O Lixo da Família do Conde Coreana

Tradução: Hiro

Revisão: Goq


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 9: Peguei-o (2)

Kim que carregava no ombro um saco, tendo o dobro de tamanho comparado com o de ontem, estava indo em direção ao topo da favela. 

E mais uma vez, os dois irmãos estavam lá para cumprimentá-lo.

As crianças mantiveram a boca fechada enquanto olhavam para Cale. Ele sorriu e tirou duas pequenas sacolas do grande saco, oferecendo-as.

— Aqui.

A garota de cabelos grisalhos se aproximou aos poucos dele. Kim franziu a sobrancelha enquanto a observava, ela estava mancando.

— Ei.

Cale ofereceu as duas sacolas em direção ao garoto: — Você vem aqui e as leva.

O menino rapidamente correu, pegou as sacolas e voltou. Comparado ao cabelo vermelho vívido de Cale, ele tinha um cabelo vermelho escuro e grosso, que balançava enquanto corria.

Kim então se virou e foi em direção à árvore devoradora de homens.

Wow!

 — Não é pão! É carne e bolo!

Ele podia ouvir os irmãos falando sobre a comida das sacolas, mas não se importou. Apenas continuou caminhando em direção ao território da árvore sinistra.

Ooooooooooooooh~

"Assustador..."

O tronco negro sem folhas parecia estar movendo seus ramos para recebê-lo. Um sentimento sinistro o deixou nervoso, mas mesmo assim continuou a despejar o conteúdo do grande saco no buraco embaixo da árvore.

Os pães desapareceram rapidamente.

E foi naquele momento que: — Ma… mais... Me dê... mais...

"Isso está me enlouquecendo..."

A voz sobre a qual leu na novel apareceu: era a voz de uma mulher. 

Sim, a pessoa que morreu de fome: ela era uma sacerdotisa que servia a um deus. Entretanto, ao contrário das sacerdotisas atuais dos templos ou igrejas: as antigas eram xamãs. 

E maioria deles tendiam ser pessoas com "superpoderes" ou forças naturais sob seu comando.

Kim agarrou o saco e começou a se mover.

"Cale, venha ao meu escritório esta noite." Foi o que Deruth havia dito a ele após ter ido buscar uma mesada. 

Era por isso que parecia ter pressa, ele precisava sair dali antes da noite.

"Metade."

Hoje Kim veio com a intenção de saciar metade da gula da árvore. Descendo a colina para pegar mais pão, ele pôde ver os dois irmãos olhando em sua direção com seus lábios melados de bolo.

Tch.

Cale franziu a sobrancelha e estalou a língua enquanto passava por eles. E então caminhou para a rua onde havia muitas padarias. 

Após ter esvaziado o estoque da padaria na qual foi ontem e hoje de manhã: ela levaria algum tempo para se reabastecer. E por isso precisava procurar outra. 

E naquele momento: — Jo-jovem mestre.

Uma voz feminina fez Cale virar sua cabeça. Uma mulher de meia-idade sorriu estranhamente ao apontar para sua loja. Sua mão tremia, ela estava cheia de medo, mas ainda tinha alguma confiança.

— Nós temos muito pão.

Kim começou a sorrir. Esta era uma mulher com bons olhos para negócios. Os outros vendedores estavam espreitando tal cena de longe.

Cale atirou-lhe uma moeda de ouro e a mulher rapidamente a pegou.

— Dê-me tudo o que tem. E embale rapidamente.

Naquele instante, o sorriso no rosto da mulher de meia-idade se ampliou. Ela entrou imediatamente na loja e saiu imediatamente com um grande saco cheio de pão: já havia empacotado tudo com antecedência.

— Aqui está, jovem mestre.

"Oh. Ela é realmente uma boa comerciante."

Com certeza, era alguém que sabia como ganhar dinheiro.

— Eu também posso preparar mais alguns.

Cale gostou ainda mais desta mulher. Entretanto, naquele instante...

— Jo-jovem mestre! Posso fazer ainda mais pão que ela!

Um velho do outro lado da rua levantou a mão enquanto corria em direção a Cale. Ele estava vestindo um uniforme de padeiro. Kim gostou de sua roupa e também jogou uma moeda de ouro para ele.

— Irei à sua loja em seguida. Tenha um saco pronto.

— Entendido!

Cale ficou impressionado com os comerciantes. 

Claro, ainda tinham medo por causa da sua reputação como o lixo da família do conde, mas não pareciam ter problema algum em chegar até ele para ganhar algum dinheiro fácil. 

Provavelmente porque sabiam que Cale não batia em ninguém com exceção a gângsters.

E o fato de ter tido gasto uma moeda de ouro, para comprar um saco de pão ontem, já havia se espalhado como um incêndio: 1 milhão de galões, os olhos gananciosos viriam como o lucro da semana.

"Certo… agora posso ir a três lugares amanhã e conseguir pão."

Como deu a cada um dos comerciantes uma moeda de ouro, ele deve poder pegar outro saco de cada um no próximo dia.

Kim ficou feliz por as coisas estarem indo tão bem assim. No entanto, havia alguém, que parecia confuso, o observando de longe.

Hmm...

Era o chef: Beacrox, que assim como seu pai, tinha um curativo no pescoço.

Estando por trás de uma esquina: visava seu jovem mestre comprar um saco de pão e algumas ervas medicinais antes de voltar para a favela.

— Será que ele enlouqueceu...?

Cale parecia ter enlouquecido desde ontem. 

Beacrox nunca havia se preocupado com ele, mesmo quando seu pai havia dito que era uma criança interessante. 

Porém, quanto mais o via agora, mais começava a concordar: parecia que seria ainda mais divertido observá-lo em comparação com o convidado de cabelo preto. 

Os olhos de Beacrox começaram a cintilar.


Billos, o dono da loja de chá: estando no seu andar mais alto, tomou um gole de chá ao receber o relatório de seu subordinado.

— O Jovem mestre Cale está entrando e saindo da favela?

— Sim, Billos-nim.

— Entendo.

— Também recebemos uma carta da capital.

— Sério?

Os olhos redondos de Billos, que eram difíceis de ver por causa de sua gordura, se abriram amplamente. Seu subordinado vacilou por um momento antes de continuar o relatório.

— Si-Sim. Mencionou que a coroa logo reunirá aquelas pessoas. E por isso desejam que Billos-nim volte.

Clank.

Billos colocou a xícara de chá sobre a mesa enquanto movia o queixo.

— Você pode sair agora.

O subordinado rapidamente se moveu para as sombras e desapareceu. 

Billos olhou fixamente para o lugar em que seu subordinado estava parado, enquanto um canto de seus lábios se torcia para cima.

— Eles acham que eu serei seu cão e vigiarei a casa novamente?

Seu rosto se dirigiu para a janela. Seu olhar parecia poder alcançar a capital distante.


— I-isso não é pão. Não é pão!

"E daí?"

Ao ver a garota que murmurava: "Não é pão" repetidamente enquanto segurava as ervas medicinais na mão, Kim apenas suspirou e voltou para a árvore devoradora de homens. 

No entanto, o garoto se meteu no seu caminho.

— Você não pode morrer.

Agora quem falava essas coisas era o menino. Cale nem mesmo franziu o sobrolho enquanto passava por ele.

Kim Rok-Soo: era um órfão sem nada no mundo. E por esse motivo, muita gente foi simpática com ele.

"É preciso algum motivo para ajudar os pobres?"

Isso era algo que ele ouvia o tempo todo quando jovem.

"Coitado." 

"Pobrezinho."

Houve um tempo em que ele costumava não entender essas palavras, só à medida que envelhecia começou a compreender o verdadeiro significado delas. 

E bem, não havia uma razão lógica para as coisas que seu coração atrai-o à fazer. Sendo assim, você não precisava de uma razão.

"Droga."

Kim detestava ver crianças sofrendo na miséria. No entanto, não tinha nenhum pensamento sobre cuidar ou consolar uma. 

Franzindo o sobrolho novamente para a menina que estava mancando e para o garoto ao seu lado, ele lhes respondeu: — Eu não morrerei.

Uma vez que disse isso, os irmãos finalmente deixaram de segui-lo. 

Mas, tinha ficado descontente em exercer algo que mais odiava. Kim desgostava de pessoas que se envolviam nos problemas de outro alguém sem sua autorização, porém tinha feito exatamente isso ao dar a garota ervas medicinais.

Oooooooooooong~

— Me-Me dê mais... Mais… Mais…!

— Certo, coma tudinho.

Cale despejou o saco inteiro no buraco abaixo da árvore devoradora de homens sem se preocupar com a forma como caíam. 

Ele não estava mais com medo. 

O pão desapareceu instantaneamente na escuridão, que agora era clara demais para ser chamada de escuridão. Kim agora podia ver uma cor cinza, só cinza.

"Acho que todo o dinheiro que gastei está valendo a pena…"

Cale despejou o outro saco grande de pão no buraco, e logo voltou para casa. 

Ele não viu mais os irmãos: bem, mas de qualquer maneira, ele achava melhor assim.

Entretanto, viu dois gatinhos dificultando o caminho de volta e, desviou.

"São os gatos de ontem. Eles não devem se lembrar de mim, certo?"

Pele prateada e olhos dourados, pele vermelha escura e olhos dourados. Os dois gatos nem miavam enquanto olhavam para Cale. 

Ele não quis causar uma cena, por isso apenas olhou para o lado e voltou para casa.


Kim então ouviu algo do conde que quase o fez desmaiar.

— Poderia repetir isso...?

— Sim. Cale.

Basen também estava de pé ao lado. A história da família Henituse que não foi mencionada na novel estava acontecendo bem na frente de Kim.

— Você irá para a capital como representante de nossa família.

"Fala sério, a capital?"

Ele podia sentir uma dor de cabeça vindo.

— A princípio, planejava que Basen fosse. No entanto, você é o primogênito de nossa família.

Cale acabou de abrir e fechar a boca repetidamente enquanto observava o conde Deruth sentado ali com um sorriso suave. 

Kim estava rapidamente pensando no conteúdo de "O Nascimento de um Herói", enquanto Deruth continuava a falar.

— A coroa está organizando um grande evento, e os representantes das famílias nobres de cada território foram convidados a se reunir. Sei que será sua primeira vez e que Basen já tem ido a funções semelhantes nos últimos dois anos. Entretanto, espero que você vá desta vez.

Um grande evento organizado pela coroa. Isso fez Kim pensar em uma única coisa: O Incidente Terrorista da Praça.

Uma organização secreta comete um ato terrorista quando muitos dos cidadãos da capital estão reunidos em um único lugar. Nosso herói Choi Han é aquele que consegue impedir cerca da metade de seus planos. Essa seria a quarta vez que ele e a organização secreta entrariam em contato um com o outro.

Como resultado, o protagonista é capaz de salvar muitos dos cidadãos na praça e se liga ao príncipe herdeiro. Eles então desenvolvem rapidamente uma amizade.

De repente, Cale teve arrepios.

Como a novel descreveu o evento do ponto de vista de Choi Han, ela não falou muito sobre a reunião dos nobres. 

Tudo o que foi mencionado era que Choi Han ganha alguns membros para sua party antes e depois de tal incidente, bem como o forte apoio do príncipe herdeiro.

Mas por que Cale terei que ir ao local daquele ataque terrorista? Claro, ele não sabia se os nobres também se reuniriam na praça. 

Logo então Kim voltou a pensar no conteúdo de "O Nascimento de um Herói".

❖ ❖ ❖

Toneladas de pessoas estão reunidas na praça. A plataforma principal ainda está vazia, aguardando a família real, que logo chegaria. 

Choi Han pôde ver algumas outras pessoas que pareciam ocupar cargos importantes. 

Entretanto, o mais importante para ele, era o fato de que muitos cidadãos, jovens, velhos, homens, mulheres, estavam reunidos aqui. 

Seu coração começou a bater mais rápido. 

Ele não quer ver pessoas inocentes morrendo, nunca mais.

❖ ❖ ❖

"Será que as pessoas, com cargos importantes, são os nobres?"

Cale virou-se para olhar para Basen mesmo quando seu pai continuava a falar. 

Seu irmão estava ali parado estoicamente, olhando para o conde sem devolver um único olhar.

"Deruth disse que Basen normalmente vai a eventos como este. Devo pedir a ele para assumir o meu lugar?"

A boca do Kim continuou a abrir e fechar repetidamente. Ele não queria ir para um lugar tão perigoso. Entretanto, não conseguia dizer o nome de Basen.

Uma relação que não era boa nem ruim. Essa era a relação entre o Cale original e Basen. 

Sua mente começou a ficar cheia. Será que Cale teria entrado novamente na história? Não havia como Deruth enviar um Lixo para a capital. Então por que ele estava tentando enviá-lo? Kim se perguntava se tinha feito algo errado para que isso acontecesse.

— Partirá em cinco dias.

"Partirá em cinco dias", ao ouvir Deruth dizer isso, Kim sabia que o Cale original, não tinha ido para a capital.

Na novel, o Lixo já tinha sido espancado por Choi Han a quatro dias, e levado para uma outra propriedade do conde. 

Não havia como ele poder ir para a capital naquele estado.

— Cale. Antes de Basen assumir seu lugar, você já tinha participado de todas essas cerimônias. Lembre-se dos velhos tempos e tenha uma viagem relaxante.

— Pai…

Deruth olhou para Cale após seu chamado. Basen também se virou lentamente para olhar seu irmão mais velho.

— Estou um pouco confuso com esta escolha repentina. Já faz dois anos desde que parei de ir a essas ocasiões. Então não entendo porque teria que ir de repente. Por favor, deixe-me pensar sobre isso.

Deruth concordou e disse a seus dois filhos que eles poderiam sair. Os irmãos rapidamente deixaram o escritório. Kim estava ocupado pensando em todo tipo de coisa. 

Se ele fizesse um tumulto repentino e causasse uma cena, Deruth provavelmente enviaria Basen, mas isso deixaria um gosto amargo em sua boca.

Foi naquele momento que: — Irmão...

Cale pôde ouvir a voz de Basen. Ele então virou sua cabeça, podendo vê-lo ainda andando estoicamente sem olhar para ele. 

O Basen de 15 anos sempre falou assim, sem nunca fazer contato visual.

— Não há motivos para você não ir.

Haa... 

Cale soltou um suspiro.

Basen nem sequer olhou para Cale quando saiu do escritório e se dirigiu para seu próprio quarto. Kim o olhou por um longo tempo.

"Isso é péssimo..."

Cale estava prestes a ser empurrado para a posição de herdeiro. 

Mas ele não podia deixar de agir como Lixo, seu irmão mais novo agiu como se fosse o herdeiro da família desde dois anos atrás. Já Cale, ela era a piada da família.

E por isso que para Kim, havia muitas razões para não ir como o representante da família à convocação da coroa. Entretanto, Basen disse que não tinha motivos para ele não ir ao evento.

Ele estava dizendo que havia motivos suficientes para Cale ir como o representante da família.

"As coisas estão se complicando."

Kim ponderou e logo franziu o sobrolho. Ele não gostava de como as coisas estavam indo. Mas o outro problema era que...

"É uma ótima oportunidade."

Ele achava que valia a pena passar pelos eventos que estavam prestes a acontecer.

A razão era que as chances de Cale voltar ileso eram bastante altas.

"Além disso, se Basen morrer lá, assim não podendo se tornar o conde desse lugar, as responsabilidades cairão sobre mim."

Para que pudesse levar uma vida pacífica, Basen precisava sobreviver. Claro, ainda havia sua irmã mais nova, Lily, mas ela era muito jovem. 

Kim também precisava sair de Poente após tomar o poder antigo localizado na árvore devoradora de homens, assim indo atrás dos outros poderes localizados fora do território Henituse.

As rotas dentro de sua mente começaram a aumentar.

Logo ele começou a olhar fixamente para o vice-mordomo Hans, que estava se dirigindo a ele. Sua expressão era intensa, mas não escura. Ele parecia estar um pouco amargo, mas seus olhos estavam claros.

— Jovem mestre, o pedido que seu convidado fez...

— Hans.

Cale o interviu enquanto disse outra coisa.

— Traga o convidado aqui.

— Perdão?

Kim não ia sair procurando ele por aí. Se ele tivesse que se mover, poderia muito bem fazer isso da maneira mais confortável e que lhe fosse mais benéfica.

— Ah, e se ele recusar vir, diga isso...

Com base na expressão de Hans, Kim estava certo de que o pedido do protagonista foi resolvido corretamente. Na novel, o conde Deruth deu um funeral adequado para os aldeões e cuidou de tudo, e sim, mesmo depois que Choi Han espanca Cale. Então sobre isso não deveria ter mudado nada.

— Recompensar.

Hã?

— Diga-lhe para vir porque surgiu uma forma dele me recompensar.

 



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