O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 8: Torneio de Admissão

Pela manhã, todos comeram suas refeições rapidamente e logo partiram. No momento em que partiram, Shiina colocou sua máscara em seu rosto novamente e não a retirou.

Ainda permanecia uma tensão no ar, portanto todos estavam quietos, exceto pelo viajante e a princesa, que conversaram um pouco ao longo do caminho.

Neste ponto, eles já estavam bem próximos da capital de K’ak’ e passaram por vários pequenos vilarejos. As casas eram desgastadas, algumas nem possuíam teto, e eram feitas de pedra. A estrada não era pavimentada, e era cheia de buracos.

As pessoas tinham um aspecto humilde, e observavam com curiosidade o grupo conforme avançavam. Suas vestimentas eram bem diferentes do padrão de Fordurn.

A maioria das mulheres vestiam um huipil, uma espécie de vestido oriundo de K’ak’. O tecido era, em sua maioria, de cor verde, com o vermelho aparecendo menos frequentemente, e cores neutras sendo extremamente raras. Nas roupas, havia desenhos de folhas, árvores, tochas e até mesmo montanhas estampados.

Já os homens em sua maioria deixavam o peitoral a mostra e vestiam uma espécie de saia cujas cores e desenhos eram iguais aos das mulheres. Alguns vestiam braçadeiras, brincos ou colares, porém estes já eram acessórios que ambos os gêneros usavam.

Cerca de 9 da manhã o grupo finalmente chegou na capital. Tudo que podiam ver era uma extensa muralha que cercava toda a cidade, além da grande montanha de K’ak’ que era grandiosa demais para ser ocultada por um simples muro.

Assim que se aproximaram da entrada, o grupo foi parado pelos guardas que a protegiam, com um tomando a iniciativa de questionar o grupo:  — Parados! Quem são e quais seus objetivos aqui? — perguntou o da direita. Ele era bem alto e musculoso, e sua pele era morena. Vestia uma roupa bem parecida que o grupo viu nos civis enquanto se aproximavam da capital de K’ak’.

Porém vestiam algumas coisas a mais: este calçava uma sandália de couro, e sua saia era comprida e com algumas penas vermelhas. Não vestia nada na parte de cima exceto por um manto com o desenho de uma montanha vermelha em um fundo verde. Sua arma era uma espécie de lança que também era decorada na lâmina com penas vermelhas.

— Vim falar com Yaxun — disse Aegreon sem se apresentar.

— Ah, Aegreon! Já faz anos desde sua última visita. Você pode entrar, mas conhece as regras, quem são eles?

— Estes são Sariel — disse com desprezo —, Raymond e Shiina. Já ela... — O Pilar olhou para Luna e em seguida continuou: — Não posso dizer seu nome, mas ela é importante e precisa ver Yaxun.

— Tudo bem, normalmente não permitiríamos isso, porém nós devemos muito a você, senhor Aegreon — disse o guarda respeitosamente. — Agora, vocês terão que provar seu valor. Além de pessoas importantes apenas lutadores excepcionais podem entrar. Por favor me acompanhem.

O guarda guiou o grupo por fora dos muros da cidade enquanto falava um pouco sobre K’ak’.

— Nós de K’ak’ Witz fomos um dos mais afetados durante a guerra com os anjos, portanto todos aqui sabem lutar, até mesmo comerciantes, mulheres e crianças. Lutar era nossa obrigação, contudo com o fim da guerra lutar se tornou uma forma de se divertir, passar o tempo e fazer amigos, portanto apenas pessoas fortes podem entrar aqui.

O grupo continuou caminhando até que uma grande construção localizada fora dos muros da muralha foi revelada. Pelo formato, parecia ser uma espécie de arena, e estava sendo usada agora considerando a gritaria de lá.

A arena era toda construída com pedras acinzentadas, e tinha um formato retangular que se dobravam em dois semicírculos nas extremidades. Além disso, a arena era enorme, com 300 metros de comprimento por 250 de largura e 80 de altura. O motivo de seu tamanho era bem óbvio, o povo de K’ak’ adorava lutar, portanto todo o reino tentava assistir as lutas, e é claro que muitos ficavam de fora.

— Até alguns anos atrás não permitíamos a entrada nem mesmo de diplomatas e comerciantes, entretanto como os nossos costumes são diferentes do resto do mundo nós decidimos ser mais tolerantes com visitas. Todos vocês terão que lutar, exceto a garota por ser uma figura importante e Aegreon, pois já conhecemos seu poder.

— Eu irei lutar — disse Aegreon.

— Tudo bem, mas por favor, tente conter um pouco sua força, senhor Aegreon — pediu o guarda. — Agora, podem entrar, cuidarei de seus cavalos e seus pertences.

O grupo entrou na arena, e todos — exceto Luna e Aegreon — seguiram para uma sala de espera, onde iriam aguardar para seus nomes serem convocados. A princesa e o Pilar foram levados para outro lugar, onde se encontrariam com o grande Yaxun, rei de K’ak’ Witz.

Após caminhar por algum tempo pelos corredores, ambos se viram em um camarote, com três pessoas neles. Dois, apesar de suas vestes parecidas com o de um guarda, pareciam serviçais, enquanto o terceiro estava sentado em um belo trono de madeira branca com inúmeras penas vermelhas decorando-a, além de possuir rubis cravejados nele.

— A quanto tempo, Yaxun – disse Aegreon enquanto se aproximava do rei de K’ak’.

— Você! Aegreon! A que devo a honra? — O homem se levantou e cumprimentou o Pilar fazendo gestos cordiais e exagerados. Ele era extremamente alto, quase da mesma altura que Aegreon, e era igualmente musculoso. Sua pele era um pouco mais escura, e seus olhos eram como dois belos e flamejantes rubis.

Além disso, suas vestimentas eram bem mais elaboradas. Vestia uma saia com penas tão compridas que chegavam na altura do joelho e eram decoradas com fios de ouro que reproduziam o seu formato. Usava um grande manto verde, com o desenho de uma montanha vermelha com seus contornos desenhados em ouro, e na cabeça, trajava um capacete com dois grandes chifres dourados. Para completar, havia centenas de penas brancas em suas ombreiras, capacete e manto, quase roubando a atenção da cor vermelha de suas vestes.

— Falarei depois, pois lutarei em breve. Peço que a receba e cuide dela — disse Aegreon enquanto olhava para a princesa.

— E qual seria o nome de minha ilustre convidada? —perguntou o rei com um grande sorriso.

Em resposta à pergunta de Yaxun, Aegreon olhou para os serviçais sutilmente, tão sutil que Luna quase não percebeu.

— Oh, deixem-nos a sós, por favor — disse o rei para os serviçais.

— Sim, Vossa Majestade — responderam ambos conforme deixavam o camarote.

O Pilar permaneceu atento ambos irem embora, e após ter certeza de que ambos estavam longe, disse: — Esta é Luna, a princesa de Fordurn. Suponho que ouviu os rumores sobre ela.

O rei imediatamente notou os olhos da princesa e disse: — Sim, ouvi. Por que a trouxe aqui? — A expressão de Yaxun se fechou instantaneamente e sua voz, que estava descontraída e alegre, ficou tensa e baixa.

— Tenho um bom motivo. Mantenha isso em segredo.

— Certo. — Yaxun claramente estava incomodado com a presença de Luna, contudo como foi Aegreon que a trouxe ele imaginou que havia um bom motivo. — Pode se sentar ali. — O rei apontou para uma cadeira com almofadas macias e verdes que ficava logo ao lado de seu assento.

— Com prazer. — Luna se sentou e começou a assistir a luta que estava em andamento, e aparentemente ambos os lados estavam em pé de igualdade.

Aegreon retornou para a sala que o resto do grupo estava deixando Luna e Yaxun para trás. Nenhum dos dois iniciou uma conversa, limitando-se apenas a assistir as lutas.

No momento em que o Pilar chegou na sala, os primeiros combates já haviam sido organizados. Os primeiros a lutarem seriam Raymond, seguido de Shiina e depois Sariel, sem dizer nada sobre Aegreon.

Naquele momento os serviçais já haviam explicado as regras: não era permitido o uso de armadura, artefatos mágicos, armas e nem a usar magia. A arena toda havia uma magia que impedia qualquer um dentro dela usar magia para prevenir que alguém tentasse quebrar as regras, e havia uma barreira feita com Magia de Proteção que absorveria o impacto dos golpes, caso os lutadores fossem fortes o suficiente para danificar a estrutura da arena.

Além disso, era proibido matar ou aleijar o oponente, e quem o fizesse seria punido de acordo com as leis de K’ak’, mesmo se o infrator fosse um estrangeiro.

— Senhor Raymond, sua luta será anunciada em breve, esteja pronto — disse um dos serviçais.

— Certo. 

O guarda-costas retirou sua armadura e a colocou em um suporte que havia na sala. Essa era a primeira vez em muito tempo que tirava sua armadura. No entanto, ele percebeu um risco quase insignificante no ombro, e dedicou algum tempo tentando concertá-lo.

— Uma batalha emocionante! Quem poderia esperar esse final? Infelizmente esta foi a última luta programada de hoje!

Disse uma voz abafada, porém alta, vindo de um lugar distante. Em seguida, pode-se ouvir o som de várias pessoas lamentando em uníssono.

— Mas não se entristeçam! Eu disse que esta foi a última luta programada, porém o destino pode ser imprevisível! Acabamos de receber a notícia de que um pequeno grupo de viajantes chegou em nosso belo reino, e vocês sabem o que isso significa!

Uma enorme explosão de gritos irrompeu, tornando quase impossível de ouvir a voz do narrador.

— Isso mesmo! Mais batalhas virão!

— Senhor Raymond, chegou sua hora de ir — avisou o serviçal.

— Certo.

Raymond não se demorou e caminhou para dentro da arena. Os gritos do povo se tornavam cada vez mais ensurdecedores e animados e acompanhados pelo som de palmas e batidas rítmicas.

— Portanto, deem suas boas-vindas ao próximo combatente! SIR RAYMOND DE FORDURN.

Uma enorme comoção se iniciou, tornando inaudível para Raymond até seus próprios pensamentos. Todos gritavam ao mesmo tempo, chamando pelo nome do guarda-costas ou pelo de seu oponente, e o chão parecia tremer, como se apenas suas vozes fossem poderosas o suficiente para vibrar a terra.

Raymond entrou em campo com o rosto levemente contorcido devido à barulheira, apesar de surpreendentemente não ser alto o suficiente para causar algum dano à sua audição — provavelmente devido ao efeito de alguma magia —, mesmo assim, era um som desconfortável.

Seu oponente já estava em campo, e sua aparência era a de um guarda comum, e possuía uma expressão de felicidade genuína em seu rosto, além de não conseguir se conter parado.

— A primeira luta irá começar! Antes de se iniciar o combate, entretanto, por ser um estrangeiro, as regras serão ditas mais uma vez! Não é permitido nenhum uso de magia, armas e equipamentos mágicos! Lute apenas com sua força e velocidade! O primeiro que cair ou for imobilizado perde, porém nada de matar ou aleijar! VALENDO!

Seu oponente não perdeu tempo e avançou na sua direção rapidamente. Assim que chegou ao alcance de corpo-a-corpo, ele o atacou com um gancho de direita, no entanto o guarda-costas segurou sua mão com uma força descomunal, parando completamente o golpe.

O homem tentou atacar com seu outro braço, contudo Raymond agiu primeiro e deu uma rasteira em seu oponente, imobilizando-o logo quando tocou o chão.

Ele tentou se soltar, contudo percebeu que seria impossível e assumiu sua derrota: — Eu desisto!

— O VENCEDOR É O RAYMOND DE FORDURN!

Raymond libertou seu oponente e ambos se cumprimentaram.

— É a primeira luta e alguém tão forte como você já apareceu, tenho pena de nossos futuros oponentes, haha! — disse com um sorriso no rosto.

— Obrigado, fico lisonjeado com o elogio — agradeceu Raymond.

O povo saudou a vitória de Raymond repetindo seu nome e aplaudindo-o. Ele não se demorou muito na arena e retornou o quanto antes para a sala de espera.

Luna observou tudo com surpresa em seu rosto. Ela sabia que seu guarda-costas era forte, mas nunca o viu em ação em uma luta real.

— Uau... Ele o derrotou com tanta facilidade... — exclamou a princesa. Ela disse isso mais para si mesma do que para Yaxun, contudo o rei ignorou o comentário e permaneceu em silêncio.

— A próxima participante é Shiina, A FAMOSA RAPOSA CEIFADORA!

Urgh, tinham mesmo que usar esse nome?”, pensou Shiina conforme adentrava a arena. Ao olhar para seu oponente, percebeu um homem bem parecido com o oponente de Raymond, também bastante animado pela batalha.

“Estão mesmo testando nosso poder, huh? Bem, que seja”

— QUE COMECE A BATALHA!

Shiina avançou em direção de seu oponente como um relâmpago e se posicionou atrás de seu oponente, que estava com sua retaguarda totalmente vulnerável. Em seguida, ela atacou inúmeras vezes e com uma velocidade impressionante, derrubando seu oponente segundos após o início da batalha.

— UMA VITÓRIA ESMAGADORA DE SHIINA!

— Fácil — disse Shiina conforme caminhava de volta para sua sala sem se importar com seu oponente caído, gerando algumas vaias de descontentamento pelo povo de K’ak’ que encarou isso como falta de espírito esportivo.

— Isso foi impressionante! Faz tempo que não vejo alguém tão veloz — comentou Yaxun. — Pena que essa garota é um pouco má educada.

— Se ela é rápida assim... então quão veloz é Sariel? — Luna perguntou baixo a si mesma.

Yaxun observou a princesa em silêncio, e estava prestes a perguntar algo quando foi interrompido pelo locutor.

— E o próximo participante é SARIEL DE ERIBUR!

O viajante caminhou lentamente para dentro da arena enquanto observava seu oponente, dessa vez era uma mulher musculosa, com cabelos escuros presos em um rabo de cavalo. Suas vestes eram compridas e de cor verde, assim como as penas em seu capacete que possuía cerca de uma dúzia, sendo apenas uma delas branca.

— Oh? Mandaram-na logo no começo? Interessante... — comentou Yaxun.

O viajante caminhou um pouco mais antes de parar e observar sua oponente. Ela o avaliou por alguns segundos antes de finalmente dizer: — Você parece forte, não pegue leve comigo apenas por ser uma mulher, tudo bem?

— Agradeço o elogio, e não se preocupe, lutarei devidamente, senhorita...?

— Itotia.

— É um prazer, Itotia.

A guerreira sorriu e pôs-se em uma posição de batalha levemente diferente dos combatentes anteriores, já Sariel apenas manteve sua postura relaxada.

— QUE COMECE A BATALHA!

Itotia observava atentamente seu oponente, atenta ao menor movimento, pois acreditava que seria uma luta difícil, considerando seu comportamento e os combates anteriores.

Entretanto, no momento em que piscou, o viajante desapareceu magicamente do lugar que estava, deixando-a confusa e tentando entender o que havia ocorrido, quando de repente, ela sentiu algo tocar seu ombro esquerdo.

— Estou aqui.

Ela olhou para seu ombro e notou uma mão sobre ele, e virando mais seu rosto viu Sariel sorrindo casualmente.

— O quê? Como?! — Itotia ficou tão surpresa que nem pensou em atacar.

Ao mesmo tempo, toda a comoção da plateia havia desaparecido, dando espaço a algumas conversas abafadas e pessoas se perguntando o que havia acontecido.

— Bem, creio que não há necessidade desta luta continuar — disse ele olhando para sua oponente. Depois, virou seu olhar para um lugar específico da plateia e perguntou: — Certo, locutor?

— Ah... A vitória é de Sariel de Eribur — anunciou com pouca empolgação.

O povo aplaudiu timidamente o vitorioso, foi uma vitória tão rápida que ficaram desapontados com o resultado.

— Bom, foi um prazer, espero que possamos nos conhecer melhor assim que entrarmos — disse o viajante enquanto se despedia de Itotia, que não ficou indignada apesar de ter sido derrotada sem nem ter lutado.

— Hmm, ele é veloz... ainda mais do que aquela garota... Eu gostaria de lutar com ele — disse Yaxun observando Sariel, que caminhava de volta para a sala de espera.

Luna observou o viajante fixamente, que de alguma maneira a viu no camarote e ainda acenou para ela. A princesa apenas levantou sua mão como resposta.

— Eu sabia que era forte, mas eu nem o vi se mover...

— Por que está impressionada? Você é um anjo — disse o rei.

— Mas eu não luto.

— Hmm, ainda bem, caso contrário tenho certeza de que estaria lutando pela minha vida neste exato momento.

— Eu...

— E agora para a segunda rodada de nossos visitantes! Deem suas boas-vindas mais uma vez a SIR RAYMOND DE FORDURN.

Raymond entrou em campo novamente e seu oponente dessa vez também era uma mulher vestindo roupas de cor vermelha.

— E um pequeno anúncio antes que esta batalha comece! Como todos sabem, aquele que vence o torneio recebe a honra de lutar contra nosso grande rei Yaxun, porém hoje será diferente, já que temos um convidado especial que será revelado no final!

— Convidado especial, este deve ser Aegreon, certo? — perguntou Luna.

— Sim, afinal de contas, Aegreon é mais forte do que eu, portanto ele venceria todas as batalhas, seria sem graça. E será interessante ver ele lutando contra algum deles naquela arena, quem sabe ele não luta contra Sariel, gostaria de ver o quão forte ele é.

— AGORA, QUE COMECE A BATALHA!

A partir deste momento, todas as batalhas da segunda rodada foram iguais, com todos os três participantes derrotando seus oponentes com facilidade.

Todos avançaram implacavelmente pela segunda e terceira rodadas, até que os organizadores perceberam que aqueles estrangeiros eram especiais e decidiram dificultar suas batalhas.

Raymond havia acabado de vencer seu oponente quando o narrador fez um anúncio: — Mais uma batalha ganha por Raymond! Já podemos ver que todos são guerreiros excepcionais, portanto, o que acham de uma luta entre eles mesmos?

O povo gritou animado clamando por uma luta entre os visitantes.

— SIM! Vejo que estão animados por isso, então aproveitem a próxima batalha! RAYMOND CONTRA SHIINA!

O guarda-costas permaneceu na arena conforme aguardava a assassina se aproximar. Ela ainda usava sua máscara, por isso era impossível saber o que ela pensava.

— Parece que finalmente perceberam nosso valor, huh — disse Shiina conforme andava.

Hm — resmungou Raymond.

— Bem, é apenas uma luta de apresentação, então sem ressentimentos, certo?

 — Será uma boa oportunidade para mostrá-la que não deve tentar nada com...

— Esqueça isso, você está se preocupando com a pessoa errada, deveria se manter atento com Sariel, e não comigo.

— Está enganada, estou atento a todos vocês, e não apenas nele.

— Acredite, “ele” é uma boa pessoa apesar de não parecer, contudo não posso dizer nada sobre Sariel, ele é ardiloso e você sabe disso.

Raymond permaneceu em silêncio à medida que pensava cuidadosamente. A princípio, ele achou que todos estavam juntos, entretanto os acontecimentos recentes e a desconfiança de Shiina dizia o contrário. Contudo, isso só tornava a situação mais difícil de analisar, pois era impossível saber qual dos dois lados tinha boas intenções, isso sem considerar que ambos poderiam ter objetivos maléficos que se confrontavam.

Ambos permaneceram em silêncio à medida que aguardavam, até que o início da batalha foi autorizado subitamente.

— QUE A BATALHA COMECE! 

Shiina avançou e em apenas um segundo já estava corpo a corpo com Raymond. O anúncio súbito pegou o guarda-costas desprevenido, que tentou socar sua oponente no susto.

No entanto, isso se provou ter sido um erro.

Como o ataque foi repentino, Raymond acabou atacando por reflexo e abriu sua guarda, permitindo que uma assassina mortal tivesse acesso aos seus pontos fracos. Shiina aproveitou sua chance e desferiu dois socos abaixo de seus pulmões, acertando os diafragmas e fazendo-o perder todo seu ar.

Em seguida, a assassina aplicou um mata-leão para que não recuperasse o ar. Raymond tentou se soltar, contudo suas forças estavam reduzidas, já que não conseguiu inspirar. Depois, Shiina derrubou o guarda-costas e o imobilizou com suas pernas.

Com isso, um intenso conflito de resistência se iniciou, com Shiina tentando desmaiar Raymond, e ele tentando se livrar. A assassina, apesar de focar em velocidade, tinha uma força física superior à de muitos, e graças a isso que o guarda-costas ainda não havia se soltado.

Raymond, que estava na desvantagem a princípio, conseguiu lentamente afrouxar um pouco o golpe de Shiina, no entanto falhou em se soltar completamente.

Raymond se esforçou tanto que as veias em seus braços e rostos saltavam e pareciam que explodiriam a qualquer momento.

Ambos permaneceram no chão durante todo esse confronto. O povo de K’ak’ estava dividido, com algumas pessoas torcendo por Shiina e outros por Raymond. A maioria, entretanto, torcia pelo guarda-costas devido ao deboche que a assassina demonstrou em suas lutas.

A partida parecia durar uma eternidade, enquanto todos gritavam como loucos. Até que a visão de Raymond começou a escurecer, e sua consciência apagou.

— Ufa... — suspirou Shiina conforme largava o guarda-costas e se esparramava pelo chão.

— E A VITÓRIA É DE SHIINA!

A plateia explodiu em gritos e palmas ensurdecedores. Apesar de ter sido uma batalha rápida, foi a mais emocionante do dia — e provavelmente dos últimos meses.

Shiina sorria por baixo de sua máscara e estava cansada, visto que Raymond resistiu muito mais do que havia previsto, por isso tinha sido uma vitória para se orgulhar. Nesta situação, sem poder usar magia, ela estava totalmente na desvantagem e mesmo assim ganhou.

Após recuperar seu folego, ela se virou para o guarda-costas ainda desacordado, deu alguns tapas no rosto dele e disse: — Ei! Acorda, grandão.

Raymond acordou em um susto e tentou atacar Shiina, que desviou sem esforço. Quando ouviu os gritos ele logo percebeu o que havia acontecido e parou seus ataques.

— Você lutou bem — disse a assassina ainda ofegante à medida que estendia sua mão para ele.

O guarda-costas hesitou. Sentia-se frustrado por ter perdido, entretanto sabia que a culpa por ter perdido havia sido inteiramente dele, e se não tivesse se distraído provavelmente teria ganho, por isso ele retribuiu o cumprimento e disse: — Você também.

— Hm, vamos? — disse Shiina apontando para a saída.

— Sim.

Ambos saíram juntos da arena com gritos eufóricos acompanhando-os.


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