O Pior Herói Brasileira

Autor(a): Nunu


Volume 1

Capítulo 1: Meu Fim é Esquecível

Através da humilde janela do meu quarto, havia percebido que o inverno finalmente tinha chegado. Os pequenos cristais de gelo que caíam do céu esbranquiçou as ruas da monótona e pequena cidade em que vivia. Ruas e calçadas sumiam, dando lugar a um pequeno paraíso branco. Eu não sou do tipo sentimental, mas, era muito bonito.

 Lembro de correr para abrir a porta da frente, mas quando fiz, fechei a mesma em um piscar de olhos. Eu tinha feito isso de novo. Então, depois de dar meia-volta e buscar a única roupa de frio que tinha, me pus em frente a porta mais uma vez. Parei. Segurei a velha maçaneta com força o suficiente para arrancá-la. Respirei fundo e... Abri a porta!

— Brrrr... que frio... — Esfreguei meus braços procurando alguma forma de me aquecer.

Buscando algum conforto, estendi meus olhos adiante. O sol mal havia despontado no horizonte e já existia um grande grupo de fedelhos acordados para brincar com seus amigos e vizinhos. Além de gritarem como loucas, não davam a mínima pra aquele frio de matar. Elas preferíam aproveitar todo aquele tempo livre correndo de um lado para o outro, ou construindo — o que parecia ser — bonecos de neve. Ou seja, elas enxergaram claramente a beleza da estação, daquilo que estava na frente deles, porque elas ainda podem: brincar, correr, se divertir. Elas ainda podem viver; elas podem desfrutar da vida.

Porventura, já para os adultos que precisam acordar cedo para trabalhar e sustentar sua família, o frio e toda aquela neve que acompanham esta estação não são um obstáculo fácil. É semelhante a minha situação anterior. A neve era visualmente bonita aos meus olhos, mas isso era óbvio — eu estava em uma casa quente olhando de uma janela.

As percepções sobre a vida se tornam totalmente diferentes e desconexas conforme crescemos. Percebi isso desde cedo, mas prefiro não me lembrar disso...

Assistir aquelas crianças correndo de um lado para outro, me fez lembrar de uma distinta. Gostaria que ela brincasse mais com os outros pirralhos, mas ela aparenta estar muito mais preocupada em não me deixar sozinho, do que em se divertir. Eu sei que tudo tem seu tempo, mas não consigo deixar de pensar nisso.

Hana já tem 5 anos, ela é minha irmãzinha e uma criança muito boa. Faz 3 anos que nossa mãe... acabou falecendo. Como morávamos com ela ( e nosso pai havia sumido há algum tempo ), terminamos indo morar na casa de nossos avós. Por já estar naquela idade de fazer muitas perguntas, as vezes, ela acaba fazendo algumas perguntas sobre como eram nossos pais. Sempre que ela faz esse tipo de pergunta, meus avós mudavam de assunto tão rápido quanto a luz, mas não sei até quando eles vão empurrar esse assunto pra depois.

Devido a mudança a 3 anos atrás, eu acabei trocando de escola. O que seria muito bom! Porém, infelizmente, minha reputação e meu passado voltaram a me assombrar mesmo nessa nova escola. O resultado acabou sendo o mesmo: — Olhares de desprezo, o nojo em seus rostos, a raiva em suas vozes.

Amigos? Isso seria impossível. Estudos? É difícil reunir forças sozinho. Um trabalho de meio-período? Ninguém contrata um problemático. Mas eu nunca me importei com isso. Eu sei que mereço tudo isso, então por que se preocupar? Eu já havia me acostumado a ser tratado assim.

Minha irmã às vezes me perguntava por que não tinha amigos. E eu apenas dizia algo como:

— É porque eles tem vergonha de falar com alguém tão bonito e legal como eu!

E é sempre engraçado como ela sempre acreditava e dizia algo como:

— Ah, entendi! Como se ela tivesse descoberto algo.

Após sentir meus dedos virando sorvete, decidi apenas entrar logo em casa. Fui em direção a sala de estar, e lá estava Hana.

Minha irmã nem notou a minha chegada, olhando hipnotizada pra nossa TV de 32 polegadas. Um amontoado de cores e luzes enchiam e piscavam sobre a tela a todo momento naqueles novos desenhos infantis, somados aquelas pelúcias com olhos grandes; vozes estridentes e alegres que as crianças adoram. Já meus avós pareciam diferentes do habitual. Logo após o café, percebi que minha vó estava vestindo uma roupa não casual, ela também colocou um par de brincos verde-esmeralda e, debutou cuidadosamente a sua pequena bolsa ornamentada de cor bege. Já o meu avô foi em seu quarto e voltou 5 minutos depois com seu casaco cinza e seu chapéu de mesma cor.

Depois de um tempo, meu avô me chamou para sair de casa, e apesar de relutante devido ao frio, infelizmente tive que sair. Já fora de casa, meu avô me deu a notícia que eu esperava:

— Satoru, sua avó e eu vamos ficar fora o dia todo hoje. Hoje é o dia do nosso aniversário de casamento, então fique em casa e cuide de Hana — Alertou, me olhando fixamente a todo momento.

Eu tinha me esquecido disso. Apesar de não ter com quem sair, sempre me acostumei a sair à tarde e voltar à noite para dar uma voltinha. Mas Hana era muito pequena pra ficar sozinha. Eles aparentemente já haviam contado a Hana, e depois de me contar, eles foram embora.

Eu sempre odiei ser sempre o último a saber. Então, aparentemente, teria que passar o meu precioso dia inteiro em casa, com aquela pirralha. Meus avós são muito protetores com ela, então duvido que eles iriam querer que eu a levasse para passear ou fazer um boneco de neve.

O frio lá fora era insuportável, mas o kotatsu estava tão quentinho e confortável...quase me fazendo adormecer... Com o tempo, Hana se cansou de assistir seu desenho animado e começou a pintar em cima do kotatsu em seu livro de colorir.

 Essa é a única lembrança que nossa mãe deixou para Hana — então para ela é como se fosse seu tesouro pessoal.

Quando Hana ainda mal podia abrir e fechar as suas mãozinhas, perguntei para minha mãe — que estava com Hana em seus braços, o porquê dela comprar um livro de colorir para um bebezinho. Para minha surpresa na época, com uma voz tão doce e angelical, ela respondeu com um grande sorriso em seu rosto:

— Hehe! Quando eu tinha a idade de Hana, minha mãe cometeu o mesmo erro ao me comprar um livro igual a este, mas...

— ...quando penso no tempo que passamos juntas, pintando neste livro, me deu vontade de fazer a mesma coisa com Hana quando ela for mais velha.

É uma boa lembrança.

 Além do livro, Hana ganhou uma caixa de lápis de cor. Mas por algum motivo, Hana só pinta com as cores: Vermelho, Azul e Amarelo.

Até pensei em passar um tempo vendo Hana desenhar, mas quando a vi desenhando as folhas de uma árvore com o lápis azul, logo desisti. Então, resolvi passar um tempo no celular, mas por causa do kotatsu quentinho, não demorou pra eu adormecer. Depois de algum tempo, acordei com o pequeno som de choro e quando levantei a cabeça, me deparei com Hana — algumas lágrimas desciam de seu pequeno rosto.

— O que aconteceu Hana?

 Hana rapidamente passou a mão em seu rosto, enxugando suas lágrimas.

— Ir-irmão... e-eu...

 

 *(3 horas depois)*

 

 

Não estava sentindo meus dedos, então esfreguei minhas luvas desgastadas. Buscando alguma distração, não deixava de olhar para a enxurrada de carros que passavam de um lado para outro nessa pequena cidade. Quando notei que já estava anoitecendo lembrei imediatamente de Hana, mas estava muito ocupado.

Enquanto vagava pela cidade, senti meu celular vibrando no bolso direito da calça. Não quis atender, pois tinha ideia de quem poderia ser e recebi a confirmação quando peguei o celular. Era meu avô. Com certeza eu receberia o maior sermão por deixar Hana sozinha, mas sendo bem sincero, uma reclamação a mais não faria diferença alguma sinceramente.

Mas... quando atendi, percebi que era melhor que fosse só uma bronca.

—...Hana está no hospital.

 

 

*( 1 Hora depois )*

 

 

Achei que teria um ataque cardíaco. Enquanto subia as escadas do hospital, pensei no que tinha acabado de fazer.

A cada degrau, minha consciência martelava vez após vez sobre a decisão que tinha tomado. É sempre assim, toda vez.

Isso não poderia ser mais uma coincidência, por mais que pensasse, sempre chegava a mesma resposta.

Eu não sou uma boa pessoa. E essa é minha recompensa.

Talvez tenha sido apenas minha mente me pregando uma peça, mas, a cada quarto que passava presenciava as mesmas coisas: os gritos de dor, o choro copioso, os rostos mofinos sem qualquer esperança.

Quando cheguei ao andar do quarto de Hana, arfava como um louco, minhas mãos e pernas tremiam e um suor frio descia vagorosamente em minha testa. Naquele momento, percebi que o som de passos em um corredor vazio de um hospital pode ser desesperador.

Passo a passo, cheguei mais perto do quarto de Hana, e quando estava na frente do quarto, escutei minha avó lamentando.

 Eu fiquei totalmente desesperado.

Por mais que tentasse pensar positivamente, minha mente só acreditava no pior. Parei. Segurei a maçaneta com força o suficiente para arrancá-la. Respirei fundo e... Abri a porta.

— H-Hana!

Mas, graças a Deus... não eram lágrimas de angustia. Hana estava bem, assim que o médico me atendeu ele se apresentou e disse que ela havia caído da escada em casa. Por sorte, Hana não ficou gravemente ferida, mas um vizinho escutou o barulho e, ao perceber o que havia acontecido chamou imediatamente uma ambulância.

O médico parecia ser muito gentil, mas não deixou de dar uma bronca enorme por ter deixado uma criança da idade dela sozinha, além disso, ele deixou claro que meus avós teriam que prestar contas por isso.

 Depois ele nos deixou sozinhos com Hana, ela parecia bem.

— Não se preocupe irmãozão! Eu estou muito bem! Olhe só... — Hana começou a movimentar os braços de um lado pra o outro com um grande sorriso radiante em seu rosto.

Minha avó parecia bastante aliviada por Hana estar bem, mas meu avô não parecia nada feliz, e eu não o culpo. Eles quase nunca saem e, quando querem aproveitar seu dia especial, recebem a notícia de que seu neta preferida está no hospital por causa de um erro meu.

Hana estava com seu livro de colorir na mão, e ao perguntar o porquê, minha avó me conta que também ficou surpresa, mas Hana estava abraçando o livro quando caiu da escada conforme o que os médicos falaram, então decidiram trazê-lo para hospital junto dela.

Ao escutar isso, imediatamente esbocei um pequeno sorriso... me levantei e me despedi.

— Você já tem que ir irmão? — Hana suspirou

— Sim, Hana. Por favor, melhore logo.

Me ergui e fui em direção às escadas do hospital, pois por algum motivo o elevador não estava funcionando. Mas quando me aproximei da escada, escutei uma voz irritada.

— Satoru, não basta nos envergonhar em casa, você quer nos envergonhar aqui também?

Quando me virei, vi que meu avô estava furioso cerrando os dentes como um cachorro louco e apertando seus punhos vigorosamente.

— O que foi, velhote?

Meu avô começou a gritar como um louco na frente de todos, tanto médicos, quanto pacientes começaram a olhar para nós sem saber o que estava acontecendo.

— Você é uma vergonha para nossa família, Satoru. Egoísta e mesquinho desde sempre! Quando sua avó e eu adotamos você e sua irmã, pensávamos que sua mãe tinha realmente bons motivos pra sempre te proteger daquela maneira, seja de parentes ou os pais de seus colegas... não importava! Ela sempre estava ao seu lado.

— Quantas vezes ela que mal tinha dinheiro pra sustentar vocês dois, tirou do próprio bolso pra desfazer as merdas que você fez! E você parava?! Não! Só continuava a causar mais e mais problemas a ela!

Hana parecia assustada e até tentou se intrometer:

— Pare Vovô! Eu estou bem!

— Fique quieta, Hana! Você está bem, é verdade. Mas poderia muito bem não estar!

Minha Vó, agarrou em seu braço tentando acalmá-lo, mas ele logo a empurra pra longe.

— Chega! Cansei desse egoísta bancando o bonzão o tempo todo. Por culpa dele quase perdemos Hana hoje, já não basta o que fez com sua mãe?! Hein?! Seu verme!

Os insultos não pararam.

— Emi sempre te mimou demais, é verdade. Mas isso não muda o fato de você ser desprezível, seu pirralho!

Eu apenas continuei ouvindo o que ele tem a dizer até que ele se cansasse, ou apenas desistisse como os outros.

Aos poucos lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto já enrugado. Sua voz que era firme e severa, começou a ter algumas pausas somados a pequenos soluços. Meu avô parecia que mal conseguia se manter em pé falando aquilo.

— E-Emi...minha f-filha... perdi minha filha querida por sua culpa seu l-lixo! S-Se você não existisse Emi estaria conosco...

Minha avó pedia a todo momento para meu avô parar, mas antes que ela pudesse fazer alguma coisa, meu avô agarrou minha camisa com força com as duas mãos e disse:

— Por que VOCÊ não morreu no lugar dela...

Eu já fui xingado, agredido e humilhado inúmeras vezes — Verme, Lixo, Horrível, Nojento, Desprezível — são algumas das várias palavras que escutei diariamente em minha vida até agora. Sendo bem sincero, chega um momento que meio que você se acostuma com elas, passam a ser rotineiras. Então, meio que eu só estava ignorando os insultos de meu avô. Entretanto, naquele momento, ele não havia me xingado. Também não tinha me agredido fisicamente.

Então... Por que doeu tanto? Doía de mais...Muito mesmo...

Minhas lágrimas não paravam de cair, meu esforço para tentar enxugá-las era em vão. Quando meu avô notou meu rosto, lembro dele murmurando:

— Satoru.

Naquele momento, senti suas duas mãos que estavam junto a meu corpo, se separando em um instante de mim.

— Huh?! Que sensação... é essa?!

Era como se tudo ao meu redor estivesse em câmera lenta.

— Estou caindo...?

—...Meu avô... me empurrou?!

Ao cair das escadas do hospital, acabei batendo minha cabeça em um dos degraus. O impacto foi muito forte, e eu não conseguia me mover.

Eu estava morrendo. Não podia culpar meu avô, só fiz ele me desprezar em vida, então talvez minha morte fosse a melhor coisa para eles de qualquer maneira. Hana ficaria bem? Espero que ela não fique muito triste e que consiga fazer alguns amigos.

— Um dos meus maiores arrependimento será não vê-la crescer.

Meus avós ficarão bem? Eles já estão ficando bem velhos.

— Espero que Hana cuide bem deles.

Escutei de muitas pessoas que quando estamos prestes a morrer, uma enxurrada de memórias passam pela nossa cabeça. Como se nossa mente quisesse lembrar dos momentos felizes e tristes que vivemos. Nunca levei isso a sério, nunca tive sequer interesse em acreditar em uma idiotice dessas.

Mas nos meus últimos momentos, percebi que era verdade. Apesar disso, infelizmente, não é como se eu tivesse grandes momentos para me lembrar. O que passou pela minha mente foi todas as vezes que decepcionei a minha mãe, a minha irmãzinha, meus parentes e meus amigos. Todos que foram prejudicados pela minha simples existência.

Minha vida foi... vazia? Acho que não tinha a resposta naquele momento. O que seria uma vida vazia, em primeiro lugar?

Bem, não importa. O que eu sabia, é que eu poderia até mesmo começar uma despedida emocionante em meus últimos momentos, me despedindo de Hana e meus avós. Mas, não! Pessoas como eu não merecem despedidas emocionantes.

— Isso seria...

Logo minha mente começou a apagar, meus olhos estavam ficando tão pesados... A hora do meu julgamento finalmente havia chegado. Eu conseguia ouvir pessoas gritando, mas, não conseguia escutar direito o que elas falavam.

Estava tudo muito escuro. Porém, nos meus últimos momentos, eu tive uma última lembrança. Uma memória esquecida há muito tempo.

Minha mãe e eu estávamos assistindo televisão, como fazíamos sempre quando eu era menor. Estava passando meu desenho favorito.

 — Ah, sim eu amava heróis quando criança

 Se eu me lembro bem, esse era um desenho sobre um garoto também, um garoto que arriscava sua vida pela pessoas e as salvava de monstros horríveis. Eu amava esse desenho, e também amava passar esse tempo especial com minha mãe. Lembro de sempre ficar em seu colo até o desenho acabar, enquanto ela acariciava ternamente os meus cabelos pretos.

Após um tempo, estava prestes a dizer algo:

— Isso! Vai! Você consegue Dangou! Acaba com ele!

Dangou.... esse era o nome dele.

— Mamãe!

— Sim, querido? — Ela indagou curiosa

— Eu quero me tornar alguém forte como Dangou quando eu crescer — quero me tornar o melhor herói de todos!

— É mesmo Satoru ?! Hehe! Meu Satoru vai se tornar o melhor herói de todos.

— Isso mesmo! — Respondi com confiança

— Então isso significa que você vai comer todos os legumes a partir de agora?

— Bleergh... bem...um herói tem que fazer sacrifícios...

— Hahaha! Você é tão fofo Satoru! Pra mamãe você já é o melhor herói de todos!

Ao escutar isso, eu imediatamente me desgarrei dela e me levantei em sua frente.

— Pare de brincar comigo mãe! Eu tenho que ficar forte logo! Senão não terei como te proteger do papai.

— [...]

Naquela época — ele já era bem agressivo com minha mãe. Cansei de contar quantas vezes minha mãe me defendeu daquele monstro.

Com uma expressão séria, totalmente diferente da habitual de minha mãe ela me chamou.

— Satoru.

— Sim, mamãe?! — exclamei curioso

— Ouça o que eu tenho a dizer, e não esqueça disso nunca...

Nesse momento, minhas memórias se embaralharam um pouco. Eu não consegui me lembrar do que minha mãe me disse.

— Tá bom, mamãe. Mas eu não entendi direito — consenti confuso

— Hehe! Eu sei que não...

— Isso foi pro futuro — herói Satoru.

— Mamãe, eu não estou entendendo nada que você fala!

— Hehe!

Herói.

O que é um herói? Quando criança tinha certeza que — herói seria alguém forte com poderes incríveis — Ou talvez um justiceiro mascarado.

Eu nunca fiz nada disso. Minha vida foi exatamente o contrário disso. Mas para minha mãe, eu era um herói. Mas porquê?

Olhando por esse lado, então, sempre idolatrei o herói errado. Dangou era alguém incrível, mas ele não era meu herói.

— Ah, como fui idiota... apenas na morte pude finalmente entender...

O herói que sempre esteve ao meu lado, o mesmo que; mesmo frágil sempre me protegeu de perigos e de monstros terríveis, o herói que mais me amou em toda minha vida...                                                                ...Para o Herói que salvou a minha vida:

— Emi Iori, você foi minha Heroína. Adeus, e obrigado.

Ao fechar meus olhos finalmente realizei meu último suspiro.

O sangue não parava de sair, o meu corpo finalmente parecia ter desistido, visto que minha respiração cessou. A dor que era incessante pouco a pouco diminuiu, então morri.

De repente tudo estava envolto em escuridão. Por um breve momento senti um pequeno formigamento — uma sensação esquisita. Estaria mentindo se dissesse que não senti medo.

Tinha medo do que estava por vim no meu pós vida, tinha medo de enfrentar minhas consequências.

Subitamente, senti como se meu corpo estivesse como se levitando em um grande vazio. Era solitário, mas meu corpo estava quente. Logo pensei: — Então isso é a morte? Aquilo parecia caloroso demais pra algo tão temido.

Contudo, aquele sentimento mudou completamente. Aquela sensação estranha, porém acolhedora, se converteu para algo... comum.

Primeiro, senti um pouco de calor, mas logo um frescor aconchegante beijou minha bochecha esquerda — um sopro incomum:

— Mais outra? — Pensei que fosse mais algum sentimento esquisito.

Anteriormente meu corpo estava quente, mas naquele momento senti um frescor em minhas costas. Não vou mentir: Estava bem confortável.

Minhas costas doíam como se eu estivesse deitado no chão, mas aquela brisa estava tão... aconchegante. Estava decidido a descansar um pouquinho, mas ao parar pra refletir um pouco, logo pensei.

—...Ué? Eu estou morto, certo?!

Eu não rejeitava que isso fosse algo comum na morte, mas eu estava consciente demais, e isso me incomodava. Além disso, ao me mexer um pouco notei que eu tinha plena consciência de meu corpo — algo que não era possível há alguns segundos.

Meus olhos que estavam fechados durante todo esse tempo, começaram a me incomodar também, logo sabia então o que tinha que fazer.

Comecei a abrir minhas pálpebras lentamente. Uma grande luz invadiu meus olhos me trazendo dor, mas quando finalmente estendi minha vista, fiquei confuso...

Aquele lugar — parecia bonito demais para ser o inferno, mas perigoso demais para ser o céu.

—...Um...novo mundo...?

 

 

 

 

 

 

 

Notas do Autor: Todas as Ilustrações dessa novel são feitas por IA. Comentem e façam teorias, leio e respondo todos os comentários



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