Volume 1 – Arco 1
Capítulo 24: Sem Pesadelos
Era noite. O garoto finalmente havia sido estabilizado, mas continuava desacordado. Eu os observei um tempo, mas já estava ficando tarde. Amanhã precisava fazer algumas perguntas à garota.
Assim que sai do lugar, Gleen se aproximou.
— Mestre, eles já trouxeram o cadáver.
— Hum, obrigado, Gleen. Pode voltar ao trabalho.
— Hm... O que faremos com a garota, mestre?
— Deixe que eu cuido dela amanhã. Mande alguém ficar de guarda à noite inteira.
— Sim, mestre — concordou e prosseguiu com as ordens. Ele colocou dois dos seus mais confiáveis homens para cuidar de tudo.
Com esse incidente, coloquei esse ponto na cabeça.
Preciso de alguém com conhecimentos médicos.
Não era somente por essa situação. Poções de cura eram capazes de aumentar a velocidade de cura e até de curar feridas imediatamente, mas ainda havia riscos.
Venenos, estilhaços de armas, ossos quebrados e membros decepados.
Todos eram perigos que uma simples poção de cura não poderia resolver perfeitamente. O veneno continuaria no organismo, assim como os estilhaços de ferro; os ossos calcificariam e as feridas de membros decepados fechariam.
Tirei isso da cabeça e fui em direção ao cadáver do ogro. Fiz uma investigação rápida no corpo e nos pertences, mas não achei nada de relevante.
Terminado, deixei que a masmorra absorvesse-o. Aproveitei para chegar a lista de monstros absorvíveis e notei que estava uma confusão.
[Goblin | Raridade: Comum | Pontos: 50]
[Goblin Mágico | Raridade: Comum | Pontos: 100]
[Goblin Elite | Raridade: Comum | Pontos: 500]
[Goblin Caçador | Raridade: Comum | Pontos: 500]
[Goblin Campeão | Raridade: Comum | Pontos: 3000]
[Coelho Chifrudo | Raridade: Comum | Pontos: 50]
[Esqueleto | Raridade: Comum | Pontos: 50]
[Lobo | Raridade: Comum | Pontos: 150]
[Ogro | Raridade: Comum | Pontos: 1500]
[Slime | Raridade: Incomum | Pontos: 500]
[ Duende | Raridade: Incomum |Pontos: 500]
[Hobgoblin | Raridade: Incomum | Pontos: 500]
[Soldado de Ossos | Raridade: Incomum | Pontos: 1500]
[Ghoul | Raridade: Incomum | Pontos: 3000]
[Lobo Branco | Raridade: Raro | Pontos: 1500]
Era uma lista enorme e desorganizada. Os padrões estavam confusos e a ordem também. Conforme eu fosse adicionando novos monstros, mais confusa ela ficaria.
— Ah! Vamos nos livrar de algumas opções e configurar isso.
Decidi optar por uma mudança geral. Muitos dos monstros não valiam o gasto. Como por exemplos monstros de grau alto. Era muito melhor comprar pelo mesmo valor um monstro com a raridade maior.
Talvez, baseado na lista, apenas os ghouls valessem a pena ser comprados pelo valor oferecido. Apesar deles serem o dobro do preço de um Lobo Branco, tinha capacidades inerentes interessantes.
Os monstros que realmente valiam a pena serem comprados, caíram para uma lista simples.
[Lobo | Raridade: Comum | Pontos: 150]
[Ogro | Raridade: Comum | Pontos: 1500]
[Slime | Raridade: Incomum | Pontos: 500]
[ Duende | Raridade: Incomum |Pontos: 500]
[Hobgoblin | Raridade: Incomum | Pontos: 500]
[Ghoul | Raridade: Incomum | Pontos: 3000]
[Lobo Branco | Raridade: Raro | Pontos: 1500]
— Muito melhor agora. — Deixei o ogro na lista, pois queria ver suas capacidades. — Invocar Ogro!
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[Invocação Bem Sucedida]
[-1.500 Pontos por Invocar um Ogro]
[Pontos Restantes: 17.000]
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O chão brilhou na cor branca e o gigante de cor amarronzada começou a surgir. Ele era idêntico ao que eu vi na floresta, sendo apenas um pouco maior e musculoso.
Assim que apareceu, caiu de joelhos, submisso. Ele abaixou a cabeça e eu me aproximei.
— Dominação!
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[Dominação bem sucedida]
[Ogro Dominado]
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Abri um sorriso e dei um tapinha no ombro do grande ogro.
— Você vai me servir bem.
Ele apenas acenou com a cabeça e se manteve em silêncio. Aproveitando-me da situação, dei uma olhada no seu status.
[Informações]
Nome: Nenhum
Raça: Ogro | Nível 1/40
Raridade: Comum | Grau: 4
Emblema: Gigante
[Estatísticas]
Força: 15/40 | Velocidade 11/35 | Vigor 14/35
Destreza: 7/35 | Inteligência 7/25 | Mana 10/35
[Habilidades]
[Ativas]
Força Superior
[Passiva]
Força Aprimorada
[Especial]
Nenhuma
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— Oh! — Ele já nasceu com status altos, mas o que me surpreendeu foi suas duas habilidades. Ambas estavam no nível 5. — É grandão, você vai servir bem. Desça para o segundo andar. Gleen vai arranjar algo para você.
O pequeno gigante caminhou com passos pesados para fora do salão e eu logo prestei atenção nas outras duas raças.
Slimes e Duendes.
— Invocar Duende!
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[Invocação Bem Sucedida]
[-500 Pontos por Invocar um Duende]
[Pontos Restantes: 16.500]
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A criatura começou a sair do círculo mágico branco. Tinha um chapéu engraçado parecido com um de bruxa, longos fios avermelhados que subiam até o topo da cabeça e uma barba espessa.
Ele parecia um homenzinho sofisticado, mas era incrivelmente baixo. Não sei dizer o porquê, mas ver sua altura me deu um certo alívio.
Todos os meus servos mais confiáveis eram maiores do que eu.
Assim que terminou de sair, ele investigou os arredores e olhou para mim. Dois segundos depois, ficou de joelhos no chão.
— O duende cumprimenta o mestre — disse em uma única perna.
— Oh! Então você fala?
— Sim, mestre, o duende fica agraciado com vossa presença. Se este que vós fala puder servi-lo, este lhe fará o melhor.
Ele falava de um jeito engraçado, mas era cortês ao extremo. Rapidamente olhe seu status.
[Informações]
Nome: Nenhum
Raça: Duende | Nível 1/20
Raridade: Incomum | Grau: 1
Emblema: Élfico
[Estatísticas]
Força: 4/15 | Velocidade 7/25 | Vigor 5/15
Destreza: 7/25 | Inteligência 7/27 | Mana 10/20
[Habilidades]
[Ativas]
Pensamento Paralelo
[Passiva]
Inteligência Aprimorada
[Especial]
Sorte Aprimorada
Interessante.
Ele possuía duas novas habilidades. Pensamento Paralelo era uma habilidade de apoio que muitos magos possuíam. Era capacidade de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo sem perder.
Em Vangloria era um pré-requisito para obter a capacidade de realizar um duplo encantamento, ou seja dois feitiços ao mesmo tempo.
Sorte Aprimorada era uma habilidade de controle de probabilidades. Se um item algo bom tivesse 10% de chance de acontecer, essa habilidade aumentaria essa chance para 11%. Se algo ruim tivesse a mesma chance, cairia para 9%.
Essa habilidade mexia com o próprio conceito da realidade, mudando o destino, mas era de maneira tão fraca, mas tão fraca, que ninguém dava atenção, além de que era praticamente impossível adquiri-la por meios convencionais.
Duendes eram bons contadores e administradores, o que compensava a sua falta de capacidade de combatente. Fora isso, eles só tinham um pequeno problema de ganância exagera, mas não era tão grande.
Eu queria aproveitar para fazer-lhe uma pergunta:
— Duende, vocês tem algum parentesco com os Elfos?
— De forma alguma, duendes e elfos nem convivem juntos, no entanto possuímos a mesma religião. Acreditamos na terra sagrada de Yggdrasil.
— Oh, entendo. Como sabe disso, duende?
— O duende não saberia lhe dizer, mestre. O duende apenas sabe e não sabe como sabe.
Hm. Eu não gosto disso.
Apesar de não parecer, eu era bem supersticioso. O mundo de Vanglória era baseado em lendas, religiões e mitologias do mundo real, então, qualquer que fosse a invenção humana de monstros e deuses, eu poderia ter certeza que era real.
— Está bem. Pode ir ao primeiro andar e diga ao Gleen que você vai servir como o assistente dele.
— Certo, mestre, o duende espera cumprir um bom trabalho.
Abanei a mão para que ele se apressasse e o pequeno correu ligeiro. Por último, olhei para o Slime. Estava um pouco receoso de invocá-lo, porque a sua reprodução era tão rápida quanto a dos coelhos.
— Vou invocar. Caso me dê problemas, eu simplesmente proíbo ele de se multiplicar. Invocar Slime!
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[Invocação Bem Sucedida]
[-500 Pontos por Invocar um Slime]
[Pontos Restantes: 16.000]
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A criatura brotou da luz branca. Ele tinha o tamanho de um sacode arroz e eu poderia erguê-lo com uma mão. Sua cor era quase transparente e um pequeno núcleo de cor azul flutuava pelo lodo do seu corpo redondo.
Slimes eram monstros comuns em Vanglória, mas aqui eram considerados criaturas incomuns aparentemente. Mais uma diferença. No entanto, eu conseguia entender o motivo.
Eles eram uma das poucas espécies em todo o mundo que poderiam evoluir com facilidade. Ao devorar algo, este passava a ser parte do corpo de um Slime, logo eles se tornavam tudo o que comiam, absorvendo e se adaptando.
As variações de Slimes eram infinitas e, quando seu grau aumentava, eles tornavam-se maiores. O lodo com maior grau que cheguei a encontrar em Vanglória possuía o tamanho de uma cidade pequena e era um de grau 6.
Qual será o tamanho de um com grau ainda maior?
Chegava a tremer de emoção com essa possibilidade. Eu não me preocupei muito com aquele pequeno, pois Slimes comuns eram praticamente inofensivos. Somente atacariam ao se sentirem ameaçados.
— Dominação! — proclamei, segurando o pequeno em minhas mãos.
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[Dominação bem sucedida]
[Slime Dominado]
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— Até que você é fofo.
Coloquei o pequeno no chão e o deixei por ali. Meus olhos já caiam de sono, então decidi dormir, mas não antes de olhar o tempo restante:
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Tempo restante: 32:01:56...55...54...
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Faltava mais um dia e meio para o Leilão dos Mestres. Leilões eram sempre eventos incríveis organizados pelos jogadores, mas este era feito pelo sistema — ou por alguém muito influente dentro dele.
O seu nome era Leilão dos Mestres, que era algo que tornava uma das minhas suposições verdadeiras: havia outros mestres além de mim.
Em Vangloria nunca conheci nenhuma única outra pessoa que tivesse a mesma classe que a minha. Apenas alguns poucos monstros tinham a capacidade de controlar outros e aqueles que poderiam criar eram ainda menores.
— Vai ser algo interessante de se ver... — comentei, fechando meus olhos devagar.
Uma noite sem pesadelos — era o que eu esperava.
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Era madrugada. Reese, Meredith e Rena estavam estacionadas perto das muralhas que separavam a floresta negra das milhares de pessoas que viviam no Baronato Ferros.
Muros envelhecidos por batalhas entre homens e homens, e entre homens e monstros. Não eram os melhores, mas cumpriam um bom papel.
Um vento frio soprou enquanto mãe e filha se entreolharam. Rena era uma mulher de poucas palavras e, na frente da rigorosa mãe, Reese também fingia ser.
Quem quebrou o silêncio daquela troca de olhares, que parecia que ninguém ali se veria outra vez, foi a meia-elfa, Meredith.
— Está tudo pronto, senhorita Reese. Todos os homens estão estacionados ao lado da floresta.
— Obrigado, Meredith. Estarei indo agora. — Ela puxou as rédeas do cavalo pronta para partir.
— Espere... — chamou Rena — antes de qualquer coisa, quero que me prometa que ao menos voltará para casa.
Dentro daquela armadura de ferro, ainda havia uma mãe preocupada com sua filha. Debaixo de tudo, ainda havia preocupação e angústia.
— Eu ficarei bem, baronesa — respondeu Reese. — Farei o possível e o impossível, mas trarei algo para nos salvar.
— Não se preocupe, minha senhora, eu prometo dar minha vida para proteger a senhorita. — Meredith colocou uma das mãos no peito, mostrando sua devoção.
Rena sorriu com a ação das duas.
— Se cuide também, Meredith. Saiba que eu... — Era difícil dizer.
— O que foi, baronesa?
— Não é nada. Que a deusa Freya lhes proteja.
E, assim, na calada da noite, a segunda incursão para a Floresta de Sort prosseguiu. Desta vez, foram enviados três mil homens. Entre eles, os mais confiáveis soldados da baronesa e até um mago de grau 2°.
Rena Ferros, a dama de ferro, apenas não sabia que o retorno que tanto desejava, traria consigo uma desgraça que ficaria marcada na história daquela nação.
Baronato Ferros, 6 meses antes do surgimento da Gula, o Demônio Capital.