Volume 2
Capítulo 72: Primeira Confraternização
Estava tudo pronto para a primeira confraternização da guilda Ragnarok. O gramado foi encurtado com a magia de Ragnar. Mesas de pedra foram posicionadas. Bancos foram talhados à mão pelos cinco. E, por fim, a churrasqueira composta por uma grelha sustentada por escombros foi acesa.
O carvão comprado no mercado de Salem chiava em brasas.
Só havia um problema atormentando a mente de Ragnar: os cinco novatos poderiam nem aparecer, fazendo todo aquele trabalho cair por terra.
— Não sabia que você era tão boa artesã — disse Niki, sentada à mesa, de pernas cruzadas e passando a mão direita sobre o banco em que sentava.
Havoc, à direita, sentiu a textura do banco antes de respondê-la:
— Obrigada, você também fez um bom trabalho.
A conversa parou quando Ragnar se afastou da churrasqueira e começou a andar em direção a elas.
— O que ele quer agora? — Niki falou baixinho para que apenas a amiga escutasse.
Ragnar parou em frente a elas.
— Niki, posso falar com você?
— Claro. — Niki descruzou as pernas e se levantou, acreditando ser uma conversa particular.
— Não precisa se levantar, eu tenho uma proposta. Sabendo que você estuda arquitetura, gostaria de saber se você está interessada em projetar a renovação do Santuário.
— Eu adoraria, mas não sei como fazer isso dentro do jogo.
— Existe uma ferramenta de criação bem intuitiva. Tenho certeza que você pegaria o jeito rapidinho se dedicar um pouquinho de tempo.
— Posso dar uma olhada e tentar fazer um protótipo, mas não sei se terei tempo pra fazer algo muito elaborado.
— Outra hora a gente conversa mais sobre isso. Eu posso te mostrar o básico da ferramenta e as ideias que tenho para a reforma, que tal?
— Fechou.
Niki concluiu a conversa e o druida retornou à churrasqueira, onde Skiff abanava o fogo com um leque enquanto Artic apenas o observava.
— Acho que está bom — disse o caçador.
A brasa brilhava e irradiava calor nas proximidades. Vez ou outra uma pequena chama ascendia, encolhia e se apagava. Ragnar acessou seu inventário e retirou as primeiras peças de carne.
— Picanha de Megalotauro — disse enquanto colocava cinco pedaços na grelha.
— Parece ótimo, mas deve ter custado caro, muito caro — disse Artic.
— Quatrocentos rubros o quilo.
— Você é maluco.
Os três pararam para contemplar a carne assando na brasa.
— Skiff, você gostaria de ser nosso Diretor de Mídias Sociais?
— Eu? Claro, mas o que eu precisaria fazer?
— Como o nome dá a entender, você cuidaria das nossas redes sociais e produziria conteúdos para elas como: postagens, fotos, vídeos e tudo que ajudaria a melhorar a nossa imagem e a atrair novos recrutas.
— Eu já faço isso para a minha banda, então sim, eu aceito.
Ragnar comemorou em sua mente, pois delegar tais funções iria facilitar sua vida mais para frente, permitindo que pudesse se focar nos assuntos mais pertinentes a um líder de guilda.
Não demorou para o cheiro da carne assando se espalhar pelo recinto e atiçar a fome do pessoal.
— Ragnar. — A voz era de Havoc, ela havia se levantado e vindo até a churrasqueira para falar com ele.
— Os novatos estão chegando, mas… como não há um caminho direto e seguro para cá, seria melhor eu ir encontrá-los para guiá-los pela mata fechada.
Ragnar concordou, essa questão da mata em torno do santuário seria resolvida em breve, durante a primeira atividade oficial dos recrutas da guilda Ragnarok.
— Pessoal. Sei que não preciso dizer isso, mas só para garantir: nada de falar, mencionar ou insinuar a eles quem eu sou de verdade. Eu confio totalmente em vocês, e os considero amigos de verdade, mas eles ainda precisam se provar dignos de confiança.
Todos concordaram.
— Vou ajudar Niki a preparar o resto da comida — Artic falou já se dirigindo à mesa onde a amiga agora sentava sozinha.
Lado a lado, os dois começaram a preparar as outras comidas e a montar as fogueiras em que iriam cozinhar arroz, macarrão, vegetais e demais alimentos trazidos por todo mundo.
Não demorou para Havoc retornar com os novos recrutas. Ragnar entregou o garfo e a faca de churrasco para Skiff e foi até os recém-chegados para cumprimentá-los.
— Sejam bem-vindos à nossa base de operações. Fico muito feliz em ver que todos vocês compareceram.
Malorn, o feiticeiro, foi o primeiro a falar:
— A gente não esperava ter de desbravar metade da floresta amazônica para chegar aqui.
— Fiquem tranquilos, essa será uma das nossas prioridades. Iremos falar dela ainda hoje. Venham, fiquem à vontade — disse, gesticulando para se aproximarem da área de festa.
Os cinco caminharam juntos, como um bloco guiado por Havoc, que decidiu os apresentar aos outros membros da guilda.
— Essa é Niki, nossa assassina.
Niki os cumprimentou:
— É um prazer tê-los conosco.
O grupinho, guiado por Havoc foi até a churrasqueira. No meio do trajeto, Ragnar, que havia retornado para cuidar da carne, ouviu um cochicho a respeito da assassina:
— Ela é muito linda.
Ele não pôde deixar de sorrir com o comentário. Por sorte parecia que ninguém mais tinha ouvido.
Então chegou a vez do grupo se apresentar a Skiff e Artic. Foi uma apresentação formal em que era visível o desconforto nas interações entre os dois grupos. O cavaleiro acabou se descolando da turma, indo até as mesas ajudar Niki na preparação da comida.
— Eu vou ajudá-los — a sacerdotisa se voluntariou.
E Allen, o guerreiro, foi atrás dela, dizendo: — Lumina, espera, eu vou junto.
A dupla de ex-Patas Negras foi até às mesas. Sob a orientação de Artic e Niki, eles começaram a ajudar. Allen ficou encarregado de descascar as batatas e cenouras enquanto Lumina ficou responsável pelas panelas no fogo.
— Tem algo rolando entre eles? — Ragnar perguntou.
— Já tentamos decifrar o que há entre eles — disse o feiticeiro —, mas desistimos, parece ser apenas amizade.
Igual ao cavaleiro e a assassina. Se alguém os visse sem contexto, iria imaginar serem dois casais cozinhando juntos, refletiu.
Ragnar espetou uma peça de carne com o garfo e o colocou sobre a tábua de madeira ao lado da grelha. O aroma do churrasco inundou seus sentidos, abrindo-lhe o apetite e fazendo o mesmo com todos em torno da churrasqueira. Em seguida, cortou a carne em pedacinhos, inclinou a tábua e, com a ajuda da gravidade, empurrou os pedaços para uma travessa de madeira segurada por Skiff.
O caçador virou o garçom da festa, oferecendo carne tanto para o grupo da churrasqueira quanto ao da mesa. A cada parada, os jogadores pegavam um dos palitos no canto da travessa, os espetavam em um pedacinho de carne e depois os rolavam sobre a farofa depositada no outro canto da travessa.
O ritual foi repetido mais três vezes e, a cada iteração, Ragnar foi conhecendo mais e mais os seus novos recrutas enquanto eles, aos poucos, foram ficando mais à vontade.
— Nunca experimentei uma carne tão boa dentro do jogo — disse o conjurador do grupo.
O sujeito era maior do que Ragnar, deveria ter 1,90m de altura e tinha um visual chamativo: cabelos roxos escuros com as pontas azuladas. Vestia roupas brancas por baixo de uma capa azul-marinho grossa que chegava a tocar o gramado.
— Ragnar — chamou o ladrão — Qual é o objetivo dessa guilda?
— Expandir, competir e vencer.
O ladrão chamava-se Xian, e ele precisou pensar um pouco antes de continuar:
— Mas e agora, a curto prazo?
Ragnar abriu os braços, deu uma meia volta e falou contemplando o interior do santuário.
— Restaurar esse lugar e acabar com o Caminho da Aurora, mas não particularmente nessa ordem.
Skiff retornou à churrasqueira com a travessa de carne vazia em uma mão, uma vasilha cheia de vegetais na outra e uma ordem para dar:
— A Niki pediu para a gente fazer espetinhos de carne.
Ragnar confirmou. Com a ajuda dos presentes, começaram a montar os aperitivos com palitos de madeira comprados ainda durante o passeio pelos mercados de Salem. Havia tantos vegetais diferentes para escolher que era difícil criar a combinação perfeita.
Não importava se o espetinho tinha cenoura, pepino, brócolis, couve ou qualquer vegetal exótico exclusivo do jogo porque, quando Skiff saiu distribuindo os aperitivos, o resultado foi unânime:
— Bom demais — disse Havoc.
— Que delícia — admitiu Niki.
— Muito bom, tá aprovado — disse Artic.
— Uau — surpreendeu-se Ragnar.
— Puta que pariu. — Skiff foi o último dos originais da Ragnarok a degustar.
A aprovação também foi unânime entre os novatos.
A confraternização prosseguiu nesse clima descontraído e amigável, com os novos membros ficando mais e mais à vontade perto dos veteranos. Foi preciso colocar mais carne na grelha.
Xian, o ladrão, ofereceu algumas peças de contra-filé que tinha no inventário e, com a ajuda de Artic, ficaram na churrasqueira conversando, permitindo que os oito ocupassem as mesas e conversassem de tudo um pouco.
Aquele era o ponto alto do evento, o momento ideal para Ragnar revelar sua surpresa. Ele se levantou, abriu o inventário e tirou uma bola.
— Que tal uma partidinha?
Todo mundo parou o que estava fazendo para encará-lo. Durante segundos aterrorizantes, nada aconteceu, apenas ficaram lhe encarando. Quando as primeiras falas foram ditas, nem conseguiu discernir quem falou cada coisa.
— Eu não curto futebol, foi mal.
— Também não.
— Nem eu.
Ragnar tinha preparado tudo. Em Salem, comprou redes sem Havoc perceber. De volta ao santuário, enquanto eles estavam atrás de troncos para produzir os bancos, Ragnar cortou troncos de madeira e os talhou em hastes para montar as traves.
Seus planos foram por água abaixo e ele queria morrer por dentro, até um raio de esperança brilhar nas palavras de Niki:
— Mas se fosse vôlei, aí eu jogaria até os braços caírem.
— Amo vôlei — Havoc acrescentou.
— Eu também — até Artic se animou.
Comentários semelhantes foram sendo verbalizados, ascendendo as esperanças em Ragnar. Só havia um problema, onde iriam arranjar uma bola de vôlei?
— Eu tenho uma bola aqui comigo — disse Niki. — Óbvio que não é uma oficial de vôlei, mas podemos testar.
Sem que ninguém precisasse falar, ela se levantou da mesa, tirou a bola do inventário, jogou ela para o alto e passou para Ragnar.
A bola veio em sua direção em um arco perfeito. O druida levantou a mão direita, esperou a hora certa e desferiu um corte aplicando apenas um pouco de força para testar a bola.
Era macia, um pouco maior que uma oficial e pesada o suficiente para causar o impacto de uma cortada.
Quando a bola cortou para Niki, ela juntou as mãos e recebê-la. A bola bateu nos punhos e levantou para a direita. Artic levantou-se da mesa e interceptou a bola.
Foi nesse instante que a mesa foi esvaziada por inteira. Todo mundo correu para o gramado, distanciando-se das mesas e da churrasqueira ainda assando uma leva de carnes.
— Espera, vamos instalar a rede — disse Ragnar.
Não havia rede pronta, mas tinha certeza que, em pouco tempo, poderiam reaproveitar o material das traves para montar uma quadra de vôlei improvisada.
Não querendo perder tempo, eles concordaram e correram para ajudá-lo. Primeiro desmontaram as traves. Depois pegaram as hastes e instalaram duas no gramado, elas serviriam de sustentação à rede.
Porém, ninguém sabia o comprimento oficial de uma rede. Isso foi resolvido com uma rápida busca na internet por parte de Niki. Com um problema fora do caminho, pegaram as duas redes das traves de futebol e as juntaram amarrando as pontas.
Cinco minutos depois, a rede estava instalada. Com mais uma pesquisa, Niki conseguiu as dimensões oficiais da quadra. Allen, o guerreiro, se dispôs a fazer a marcação, e esteve prestes a cravar sua espada no gramado quando Ragnar o interrompeu:
— Calma, deixa comigo.
O druida invocou seu novo talento, mentalizou o comando drenar e, sob a supervisão de Niki, começou a andar em linha reta e a drenar a vida da faixa de grama escolhida.
— Ficou perfeito — Ragnar estava maravilhado com o resultado. A marcação marrom das plantas mortas era reta e grossa como a de uma quadra oficial. Já a rede, apesar de remendada e um tanto feia, era firme o suficiente para aguentar o castigo que logo iria receber.
Agora precisavam dividir os times.
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