O Mestre da Masmorra Brasileira

Autor(a): Eduardo Goétia


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 46: Poções 

 — Mestres, estas são lâminas forjadas de ferro vulcânico. Possuem uma capacidade inerente de fogo, o que já lhe faz uma boa arma para iniciantes, mas o seu toque especial são as runas marcadas nela. Pelo valor base de 10 mil moedas, façam seus lances!

Vendo minhas armas sendo vendidas, acabei deixando escapar um pequeno sorriso. Não porque poderia receber alguns pontos extras, mas pela fato do emissário não ter falado meu pseudônimo durante a venda. Evitaria problemas por eu ter escondido o fato de ser eu a vender as poções vermelhas. 

Como eu explicaria para a Una de onde tirei minhas poções?

Aparentemente não notaram que a arma se tratava de uma falsificação. Mestres e mais mestres fizeram dúzias de lances até que o preço já estava próximo de 50.000 moedas.

Quando o item estava para ser vendido, escutei a grotesca voz ressoar outra vez por cima da minhas cabeça. Um frio desceu pela espinha. Aquele som de disco arranhando, o barulho de garras de aço se chocando. Era o Louco Rei Lich. 

— 100.000 Moedas! 

— 100.000 Moedas dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! Lâminas vendidas para o Duque Lich! — anunciou Wilbur.

Eu poderia fazer mil e uma suposições para compreender aquele ser inumano e irracional, porém, neste momento, eu apenas me perguntei:

Por quê? 

Para um iniciante aquelas adagas valeriam ouro, mas eram inúteis nas mãos daquele monstro. 

Sem poder imaginar, salvei na minha mente esses acontecimentos. Automaticamente os pontos caíram na minha conta e o leilão prosseguiu.

Comprei mais livros, pergaminhos e qualquer coisa que pudesse me dar informações. Conhecimento ainda era a informação mais relevante que alguém poderia ter.

— Conheça o teu inimigo mais do que conheces a si e não temerás o resultado de mil batalhas — deixei escapar baixo.

— Que bela analogia, Kayn. Por isso está comprando tantos livros? — perguntou Rio. — Tenho que começar a ler também.

— E você sabe ler por acaso? — zombou Una. — Além disso, que livro fala sobre isso? Passei a infância numa biblioteca, mas nunca li.

Sorri com o canto da boca, percebendo meu erro.  Neste mundo provavelmente não existia uma Arte da Guerra, e se existisse teria algum outro nome.

— Alguns velhos pergaminhos que meu criador me deixou. — Decidi usar a mesma mentira que o meu outro eu usou.

— Criador? O Criador? — Uma interrogação enorme surgiu na cabeça do Troll.

Cocei um pouco a cabeça e comecei a recontar a falsa narrativa moldada pelo meu outro eu. Era bem convincente afinal. 

— Entendo. Então você não sabe nem em que lugar do mundo está, não é? Agora entendi essa busca por livros — disse Uma.

Concordei com a cabeça e, depois de tirarmos da cabeça de Rio que eu precisava de uma equipe de busca, seguimos escutando o desenrolar do leilão.

Comecei a perder o interesse cada vez mais. Bocejos começaram a escapar e meus olhos pensaram. Num piscar vagaroso dos meus olhos, observei o emissário trazendo outro item para o salão; no piscar seguinte, senti a mão de Rio tocar meu ombro.

— Kayn, as poções. Olhe, são as poções.

Aparentemente cochilei no meio do evento. Rio parecia bem animado. Entre um bocejo e outro, limpei meu rosto e olhei para o palco ainda um pouco sonolento.

Lá estavam elas. Colocadas numa mesa e iluminadas pela luz. As poções vermelhas como sangue em frascos pequenos.

— Mestres, estas misteriosas poções tem um efeito mágico incomum. Aqueles de vocês que conhecem os efeitos comuns de uma poção vermelha, devem saber de suas capacidades regenerativas...

Escutei um murmuro triste ao meu lado. Virei as cabeça e vi Una quase derrubando lágrimas e amaldiçoando o emissário do abismo. 

Segurei o riso. O segredo das poções havias sido parcialmente revelado por Wilbur. Pelo menos assim eras melhor para mim. Mais lances era igual a mais moedas.

Voltou minha atenção para o palco, onde o emissário continuava a contar:

— Apesar do efeito fraco, observem essa demonstração! 

Ele chamou para o palco alguém. Das cortinas, surgiu um humano cambaleando e preso pelo pescoço com algemas. Logo notei que sua boca estava suja de sangue e sua pele há muito havia perdido sua circulação de sangue.

Era um zumbi muito bem conservado.

— Poções comuns funcionam apenas com criaturas que teoricamente estejam vivas, mas vejam mestres! 

Com o erguer da suas mão, um monstro sombra surgiu com uma espada comum na mão. Rapidamente ele desferiu um pequeno corte no braço do zumbi.

Wilbur então puxou a poção que deixei para demonstração. Escutei murmúrios entre vários mestres. Suposições, surpresas e intrigas.

O que tem de tão especial...

De repente, a engrenagem encaixou na minha cabeça. Dentro de Vanglória, as poções funcionavam com qualquer ser que o sistema considerava vivo, até esqueletos e zumbis. Num mundo real, como este, essa lógica não deveria se aplicar então.

— É impossível. — Rio ficou boquiaberto.

— Não pode ser... — Uma parou suas maldições e encarou bem o palco.

Wilbur pegou a poção e simplesmente arremessou contra o zumbi. O frasco de vidro quebrou quando entrou em contato e o líquido caiu inteiro sobre o corpo dele.

Todos prestavam bem atenção enquanto a pele absorvia o líquido vermelho e lentamente o ferimento se fechava. O efeito era fraco, tão fraco que ainda ficou uma cicatriz e o corte nem se fechou totalmente, mas ainda era uma surpresa que tivesse agido em um zumbi.

— Incrível. O efeito éi previsto, nem fraco, mas essa qualidade de poder curar mortos-vivos é muito interessante para pesquisa... —analisou Una, mas logo o seu rosto ficou ainda mais desesperado. —Ah! O preço caso subir ainda mais.

Tentei fingir empatia pela situação dela, mas o acontecimento não poderia ser melhor para mim. Fiquei até um pouco triste, pois, se fosse em outro momento, eu poderia até adquirir alguns ovos de dragão a mais.

Não adianta chorar pelo leite derramado.

Quando o emissário começou a anunciar os lances, senti outro arrepio na espinha. Hoje tinha sido o dia que mais sofri arrepios.

Ainda mais acima que o Lich, soou uma voz estranhamente calma:

— 100.000 Moedas.

O som era calmo, firme e harmonioso, mas a sensação dada por ele era de frio. Uma geada congelante que mataria até o mais forte mago de fogo.

— Nossa! Que lance alto! Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! Vendido para o Rei Celestial... — entendi o motivo do meu arrepio na espinha — Amadeus!

O próprio vampiro primordial havia comprado as poções e por um preço absurdamente alto. Eu não sabia muito bem o que pensar sobre isso. Eram mais moedas para mim, mas por que caralhos ele comprou essa poção?

Todas as suas ações eram estranhas. O modo como se portava, a estranha venda dos ovos “misteriosos” e a compra da poção, todas ações aleatórias. Talvez ele estivesse enlouquecendo, assim como o seu súdito, o Lich.

Bem... desde que eu saia no lucro com essa transação, quem se importa? Continuei a vistoriar.

Passou então para a segunda poção e antes mesma do emissário da morte anunciar, a voz de cima disse outra vez:

— 100.000 moedas!

Sem objeções, Amadeus levou de novo... e o processo se repetiu. 

— 100.000 moedas!

— 100.000 moedas!

— 100.000 moedas!

—100.000 moe...!

Sem nem mesmo o valor se aproximar disso, escutei por 10 vezes a voz do vampiro primordial enquanto ele comprava todas as minhas 10 poções.

As vozes no salão debatiam sobre o ocorrido enquanto eu escondia um enorme sorriso. Una parecia morrer do meu lado enquanto o Troll tentava consolá-la. 

— Kayn, por que está sorrindo? Está feliz com minha desgraça? — perguntou a sereia.

— Ah! Me desculpe não é nada.

Abaixei a cabeça enquanto olhava a pequena tela flutuante.

[Moedas Restantes: 1.045.000]

Una logo deixou de lado sua perda. Os dois compraram alguns itens e usei meus olhos para ajudá-los a não levar nenhuma porcaria para casa.

— Tem certeza que aquele espada é comum? Olhe as runas.

— São runas falsas. Confia em mim.

— Bem, muito obrigado — agradeceu Rio.

Continuei quieto, fazendo alguns lances aqui e ali. Como já havia comprado conhecimento o bastante para uma vida, comecei a pensar nos meus servos. Pedras de mana para Gleen, lâminas para Orates, armaduras e armas para os goblins elite, arcos e flechas para os caçadores. Também comprei dúzias e mais dúzias de tecidos para convencionar roupas.

Quando o sono já estava para me abater de novo, Wilbur anunciou algo bacana.

Meia dúzia de homens foram levados ao palco. Eles estranhamente tinham a mesma altura que eu. Barbas longas caiam do rosto deles, seus braços eram longos e fortes e tinham rostos com expressões fortes. Grandes narizes, bocas e sobrancelhas. O cabelo deles variava entre o castanho claro e o preto.

— Mestres, diretamente das grandes  montanhas do imperador de ferro, capturados pelo mestre de pedra, anões da montanha!

— Oh! — expressei interesse.

— Gostaria de ter alguns anões na minha masmorra, mas eles acabariam se afogando — brincou Una, apoiando a cabeça em ambos os braços.

— Vamos começar os lances pelo valor base de 50.000 por cada um deles!

Aproveitei para olhar as estatísticas e encontrar o melhor entre eles. O terceiro a ser vendido me interessou bastante.

— Olhos da Ambição — murmurei.

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[Habilidade Olhos da Ambição] Ativada

A Ambição do Usuário é muito maior que a do alvo.

É possível ver suas informações sem limitações

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[Informações]

Nome: Balir 

Raça: Anão da Montanha | Nível 7/50

Raridade: Raro | Grau: 5

Emblema: Anão | Terra

[Estatísticas]

Força 31/150 Velocidade 10/60| Vigor 40/210

Destreza: 35/200| Inteligência 20/150 | Mana 10/130

[Habilidades]

[Ativas]

Ataque Aprimorado | Força Superior | Vigor Superior

Destreza Superior

[Passiva]

Ferraria | Manufatura | Mestre do Martelo | Corpo Aprimorado

[Especial]

 Talento Mágico Médio

Mestre Forjador

[Magia]

Magia de Fogo

Controle de Chamas

Controle de Temperatura

Magia de Terra

Localização de Minerais



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