O Primeiro Serafim Brasileira

Autor(a): Anosk


Volume 1

Capítulo 10: K'ak' Witz

Após o fim da intensa batalha entre Aegreon e Sariel o grupo foi guiado para dentro da capital de K’ak’ e levados até o palácio real.

O povo estava agitado devido ao som que ouviram e a grande nuvem de poeira, e se aglomeravam na saída do que sobrou da arena, entretanto os guardas já explicaram a situação e os acalmaram.

Ao adentrar a capital, Luna se deparou com uma vasta floresta de pedra. Os edifícios eram construídos em pedra, e a grande maioria tinha formatos piramidais. Além disso, quanto mais próximos ficavam da montanha, maiores e mais altas se tornavam os prédios, como se almejassem tocar as nuvens.

Luna olhava maravilhada e com curiosidade para a engenharia de K’ak’. A diferença entre Fordurn e K’ak’ era tamanha que sentia como se estivesse em outro mundo.

— Uau... é tão diferente de Fordurn... Por que os edifícios são todos nesse formato?

Seus olhos brilhavam — um brilho diferente da marca de sua raça — como uma criança descobrindo pela primeira vez o mundo exterior.

— Durante uma batalha contra os anjos, K’ak’ Witz, a montanha que vê agora, entrou em erupção quando mais precisávamos de ajuda. Como os anjos se deslocam pelo ar, a lava e a fumaça limitaram sua capacidade aérea, e como tínhamos muitos soldados do Elemento Fogo fomos capazes de aproveitar o fogo da montanha.

— E a erupção não os afetou também?

— É claro, ainda se tratava de uma erupção, então também sofremos com isso, mas graças a ela fomos capazes de expulsar os anjos. Depois disso, todas as nossas construções visam imitar o formato da montanha como uma forma de homenagem e símbolo de nossa vitória, por isso do formato piramidal. Além disso, nomeamos nosso reino de K’ak’ Witz, que em nosso idioma significa “montanha de fogo”.

— Mas não é difícil construir algo nesse formato?

— Bem, é de fato um pouco difícil, no entanto a existência da magia torna uma tarefa bem mais simples. Se não fosse por isso, seria algo quase impossível.

Todos desejavam fazer perguntas também, porém Luna estava tão curiosa que acabava perguntando por eles. A única exceção era Aegreon, que permanecia calado e com uma expressão nada amigável, o que arruinava levemente a atmosfera animada.

O guarda continuava a exaltar sobre a engenharia da capital conforme se aproximavam cada vez mais da grande montanha, soberana e maior que qualquer construção feita pelas mãos humanas.

E, quase como se competisse com a grandiosidade da montanha, erguia-se a maior pirâmide de todo o Reino de K’ak’. Com cerca de 350 metros de altura e 600 metros de largura, o palácio real de K’ak’ Witz roubava a cena e atraia todos os olhares daqueles que viviam e visitavam o reino.

Além de seu tamanho, sua decoração também se destacava das outras pirâmides: inúmeras plantas e flores cresciam no lado de fora e tingiam o cinza das paredes com um arco-íris natural. As entradas e janelas eram contornadas com ouro e joias preciosas, e várias estatuas de ouro dos reis anteriores de K’ak’ rodeavam a base de pirâmide como se protegessem o grande palácio. Além disso, a construção se localizava no meio de um lago artificial, com cachoeiras correndo pelas paredes da pirâmide e desaguando no lago.

— É... enorme! Como é possível algo assim existir? — exclamou Luna.

— Quão alto é isto?! Nunca vi uma construção alta como esta — perguntou Raymond.

— Sempre ouvi histórias sobre o grande palácio Real de K’ak’, mas isso... é ainda mais imponente que imaginei... — disse Shiina.

— Este é o maior feito de nosso Reino! O palácio de K’ak’ demorou cerca de 7 anos para ser construído, e nos custou toneladas de joias preciosas e ouro! Além disso, fizemos questão de fazer plantas e flores crescerem na superfície da pirâmide pois, afinal de contas, nosso reino se encontra rodeado pela natureza. Já faz anos desde sua construção e até hoje me sinto maravilhado!

O guarda os guiava e falava com orgulho e brilho em seus olhos, afinal o palácio de K’ak’ era uma maravilha da engenharia e conhecido em todo o mundo.

O grupo atravessou a larga ponte que levava à pirâmide, e observavam extasiados os arredores. O lago, apesar de artificial, contava com uma grande variedade de peixes nadando nele, e várias pessoas jogavam comida ao mesmo tempo que se divertiam vendo-os de perto.

Após caminhar um pouco, finalmente chegaram no palácio e se depararam com um enorme e luxuoso salão de entrada. As paredes eram todas banhadas em ouro, com inúmeros hieróglifos desenhados e iluminados por tochas. Havia várias mesas e cadeiras feitas de madeira, além de numerosas plantas diversificadas.

— Em que posso ajudá-los? — perguntou um serviçal assim que os viu se aproximando.

Era o primeiro homem do reino que não tinha a parte superior despida, e as cores de seu tecido eram neutras, algo bem raro em K’ak’. Para completar, não possuía metade de seu braço direito, e tinha um tapa-olho no lado esquerdo.

— Estes visitantes chegaram hoje e devem ser levados à sala de Sua Majestade.

— Compreendo, cuidarei deles. Sigam-me por favor.

O serviçal guiou todos por dentro do palácio. Os corredores eram largos, bem cuidados e com um ar agradável de se respirar, graças às plantas que perfumavam o palácio com um aroma natural, e pessoas transitavam frequentemente por eles.

Após caminharem e subirem vários lances de escadas, finalmente chegaram a uma sala espaçosa e luxuosa. Havia uma fonte no centro grande o suficiente para ser considerado uma piscina, e suas águas corriam pelo chão, separado por um vidro que permitia ver a correnteza.

Em uma das paredes, tinha uma grande janela com vista para todo o reino — incluindo a arena destruída —, e inúmeras mobílias embelezavam o aposento.  Montes de ouro e joias preciosas decoravam os moveis, murais e tapeçarias, como se não houvessem onde guardar estes itens de luxo e decidiram usá-las onde pudessem.

— Podem se sentar, em breve Sua Majestade virá — disse o serviçal simpaticamente. — Providenciarei um belo almoço, já que devem estar com fome após suas lutas. — Com isso, ele se virou para o caminho que vieram e partiu.

Shiina foi a primeira a agir e se jogou em um sofá de dois lugares, e apesar de deitada ainda sobrava espaço devido seu tamanho.

— Finalmente algo macio... — suspirou esparramada no acolchoado.

Raymond foi o próximo a se sentar em outro sofá com três lugares.

— Deveria ter modos, você está no palácio do rei — aconselhou o guarda-costas.

— Essas almofadas foram feitas para serem usadas. Além disso, Aegreon está aqui, lembra? Sua autoridade é maior que de Yaxun.

— Lembre-se que estamos aqui para pedir ajuda — lembrou Luna que se sentava ao lado de Raymond. — E depois daquilo na arena, ele pode estar inclinado a recusar.

— Tenho certeza de que seu “herói” usará de sua língua de prata para convencê-lo. É bem provável que ele tenha ficado para trás por causa disso.

— Ou talvez não — falou Aegreon pela primeira vez desde que deixaram o rei. — Se Yaxun se mostrar relutante em nos ajudar, provavelmente será por causa dele — completou conforme se sentava em uma poltrona.

— Aegreon, por que você tentou matá-lo? Por que desconfia tanto dele? Sabe de algo sobre ele? — perguntou Luna observando-o.

Ela tentava olhar para o Pilar discretamente, porém era uma tarefa difícil agora que sabia sobre o aspecto da pele dele.

— Não... não sei nada sobre ele. E é por isso que ele precisa ser eliminado. Vocês viram o poder dele, não é inferior ao de um Pilar, entretanto nunca ouvi nada sobre ele, o que é bem estranho.

— Ele tem razão, Alte... Luna. Alguém forte como ele seria conhecido. É suspeito que não sabemos nada sobre ele.

— Mas... com o poder dele, ele poderia ter me matado há muito tempo...

— Isso não significa nada — disse Aegreon. — Ele não é conectado ao Conselho, se fosse o caso eu teria ouvido algo sobre, então ele pertence a outro grupo.

— Como pode ter certeza disso? — questionou a princesa.

— Para ter mantido em segredo sobre sua existência, e ainda ter se tornado forte dessa maneira, só pode ter sido alguma facção o sustentando — explicou Shiina.

— Mas que facção seria capaz de esconder algo do Conselho?

— As seitas... — sussurrou Aegreon.

— Como? — perguntou Luna que não foi capaz de ouvir o que o Pilar havia dito.

Entretanto, ele não respondeu, e fez-se um silêncio estranho após tal comentário. Raymond e Shiina trocaram olhares misteriosos, e não ousaram falar nada também.

A princesa se sentiu desconfortável. Por algum motivo, nenhum deles estava disposto a dizer algo, como se — seja lá o que Aegreon disse — fosse algo proibido de ser mencionado.

— Por que não dizem nada?

— De qualquer maneira — começou o Pilar —, ele é perigoso. Seus objetivos podem ser muito mais profundos que imaginamos.

— O que ele poderia querer comigo se não minha morte?

A assassina olhou para a princesa e começou: — Talvez ele deseje sua alm...

Baam!

Porém, ela foi interrompida pelo som da porta se abrindo violentamente.


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