Volume 1 – Arco 3
Capítulo 41: Não Sei, Eu Não Sei (2)
Em sua resposta, Lock, acenando com a cabeça, voltou a falar.
— Mas posso ao menos lhe explicar?
Essa pergunta soou como se ele estivesse querendo dizer o que tinha em mente custe o que custar. Por outro lado, se deparando com ela, Cale apenas negou.
— Não é necessário.
— M-Mas...
O ruivo olhou fixamente para o garoto lobo.
"Ele quer que eu pegue dez crianças bestiais e crie uma brigada de cavaleiros?"
Lock também o encarou.
"Se isso fosse acontecer, eu também não teria que levá-lo como subordinado…?"
O garoto lobo que se encontrava na carruagem de Kim era alguém que, na novel, mesmo temendo certos inimigos, por seus amigos, ficava disposto a atacá-los sem fraquejar...
— Já chega de falar bobagens.
Cale, que não queria ter de lidar com outros mini-clones dessa figura, com sua voz fria, fez seus ombros afundarem...
— Quer que crianças pequenas se tornem cavaleiros?
No entanto, não se importando nada com a reação de Lock, ele apenas continuou a falar.
— Não foi você que me pediu para protegê-las? Sua sugestão contraria seu pedido.
Se o ruivo levasse aquele grupo bestial tão jovem a fim de o pôr em treinamento para serem cavaleiros — era provável que se tornasse uma brigada ainda mais louca do que qualquer outra. — Imaginar isso foi suficiente para ele ter arrepios.
— E suas opiniões?
E claro, havia outro fator importante…
— Por que você está decidindo isso por elas?
Com a pergunta de Kim, o garoto lobo esboçou uma expressão em branco por um momento, antes de baixar a cabeça.
— Sinto muito…
— Não precisa se desculpar.
Cale apenas respondeu de maneira casual a Lock, que logo levantou a cabeça.
— Enfim, como eu já sei o que quer de mim, vou pensar no que eu quero de você.
Obviamente, o ruivo já havia pensado no que queria, contudo, não agora, mas sim em cerca de 3 meses.
Em 3 meses, no pico de uma montanha perigosa, um poder antigo que poderá ser usado para fazer muito dinheiro aparecerá, entretanto, só existirá por apenas 6 meses: Logo, alguém como o garoto lobo em seu modo berserk seria a melhor figura para escalar tal adversidade.
"Se eu vender esse poder antigo à rainha da selva, mesmo que meu território vá à falência, terei dinheiro suficiente para me manter pelo resto da vida."
Kim, naturalmente, tornaria o preço mais salgado do que o normal antes de vendê-lo; pois não achava errado aumentá-lo para alguém que deveria ter muito.
— Existe mesmo algo que eu possa fazer para você?
Ouvindo aquelas palavras de preocupação, Cale deixou sair um suspiro e, mais uma vez, respondeu a Lock.
— Não faça uma indagação tão óbvia. É claro que existe.
— Ah.
O garoto lobo soltou uma exclamação e depois acenou com a cabeça.
— Certo. Farei o que você me pedir. Por favor, me avise quando tomar uma decisão.
— Claro.
O ruivo disse isso antes de tirar um pequeno saco de dinheiro de seu bolso e jogá-lo em direção a Lock, que o pegou sem problemas.
— Você estará vendo seus irmãos pela primeira vez em algum tempo, então os leve para um passeio pela capital.
— P-Passeio?
— Sim. Esta não é a primeira vez de vocês em uma cidade grande? Aproveitem para comer algo delicioso também.
"Vai ser mais fácil ter uma conversa com Billos sem nenhum de vocês por perto."
— On e Hong também vão acompanhá-los, assim não se perderão.
Meeeowww.
Meeoww.
A dupla felina, que estava calmamente sentada no banco da carruagem, anunciou sua presença ao ouvirem a declaração de Kim. E em seguida, ela se aproximou das pernas de Lock e, com suas patas dianteiras, começou a dar vários tapinhas.
— P-Pare com isso, On, Hong. Faz cócegas~
Após ter falado isso, o garoto logo acariciou a cabeça dos gatinhos. Por outro lado, assistindo a cena, Cale apenas imaginava que On e Hong tentavam seriamente atacá-lo.
"Devo fazer com que Hans cuide das crianças bestiais. Caso contrário, precisarei contratar uma babá..."
O ruivo logo imaginou que seria ótimo se fosse alguém que soubesse cozinhar e manter as coisas limpas...
"Beacrox…"
Contudo, assim que o nome do filho de Ron lhe veio à mente, sua expressão endureceu.
Beacrox era definitivamente alguém que era bom na cozinha, ele mantinha as coisas limpas e tinha uma reputação positiva dentro da família Henituse. No entanto, nada disso importava para Kim, já que sabia muito bem que o filho de Ron não passava de um lunático que adorava torturar; ele definitivamente não podia deixar tal pessoa manchar a mente pura das crianças da Tribo dos Lobos Azuis.
"Eu preciso mandá-lo embora com Choi Han, isso sim."
Após alguns minutos, após ponderar seriamente sobre quem seria uma boa babá, Cale, notando que sua carruagem parou, saiu.
Ele havia chegado na taverna onde Billos e as crianças bestiais estavam.
Lock, nervoso, assim que desceu do veículo carregando On e Hong em seus braços, teve seu ombro tocado pelo o ruivo.
— Siga-me.
— Bem-vindo ao Cheiro de Uvas! Como posso ajudá-los?
Cale respondeu à saudação do jovem atendente, e imediatamente se dirigiu para o fundo do estabelecimento; Lock apenas o seguiu.
As pessoas que Choi Han havia salvado estavam todas residindo na área, relativamente espaçosa, que se encontrava bem no interior da taverna, atrás de uma porta.
O atendente tentou segui-los, mas apenas foi detido pelo o ruivo que tinha chegado até seu destino...
— Você abre já que são seus irmãos mais novos.
— Hã? C-Certo!
Lock pôs os gatinhos no chão e agarrou a maçaneta; aquela seria a primeira vez que veria seus irmãos após muito tempo.
Kim voltou lentamente para trás, pois tinha um mau pressentimento.
Click.
Com a virada da maçaneta, a porta se abriu; assim, rapidamente, o garoto lobo, Cale, On e Hong puderam ver um interior espaçoso de aparência confortável...
— Haa...
Imediatamente, Cale deu mais dois passos para trás.
— Hyung!
— Oppa!
— Hyung!
— Lock oppa!
10 crianças correram em direção a Lock, que também correu em suas direções.
Atualmente, uma reunião emocional estava a ocorrer diante dos olhos do ruivo. Por outro lado, ele estava mais impressionado com a visão da creche de bestiais.
— Jovem mestre...
Já ao mesmo tempo, tirando sua atenção, outro alguém também apareceu.
— Há quanto tempo, Billos.
Cale, que tinha dito a Billos para vir até esta taverna, podia ver o nervosismo debaixo de seu sorriso.
— Prazer em conhecê-lo, jovem mestre Cale.
Ele logo olhou para a pessoa que se aproximava dele por trás do porquinho...
— Você é o comerciante que veio com Choi Han?
Um homem na casa dos 60 anos com uma expressão gentil e bom físico; a pessoa que perguntou a Choi Han se podia ajudar com a questão da tribo dos lobos.
— Sim. Ouvi muitas coisas a seu respeito por ele. É uma honra conhecê-lo, jovem mestre.
— Uma honra? Não é nada demais ver o rosto de um lixo.
O ruivo estendeu sua mão para o homem, que apertou-a enquanto se apresentava.
— Meu nome é Odeus Flynn.
Odeus Flynn.
O indivíduo que foi um forte candidato à posição de líder da guilda mercante Flynn — mas que desistiu para começar a sua própria. — Mas em outras palavras, era o tio de Billos.
Kim esboçou um leve sorriso...
A sua frente estava o antigo responsável por ligar o porquinho a Choi Han, assim como também trazer à tona sua ganância oculta.
Odeus era ainda mais dissimulado que Ron, pois sempre agia como se fosse apenas dono de uma pequena guilda mercante, algo que, na realidade, não passava de uma fachada para governar o submundo. Ele também era simpático para alguns, mas cruel para outros; esse era o seu tipo de pessoa.
Já neste momento, a única pessoa que conhecia ambos os lados de tal caráter é Cale, o mesmo que fingia não saber de nada enquanto cumprimentava.
— Flynn? Você deve ser parente de Billos. Prazer em conhecê-lo.
— Eu fiquei surpreso. Eu não sabia que Billos era a pessoa que o jovem mestre Cale conhecia. Eu não o via desde que ele era um garotinho, então fiquei muito feliz em revê-lo. Sinto como se tivesse tido muitos bons encontros ultimamente.
Billos não conseguia esconder seu nervosismo enquanto olhava para seu tio, alguém que deixou de lado a guilda mercante Flynn e foi viver uma vida mais simples; além de ser a única pessoa na qual tinha boas lembranças desde sua infância.
"Bem, ele é uma boa pessoa para Billos."
Soltando a mão de Odeus, o ruivo começou a falar com o porquinho.
— Vamos lá para cima tomar uma.
A taverna tinha dois andares, com um pequeno bar no primeiro.
— Odeus, Choi Han e Rosalyn logo chegarão, assim poderão conversar algo.
— Entendido. Espero também ter a oportunidade de beber contigo no futuro, jovem mestre Cale.
Kim voltou a sorrir e respondeu...
— Certamente faremos isso algum dia.
Ele então bateu no ombro de Billos, que ainda estava parado com uma expressão rígida, e começou a ir em direção às escadas.
— Hm?
No entanto, logo foi impedido de seguir; 10 crianças bloqueavam o caminho.
— Muito obrigado, jovem mestre Cale.
— Muito obrigado!
Cale olhou para as 10 figuras que tinham acabado de gritar, simultaneamente, agradecendo a ele...
"Hm."
E embora tais indivíduos de 10 a 13 anos, tivessem visto seus pais, primos e outros membros da própria família serem mortos, suas auras atuais e expressões fortes e firmes faziam o ruivo acreditar que seriam muito fortes no futuro.
"Tá, acho que podem ter um instrutor de treino ao invés de uma babá..."
Entretanto, ele logo decidiu que não seria a pessoa que lhes forneceria um instrutor de treino e acenou em direção a Lock para sair do caminho.
Após chegarem ao primeiro andar e começarem a caminhar até uma mesinha, Billos abriu a boca.
— Jovem mestre Cale, o que tem feito?
Sem qualquer hesitação, Cale respondeu.
— Tudo o que posso por um futuro pacífico?
Screech!
Esboçando uma expressão de descrença no rosto, o porquinho acelerou os passos até a mesa, puxou uma cadeira e, rapidamente, pegou a garrafa de vinho na qual antecipadamente tinha pedido, encheu a taça e tomou um gole profundo.
— Você não está me vendo aqui...?
Após ter assistido toda essa cena, o ruivo lentamente foi até a mesma mesa e sentou-se.
— Sinto muito, jovem mestre Cale. Atualmente ando pensando muito.
Billos já havia acabado com cerca da metade da garrafa de vinho, antes de olhar para a figura que, disse que não podia mais viver como lixo.
Subitamente, Kim tomou a garrafa de suas mãos e começou a encher sua própria taça...
— Eu não sei o que incomoda-o, mas você não pode simplesmente continuar bebendo sozinho desse jeito.
— Jovem mestre Cale...
E assim que terminou de enchê-la, voltou a responder.
— O quê?
— Odeus é meu tio de sangue.
O bastardo, que não tinha permissão para usar o sobrenome Flynn, não podia nem mesmo chamar seu tio de tio… Mesmo que Odeus tivesse sido o único parente adulto bondoso para ele durante a infância.
❖ ❖ ❖
— Eu o considero como meu sobrinho e minha família. Você têm as qualificações para isso.
❖ ❖ ❖
Na novel, era o que Odeus havia dito a Billos — tal frase tornou-se seu ponto de partida e mudança. — E depois de anos, após ter sido apresentado a Choi Han por essa mesma figura, o porquinho fica admirado com sua força e decide segui-lo; ele também decidi participar da competição pela posição de líder da guilda mercante Flynn.
— Jovem mestre Cale, você não está curioso em saber o por que Odeus dirige uma pequena guilda mercante, mesmo tendo o sobrenome Flynn?
"Porque eu ficaria curioso com algo que já sei?"
Odeus era alguém que estava no controle total do noroeste e do submundo central.
Cale segurou seu copo, e respondeu casualmente...
— Eu deveria ficar curioso por causa desse sobrenome?
Ele então bebeu o vinho em seu copo e viu que Billos estava sorrindo.
— Entendo. Acho que o nome Flynn não é um nome tão impressionante assim.
— De fato. Quer seja você ou Odeus, é tudo igual para mim. Você também é um Flynn.
— Eu sou apenas um filho bastardo...
Antes de responder, Cale suspirou.
— Só porque é um bastardo, não significa que não seja um Flynn. Todos te veem como um.
Embora sua família possa não ter dado a permissão para usar seu nome, todos os outros consideraram o porquinho como um Flynn, e por isso não havia ninguém que o ignorasse, mesmo que fosse um bastardo.
Como uma das 3 maiores corporações de comerciantes do mundo, o nome Flynn também era bem conhecido, logo, todos estavam de olho em qualquer membro desta família.
— Jovem mestre Cale.
Billos encarou o ruivo, antes de pegar a garrafa e encher sua taça.
— O quê?
— Sinto que você tem o dom em falar as coisas certas.
— Até que tenho um pouco.
— É por isso que eu quero te perguntar...
— Hm?
— O que roubou com as coisas que me pediu emprestado?
O porquinho logo pode ver um sorriso no rosto da figura diante dele.
Sem pressa, Kim pegou sua taça cheia e respondeu...
— Eu já roubei uma coisa e em breve roubarei o resto.
Ele já havia resgatado o dragão, e as outras coisas teriam uso amanhã.
O canto dos lábios de Billos começou a tremer; provavelmente estava surpreso já que não havia conhecido nenhum outro nobre que dissesse que iria roubar algo tão abertamente assim.
— Posso me juntar a você?
Cale sacudiu a cabeça ao se deparar com essa pergunta...
— Infelizmente...
Clack.
Ele colocou o copo em cima da mesa e continuou.
— Todas as vagas já foram ocupadas.
A lista de humanos e animais a serem usados já estava cheia.
— Ha, haha.
O bastardo riu um pouco, antes de encher seu copo e em seguida beber o conteúdo de uma só vez.
— Aah… Então acho que terei de roubar outra coisa.
O porquinho já havia decidido o que iria roubar — a posição de sucessor da guilda mercante Flynn. — Com sua ganância maior e mais profunda do que qualquer outra, ele tornaria essa posição sua.
— Faça o que quiser.
Billos riu mais uma vez depois de ouvir a declaração de Cale.
Já ele, que não se importou com a risada, se mostrava satisfeito; o fato do bastardo ter encontrado seu tio hoje significou que seu objetivo foi alcançado.
Naturalmente, Cale só se divertiu um pouco na taverna e voltou à sua residência; ele precisava se preparar para amanhã.
— Ron?
No entanto, em seu quarto, o velho mordomo que fazia uma reverência a sua pessoa, acabou por atrapalhar.
— Jovem mestre, gostaria de fazer um pedido, se possível.
— Um pedido?
Ron ergueu a cabeça e voltou a falar.
— Por favor, cuide do meu filho.
— Filho? Você quer dizer Beacrox?
— Sim.
— Por quê?
Após ter feito essa indagação, o ruivo podia ver o sorriso benigno desaparecer do rosto do velho mordomo; aquela havia sido a primeira vez em que o viu usar uma expressão rígida.
— Eu preciso ir caçar algumas raposas...
No entanto, não demorou para Ron voltar a usar sua expressão monótona mais uma vez.
— Nosso jovem mestre já sabe que eu sou alguém que mata pessoas, não é?
Kim, sentindo todo o resquício de álcool desaparecer instantaneamente, foi tomado por calafrios.
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