Volume 1 – Arco 1
Capítulo 13: Peguei-o (6)
Mas logo após essa satisfação, Cale repentinamente sentiu calafrios na parte de trás de seu pescoço. Ron havia bebido o chá de limão sem nenhuma reclamação e aberto um sorriso.
Clack!
Por que o som da xícara de chá sendo colocada sobre a mesa foi tão forte?
Felizmente, não era Kim ficando paranóico. Choi Han, que havia apreciado calmamente seu chá, começou a franzir a sobrancelha.
— Pra que isso?
Ron reteve seu sorriso após escutar Choi Han usar um tom respeitoso. Hoje, a dupla havia encontrado uma espada decentemente útil para ele. Era uma espada feita pelo mesmo ferreiro que fez a faca de cozinha de Beacrox.
"Quer experimentar?"
"Não vou enfrentar alguém que está tentando lutar usando uma faca de cozinha."
Beacrox, continuava a encher Choi Han, querendo uma luta. Mas já sabia um pouco sobre sua força após aquele golpe curto da última vez. Entretanto, o convidado continuou a rejeitá-lo.
"Oh, que engraçado. Então preciso trazer uma espada ensanguentada como você?"
Choi Han fechou os olhos por um momento antes de abri-los de volta e responder Beacrox, como se estivesse confirmando algo por si mesmo.
"Protegerei as pessoas a partir de agora. Ele disse que até eu conseguiria fazer isso."
"Do que está falando!?"
Ron observava a discussão "fofa" de seu filho, e Choi Han, antes de segui-lo até Cale.
Mas ele não esperava ouvir uma coisa tão intrigante assim que chegasse.
"Não posso viver como lixo pra sempre."
Era nisso que o velho mordomo estava pensando enquanto bebia aquele chá de limão. E olhava de relance para Choi Han.
A figura ruiva apenas viu aquela cena em silêncio.
A relação desses personagens em "O Nascimento de um Herói" era exatamente assim: estavam sempre na garganta um do outro, mas mesmo assim, continuavam a viajar juntos. Eles estavam ligados por um contrato também, porém sabiam que podiam contar um com o outro.
Kim pensava que muitas coisas ficaram diferentes por conta de suas ações para não ser espancado, mas parecia que o relacionamento deles estava se formando de maneira semelhante.
"É meio decepcionante que tenha ficado diferente... mas minha segurança vem em primeiro lugar. Não posso deixar que a novel dite minha vida."
Para ele, sua vida era a primeira prioridade. Depois dela, era que todos que morassem em seu território vivessem em paz.
— Chás doces são realmente os melhores.
Ron vacilou com as palavras que Cale disse alegremente.
A hora do chá para estes três indivíduos terminou, e ainda chovia fortemente.
— Acho que a próxima vez que o verei será somente na capital.
Cale balançou a cabeça para Billos, que o cumprimentou ao descer do terceiro andar.
— Nah, estarei vindo aqui diariamente por um tempo.
—É mesmo? Para ler algum livro?
— Para o que me der vontade.
— Por favor, sinta-se à vontade para visitar quando quiser. Minha loja de chá está sempre aberta para você, jovem mestre.
O dono da loja continuou a observar a figura que passava fingindo não prestar atenção na conversa, com curiosidade. Ron estava apenas observando-os calmamente por trás.
O filho bastardo da Guilda Marcante Flynn: o fato dele ser extremamente talentoso fez com que as crianças "oficiais" ficassem ressentidas. Foi por conta disso que Billos teve que vir para esta região remota, porém lucrativa, no território Henituse.
Ele também não podia sequer usar o nome da família, "Flynn".
O velho observava seu jovem mestre sendo "amigável" com o bastardo Billos e clicou sua língua, pensando para si mesmo; "Por que me importo com quem aquele filhotinho é próximo?"
— Tch. Parece que é possível gostar de alguém mesmo não gostando anteriormente.
— Não quero gostar de você.
Ron soltou um suspiro depois de ver que Choi Han o havia interpretado mal.
— Você não, idiota.
Seu olhar estava em Cale.
O velho estava planejando ir para a capital de qualquer maneira: ele também tinha um mau pressentimento e havia pensado nisso inúmeras vezes desde que Choi Han saiu da Floresta das Trevas, entrando na cidade com aquela densa aura assassina sobre si.
A razão pela qual Ron teve que se esconder neste território. A razão pela qual ele teve que fugir de Nascente. Parecia que ele precisava investigar as pessoas responsáveis por isso mais uma vez.
"Não seria apropriado para mim garantir que o filhotinho chegasse à capital em segurança e saísse em segurança? Afinal, não é esse o meu dever como seu mordomo?"
Ele se afirmou enquanto retinha sua risada sobre estar ao lado de Cale, e recordando da sua expressão assustada.
Mas será que um assassino alguma vez diria algo verdadeiro aos outros?
"Acho que vou pedir a Beacrox para fazer refeições que ele goste durante a viagem."
Seu jovem mestre era alguém no qual cuidou ainda mais do que seu próprio filho, Beacrox. Ele sabia muito bem sobre as coisas terríveis que Cale fez, e sobre a personalidade terrível que tinha. No entanto, havia outra parte sua que conhecia.
Ron lembrou-se de como o jovem Cale consolou seu pai quando sua mãe morreu. E também viu como ele desgostava sua madrasta e seus irmãos, mas nunca causou nenhum problema a eles, mesmo quando bêbado.
"Mas definitivamente ele ainda é um lixo..."
18 anos. Ron tinha cuidado de Cale por muito tempo.
Kim, acompanhado de Ron, entrou no seu quarto imediatamente após retornar à propriedade, apenas para encontrar dois gatinhos olhando para ele.
— Ah, eu esqueci de vocês dois.
Ele deveria ter trazido Choi Han, que adorava animais pequeninos. Mas tal convidado havia retornado ao seu próprio quarto depois de dizer que seu coração precisava se tornar mais forte caso ele quisesse se tornar alguém que protegesse as pessoas.
Quando Cale riu e perguntou quem Choi Han iria proteger, ele respondeu que deixaria-o saber uma vez que se tornasse mais forte. Essa resposta deu a Kim arrepios.
Ele não sabia o porque alguém tão apelão quereria se tornar ainda mais forte.
— Jovem mestre.
Hans aproximou-se enquanto olhava para os gatinhos.
— O que você acha? Eles não estão ainda mais fofos, bonitos e adoráveis agora? Mas são tão maus, que nem me deixam acariciá-los. Haha...
Hans se agachou ao lado da dupla felina e olhou para Cale com satisfação. Sua expressão era tão cheia de admiração que surpreendeu Ron.
Sua expressão sem sombras de dúvidas estava ligada com a beleza dos gatinhos.
— Você não concorda?
Este forte candidato a mordomo chefe parecia realmente gostar muito dos gatinhos.
— Hm… acho que sim?
Os felinos, que estavam sentados em uma almofada de seda que veio de quem sabe onde, definitivamente pareciam mais cheios e saudáveis.
Que tipo de mágica aquele vice-mordomo fez?
Entretanto, os dois gatinhos continuaram a evitar o olhar de Hans. Parecia ser uma relação de amor e ódio.
— Bom, eu vou indo agora jovem mestre. Por favor, me chame se precisar de alguma coisa para os gatinhos!
— Vai logo.
Após verificar que Ron conseguiu que Hans saísse, Kim evitou os olhos brilhantes dos gatinhos e entrou no banheiro. Naquele momento, as orelhas deles caíram.
Mas então...
— Hooo...
O velho mordomo se aproximou dos felinos assim que conseguiu fazer Hans sair.
Somente Ron e os dois gatinhos estavam atualmente naquele local.
— Vocês devem ser filhotes da Tribo dos Gatos da Névoa.
Os olhos dourados dos gatinhos ficaram afiados. Entretanto, o velho parecia não se importar, e verificou se a porta do banheiro estava fechada antes de ir em frente aos gatinhos.
— Isso é ótimo.
Havia um sorriso estranho no rosto dele.
A Tribo dos Gatos da Névoa era famosa por sua sensibilidade ao seu entorno. Ela era mais popular no continente Nascente do que em Poente, então nem havia como Ron, não a conhecer.
Ao contrário da maioria dos Bestiais, que se tornam violentos quando ficam furiosos, a Tribo dos Gatos da Névoa se torna mais furtiva e afiada. Era por isso que eles eram uma tribo assustadora, embora não estivessem no nível das Tribos dos Lobos, Tigre ou Leões.
Havia apenas um pensamento na mente de Ron enquanto observava os dois Bestiais. Foi um pensamento repentino, e eles ainda eram jovens, mas...
"Eu posso ensiná-los."
O velho verificou se a porta do banheiro estava fechada mais uma vez.
A Tribo dos Gatos dá muita importância aos relacionamentos. Se eles confiarem em alguém uma vez, nunca o trairão. E eram desconfiados por natureza, mas, como a Tribo dos Lobos, valorizavam as relações interpessoais.
Crianças de tal tribo vieram atrás de Cale por sua própria vontade. Ron pensava que seria bom dar um presente de despedida a seu jovem mestre.
O velho mordomo se aproximou um pouco mais das crianças da Tribo dos Gatos. Ele então estendeu a mão para acariciar a cabeça do gatinho prateado ligeiramente maior.
Slap!
O gatinho prateado bateu com a pata e rapidamente se afastou para o canto da sala junto com o gatinho vermelho.
— Ho.
Os olhos de Ron ficaram curiosos. Estas crianças parecem já tê-lo descoberto. Fazia sentido, pois elas precisavam reconhecer rapidamente pessoas como ele.
Mesmo que os gatos tenham sete vidas, eles precisavam testá-las. A Tribo dos Gatos também era conhecida por sua longa vitalidade, bem como por seus movimentos noturnos furtivos.
Em relação a isso, eles eram mais furtivos que qualquer outra pessoa.
Ron começou a sorrir. "Uma usa névoa e o outro veneno?"
Bem, mesmo que não se tornassem assassinos, eles tinham os fundamentos certos para se tornarem sombras. A gatinha prateada virou sua cabeça para longe enquanto o velho disse aquilo, e o gatinho vermelho rosnava.
Os dois irmãos não tinham desejo de se tornarem assassinos que emitem um cheiro tão sinistro de morte.
Eles se afastaram de Ron, como se já soubessem sua identidade como assassino. Quando Cale saiu do banheiro, os felinos estavam muito próximos dele e encarava-o.
— Parem de olhar pra mim.
Eles pararam imediatamente de olhar para ele.
— Ron. Vá buscar minha refeição.
— Sim, jovem mestre.
Ron saiu e Kim sentou-se no sofá e olhou em direção aos gatinhos. E falou com eles, que estavam em um canto longe.
— Vocês dois fazem parte da Tribo dos Gatos, certo?
A dupla acenou com as cabeças sem fazer contato visual.
— Vocês estão planejando me seguir?
Não houve respostas a esta pergunta.
Ao invés disso, o gatinho vermelho caminhou lentamente e esfregou sua bochecha na perna de Cale, enquanto a gatinha prateada se aproximou e começou a bater em seu pé com sua pata dianteira.
Kim já tinha um plano para estes dois irmãos. Ele acenou com a cabeça e tomou uma decisão sobre os gatinhos.
— Então sejam bastante úteis.
Os gatinhos responderam imediatamente.
Meeeow!
Meeeow!
— Respondam na língua humana.
Os olhos da gatinha prateada, a irmã mais velha chamada On, começaram a brilhar enquanto falava. — Eu quero comer carne. Ainda tô com fome.
O gatinho vermelho, o irmão mais novo, Hong, bateu na perna de Cale enquanto acrescentava. — E eu quero bolo.
Cale respondeu a ambos. — Eu lhes darei muita carne e bolo, mas sabem o que devem fazer, certo?
— Seremos úteis!
Os felinos responderam imediatamente, e foi assim que os dois irmãos, que foram expulsos da Tribo dos Gatos, passaram a fazer parte da casa do conde Henituse.
Quatro dias depois, Cale juntou-se à sua família para o café da manhã pela primeira vez em algum tempo. O conde Deruth olhou para seu filho, que estava usando roupas extremamente simples, e começou a sorrir.
— Hoje é o dia que você partirá.
Agora era hora de Kim deixar o território Henituse e ir em direção à capital.
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