O Pior Herói Brasileira

Autor(a): Nunu


Volume 2

Capítulo 11: Cerne

Enquanto via o homem na minha frente se embriagar descontroladamente, só pensava no tempo que estava perdendo ali. Afinal, ainda tinha que fazer algumas coisas antes de encerrar o dia: como ver o resto da cidade e procurar um lugar para dormir. Eu não tinha a menor ideia como funcionava as coisas naquele lugar, então, ter um tempo para puder ver tudo isso seria muito bom

 

Porém, Ben parecia estar se divertindo muito no meu aniversário. E parecia que ele não iria parar tão cedo. Notando isso decidi que seria melhor sair dali o mais rápido possível. Se ele caísse bêbado ali provavelmente quem teria que pagar o pato seria eu. Talvez até que teria pagar a conta...

 

— Bem, foi bom beber com você! Mas, eu vou ter que me retirar agora. Então, com sua licença...

 

— Hahahahaha! H-hã?!??! Por quê? A festa só começo- começou garoto! Blew! 

 

— Geez! Hahaha... eu vou ter que fazer algumas coisas importantes... sabe como é né...

 

— Bluh... n-não sei.... fica mais um... fica mais um pouco... até o amanhecer....

 

Manter uma conversa com aquele bêbado maluco, com certeza, não parecia ser a melhor das ideias. Aquilo só ficaria se arrastando ali. Eu também não tinha tempo para ser gentil, na verdade, nem queria isso. Então eu só iria embora dali sem falar mais nada com aquele idiota. 

 

— Hahh... tchau.

 

Eu apenas me levantei e fui embora dali

 

— Espere — fiquei surpreso quando Ben segurou meu braço esquerdo me impedindo de ir embora — você é idiota, por acaso? Não é uma boa ideia sair agora, a não ser que você queira ser morto

 

As palavras daquele homem irromperam-me com uma espada. Como se o tempo tivesse parado por um milésimo de segundo. Como se naquele pequeno espaço de tempo, eu tivesse entendido tudo o que ele queria dizer ali. Movendo-me para meu lugar, sentei-me mais uma vez. Enquanto via Ben pedir por mais uma bebida. 

 

***

 

Enquanto ele se deleitava com sua bebida, tentei enxergar a minha volta. Parecia pior do que eu imaginei. 

 

— Você é lento, hein? Pensei que os heróis fossem mais espertos que isso. — Disse, Ben. Enquanto mantinha uma atuação digna de prêmio

 

— Perdão. Talvez eu ainda esteja meio ansioso com minha estadia aqui.

 

— Quem estaria ansioso para vir aqui? Garoto... onde você está com a cabeça? 

 

— Por que diz isso? 

 

— Você quer mesmo que eu diga? Não é óbvio?! — Respondeu Ben se referindo as pessoas ao nosso redor.

 

Eu não gostaria de revelar mais coisas para aquele homem. Mesmo que ele parecesse ser mais confíavel do que as outras pessoas, isso não necessariamente significava que eu poderia confiar inteiramente nele. Afinal, ele era uma daquelas pessoas e eu havia acabado de conhecê-lo.

 

— Eu sou uma pessoa nascida e criada no interior. Então, eu não tenho uma grande variedade de informações... mas, meus amigos me disseram que esse seria um bom lugar para começar

 

— Então Iori, com todo respeito, eu tenho uma péssima impressão de seus 'amigos'. Ou eles te odeiam muito ou são muito mal-informados, no mínimo. 

 

— Como pode dizer isso? 

 

— Se tem alguém que pode dizer isso, sou eu. Afinal, cresci aqui e sua herança maldita é marcada em minhas costas. A única coisa que me mantém feliz é saber que falta tão pouco para eu sair finalmente desse maldito abatedouro

 

As palavras fortes e incisivas de Ben me faziam ficar um pouco nervoso. No entanto, ele podia estar exagerando. Afinal eu havia visto mais cedo várias pessoas entrando na cidade. Carroagens enormes entravam pelos portões, ao mesmo tempo que apenas alguns poucos saíam dela. Ele estava fora de sí no fim, não é como se ele fosse a melhor pessoa para adquirir alguma informação. 

 

— Tenho certeza de que vi muitas pessoas e carruagens entrando pelos portões da cidade. Além disso, suas construções antigas e arquitetura são impressioantes, visto que tudo é construído apenas com pedras...

 

— Hu...huh.. haha...

 

—...Vi várias pessoas conversando e sorrindo também. Elas pareciam muito felizes na minha visão...

 

—...Pfff... ahahahaha...

 

—...A cidade também não fica tão longe da capital, não é? Isso não seria algo bom? Não acho que faça sentido uma cidade como essa ser tão ruim e abandonada como você diz.

 

— Garoto. Tenho certeza que você apenas deu uma olhada na frente da cidade, não é? Você chegou hoje com toda certeza. 

 

— Sim, é verdade. Mas, o que tem a haver? 

 

— E mesmo assim, eu tenho certeza que você notou duas coisas: as expressões desgatadas de alguns moradores e as 'estátuas'. Sim, de fato, para alguém de fora é impossível não notar isso.

 

— C-como você soube?! 

 

— 'Para quem está vivo é impossível não notar quando algo está morto', acho que é assim a expressão. 

 

— Eu nunca vi essa expressão na minha vida. 

 

— Não lhe julgo. Essa é uma expressão de minha terra natal. Não há muitos que a conheçam. 

 

Foi quando finalmente escutei os passos daqueles que estavam dentro daquela taverna. Um a um eles foram saindo do lugar. No entanto, mesmo que não estivesse olhando para os mesmos seus olhares eram facilmente lançados para mim. Era uma sede de sangue insaciável. 

 

— Por que eles me odeiam tanto?

 

— As pessoas daqui não gostam muito de heróis. E bem, você está vestido como um.

 

— Ué? Isso não faz sentido nenhum. Como as pessoas daqui não gostam de heróis?! — Indaguei

 

— Ah, faz sentido sim. Vamos fazer uma analogia: vamos dizer que você faça alguma coisa errada. A última coisa que você quer, é um visitante indesejado que reporte e dedure tudo não é? É mais ou menos isso. 

 

— E o que acontece com esses visitantes indesejados? 

 

— Normalmente? Nada. Apenas 'desaparecem' 

 

— [...]

 

— Bem, não é como se recebessemos muitos visitantes mesmo

 

— [...]

 

— Aqui está seu pão — De repente, o homem que parece cuidar da taverna trouxe um pão redondo e velho para a nossa mesa. Realmente, me lembrava de que Ben havia pedido um mais cedo. — agora se me dá licença... 

 

— Ah, obrigado. Eu realmente precisava comer alguma coisa.

 

O pão redondo era maior que o próprio prato. O dono da taverna também trouxe uma pequena faca que parecia que nem daria conta do próprio pão. 

 

— Vamos lá...

 

Ben começou a cortar o pão gentilmente. A faca parecia mal raspar pela superfície dura e áspera daquele pão que mais parecia uma pedra. No entanto, quanto mais fundo Ben passava a faca na carne, mais da cerne era revelada

 

Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários

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