar e esperar a morte. Se você é um ser humano, então você quer sobreviver a qualquer custo. As pessoas da vila não são exceção. É por isso que me aceitaram.

Da maneira que o homem falava, parecia mais que estava tentando proteger a vila, em vez de culpar os aldeões. Então Seol fez a próxima pergunta.

— Você teve sucesso nos seus experimentos?

— Não, eu falhei.

A resposta imediata do ancião estava carregada de remorso.

— O Império sabia os problemas com o projeto. Não, eu também sabia, mas estava me iludindo com um sonho vazio, pensando que não poderia deixar terminar assim.

— Problemas, você diz…

— Não é apenas um ou dois. Você precisa de muito tempo para um ‘Ninho’ se transformar em uma força de combate confiável, tem um limite de quanto você consegue controlar ele. Eu deveria dizer que a eficiência é ruim?

O homem respondeu, antes de jogar a pergunta para ele.

— Você me perguntou isso, não? Por que o nível do time que eu solicitava subia sempre.

— Sim,

— Eu fiquei um pouco assustado com isso, mas a resposta é bem simples. Eu queria que o ‘Ninho’ aprendesse.

— Aprender?

— Um ‘Ninho’ recém nascido não é diferente de um bebê. Os parasitas possuem uma cadeia única de comando com a rainha estando no ápice da hierarquia, servindo como centro de tudo. A coisa toda é como uma teia de aranha. Os papeis são designados e a informação transmitida de um para o outro, mas não importa o quanto nos pesquisássemos, ainda falhamos em descobrir o funcionamento interno da organização deles.

Agora que Seol pensava sobre isso, os mutantes nascidos do ‘Ninho’ estavam mais próximos a humanos em aparência, diferente de como ‘Medusa’, ‘Insetos’, ou até mesmo ‘Baratas’ pareciam. Genuinamente curioso ele continuou suas perguntas.

— Nesse caso, soa como se os experimentos não foram uma falha total, certo? Isso agora prova que o ‘Ninho’ aprende, então se o Império seriamente intensificasse seus esforços, não conseguiria reduzir o tempo de gestação?

O homem piscou como se não esperasse ouvir isso, mas rapidamente formou uma expressão amarga.

— Eu não disse? Tem um limite de quanto controle podíamos exercer.

Ele lentamente levantou e trouxe uma pequena caixa de algum lugar. Ele a abriu para revelar uma obscura pedra escura do tamanho de um punho de uma criança.

Seol olhou com interesse, pensando que parecia uma gelatina preta.

— Isso é?

— Isso é ‘Ródio’. Pode-se dizer que é a essência da alquimia. Apenas pense nisso como o núcleo usado para controlar o ninho.

— Tal coisa é realmente possível?

Os olhos de Seol brilharam. Talvez achando o interesse dele não indesejado, o velho começou a rir suavemente.

— Se você quer saber, eu vou dizer. Se seu conhecimento de engenharia mágica for pelo menos um quarto do que eu sei, então estou confiante de ensinar a você em sete dias.

— … E se eu não tiver esse conhecimento?

— Por favor, poupe esse idoso. Eu não quero passar meus últimos momentos ensinando a você.

O homem respondeu rapidamente. Ele olhou para a caixa e suspirou.

— E só resta isso. Eu tentei conservar o máximo que conseguir…

— É impossível controlar o Ninho sem esse minério?

— Sim. Não apenas o processo de manufatura é difícil, mas a própria fonte do minério que serve como base é como tentar coletar estrelas do céu. E acima disso, é um item que é consumível.

O homem parou nesse ponto. Seol não precisou ouvir o resto para ter algumas hipóteses. E continuou.

— Você usou o ródio restante para controlar a criatura e continuar a pesquisa?

— Isso.

— E por nossa causa, a esperança do vilarejo desapareceu.

— Não, não é assim.

O velho balançou a cabeça.

— A pesquisa falhou faz tempo. Eu não os estou culpando.

— Você também não pensou em desistir.

— Se eu não tiver escolha no assunto, tudo bem. Mas eu odeio a ideia de desistir quando já cheguei tão longe.  Está tudo bem para eu ser um tolo obstinado. Essa é minha razão de qualquer forma.

— …

— Auto reprovação não funciona e apenas me faz parecer mais miserável que já sou, então me poupe disso. Mais alguma coisa?

— Eu tenho mais duas perguntas.

O velho gesticulou para que ele fosse adiante.

— A entrada escondida na colina não tinha traços de uso nos anos recentes. Entretanto, meu arqueiro me disse que tinha traços de pessoas na caverna.

— Isso é simples. Você não pensou na possibilidade de uma entrada secreta para evitar os olhos dos arqueiros?

O homem sorriu e bateu no piso da casa com os pés.

— E o que mais?

— O que você planejava fazer quando o material de controle acabasse?

— Eu planejava me entregar para o reino. Entretanto, eu sabia que ainda tinha material para dois usos a mais.

O velho respondeu diretamente. Seol concluiu que já tinha informações o suficiente. Ele se levantou, apenas para ver um bolsa vindo em sua direção, ao pegar ouvir sons metálicos. Era a recompensa da missão.

— Eu deveria entregar isso a você primeiro. – O chefe gravemente abriu a boca e continuou. — Então, o que acontece agora?

—… Hmm, eu não sei.

— Você vai me matar? Ou, alternativamente, você vai me reportar para a realeza e ter um mandado de prisão?

Seol olhou o velho rindo. Sendo honesto, ele foi a casa para satisfazer a curiosidade, ele não pensou no que fazer depois disso. Certo, Chohong se machucou seriamente, mas, para ele, era difícil culpar o velhote por isso.

O jovem pensou nas opções disponíveis e fez uma última questão ao velho.

— Chefe. Atualmente, tem uma coisa sobre a qual estou realmente curioso.

O velho soltou um longo gemido.

— Amigo, por alguma chance, as pessoas acham você irritante?

— …

— Tsk. Certo, vá em frente.

— Por que você fez isso?

— Mm?

— Ambos o Império e o Ducado Delpinion foram destruídos. Não havia mais ninguém perseguindo você. Com seu nível de conhecimento, você receberia tratamento favorável em qualquer reino que escolhesse, então porque você escolheu continuar aqui?

O idoso enrolou os lábios, suas mãos com entrelaçadas, seus dedos indicadores batendo nas juntas. Um momento depois, ele respondeu.

 — Porque esse lugar precisa de mim e minha pesquisa. – Um suave sorriso se formou nos lábios dele. — Se for aqui, então eu tenho um lugar para ficar.

Um lugar que precisa dele, onde ele pode ficar. Essas palavras tocaram o coração do jovem.

— … Eu entendo.

O jovem concordou e se virou para sair, essa resposta era o suficiente para decidir o destino do velho.

— Você está indo embora?

— Sim. Ah, pelo jeito, você vai ficar me devendo uma.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu vou ficar calado sobre esse assunto.

— Mas, eu já dei o dinheiro a você.

— Eii, qual é. Isso foi da missão, além disso vamos ser honestos aqui. É muito pouco, não acha?

O velho riu da resposta de franca.

— Eu não me importo de você ser estrito com seus cálculos, mas se estamos jogando justo, você também tem que me dizer uma coisa.

— Sua identidade?

— Como você descobriu tudo?

— Foi um palpite.

— Pare de baboseira.

Seol parecia ter sido descoberto.

— Mm…apenas deixar você saber não me parece certo. Eu tive que trabalhar duro para descobrir tudo afinal.

— Você realmente vai fazer isso com esse homem velho?

— Por que não fazemos assim? Eu dou a você uma dica e você descobre sozinho.

O velho riu, como se estivesse achando o desafio ridículo.

— Hah! Desafiando a mim, o maior gênio do Ducado Delpinion, para um enigma… interessante. Certo.

— Não pode voltar atrás na sua palavra.

— Apenas vá logo com isso.

— Quando tem nove olhos, o que será?

— Nove… o que?

O velho ficou com cara de burro.

Agora que a sua curiosidade tinha sido satisfeita, Seol sorriu refrescantemente para o velho junto com um leve aceno de cabeça e saiu.

O jovem retornou para a estalagem para ser recebido com uma peça de noticia ruim: Mikhail não conseguiu uma carruagem. Mas, novamente, era uma vila pequena, e não tem carruagens com frequência para Haramark. No fim, eles tiveram que ir andando.

O time saiu no meio da tarde. Seol a principio queria esperar Chohong se recuperar, mas também tinha que pensar na condição de Maria, que tinha que voltar logo para o templo para se recuperar.

Eles marcharam da tarde até a noite, até encontrar um lugar adequado para acampar.

O jantar foi bem barulhento. Chohong não acordou, mas a condição dela tinha melhorado notavelmente, suas bochechas voltaram para a cor normal e a respiração estava regular, o que fez com que o lanceiro relaxasse um pouco. De acordo com o diagnostico de Maria, ela iria acordar até o fim do dia.

E então, o time também resolveu o mistério. Como isso poderia ser considerado um retorno triunfante a atmosfera geral estava animada, com exceção de Maria que estava depressiva.

Um tempo após o jantar e o time voltar para as tendas, Chohong finalmente acordou, ela massageou a testa enquanto se levantava do saco de dormir. Descobriu Seol sentado vigiando sozinho, os olhos dela arregalaram.

Após sentir movimento nas suas costas, ele olhou para trás surpreso. Ele pulou do chão e rapidamente chamou por ela com uma expressão de felicidade na cara.

— Chohong!

— O que aconteceu? – ela perguntou confusa.

— Você está…

Seol rapidamente se aproximou dela, mas então um brilho suspeito piscou nos olhos dele. Então tossiu para limpar a garganta e confirmou que estava tudo certo.

— O que você quer dizer com o ‘o que aconteceu?’?

— Onde estamos? Não estávamos na caverna?

— Caverna?

Ele perguntou de volta, como se não soubesse do que ela estava falando.

— Do que você está falando? Você ainda está dormindo? Nós estamos no caminho para o Vilarejo Ramman, lembra?

— O queeee?!

Chohong gritou em choque.

— Nós decidimos assumir a missão do Vilarejo Ramman, lembra? Para subjugar os mutantes e, se possível, encontrar de onde estão vindo.

— Espera. Espera. Esperaaaa.

Chohong franziu o cenho e colocou as mãos nas têmporas.

— Droga…o que está acontecendo aqui? Nós ainda estamos indo para o Vilarejo?

Ela olhou os arredores e as sobrancelhas se torceram. Os sinais de atordoamento eram claros na expressão dela.

Rapidamente, os olhos dela se arregalaram e ela suspirou bem fundo. Os olhos dela confuso começaram a tremer.

— …Então, o que aconteceu…

Volta no tempo? Ou foi um sonho? Ela começou a murmurar como se estivesse tendo uma epifania, e então…

— Ei, vamos voltar.

Ela deu um grande passo na direção dele e falou em uma voz determinada.

— Se nós seguirmos em frente, vamos morrer.

— O-o que? Do que você está falando tão de repente?

— Apenas me escute, certo? Eu sei que o que estou dizendo não faz sentido, e eu também sei como é voltar de mãos vazia, mas, por enquanto, vamos voltar para Haramark. Nós temos que voltar.

— O que? Eu não quero, eu ainda vou em frente. Sabe o quanto eu esperei por essa missão, não sabe?

De repente, Chohong começou a bater no próprio peito em frustação.

— Argh! Desgraçado, você está me deixando louca! Sério, me escute!

Chohong congelou no meio da fala. Ela notou Seol tentando suprimir a risada e falhando.

— Você…?!

Os olhos delas abriram cada vez mais e ela rapidamente agarrou o próprio cabelo para confirmar, notando que era prata, teve certeza.

— Você…

O líder meteu o pé na carreira.

—… bastardo! Eu vou matar você!

Chohong loucamente o perseguiu.

— Ahahahahaha!!!

— Pare! Eu mandei você parar!

O seu pescoço foi pego, e foi jogado no chão de costas. Ela subiu na cintura dele como se estivesse montando em um cavalo.

— Ei, você! Você acha divertido me fazer de palhaça?!

— Eu estou aliviado. – Seol respirou pesadamente antes de sorrir para a mulher acima rosnando para ele. Chohong hesitou após o ver sorrir genuinamente. — Eu estou aliviado que você acordou. Sabe o quanto eu estava preocupado?

— Bem, uh…

 Os olhos dele estavam sérios e a voz honesta carregada de sentimentos. Ela poderia apenas piscar diante do olhar terno dele. Ela desviou o olhar, enquanto o pescoço ficou gradualmente vermelho. Entretanto, durou apenas um momento. A expressão dela afundou e ela gritou a plenos pulmões.

— Como você se atreve a tentar me enganar? Você pensa que eu vou deixar escapar por causa do que falou?!

— E-espere…!!

Kuk!! Ela rudemente agarrou a gola dele e começou a balança-lo como uma boneca de pano. E obviamente a comoção causada acordou todo o time.

— Keuk! Pare, paaaare!

— É melhor você ficar parado, ouviu?

— Alguém me ajude!!

— Como você se atreve a me sacanear?! Ah??

“Por que está tão barulhento?”

Mikhail acordou e enquanto esfregava os olhos levantou. Veronika acordou antes dele e, mesmo com uma cara sonolenta, tinha os olhos brilhando enquanto espiava para fora da tenda.

— Eu vou ser morto!

— Exatamente! Por que não morremos juntos, ah?! Não se preocupe, eu vou garantir que você morra de verdade hoje!

“Huh? Não é a voz de Chohong?”

Mikhail olhou para fora e suspirou em surpresa. Ele conseguia ver apenas as costas de Chohong, mas também podia ver ela montada em cima de Seol e violentamente balançando o corpo para frente e para trás.

“Brincadeira ao ar livre, é isto…Keuh! Olhe os movimentos dela. Agora isso é algo a mais.”

Mikhail olhou para Seol com inveja. Ele engoliu a saliva e olhou para Veronika. Ela recebeu isso e devolveu um olhar malicioso para ele. Pela maneira que ela sorriu, deu para ver que ela também estava excitada com a ocasião.

E um momento depois…os gemidos vieram de algum lugar ao ar livre e também saiam de uma certa tenta, tornando-se uma harmonia ressoando no lugar.

Maria estava sozinha em outra tenta, e ela estava muito surpresa para voltar a dormir. De fato, ela pensou que podia ver o próprio choque materializar no ar e dançar na frente dos olhos dela.

Eventualmente, ela se afundou no saco de dormir com uma cara deprimida e cobrindo as orelhas.

“…Porra…”



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