O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melo


Volume 2

Capítulo 57: Acalmando Uma Alma (2)

Cai.

A caneta de pena caiu no chão após escrever o último ponto. A única coisa que restou eram dois objetos imóveis.

— Aaaaaiiiiii!! — Pálida, Grace deu um pulo de susto e abraçou o pescoço do Samuel. Até mesmo o líder da exploração estava em silêncio naquele momento.

Todas as outras pessoas ficaram sem dizer nada até que Ian quebrasse o silêncio.

— Teremos um grande problema se entrarmos aí.

O Explorador começou a morder os próprios lábios com força. Apesar daquela tumba não ser tão luxuosa, ela ainda era muito maior do que o normal. Fora que a mulher enterrada ali era a última descendente de uma famosa família, sendo até canonizada como uma santa. O valor dos itens que poderiam ser encontrados ali devia ser bem alto.

No entanto, Seol Jihu usou a Caneta de Pena Consciente para respaldar o argumento de que aquele local era perigoso. Claro, poderia tentar pensar em algum furo no ponto de vista do jovem, mas a questão era que, com essa descoberta, a hipótese do Mago estava ainda mais próxima de ser confirmada.

— Não fiquem tão assustados. É só um espírito irritado, né? Não tem como ser mais forte do que um Lioner, certo? Quero dizer, um feitiço do Alex pode acabar com o problema. — Até que o Explorador não estava errado. O que o Marca de Ouro provou era que havia um inimigo dentro da tumba. Logo, antes de lutar, não tinham ideia da força desse oponente. Seria muito engraçado se recuassem e depois descobrissem que a assombração era fraca.

— Não, eu não acho que esse é o caso — discordou o jovem.

— Você pode nos dizer o motivo? — indagou Samuel, dando um suspiro.

— Antes disso, posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Dylan e Samuel. Por acaso vocês viram os rastros de outras formas de vida além do time do Kahn perto da tumba? Tipo outros monstros ou animais selvagens.

— Como assi… — Não conseguiu terminar a frase. Quando o líder da expedição olhou ao redor, não conseguiu notar a presença de nenhum outro ser vivo.

— De fato, é uma boa forma de pensar — concordou o Arqueiro de Precisão, percebendo o que o jovem queria dizer.

— E não é só isso. De acordo com o que o mestre Ian nos contou, um famoso Sábio também veio para esse lugar.

Oho. Cálculo inverso, não é? Sim, nós podemos deduzir a força do espírito vingativo a partir do poder da magia defensiva que foi conjurada aqui — disse o Mago, balançando a cabeça como se conseguisse enxergar uma lógica naquele ponto de vista.

Quando percebeu que os outros membros do grupo estavam começando a serem convencidos, Samuel ficou surpreso. Seol Jihu era apenas um Nível 1, mas mesmo assim demonstrava saber muito sobre como o Paraíso funcionava, assim como tudo que ele falava tinha um sentido. Parecia que estava de frente com um terráqueo que já havia participado de inúmeras expedições.

“Sério, quem é esse cara?”

— Acho que entendi aonde você quer chegar — falou o Explorador. — Seol, eu admito que o que você disse faz sentido, mas será que você não está apenas externalizando uma opinião baseada apenas em hipóteses?

— Samuel.

— Nós temos certeza que uma mulher de status elevado da época do Império está enterrada aqui e que há um inimigo lá dentro. Contanto que eliminemos o oponente, podemos pegar todos os itens da sepultura e retornar triunfantes para Haramark. Estou falando de coisas muito valiosas do antigo Império, não de qualquer outra coisa.

— Sim, mas…

— É claro que você pode estar certo, mas, mesmo assim, eu ainda quero entrar na tumba mesmo depois de considerar a informação que você trouxe. Esta é a minha opinião como líder da expedição.

Uma expedição sempre estaria acompanhada de perigo. Não sabia o que dizer, apenas sentia o seu interior borbulhando.

— É o que ele diz. Mas o que você pensa? — Percebendo que o jovem estava quieto, Ian entrou na conversa.

— Oi?

— Samuel acredita que devemos arriscar e enfrentar o espírito. Porém, você está pensando em uma solução diferente, então gostaria de ouvi-la.

“Ele está tentando me ajudar?”

Por alguma razão, parecia que o Mago estava concordando com o que Seol Jihu disse. Contudo, ele estava contornando a situação ao levar em consideração as palavras do líder da expedição.

“Merda, ainda está preto. Se entrarmos, é provável que todos nós morreremos.”

Já teve uma experiência com o “Escape Imediatamente” antes, quando estava na Zona Neutra. Pensar em o quão perto esteve de morrer naquela ocasião ainda o dava calafrios.

Se ficasse parado sem fazer nada, sem dúvidas, precisaria entrar na tumba. Não, entrar nela já era algo quase inevitável, pois Samuel havia expressado a sua enorme determinação para continuar.

“O que você quer de mim?”

Como uma última tentativa desesperada, podia se recusar, mas, ao pensar nas consequências dessa ação, achou que não seria uma boa ideia.

Então, o que devia fazer?

A melhor opção era recuperar os itens da tumba sem causar ódio no espírito. Porém, não conseguia pensar em um bom jeito para fazer isso.

“Uma solução diferente, uma solução…”

“Sabe, mulheres são mais emotivas. Diferente de nós, homens.”

“Que porra. Por que estava pensando no que Hao Win disse?

Foi então que uma possibilidade passou a circundar a sua mente.

— Eu gostaria de abordar o problema de uma forma diferente. — Quando começou a falar, os olhos de Seol Jihu, antes confusos, começaram a se acalmar, fazendo com que Ian ficasse animado. — Essa mulher que foi obrigada a casar por motivos políticos e que foi enterrada não fez nada de errado enquanto ainda vivia. Não adianta mais dizer que nós somos empáticos em relação a ela ou que toda essa situação é injusta.

— Sim, faz sentido.

— Como ela está presa aí por centenas de anos, não posso nem imaginar o quão forte os ressentimentos que ela sente são. Se entrarmos na tumba, todo esse ressentimento será direcionado para nós. É provável que ela tente matar a todos e a si mesma.

— E então?

Seol Jihu engoliu em seco. Sabia que a ideia que tinha podia não fazer muito sentido, mas era a única coisa que conseguia pensar. Como valorizava a própria vida, decidiu se agarrar com todas as forças nesse pensamento.

— Então ao invés de tentar lutar contra o espírito, que tal acalmá-lo no lugar? — Continuou, agora mais determinado.

— O quê? Espera, como assim? O que você está… — Logo depois de começar a falar, Ian levantou uma das mãos, sinalizando para que Samuel ficasse em silêncio.

— Você quer acalmar o espírito? Em outras palavras, você quer o consentimento dele, é isso?

— Mais ou menos isso. Afinal, da perspectiva da mulher, nós somos os ladrões e intrusos.

Hmm, talvez. Só não tenho certeza se ela irá ser compreensível quando um bando de ladrões tentarem obter o consentimento dela.

— Bem, ela já está morta. O que estou dizendo, é que pode ser válido tentar demonstrar um mínimo de sinceridade.

Hmm. Acalmar o espírito… — disse Ian, coçando a barba. Parecia que ele precisava de um pouco mais de tempo para organizar os próprios pensamentos.

— Mestre Ian, eu já ouvi uma história parecida antes — falou Dylan, dando suporte ao Marca de Ouro.

— Acho que Seol está se referindo a um exorcismo. Ouvi dizer que exorcistas não eliminam a alma durante o processo de exorcização, mas, na maioria das vezes, convencem o morto e resolvem qualquer vínculo que ele tenha com o mundo.

— Sim, eu também já ouvi alguma coisa assim — intrometeu-se Hugo. — Um dos meus amigos é especialista em pilhagem de covas, sabe.

— Você deve ter muuiiiito orgulho disso, né? — disse Chohong, rindo.

— Eii, escute até o fim, pode ser? De qualquer forma, antes de pilhar alguma cova, ele sempre faz uma pequena cerimônia.

— Uma cerimônia?

— Sim. Ele oferece alguns pratos de comida e um pouco de bebida alcoólica antes de pedir aos donos das covas para não se irritarem muito. Ele diz que vai usar bem os itens da tumba. Quando acaba, faz questão de deixar tudo do jeito que estava antes. Ele fala que esse é o único jeito de não irritar os mortos.

— A caneta de pena pode ser usada mais uma vez. Então vamos tentar acalmar a alma antes e ver o que a consciência da mulher diz — falou Seol Jihu, agarrando-se na oportunidade que Hugo e Dylan lhe deram ao perceber que Ian mostrava sinais de convencimento.

— Quanto tempo que acalmá-la deve durar?

— Se fizermos uma cerimônia simples, acho que dez minutos serão suficientes.

— Certo. Vamos tentar — concordou Samuel. — Vamos fazer o que você propôs. Dez minutos não é muito tempo. Se, mesmo assim, o resultado não for muito bom, eu gostaria de tentar a minha ideia.

Era esse o limite que o Explorador iria ceder. O Marca de Ouro não falou mais nada, apenas se levantou.

— Tudo bem, e como fazemos essa cerimônia?

— Vamos fazer um rito de uma cerimônia ancestral.

— Rito de uma cerimônia ancestral?

— Sim. Alex? Posso pegar o seu altar emprestado por um tempo? Também gostaria de algumas oferendas, se você tiver.

— Bem, é, eu tenho um altar, mas… — O sacerdote começou a sussurrar algo consigo mesmo. Na verdade, ele parecia bastante cético quanto a essa ideia de acalmar a alma. Do ponto de vista dele, isso não passava de um desperdício de oferendas que não funcionaria.

— Claro, como estou tentando me tornar um Grão Sacerdote, eu faço questão de ajudar, mas, como posso dizer. Eu ainda sou apenas um Sacerdote Investigativo.

— Alex, desiste. Eu te pago quando a expedição acabar.

— Merda. Está bem. — Ele apenas reclamou um pouco e pegou a própria bolsa de um dos carregadores.

— Nós vamos mesmo tão longe? — indagou Clara com uma voz não muito satisfeita. — O que caralhos estamos fazendo? Resolvendo pendências? Tá de sacanagem?

— Clara, por favor, fique em silêncio.

— Me erra. Eu preciso falar o que vocês precisam ouvir. Ei, você. Você sabia que depois de usar as oferendas, elas perdem todo o valor? Será que você não tem o mínimo de empatia com o Alex? Sem contar que ele também já perdeu o artefato que carregava, entendeu?

— Clara! — A voz de Samuel estava ainda mais alta. — Se for assim, Seol também perdeu a arma que tinha. E ele também se dispôs em usar essa caneta de pena.

— M-Mas…

— Pare de ficar reclamando. Eu já aceitei — disse o Explorador, parecendo decidido. Em seguida, ele virou-se para falar com o jovem. — Perdão. Desculpe-me pelo comportamento dela.

Em uma primeira vista, é normal que todos pensassem que o líder da expedição estava de acordo com o ponto de vista do Marca de Ouro. Porém, aquela era apenas uma tática para que, caso essa ideia não desse certo, os outros membros do grupo também cedessem e seguissem as ordens que Samuel tinha planejado.

“Eu só preciso esperar mais dez minutos.”

Chohong e Hugo também encaravam Clara com um olhar impassível enquanto ela ainda tentava se acalmar. Se o Explorador não tivesse intervindo, era capaz dos outros dois terem se pronunciado, afinal, como líder da expedição, ele precisava ficar alerta para quaisquer problemas.

Então, as preparações para a cerimônia ancestral começaram. O altar foi preparado logo na frente da tumba e várias oferendas foram postas nele. Com muito cuidado, a comida foi distribuída em cada prato e até mesmo Hugo, que guardava uma bebida para um dia chuvoso e especial, ofereceu a garrafa para o espírito.

Quando a preparação chegou ao fim, Ian se aproximou do jovem e perguntou: — Tem algo para pensarmos enquanto fazemos a cerimônia?

— O meu pai sempre me disse que um coração sincero é metade de uma cerimônia — respondeu Seol Jihu após pensar um pouco.

— Um coração sincero é metade de uma cerimônia. Palavras fortes.

— Obrigado. Eu sei que pode ser um pouco chato, mas, por favor, dê o seu melhor para participar da cerimônia. O rito em si não é difícil. Você pode consolá-la apenas com pensamentos ou pedir perdão em voz alta, só faça questão de usar bem o coração. — Na verdade, nem mesmo o Marca de Ouro tinha certeza que tudo aquilo iria funcionar. Contudo, como fariam a cerimônia, queria se esforçar ao máximo.

— Bem, então eu começarei a cerimônia com Chohon.

— Chohon?

— Significa chamar a alma dos que já se foram. Bem, pense nisso como parte da cerimônia.

O rito da cerimônia ancestral parecia estar quase pronto. Não era algo muito incomum ali, já que existem membros do alto clero no Paraíso. Porém, levando em consideração o fato de que, dessa vez, o oponente seria um espírito vingativo, toda aquela situação era, no mínimo, bizarra e incomum.

Como havia dito, a cerimônia não durou muito. Em seguida, devia fazer o “Sejan”. Seol Jihu limpou o copo com um pouco de álcool, ajoelhou-se perante o altar e moveu os utensílios para locais diferentes. Em seguida, fez o “Yushik” e depois o Sashin. Por fim, a última etapa da cerimônia, “Bunchook”, consistia em queimar o papel na qual a consciência da mulher estava escrita.

— Nunca pensei que fosse fazer algo assim — murmurou para si mesma Chohong, após o fim da cerimônia.

— Ei, Seol. Posso comer isso aí? — perguntou Hugo, apontando para a comida em cima do altar.

— Sim. Quando a cerimônia acabar você pode.

Ah, então é assim que funciona. Espero que tenha funcionado — falou o Guerreiro.

Agora que tudo tinha acabado, a pressão que o Marca de Ouro sentia tornou-se ainda maior.

“E se não tiver funcionado?”

Para conseguir uma resposta, decidiu ativar o “Nove Olhos”.

“Droga…”

A tumba continuava emanando uma cor preta. Nada havia mudado, mas então…

Argh, cospe! Cospe!! — grunhiu Hugo, cuspindo no chão logo depois.

— Ei, seu merda! Não sai cuspindo assim! — reclamou Chohong, que estava perto dele.

— O-O que aconteceu? Por que a comida tem gosto de merda? — perguntou, olhando para a carne seca que segurava.

 — O que aconteceu com o gosto?

— É tipo mastigar areia.

— Oi? — Não muito convencida com a descrição, a Guerreira Divina decidiu também comer um pouco, fazendo uma careta logo depois de morder a carne seca. — Cospe! Que porra é essa?

— O que houve?

Após ouvirem todas aquelas reclamações, Dylan e o resto dos membros da expedição se aproximaram e experimentaram várias comidas que estavam no altar das oferendas, todos tendo uma reação parecida. A comida não estava estragada, mas, mesmo assim, tinha perdido todo o sabor.

Confuso com tudo aquilo, Seol Jihu decidiu olhar novamente para a tumba, que saiu do preto para o vermelho, do vermelho para o laranja e, por fim, do laranja para o amarelo.

“Atenção Necessária!”

— Mestre Ian! — gritou o jovem.

O Mago já havia puxado um papel da bolsa e estava esperando. Dylan também não hesitou, e já tinha pego um pedaço da vegetação que crescia próxima à tumba. Então, o Marca de Ouro logo amarrou a grama alta na caneta de pena e a posicionou em cima do pedaço de papel. Pouco tempo depois, ela se ergueu.

Aquilo era confusão? Parecia que a caneta hesitou por um longo tempo antes de começar a escrever as palavras. A principal diferença de antes, era que agora os movimentos não eram descontrolados, mas sim cuidadosos. Parecia que quem escrevia estava pensando antes de se pronunciar.

Pouco tempo depois, a caneta caiu no chão. Porém, mesmo assim, ela ainda se movia um pouco, dando a impressão de que queria escrever ainda mais. No entanto, ela logo parou e se transformou em poeira.

“Por favor…”

Já tinha confirmado com o “Nove Olhos”, mas não conseguia se tranquilizar muito pela cor amarela. Engoliu em seco e começou a ler as palavras escritas no papel:

 

Pela primeira vez em muito tempo, eu comi e estou satisfeita. 

Vocês me entendem? Mesmo? Mesmo? Mesmo? Mesmo? 

Certo esses desgraçados são ruins e eu tenho ressentimentos mas também quero ser consolada e isso é injusto

Obrigada por me entender homem do cabelo negro muito obrigada mesmo  

Pode entrar e pegar o que quiser eu não preciso daquelas coisas mesmo 

Ah não encoste nas minhas recordações próximas do meu caixão recordações por favor 

 

A letra estava quase ilegível, mas eles tinham conseguido entender a mensagem.

Como isso… — Samuel estava boquiaberto. — Eu não acredito.

As chances eram meio a meio. Aquela situação era algo inédito até mesmo Ian, que já tinha experienciado todos os tipos de coisas.

— Algo assim é digno de um relatório para a Torre Mágica. Sério, quem é você? — perguntou o Mago, com um olhar que não demonstrava mais surpresa, mas sim respeito.

— Seol, estou muito curioso sobre um negócio — falou Hugo, rindo e encarando o jovem. — Quem era você na Terra?

O Marca de Ouro fingiu não escutar aquela pergunta. Não podia contá-los nada ainda.

— Essa expedição está cheia de surpresas. Estou aprendendo muito — disse Dylan, balançando a cabeça.

Seol Jihu havia sido empático com a situação. Estava se sentindo muito feliz depois da ideia ter dado certo, mas, ao mesmo tempo, também sentia-se triste pelo espírito.

“O quão sozinha e assustada ela estava? Ela se acalmou tanto apenas com a cerimônia…”

Foram as circunstâncias que a levaram para a escuridão. Será que ela era gentil e terna antes da morte?

“Se eu tiver a oportunidade…”

Até mesmo pensou em ir ali uma ou duas vezes no ano para realizar a cerimônia. Com esse pensamento em mente, começou a desmontar o altar.

A dona tinha consentido, então o que restava agora era entrar.

 

***

 

Abre…

Após abrirem a porta principal e, com muito cuidado, os membros da expedição entraram no altar. Como o ambiente estava escuro, Ian usou magia para iluminar o local.

A arquitetura era bastante complexa. Continuaram andando por um corredor até encontrarem outra porta. Depois dela, havia uma outra espécie de ambiente. Com muito cuidado, Samuel entrou primeiro. Porém, logo ele parou de andar.

— Wow!!

— C-Caraca! Como?! — Alex também estava surpreso.

O novo ambiente tinha um diâmetro com cerca de 20 metros. O teto, um pouco arqueado, tinha, no mínimo, cerca de 4 metros de altura. Porém, o que mais chamou a atenção de todos foram as jóias que circundavam as paredes.

No entanto, os sarcófagos, localizados no topo de um altar no meio daquele ambiente, eram os itens que mais emitiam brilho. O da direita não tinha nada muito chamativo, mas o da esquerda era algo que podia deixar qualquer um incrédulo. Ele não era apenas feito de um mármore da mais alta qualidade repleto de esculturas, a sua decoração também continha um tecido vermelho bordado com ouro. No topo de tudo isso, havia uma linda espada e um belo escudo.

A decoração não se resumia a apenas isso, pois também haviam diversos itens que emitiam um brilho intenso dispostos ao redor do sarcófago. Eram brincos, anéis, alguns tipos de moedas e tokens e outras coisas que ninguém tinha visto antes.

Todos os itens ali eram belíssimos e emanavam uma intensa força mágica — era provável que fossem os artefatos do Império Antigo que Samuel tanto queria.

— Incrível! Ei, cara! Quanto você acha que isso aqui deve valer? — indagou o Explorador enquanto pegava uma flor da parede. Ao olhar com mais cuidado, era possível perceber que aquela flor, na verdade, era esculpida com diversas jóias. — É muito raro encontrar esculturas com jóias tão preciosas assim hoje em dia. Porra, dá pra pedir qualquer preço por isso aqui pra um entusiasta — respondeu Dylan. 

— Aquilo, aquilo ali é… — Desde que chegaram na câmara, Alex não conseguiu desviar o olhar do sarcófago à esquerda. Sendo mais preciso, ele estava encarando um item do tamanho da palma de uma mão que estava no topo do caixão.

— Alex? — Quando Seol Jihu deu leves tapas no ombro do Sacerdote, ele tremeu e abriu a boca.

— Seol, Seol. Consegue ver aquilo ali?

— O que foi?

— S-Sabe, aquela coisa? Se aquilo for o que eu estou pensando, estamos de frente para algo incrivelmente raro e incrivelmente caro. É o equipamento dos sonhos para um Sacerdote — falou Alex, fechando os olhos e começando a rir de felicidade.

Hehe. E você é conhecido como um Sacerdote, Alex — Ian riu, se aproximando. — Acho que você está certo. A maioria dos itens na esquerda são coisas de Sacerdotes. 

— Como eu pensei.

— Os itens utilizados em um enterro são os que os mortos costumavam usar quando estavam vivos. A mulher que morreu aqui não é apenas a filha de uma família famosa, mas também uma santa canonizada, então faz sentido. É por isso que os dois sarcófagos são tão diferentes.

Enquanto ouvia a explicação do Mago, Alex apenas balançava com a cabeça. Ele não parecia interessado em mais nada naquele momento.

Aqueles itens eram incríveis, mas o espírito não havia permitido que tocassem nos que estivessem ao redor do caixão.

“Vai ser mais do que suficiente pegar as coisas das paredes.”

Seol Jihu viu Chohong e Hugo analisando o caixão na direita, mas não os deteve. Estava com o “Nove Olhos” ativado. Com exceção dos itens na esquerda, todos os outros emanavam um brilho verde. Em seguida, uniu as duas mãos e ofereceu uma oração para o sarcófago contendo a mulher antes de voltar a sua atenção para as paredes. Os outros membros da expedição estavam muito ocupados pilhando o local.

Depois de um tempo, a maioria dos itens das paredes já tinham sido pegos. Foi então que aconteceu.  



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