O Retorno da Gula Coreana

Tradução: Teverrr

Revisão: Melão


Volume 1

Capítulo 10: Os Diferentes Tipos de Pessoas (1)

Logo depois de Seol ficar em posição de ataque, com o pé da cadeira apontado para a criatura…

Kiiiiiik!

O monstro se acovardou. Rapidamente aquele ser retraiu o pescoço e pressionou o seu corpo contra o chão. Quase que no mesmo instante ele já havia se recolhido por completo, parecendo confuso por não entender muito bem o motivo de estar fugindo.

Grrrr…

Quando aceitou o fato de que estava sendo suprimido pela aura de Seol, a besta emitiu um som semelhante a um gargarejo. Os seus instintos o alertavam do perigo iminente.

Aquele humano era diferente do resto.

O monstro já tinha se alimentado e havia outras presas por perto. Não tinha motivos para correr perigo enfrentando aquele homem.

Então a criatura decidiu escapar pela porta que estava aberta, mostrando que, além de veloz, também era perspicaz.

Tum!

O pé da cadeira caiu das mãos de Seol, que passou a analisar o auditório com um olhar atordoado.

Pouco tempo havia se passado, mas ele podia ver mais de dez corpos naquela piscina de sangue. No entanto, o que mais chamou a sua atenção foi o buraco no qual aquele monstro apareceu.

“É o buraco que está no diário.”

Seol olhou novamente para a saída do auditório. Ainda hesitante, resolveu analisar aquela fenda um pouco mais de perto. 

“Merda, eu ainda vou me arrepender.”

Pulou no buraco.

O Diário de um Estudante Desconhecido foi atualizado.

Aquela fenda dava até o porão. Decidiu continuar explorando por mais um tempo. Talvez tivesse abusado um pouco dos seus poderes, já que o seu corpo e mente pareciam bem cansados.

Aquele buraco continuava por um tempo e, mais adiante, finalmente conseguiu ver a parte em que a fenda criada por aquele monstro se alinhava com um andar comum. Parecia que a escola usava aquele andar subterrâneo para os encontros dos clubes. Seol decidiu abrir a porta com um cartaz escrito “Vá para onde quiser!”

A sala era bem pequena, cerca de dez ou quinze metros quadrados. Olhando os posters que estavam pendurados, parecia que aquele cômodo pertencia ao clube de viagens.

Seol sentou no chão e colocou a bolsa dourada ao seu lado.

Um pouco mais relaxado, a sua consciência começou a retornar pouco a pouco. Era a sensação de estar acordando depois de um longo sonho. 

“O que eu estava pensando…?”

Começou a sentir terror e repulsa à medida que se lembrava do que aconteceu no auditório. O cheiro de sangue, antes bloqueado pelo pico de adrenalina, quase o fez vomitar. Quando lembrou da aparência do monstro fraco, todo o seu corpo começou a tremer de medo.

No entanto, tudo durou poucos segundos. Ao se tranquilizar, os calafrios e tremedeiras começaram a diminuir. Sentindo-se mais calmo, deu um sorriso irônico.

O Seol matador de demônios no seu sonho era ele mesmo? Ou seria o homem tremendo de medo?

Parecia que estava no “Sonho da Borboleta”¹ de Zhuangzi.

Cerrou os dentes e tentou organizar a sua mente.

A primeira coisa que queria esclarecer era sobre a sua visão.

A habilidade que evoluiu, “Nove Olhos”, havia o deixado bastante confuso. Afinal, viveu acreditando que os seus olhos podiam enxergar apenas aquele verde.

“Não, não é que não havia outras cores. Eu é que não podia vê-las.”

As novas cores eram amarelo, laranja e vermelho. O mais interessante é que isso talvez significasse que outras cores também poderiam ser desbloqueadas. 

Kang Seok estava emitindo a cor amarela, que significa “Atenção”, porém Yi Seol-Ah não emanava nenhuma. Talvez signifique que ele ainda não consiga identificar qual era.

Os seus pensamentos sobre ela estavam confusos. Seol ainda conseguia escutar os pedidos de socorro da garota. Se ele não tivesse demorado tanto, será que ela ainda poderia estar viva?

Senhor Kang Seok, senhor Yi Hyungsik e senhor Jeong Minwoo chegaram à sala de espera do segundo andar.

“Eles já chegaram?”

O anúncio ajudou a clarear a mente de Seol.

#Primeiro andar do porão, a sala dos clubes (trecho do Diário de um Estudante Desconhecido, página 5)

Consegui me esconder no subsolo, mas meu rosto continua repleto de lágrimas. Não consigo parar de chorar.

Os gritos dos meus amigos morrendo ainda ecoam na minha mente.

Que tipo de monstro era aquele? E por que… Meu Deus. Por favor, me ajude…

Chorei por muito tempo. Em algum momento, meu estômago começou a roncar de fome.

Sei que não é a hora nem lugar, mas mesmo assim eu estou com tanta fome…

Seol leu o diário com calma antes de descobrir que também havia um arquivo anexado. Talvez não tenha percebido antes devido a toda confusão. Quando abriu aquele conteúdo, ficou surpreso.

“Um mapa?”

O arquivo anexado era uma planta de toda escola. Quando clicou em “prédio principal”, essa estrutura se expandiu e Seol conseguiu ver todo o interior daquela construção.

O seu olhar foi atraído para um local no segundo andar. Era uma sala retangular e que possuía seis ícones azuis piscando perto das linhas que os demarcavam. No entanto, percebeu que quando um dos pontos mudou a sua cor para vermelho, esse se apagou.

Knock. Knock.

Seol estava tentando descobrir o que esses pontos azuis seriam quando ouviu sons de batidas na porta. Surpreso, olhou na direção daquele barulho e viu, por poucos segundos, uma luz verde emanando do local.

— Ele também não tá aí? — Um homem pensando alto.

— Quem é? — A voz de Seol fez com que o barulho do lado de fora parasse de se mover.

Ufa, finalmente te achei. Cara, posso entrar? Ah, desculpe. Não estou tentando te ameaçar nem nada do tipo, então relaxa.

Seol o encarou sem falar nada.

— Se não se sente confortável comigo aqui é só dizer. Te deixo em paz.

— Pode entrar.

A porta se abriu.

— Valeu! Eu achei que você ia me mandar à merda ou alguma coisa assim.

O homem que entrou na sala era um dos oito Invocados — o que usava um boné verde de beisebol e com um cabelo comprido. O seu rosto estava um pouco coberto por um par de óculos escuros.

Sem cerimônia, o homem colocou a sua bolsa no chão e ofereceu um maço de cigarros, mas Seol mostrou o maço que tinha com um cigarro ainda restando.

Pouco tempo depois os dois estavam fumando.

— Acho que devemos nos apresentar. Meu nome é Hyun Sangmin.

— Seol — falou, desanimado.

— Seol? Esse nome parece de mulher, não acha? Tem uma sílaba só?

— Como você me encontrou? — Seol mudou de assunto. Hyun Sangmin não pareceu se importar. Ele bateu o dedo no cigarro para derrubar um pouco das cinzas.

— Te vi entrando no buraco que aquele monstro fez no chão do auditório.

— Você continuou lá também?

— Não, não. Eu também saí correndo para a saída. Mas eu voltei… Você ficou lá o tempo todo?

Seol concordou com a cabeça. Obtendo a sua resposta, Hyun Sangmin coçou a cabeça. E então continuou a explicação.

— Naquele momento de vida ou morte, a multidão conseguiu remover o púlpito e as cadeiras empilhadas que bloqueavam a saída. As pessoas que escaparam se espalharam por toda escola. Alguns foram para o portão da frente, mas a maioria seguiu Kang Seok e correram até a entrada do prédio principal. Porém a porta estava trancada. Não foi como se a gente não tivesse tempo, sabe? Aquele monstro pareceu que ia nos perseguir, mas por alguma razão ele não deu muita atenção para todas aquelas pessoas correndo. — Hyun Sangmin encarou Seol por um tempo e depois continuou. — Mas não importava o que fizéssemos, chutes, socos, empurrões… A porra da porta não se mexia. E todo mundo tava começando a ficar com mais medo. Pra piorar, o monstro apareceu. Sério, a coisa ficou feia.

— O que aconteceu depois?

— Sei lá. Eu estava tentando achar uma pedra ou alguma coisa pesada perto do jardim pra quebrar as janelas, mas quando eu vi aquela criatura saí correndo. Peguei o caminho mais longo e vim parar de volta no auditório. — Hyun Sangmin abaixou os seus óculos de sol e deu um leve sorriso. — Como ele já tinha atacado essa parte da escola, imaginei que ele não voltaria.

— Aí você acabou me encontrando e decidiu me seguir?

— Sim. Eu nunca ia imaginar que você entraria naquele buraco. Eu fiquei um tempo hesitando e pensando no que fazer, mas quando eu desci também não consegui te encontrar. Então fiquei procurando.

— Por quê?

— Não sabe? — Hyun Sangmin deu um leve sorriso. Claro, Seol podia imaginar mais ou menos o motivo. — É simples. Eu quero me juntar a você. Por isso te procurei… E aí? O que você acha? Quer ficar sozinho ou em uma parceria comigo?

Seol o olhou sem dizer uma palavra.

— Se você estiver buscando ajuda, bem, por que não eu? Mas eu já adianto, não quero ficar me aproveitando de você nem nada, beleza?

Seol permaneceu em silêncio, o que deixou aquele homem de boné verde ainda mais ansioso.

— Tá bom, deixa eu ser claro. Eu posso até aceitar injustiças, mas odeio perder.

Confuso, Seol o encarou de volta. Hyun Sangmin acabou com o cigarro e se levantou.

— Escuta, cara. O que eu te ofereci não é uma parceria de igual pra igual. Tá mais pra uma parceria vertical.

— Uma parceria vertical?

— Sim. Você me deixa andar com você e eu sigo as suas ordens. E sim, eu até aceito me arriscar um pouco se você pedir com jeitinho.

A proposta era simples.

— Tudo bem por mim.

— Eu até que sou um cara bem útil. Confia.

Seol entendeu o porquê daquele homem ir tão longe para conseguir a sua amizade. Era tudo devido à sua Marca de Ouro, porém também havia a possibilidade dele ter descoberto alguma coisa no auditório.

No entanto, Hyun Sangmin não era um cara tão bonzinho. Óbvio que ele tinha segundas intenções.

— E o que você quer em troca?

— Bem, muitas coisas, mas… por agora, sobreviver e chegar ao Paraíso já seria o suficiente.

Seol parou e estudou um pouco as expressões daquele homem.

— Se você gosta de ser solitário, eu vou respeitar. Eu também não quero forçar nada. Se quiser que eu vá embora, eu vou — disse, estendendo a mão.

 

Seol estava um pouco receoso. Se fosse alguém como Yi Seol-Ah, provavelmente aceitaria a proposta sem hesitar, mas é Hyun Sangmin… Bem, nada parecia muito preocupante.

No entanto, um ponto da personalidade dos dois parecia ser igual. 

“Não consigo ver a sua cor.”

Se a sua cor fosse amarela — “Atenção” — teria feito Seol recusar, mas o fato de não ser capaz de identificar a coloração de Hyun Sangmin o deixava pensativo.

Percebendo que valia o risco de esperar e ver o que ele pretendia, Seol apertou a mão que fora estendida.

— Ótimo! — Hyun Sangmin sorriu. — Muito bom mesmo! Agora eu também faço parte do melhor time!

Se deixasse-o sozinho por mais tempo, era capaz daquele cara começar a cantar e dançar.

— Então, se importa de me dizer qual o seu plano?

Seol começou a analisar a situação. Como possuía um mapa, ir até a sala de espera do segundo andar seria bem tranquilo. Mesmo que aquele monstro continuasse rondando a escola, se ele usasse a sua habilidade não teria problemas.

Lembrando do que Kim Hannah havia dito, Seol começou a rir. Ela estava certa, tinha feito tudo muito fácil para ele, então era melhor que sobrevivesse.

Seol pegou a sua bolsa enquanto se levantava. Hyun Sangmin o encarou sem dizer nada.

— É melhor sairmos daqui agora.

 

***

 

Os dois saíram da sala do clube e caminharam pelo saguão. A porta no fim do corredor dava para um estacionamento subterrâneo. Óbvio, não tinha nenhum carro parado ali.

Enquanto passavam pelo estacionamento, Hyun Sangmin continuou a falar. Perguntou sobre o que Seol conseguiu daquela caixa; também contou que havia conseguido 500 Pontos de Sobrevivência ou alguma coisa assim, mas não tinha ideia de onde gastar.

Enquanto isso, Seol continuou andando em frente e checando o mapa de vez em quando.

Quando deixou de responder uma só vez, Hyun Sangmin pareceu ficar envergonhado e pigarreou.

— Então, pra onde estamos indo? Tá procurando alguma escadaria?

— Não.

— Ué, a gente não devia ir para o segundo andar?

— Sim. — Seol balançou a cabeça em afirmativa enquanto mantinha o olhar fixo no celular. — Mas não temos a necessidade de ir pra lá correndo.

— Por quê? Não seria melhor chegar lá o quanto antes?

— O quanto antes? Nos disseram que a ordem de chegada importava? 

— Isso é um…

Era um não. A mensagem apenas falava que eles deveriam chegar ao destino antes que o tempo acabasse. E eles tinham mais do que três horas e meia sobrando.

Percebendo a confusão nos olhos de Hyun Sangmin, Seol achou que teria de explicar um pouco melhor.

— Pense. Quanto tempo você acha que vai precisar para chegar à sala de espera do segundo andar saindo do auditório?

— Não sei. Se você corresse o mais rápido que conseguisse… menos de um minuto, talvez?

— Exato. O auditório desta escola é bem próximo do prédio principal.

O objetivo da missão era muito fácil. Até alguém totalmente despreparado conseguiria cumpri-lo.

— Não acha que isso foi um pouco estranho? Mesmo que enrolasse, você não deveria demorar mais do que cinco minutos.

— Não é porque a porta estava trancada?

— Uma porta trancada pode ser arrombada. E você ouviu o que divulgaram antes? Aqueles três já conseguiram. Em outras palavras, cumprir a missão não levaria tanto tempo.

— E aquele monstro?

— Mesmo que essa variável seja considerada, você não precisaria de muito mais do que uma hora. Duas horas, no máximo. Quatro horas para uma distância que pode ser percorrida em alguns minutos é muito.

O Guia não havia dito algo parecido também?

Não é que seja difícil chegar lá…

Ele disse aquilo. Na verdade, dez minutos foram mais do que suficientes para encontrar e chegar até o auditório. Seol precisou de cerca de quatro minutos, então era como se tivessem lhe fornecido o dobro de tempo necessário.

O que achou estranho era que a distância a ser percorrida havia diminuído, mas o tempo disponível havia aumentado muito. Não encontrava motivos que explicassem um prazo de quatro horas.

Hyun Sangmin não era bobo, havia percebido algo. Parou de falar e começou a coçar o queixo.

— Então, o que você tá querendo dizer é que, mesmo que a missão em si seja simples, nos foi dado muito tempo para completá-la… É isso?

— Além do mais, nos falaram que essa é só a primeira missão. O que significa que terá uma segunda, terceira e assim por diante. E…

O fato de terem sido instruídos a se juntarem no segundo andar e não em algum local mais alto… À medida que andavam, Seol pensava em mais teorias.

— De qualquer forma, a questão é que não há necessidade de ir à sala de espera o mais rápido possível. Vai ficar tudo bem se aparecermos por lá depois de explorar. Sem contar que devem ter vários jeitos de chegar no segundo andar.

— E como você sabe?

Seol mostrou a tela do celular para Hyun Sangmin, que se aproximou para conseguir ver.

— Que porra… isso é um mapa? Mas eu não recebi um.

— Foi um dos meus bônus. Certo, é pra cá que nós vamos. — Seol clicou na tela e o mapa do porão se expandiu. — O subterrâneo fica conectado com toda a escola. Abaixo do auditório ficam as salas dos clubes. Depois de cruzarmos esse estacionamento, nós vamos chegar ao subsolo do prédio principal.

Seol parou de andar e foi em direção à uma porta de vidro para ver o local em que iriam chegar se continuassem seguindo por aquele caminho. Hyun Sangmin parecia todo alegre.

Eles deram de cara com um longo corredor. À esquerda, havia uma escadaria indo pra cima. À direita, três portas identificadas como “Biblioteca”, “Loja de Conveniência” e “Papelaria”.

Toda a atenção de Hyun Sangmin foi para aquela que dava para a loja de conveniências. Só agora ele entendeu o que Seol queria dizer.

Existem três coisas que um humano não pode fazer se quiser continuar vivendo. Um, ficar três minutos sem respirar. Dois, ficar três dias sem água. E três, ficar três semanas sem comida.

Em outras palavras, Seol estava procurando onde a necessidade mais básica para a sobrevivência poderia ser atendida.

“Bem, eu acho que ele não é um Marca de Ouro à toa, né.”

Hyun Sangmin não conseguia esconder a sua surpresa, já que pensava apenas em chegar à sala de espera do segundo andar o mais rápido possível desde que a missão foi anunciada.

“Eu tenho que colar nesse cara. Não importa o que aconteça. Kang Seok não chega aos pés dele.”

Não é que Hyun Sangmin carregue raiva de Kang Seok e os seus amigos, mas havia uma enorme diferença entre Seol e aqueles caras que saíram correndo para o prédio principal. Será que a inteligência de Seol também estava em outro nível? Era nesse ponto que seria possível descobrir se aquele Marca de Ouro era realmente um humano igual ao resto.

— Espera! — Seol estava prestes a entrar na loja de conveniência quando um dos seus ombros foi agarrado por um Hyun Sangmin muito animado.

— Bom. Ótimo! Perfeito! Entendi agora. Deixa que eu cuido do resto.

— Quê?

— Você planejava subir as escadas depois de pegar tudo de útil desse lugar, certo?

— Mais ou menos isso. E..?

— E se tiver alguém lá dentro? São nessas horas que você deve me chamar. — Devagar, Hyun Sangmin começou a entrar na loja de conveniência.

Não adiantou muito toda aquela cena, já que a maior parte da parede direita do corredor era de vidro, então era possível ver o que tinha dentro das lojas.

Pouco depois, Hyun Sangmin levantou uma das mãos e deu o sinal de “ok”, como se tivesse acabado de confirmar que tudo estava em ordem. Seol já havia estudado o lugar com a sua habilidade, então deu um leve sorriso enquanto entrava.

A loja de conveniências era menor do que esperavam, mas mesmo assim, cada prateleira estava cheia.

— Opa. Isso é bom. Bom pra caralho! — disse Hyun Sangmin, enquanto abria uma latinha de refrigerante.

— Ei, agiliza aí. Vai ser ruim se nós demorarmos muito e aquele monstro aparecer.

— Entendido!

Hyun Sangmin parecia realmente estar gostando de roubar o lugar. Seol também começou a encher a sua bolsa com comidas enlatadas, kimbap instantâneo e outras coisas.

Enquanto os dois estavam ocupados fazendo a limpa…

Mm? O que está acontecendo?

— O quê? Aconteceu alguma coisa?

Seol percebeu que tinha algo errado quando estava prestes a encher a sua bolsa com garrafas de água.

Mesmo que estivesse organizando tudo que pegava com muito cuidado dentro da bolsa, parecia que ainda havia muito espaço sobrando. O peso também não mudava muito. Como a tinha enchido, era pra estar bem pesada, mas não era o caso.

— Parece que até nossas bolsas sofrem descriminação, hein. — Hyun Sangmin estava com inveja vendo que a sua bolsa estava quase arrebentando.

No final, Seol colocou os itens de necessidades pessoais na bolsa para deixá-la parecendo cheia. Depois de saquearem a loja de conveniências, se dividiram e começaram a explorar a biblioteca e a papelaria.

Infelizmente, os resultados não foram muito bons. Acharam um mapa do porão na biblioteca, mas já tinham um. O mesmo com a papelaria. Bem, com certeza eles não precisavam de caderno e caneta agora, portanto pegaram algumas facas por precaução e saíram do corredor subterrâneo.

Hyun Sangmin ficou assobiando enquanto subiam as escadas, mas quando Seol fez o sinal ele parou na hora.

Quando chegaram ao primeiro andar, deram de cara com uma enorme porta de metal cor de marfim com uma pequena fresta aberta. O odor acre de sangue chegou rápido aos seus narizes.

O Diário de um Estudante Desconhecido foi atualizado.

— Acho que é esse o lugar.

— Que lugar?

— Sabe, a entrada trancada que eu te falei. A porta estava fechada, mas eu consegui olhar o que tinha lá dentro. Tenho quase certeza, principalmente vendo aquela escada. Só que… — Hyun Sangmin franziu o cenho. Merda. Um monte de gente morreu aqui. Eles conseguiram entrar, pelo jeito.

Pela fresta da porta, Seol conseguiu ver pedaços de vidro quebrado e poças de sangue no chão. Os degraus da escada que vai para cima estavam tão imundos com uma grossa camada de sangue que era difícil dizer qual a sua cor original.

#Prédio Principal, primeiro andar, entrada principal (trecho retirado do Diário de um Estudante desconhecido, página 7)

O amigo que pisou primeiro gritou. O outro que estava logo atrás tentou parar, mas escorregou.

Só depois de perdermos dois de nossos colegas é que percebemos o truque da escadaria…

— Sabe, essa escada me assusta. O que acha de esquecermos dessa e seguirmos pelo nosso caminho mesmo?

Seol concordou com a sugestão. Além do mais, já tinham uma escadaria atrás deles que os levava para cima, então não precisavam usar aquela.

Mais importante,aqueles degraus brilhavam com uma cor laranja muito forte de acordo com a visão de Seol, então era melhor não se aproximarem.

Seol fechou toda a porta e virou-se. Rapidamente subiram as escadas e puderam ver o objetivo.

No entanto, o que os bloqueou na entrada do segundo andar não foi outra porta de metal com cor de marfim. Por algum motivo, vários espinhos feitos de ferro estavam ali, impedindo a passagem . 

“Não devia ser assim.”

Seol checou o mapa mais uma vez, mas eles estavam no caminho correto. Era a menor rota considerando a localização da loja de conveniência.

— Devemos apertar alguma coisa? — Hyun Sangmin olhou em volta, mas não encontrou nada que lembrasse um botão.

Seol encarou um pouco os espinhos de metal antes de ficar surpreso.

“Eles não emanam nenhuma cor?”

Se eles não estavam com a cor verde, significa que não eram “normais”.

Seol mexeu um pouco a cabeça antes de esticar o braço.

E foi neste momento que a sua mão tocou o espinho de metal.


Nota:
1Se refere a um capítulo de uma antiga história Chinês chamada de Zhuangzi. Se quiser, pode entender melhor clicando aqui.

 



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