Volume 2
Capítulo 10: Madureza
*Glub* *Glub* *Glub*
— GWAHAHAHAHAHA! Que delícia! Ei, velhote! Manda mais uma cerveja pra cá! Hoje é um dia festa, quero me esbaldar hoje!
O homem que eu acabara de conhecer, parecia estar se divertindo enquanto se enchia de bebida. A todo tempo me perguntava como tal pessoa conseguia se manter ainda sóbria depois de tanto álcool; era simplesmente impressionante. Litros e mais litros de cerveja eram derramadas vez após vez em sua boca. Já eu, tinha apenas um copo de madeira cheio de cerveja que ainda estava totalmente cheio.
— Hã?
Voltando sua atenção para mim, o homem chamado Ben pareceu ter ficado incomodado com alguma coisa. Ele ficou me encarando por alguns segundos, o que foi bastante incômodo. Não gosto de pessoas me observando tão fixamente assim, então, buscando me livrar de toda aquela atenção tentei virar meu rosto para outra direção.
— [...]
No entanto, aquela sensação estranha não sumiu em nada. E não demorou até que eu escutasse a voz de Ben.
— Ei, Iori.
— H-hã? O que foi?
— Por que você não está bebendo? — Indagou, Ben. Ele estava visilvemente incomodado com isso. Talvez, até irritado. — Hoje é seu aniversário não? Você é maior de idade, não é? — Penso que Ben provavelmente suspeitou que eu estava mentindo sobre minha idade, e que eu deveria estar apenas com peso na consciência.
— Bom, sim. Eu fiz 18 anos hoje
— Então, beba ué!
— [...]
Eu não queria dizer para ele mas... eu estava um pouco nervoso sobre isso. Minha mãe e meus avós sempre me ensinaram que eu não deveria beber antes da maior idade. Claro, não é como se eu fosse um exemplo de obediência ou de moral, muito pelo contrário. No entanto, era como se houvesse ainda uma pequena barreira entre mim e a bebida, afinal, até alguns minutos atrás eu ainda me enxergava como um garoto, não como um adulto.
Movido pelas fortes palavras de Ben, eu decidi pegar o copo cheio de cerveja. O copo — que estava cheio até a boca — estava cheio de uma espuma com um forte cheiro de álcool. Sendo bem sincero, não é um odor que me trazia boas lembranças. Meu estômago pareceu se contorcer junto de minhas entranhas. Minha mão também tremia bastante, isso fez com que um pouco da bebida caísse em cima da velha mesa de madeira.
— D-desculpe. Eu vou limpar isso...
Ben me olhava a todo momento. Seu semblante não parecera em nada com o que era antes. Porém, mesmo que sua personalidade tenha mudado, eu ainda não enxergava raiva em suas palavras. Era como se ele apenas estivesse em dúvida sobre algo e apenas estivesse me testando.
Como se já tivesse encontrado sua resposta, Ben bateu suas mãos em cima da mesa. O barulho repentino pareceu chamar ainda mais a atenção dos que estavam reunidos ali. Ben, no entanto, pareceu não sem importar em nada. Suas mãos ainda tocavam na mesa quando ele disse:
— Hmph, eu acho que finalmente entendi! — Exclamou, Ben. Seus olhos antes fechados se abriram junto de um pequeno sorriso de satisfação. — Você está nervoso já que essa é sua primeira cerveja, não é? Ah garoto, você apenas deveria ter me dito isso antes... — Completou, Ben. Antes mesmo que eu pudesse dizer alguma coisa.
— C-como você sabia? — Perguntei, cheio de nervosismo.
— Ah, está na sua cara. Sabia garoto? Eu sou muito bom em ler as feições das pessoas. Sei exatamente como elas estão se sentindo ou pensando apenas dando uma boa olhada em suas faces!
— Isso é algum tipo de poder bizarro?
— Ei! Eu não tenho nada de bizarro... eu acho... — Murmurou, Ben. Ele falou isso enquanto segurava seu queixo com a mão direita. Ele parecia realmente estar pensando sério sobre isso.
Quando notei isso percebi que não tinha nada para temer sobre Ben. Na verdade, creio que naquele momento eu percebi que tinha encontrado mais um idiota. Mas por alguma razão eu me senti mais aliviado e feliz exatamente por isso.
— E-ei por que você está sorrindo Iori?
— Hehehe... tem algum problema com isso?
— Bom, não exatamente mas... eu sinto que estou sendo julgado por algum motivo.
— Acho que é apenas impressão sua. Hehehe...
— Ugh! Você é estranho!
Todo aquele sentimento estranho, enfim, desapareceu. Fixando meu olhar bebida lembrei-me do ano que havia se passado. A minha morte, a minha chegada nesse mundo, a vila de Yve, aquele fantasma estranho, o monstro da floresta, a casa na floresta, Erich, todos os seus treinamentos malucos e mortais, todos seus ensinamentos, todos os nossos momentos juntos... quando concluí meu treinamento me senti tão feliz, mas ao mesmo tempo tão triste. Quando me senti tão completo, foi aí que me tornei imcompleto. A morte de Erich me levou a conhecer aqueles caçadores. Eles eram estranhos, mas são pessoas pessoas legais.
"Será que algum dia vou os reencontrar?"
E tudo isso me trouxe a essa cidade. Para aquele momento.
Creio que tudo que Erich me ensinou, foi para que eu me tornasse um homem justo no fim.
Por mais que eu soubesse que não é um gole de álcool que iria me tornar um homem, ainda sim, senti que deveria fazer aquilo para honrar tudo que Erich fez por mim. Afinal, eu me sentia mais maduro do que quando havia chegado.
***
Memórias transbordaram para a minha mente.
"Satoru, meu filho."
"Sim, mamãe?"
Minha mãe estava lavando os pratos. Já eu, estava brincando perto de seus pés com um pequeno carrinho vermelho de brinquedo velho e com as duas rodas da frente faltando.
"Você sabe o que é um homem de verdade?"
Como estava deitado no chão de tatame não conseguia enxergá-la direito. Porém, ela havia me feito uma pergunta um tanto estranha. Mas, por alguma razão sentia que não era estranho ela fazer perguntas assim.
Talvez notando minha demora ao responder, minha mãe com sua voz calma e pacífica habitual apenas se permitiu a se desculpar.
"Oh, perdoe-me querido. Eu fui um pouco estranha não é? Apenas ignore isso e volte a brincar, tudo bem?"
"..."
Estarrecido com aquelas palavras, o pequeno Iori pareceu racionar por uns poucos segundos. Em seguida, ele largou seu pequeno carrinho e caminhou até as pernas de sua mãe, as agarrando-as.
"Satoru? O que foi?"
"..."
"O que foi querido?"
"Dan-dangou!"
Eu disse aquelas curtas palavras apontando para a TV. Ela estava ligada tocando a abertura do herói que eu tanto gostava. Pelo jeito, desde aquele época o homem que eu mais respeitava sem dúvidas era Dangou por isso acredito que dei aquela resposta.
"...Hehe... Dangou, não é?! Ele é realmente um homem incrível!"
"D-dangou... salva as pe-pessoas!"
"Sim, meu filho! Um homem de verdade salva quem precisa!"
"D-dangou... é um homem legal e... bondoso!"
"Sim, um homem de verdade tem que ser bondoso e legal!"
Minha querida mãe apenas parecia repetir o que eu dizia. Talvez para me agradar, afinal, era bem pequeno. No entanto, ela me surpreendeu de repente.
"E o que mais?"
"O que mais...?"
Era difícil para mim. Afinal, para mim naquela época, eu estava apenas tendo uma conversa divertida com minha mãe sobre meu herói favorito.
"Eu... não sei."
"Hehe..tudo bem meu amor."
De repente, minha mãe que estava em pé, se ajoelhou e começou a esfregar meus cabelos. Como ela amava fazer. Antes dela começar a falar, ela fungou em minha cabeça.
"Um homem de verdade deve ser... incrível, bondoso, legal e... maduro. Um homem confíavel e respeitavél."
"O que é um... homem maduro?"
"Um homem equilibrado."
"Tipo o vovô?"
"Sim! Tipo o vovô!"
Minha mãe me abraçou forte em seus braços. Era quente e mais seguro que qualquer lugar do mundo.
Esse é o fim do sonho. No entanto, essa pequena lembrança me fez lembrar do motivo pelo qual não citei meu pai. Quando finalmente olhei o rosto de minha mãe, percebi que havia um ferimento em sua bochecha.
***
*Glub* *Glub* *Glub*
— Ahhhh!
— E então? O que achou?
— É amargo, mas não é tão ruim
— Quer mais um copo?
— [...]
— Não. É o suficiente.
Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários
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