O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 3

Capítulo 153: Novas Tecnologias

O sol erguia-se em todo seu esplendor pela manhã, iluminando a superfície com sua luz.

Entretanto, embaixo de uma montanha, Klara despertou sem poder vê-lo.

Sentou-se na cama e permaneceu assim por um momento.

“Já é manhã? Ah... como odeio esse lugar...” Seu corpo sentia-se descansado, provando que havia dormido bem, mas seu cérebro insistia em mantê-la sonolenta por não ter recebido a luz do sol.

Levantando-se, lavou o rosto para despertar completamente.

Na mesma construção que dormira, também estava Erandi e Lily. Jeanne também havia passado a noite no mesmo lugar, mas ela havia acordado antes, portanto não estava presente.

As três tiveram o desjejum juntas e, logo em seguida, se dirigiram para onde o Conselho estava se reunindo.

Graças ao banho que tomaram juntas na noite anterior, Klara percebeu que Erandi estava animada novamente, o que a deixou feliz.

Porém logo se lembrou do que Jeanne a forçou a prometer.

— Ah... — Soltou um suspiro audível.

— Está preocupada em se encontrar com Jeanne? — Lily logo percebeu seu desânimo.

— Mais ou menos, parte disso, e parte por esse lugar... Não aguento mais ficar embaixo da terra...

— Hehe, ela gostou bastante de você — comentou Lily com um sorriso.

— Queria entender o motivo... O que ela viu em mim?

— Você parece não gostar muito dela, posso falar com ela se quiser — sugeriu Erandi.

— Não, não a odeio, na verdade a admiro até. Só que tanta atenção assim é um pouco cansativo...

Após um tempo caminhando, chegaram na praça onde, mais cedo, descobriram que a fonte de água era um elevador.

Lá, todo o Conselho, assim como cerca de uma centena de membros da Vigília, estavam no aguardo.

Antes das candidatas terem despertado, o Conselho desobstruiu um dos caminhos e os reforços conseguiram entrar no santuário.

Como as três ainda não foram as últimas a chegar, ainda esperaram todos para iniciar a reunião.

— Mergulharemos pelos túneis de magma e seguiremos até a Seita. — Clementius começou a explicar assim que todos se reuniram. — Graças à Klara, descobrimos o caminho correto. Contudo Koeus não conseguiu relaxar e, durante a noite, enviou algumas sondas pelos túneis e descobriu um outro caminho.

O Pilar da Alteração nada disse.

— O primeiro a ser feito é destruir o portal, antes de qualquer coisa. — O Pilar da Proteção continuou. — Como estamos em grande número, é possível que nos detectem antes mesmo de chegarmos perto o suficiente. Além disso, dado o tamanho do portal, precisaríamos carregar nosso ataque antes, e dificilmente teremos tempo para isso.

Então, tanto Koeus quanto Clementius se dirigiram até um tipo de máquina. Possuía duas rodas e um longo cano metálico com a parte interna possuindo cerca de 150 milímetros de espessura.

— Este é o protótipo de uma nova arma chamada de “canhão”. Inúmeros testes foram feitos, mas esta será sua primeira vez em uma batalha  — explicou Koeus. — Pode ser operada por, no mínimo, uma pessoa, mas o recomendado é duas. No compartimento de munição é colocado uma gema mágica de 150 milímetros. O objetivo dessa arma é para utilizar todo o poder da gema em um único segundo. Nós, humanos, também podemos fazer isso, utilizar uma grande quantidade de magia em um único momento, mas esse equipamento novo possuí uma vantagem.

— Como dito anteriormente, é preciso apenas uma pessoa para operar este equipamento, no mínimo — continuou Clementius. — E não é necessário saber usar magia, portanto, alguns Vigilantes estarão com seus poderes mágicos Selados, se aproximarão por um túnel, e dispararão no portal com isso.

— Mas... Como faremos para transportar tantas pessoas pelo magma? — questionou Klara.

— Estava prestes a explicar isso. Sigam-me. — O Pilar da Proteção caminhou até a fonte.

Com isso, todos desceram e se dirigiram até o lago de magma.

Lá, se depararam com um submarino pronto para ser colocado no magma, e grande o suficiente para carregar algumas dezenas de pessoas.

Clementius se aproximou, pegou seu escudo e o fixou na frente do submarino. Uma barreira dourada o envolveu, e a gema de Fogo passou a brilhar.

— Muito bem, vamos iniciar a operação.

 

***

 

Ancalion caminhava próximo do portal, buscando matar um pouco do tempo.

Como estava bem próximo, podia sentir o poder da Conjuração emanando, em tanta concentração que causava arrepios até mesmo a ele.

Seus olhos foram atraídos para o portal, mas, por ser cego e enxergar apenas com Alteração, tudo que pôde ver foi uma intensa energia roxa fluindo para todos os lados, como a água saindo das comportas de uma represa.

Aqueles que podiam enxergar veriam inúmeras sombras constantemente atravessando o portal e adentrando este mundo.

— Senhor Ancalion. — Um devoto se aproximou. — Perdemos contato com aqueles que estavam nos níveis superiores, creio que este lugar é o único que a Vigília ainda não alcançou.

— Eles eram inúteis de qualquer maneira, não é à toa que nunca permitimos que viessem aqui. — Ele demonstrou não estar nem um pouco abalado. — O Conselho nunca chegará aqui.

— Pode ser verdade, mas... não existe a possibilidade? Eles não seriam tão famosos se não fosse o caso.

— Eles jamais serão tão fortes como nós, que vivemos no submundo. Além disso, perceberemos se, de alguma maneira, estiverem vindo aqui. Não conseguirão destruir o portal, e veja nossos números! — Ancalion abriu os braços e virou-se de costas para o portal, enxergando as auras das centenas de devotos e criaturas ali.

O devoto seguiu seu olhar e pareceu ter suas dúvidas esmagadas.

Enquanto observava, uma grande criatura familiar atravessou o portal. Tratava-se do dragão com asas similares a martelos e um rabo que era como uma grande espada incandescente.

O devoto se afastou enquanto os tremores causados por seu grande corpo reverberavam.

Ancalion permaneceu no mesmo lugar, não sendo pisoteado por muito pouco.

A criatura se afastou até que mergulhou no lago de magma e desapareceu.

— Ele foi derrotado? — perguntou o devoto.

— Não é uma surpresa. Ele até é forte, mas é grande demais. Ele deveria tentar consumir outros cadáveres para poder alterar sua forma física, mas os Ghouls, por algum motivo, decidiram possuir algo grande. Isso é raro, normalmente são competitivos e agem individualmente, apenas se unem quando enfrentam algum perigo grave.

— Esse perigo seria o Conselho? Mas não faz sentido, eles apareceram aqui depois dela.

— Não importa. Ele pode retornar infinitamente mesmo que seja derrotado, então nosso exército é o mais poderoso dentre todas as Seitas! Tudo que precisamos fazer é esperar que possuam vários cadáveres para invadir esse mundo totalmente.

— Tem razão. Bem, devo me afastar agora. — Ao dizer isso, o devoto foi resolver outros assuntos.

Ancalion lançou um breve olhar ao portal, então decidiu caminhar um pouco.

Devido à intensa atividade constante na área próxima ao portal, não havia nada por ali, mas, um pouco mais afastado, havia os outros devotos.

Como estavam naquele lugar a muito tempo, haviam construído casas confortáveis, tornando aquela região semelhante a um vilarejo.

Todos estavam acostumados àquele lugar. Na verdade, provavelmente nem saberiam como agir na superfície, e as chances de não conseguirem se mesclar e serem descobertos era alta.

Claro, ainda iam até a superfície para atrair pessoas para a Seita, portanto não eram ignorantes do mundo ao ar livre.

Porém, como era muito mais vantajoso habitar no subterrâneo, muitos nem se lembravam de suas vidas passadas antes de entrarem na Seita.

Além disso, como a deusa Artemis precisava de almas humanas, ela recompensava os devotos que tivessem filhos e os entregassem.

Por isso, muitos ali haviam nascido no subterrâneo, e nem mesmo sabiam como era a superfície.

A escuridão era tudo que conheciam, desde o momento do início de suas vidas.

— Senhor Ancalion, percebo que seu poder aumentou hoje novamente.

— Ancalion, sua aura está grandiosa como sempre.

Essa era a maneira que os devotos daquela Seita se cumprimentavam. Como não podiam ver, era natural que elogiassem o poder mágico, ou a aura de outras pessoas.

Ancalion prosseguiu orgulhosamente até chegar a uma casa.

Ao adentrar, deparou-se com uma mulher grávida sentada em uma cadeira. Sua expressão não indicava que estava feliz, nem incomodada sobre a gravidez.

— Está demorando...

— Sabe que não tenho culpa — retrucou ela, irritada por ter sido cobrada. — Além disso, essa é minha segunda gravidez com trigêmeos. Nenhuma de suas outras concubinas deram tanta sorte. Portanto espere em silêncio, não sou obrigada a escutar suas reclamações.

— Não se ache especial por isso, mulher. — Dessa vez, quem se irritou foi Ancalion. — Esqueceu-se com quem está falando?

Ancalion era apenas um dos inúmeros devotos que procriavam entre si para aumentarem seus números e receberem mais poder em troca das crianças.

Para os membros daquela Seita, aquilo era apenas uma forma de se tornar mais forte. Muitos nem mesmo tinham algum sentimento, e apenas viam um ao outro como uma ferramenta.

— Você é arrogante demais... Nem mesmo é...

Antes que a mulher pudesse responder, um grande estrondo ecoou pela caverna.

— O que? — Ancalion se dirigiu até a porta e a abriu. — Quê?! Im-Impossível!

O portal havia sido completamente destruído com um único ataque.

— Como?! — Havia sentido, momentos antes da explosão, uma liberação de magia, mas foi súbito demais.

Mesmo se alguém tivesse se aproximado em silêncio com o poder selado, teriam que desfazer o selo e carregar a magia, teriam sentido aquilo a tempo de se proteger.

Contudo não foi o caso.

Momentos depois, antes que Ancalion pudesse reagir, inúmeras magias foram lançadas, matando dezenas de devotos antes de entenderem que estavam sendo atacados.

Ancalion se dirigiu até onde a Seita estava se reunindo, deparando-se com inúmeros soldados da Vigília, vestindo armaduras prateadas e executando seus companheiros.

E, liderando o ataque, os Pilares caminhavam imponentemente.


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