O Druida Lendário Brasileira

Autor(a): Raphael Fiamoncini


Volume 1

Capítulo 2: Druida

Daniel estava no controle de Ragnar, seu novo avatar em Nova Avalon Online. O portal aberto por Mikhaela o levou para Bremer, uma das cidades iniciais do jogo. Por conta disso, os avatares ao seu redor vestiam roupas simples de tecido ou couro, típico de jogadores novatos.

A praça central da cidade estava apinhada de comerciantes expondo os produtos a serem vendidos em suas lojinhas.

Ragnar caminhou em busca de oportunidades. Sua primeira parada foi na estalagem localizada na entrada da praça. A placa pregada acima da porta dizia: “Taverna Alce-Coice”.

Ele entrou com um sorriso no rosto.

Como qualquer espelunca de respeito, ao pisar nas tábuas do piso, um rangido estridente ressoava, mas era abafado pela melodia de uma flauta de bambu tocada por um bardo engomadinho. Ainda que fosse cedo de manhã no mundo de Nova Avalon, a maioria das mesas já estavam lotadas.

Ragnar focou sua visão no taverneiro atrás do balcão, isso revelou o nome dele: Bartov. Curioso, o druida conferiu as informações básicas de seu alvo, visíveis em um pequeno painel transparente no canto de seu campo de visão. Seu nome era Bartov, classe espadachim, nível 8.

Ragnar caminhou até o balcão, sentou-se em um banco e cumprimentou o taverneiro:

— Que belo dia para subir de nível, não é mesmo?

— É sim, amigão. Não é todo dia que atendemos um aventureiro de nível 1. Ah, eu ainda lembro muito bem do meu primeiro dia nesse jogo. Tudo era tão complicado, tantos sistemas para aprender, termos para decorar, mas a gente vai aprendendo de pouco em pouco. Então… fique tranquilo, no começo o importante é se divertir. Com o tempo você vai aprendendo as nuances do combate, da economia e tudo mais.

Bartov fez uma pausa antes continuar:

— Peço desculpas se eu acabei soando como um sabe-tudo. Ainda estou no nível 8, então… de certa forma, minha jornada também está só começando.

— Obrigado pelas dicas e pelas palavras de incentivo.

— Você já experimentou alguma bebida dentro do jogo? É incrível, é exatamente igual a uma gelada no mundo real, talvez até melhor.

— Ainda não experimentei — disse Ragnar.

— Poxa, amigão. Então vamos dar um jeito nisso. Que tal um caneco de Mijo de Unicórnio, é um hidromel exclusivo que você só encontra aqui.

O taverneiro se esticou para dizer com um sorriso no rosto:

— Esse hidromel é excelente para quem está começando, ele vai aumentar muito a sua força. Você vai matar goblins, lobos e tudo mais que estiver lá fora na maior facilidade.  E se você fizer tudo certinho, vai chegar no nível 5 em um piscar de olhos

— Interessante — Ragnar disse, fingindo um leve interesse. — Quanto tempo dura o efeito desse hidromel?

— Uns cinco minutos.

— E quanto custa?

— Cada caneco vale 25 rubros, mas como você é um novato gente fina eu faço um precinho especial, 18, que tal?

— Eu tenho apenas cinco — Ragnar mentiu.

— É mesmo? Que estranho. Pelo que eu lembro os jogadores novatos já começam com 50 rubros.

— Obrigada, Mikhaela — Ragnar resmungou baixinho, agradecendo por ser transportado para uma cidade de trambiqueiros. Ele continuou: — Perdoe minha ousadia, mas 25 rubros não é caro para uma bebida dessas? Eu li em algum lugar que cada rubro é o equivalente a um centavo. Então você está me cobrando 25 centavos por uma bebida virtual. Caro, não acha?

Bartov analisou Ragnar de cima a baixo e grunhiu em repulsa:

— Druida…

— Com muito orgulho! — respondeu batendo no peito.

— Pra fora — Bartov pronunciou calma e profundamente.

— Mas antes eu gostaria de provar seu hidromel, por um preço justo.

— É mesmo? E quanto seria o preço justo? Um rubro?

— Não, meu caro taverneiro, você não deve menosprezar seu produto, eu diria que esse hidromel não deveria custar mais de três.

Bartov soltou uma gargalhada debochada, então retrucou:

— E de onde você tirou esse valor? Do rabo?

— Eu consigo dizer pelo cheiro. Seu hidromel deve conter apenas os ingredientes mínimos: água e mel. A água você consegue de graça, basta ir ao rio ou à fonte da cidade. Já esse mel de quinta categoria, que julguei pelo fedor azedo, não deve custar mais que um rubro a unidade. Agora, vamos adicionar o custo processual, afinal, você precisa armazenar a mistura até fermentar na medida correta, o que acabou não acontecendo, já que o cheiro dessa bebida é um crime. Com tudo isso em consideração, serei gentil o suficiente para somar dois rubros de custo operacional, resultando nas três moedas que eu estou disposto a pagar por um caneco dessa bebida.

A face de Bartov se contorcia em raiva. Ele grunhiu dando as costas. Em seguida, foi até o barril de hidromel, encheu um caneco e serviu o druida.

— Toma essa merda, espero que engasgue!

Ragnar sorriu, ergueu o caneco em um gesto de agradecimento e bebeu fazendo caretas no processo, finalizando com uma crítica:

— Estava pior que eu imaginava….

— Vá à merda. Agora, saia daqui! — resmungou o taverneiro.

— Eu? Sair? Você está me devendo 47 rubros — Ragnar disse com um sorriso zombeteiro no rosto.

O taverneiro se aproximou.

— Você acha que eu sou idiota? Pensa que eu não sei o que está fazendo? Tá pensando que essa sua chantagenzinha vai funcionar? Amigo, escute bem o que eu vou dizer, essa taverna não é minha, é uma propriedade da guilda Pata Negra.

— Pata Negra? Nunca ouvi falar…

— É mesmo? Então fica tranquilo, porque eu vou te contar. Eles vão acabar com você. Eles comandam a cidade. E diferente dos NPCs patetas que se chamam de guardas, os Patas Negras são capazes de encontrar qualquer imbecil que ameace um de seus estabelecimentos.

Ragnar parou um minuto para pensar. O relato do taverneiro Bartov não soava como um blefe, pois ele já conheceu guildas que operavam como organizações criminosas. Normalmente, elas se estabeleciam em algum lugar pouco relevante, com o intuito de controlar o mercado, aterrorizar a população e se aproveitar de jogadores inocentes. Ao terminar sua ponderação, Ragnar respondeu:

 — Quero meus 47 rubros.

— E o que te faz pensar que eu irei dar essa quantia para um nível 1?

— Você está aproveitando que esta é uma cidade de novatos para vender sua bebida superfaturada. — Ragnar cuidou para que apenas o taverneiro ouvisse.

— E daí? Por acaso tem uma lei que protege trouxas?

— Aqui? Dentro do jogo? Não! Esse mundo é uma selva onde o mais forte oprime o mais fraco. Mas o nome dessa estalagem ficaria manchada caso seus clientes soubessem da verdade.

— Garoto… Você não tem noção de onde está se metendo.

— Eu sei mundo bem onde estou me metendo… — Ragnar o encarou.

— Ou você sai agora, ou você vai entrar na lista negra da Pata Negra.

—  Quem dá as cartas sou eu. Ou você paga pelo meu silêncio ou todo mundo irá saber deste seu esqueminha.

Depois do ultimato de Ragnar, conversas nervosas se alastraram pelas mesas da estalagem. Bartov estava a ponto de implodir em raiva ao dizer:

— Garoto, você é muito, mas muito convencido para um garoto nível 1. Ou você é maluco, ou seu avatar é uma conta secundária! Você está querendo ser denunciado?

— Você pode me denunciar, mas eu irei berrar para todo mundo que você está enganando jogadores novatos… Você tem ideia do que um veterano, daqueles com um avatar nível 60 ou mais, faz com gente que engana quem está só começando? Eu adianto pra você, o nome Bartov ficará na lista negra de muita gente importante…

Um caçador que ficou ouvindo a conversa, se levantou. Ele sacou seu arco e se colocou ao lado de Ragnar, anunciando para todos:

— É verdade! — E apontou o dedo contra Bartov. — Esse cara me vendeu um caneco de hidromel por 40 rubros.

Ragnar analisou-o de relance, seu nome era Skiff, um caçador nível 2.

Os clientes da taverna voltaram seus olhares furiosos contra o taverneiro.

— Quarenta pelo Hidromel? — indignou um cliente perto do palco onde o bardo tinha parado de tocar sua flauta.

— Mas ele nos vendeu por apenas cinco rubros — disse outro cliente.

A tensão acumulada estava prestes a estourar.

— Devolva meu dinheiro! — exigiu o jogador ao lado de Ragnar.

— Não! — Bartov respondeu.

— A gente não sai daqui até você devolver nosso dinheiro. — Ragnar olhou para o colega caçador e acenou com a cabeça. A maioria dos clientes se levantaram e saíram do estabelecimento, estavam revoltados com o dono.

— Ei! — Ragnar se voltou para os que ainda não saíram. — Vocês vão ficar aí sentados, olhando, ou vão tomar vergonha na cara e vir ajudar? — Os clientes se ofenderam por serem repreendido por um novato.

Aproveitando a distração alheia, Bartov puxou a espada da bainha e apontou-a contra os dois que o desafiaram. Isso afugentou os últimos clientes da taverna.

Tendo previsto a reação do taverneiro, Ragnar pulou sobre uma mesa e ergueu os braços para preparar a conjuração de um feitiço.

— Saiam daqui — Bartov gritou.

— E agora? — Skiff perguntou com arco e flecha em mãos.

— Fique longe e dispare quando tiver certeza absoluta que irá acertar.

— Você quer enfrentá-lo? Ficou maluco? Ele é muito mais forte que a gente. — Skiff demonstrava desespero em sua voz.

— Eu sei, mas tente ganhar tempo.

— Chega! — Bartov rugiu e partiu para o ataque.

A mão de Ragnar brilhou, ele apontou o feitiço na direção do taverneiro, mas para baixo. Três raízes brotaram do chão e agarraram os tornozelos de Bartov. Ele caiu dando de cara com a ponta da sandália de madeira do druida quando o próprio deferiu um chute. Bartov tombou no chão sentindo a humilhação de apanhar para um nível 1.

Mas Ragnar não possuía uma arma. Seu plano original era contar com a indignação dos fregueses para virem lutar ao seu lado, mas ele os superestimou e agora estava pagando o preço. Ao ver seu único aliado, Ragnar deu o sinal:

— Agora!

Skiff estava atrás de uma mesa tombada. Ele retesava o arco até o limite, a ponta da flecha foi envolta por uma espiral de vento rodopiando em alta velocidade. Quando Skiff soltou a flecha, as raízes invocadas por Ragnar largaram o taverneiro enfurecido, mas não houve chance dele contra-atacar, a flecha do caçador voou em alta velocidade e atingiu Bartov no ombro. O dano foi baixo, mas o objetivo do disparo era afligi-lo com o status lentidão. Apesar do esforço e do trabalho de equipe eficiente, a vida do oponente continuava quase cheia.

Ragnar sabia que essa era uma batalha que não ganharia sozinho.

Bartov se recuperou dos ataques, ele rodopiou a espada na mão direita e, com um gesto da mão esquerda, chamou o druida para o embate, mas ele não caiu na provocação e manteve-se a uma distância segura.

Os três se estudaram por um minuto. Skiff não poderia atirar à vontade, pois, ao disparar uma flecha, ele ficaria vulnerável até preparar o próximo tiro ou até trocar de arma.

Ragnar se afastou vagarosamente até o palco da estalagem.

Skiff tomou iniciativa efetuando um disparo certeiro na perna do oponente. Porém, mesmo danificado, Bartov avançou a uma velocidade espantosa contra o autor do disparo, mas antes que pudesse alcançá-lo, raízes romperam o chão entre os dois e se voltaram contra o taverneiro, que sorriu debochando.

— Patético! — desdenhou ao realizar dois cortes de espada em diagonais opostas. O golpe foi tão rápido que riscos azuis marcaram o caminho da lâmina. A força empregada era tamanha que cortou as raízes de Ragnar como se fossem nada. Esse era o abismo de força entre eles.

Com as raízes fora do caminho, Bartov flexionou os joelhos e utilizou a habilidade Investida para avançar em altíssima velocidade contra o arqueiro. A ponta da lâmina atravessou o peito de Skiff, mas antes que pudesse puxá-la para emendar o próximo ataque, Ragnar se transformou em urso negro e avançou contra o adversário, derrubando-o no chão com uma patada no peito.

Skiff disparou suas flechas e Ragnar desferiu mais duas patadas antes de ser rechaçado com um corte desajeitado de espada, arrancando de uma vez só 30% dos seus pontos de vida. Ele recuou e cancelou a forma animal, voltando a sua aparência humana.

Bartov conseguiu se levantar. Ele segurou a espada na horizontal, preparando-se para desferir o golpe final, mas antes disso, falou:

— Vocês mexeram com a pessoa errada… — Então girou o corpo rapidamente, despejando uma ventania cortante da lâmina da espada

Ragnar sentiu a espada lhe cortar três vezes, mensagens vermelhas com o dano sofrido piscaram em seu campo de visão. O total de dano ultrapassava em muito os seus pontos de vida.

A batalha tinha acabado. Ragnar estava ajoelhado no chão, contemplando seu contador de vida que, por algum motivo, não havia zerado:

Vida: 99/112

Ao erguer a cabeça ele deparou-se com uma mulher alta. Com uma mão ela conjurava um feitiço de cura enquanto a outra apontava um sabre contra o pescoço de Bartov, que se rendeu de joelhos perante ela.

— Bartov… — proferiu a mulher. — Pelo crime de agressão a inocentes, você está preso. Qualquer perturbação à paz em desacordo com a lei é punida com detenção e pagamento de uma taxa equivalente.

Feita a voz de prisão, as mãos do acusado foram aprisionadas por correntes conjuradas por magia.

— Mas… baronesa Merwin — Bartov choramingou. — Foram eles que me atacaram…

— Eu ainda não terminei… — ela falou. — Você também é suspeito de comercializar produtos a preços abusivos. Essa infração ainda possui um agravante, você almejava aventureiros novatos para não levantar suspeitas.

— Vocês estão acabados, pirralhos — Bartov proferiu, espumando de raiva. — Principalmente você, druida de merda!

— Guardas — ordenou a baronesa encarregada de governar a cidade. — Levem-no ao calabouço.

Três soldados conduziram o condenado para fora, porém, no meio do caminho, ele tentou se desvencilhar, mas Bartov não contava que um dos soldados era um mago capaz de congelá-lo do tronco para baixo em um estalar de dedos.

— Merda. Sair do jogo! — Bartov gritou, e desapareceu.

Ragnar encarou a baronesa, e ela disse:

— Não tem problema. Ele está oficialmente preso, portanto vai acordar na cela da prisão até cumprir os sete dias de sua pena.

Ragnar reparou que ela vestia várias camadas de tecidos finos que se sobrepunham e harmonizavam com um brasão prateado, nele estava gravado a imagem de um gato sentado.

— Que… loucura — Skiff suspirou, seus olhos estavam arregalados e a boca escancarada em incredulidade.

A baronesa se aproximou de Ragnar.

— Obrigado por denunciar o taverneiro. Ele tem sido uma pedra no meu sapato. Vocês fizeram um bom trabalho ao segurá-lo até os clientes nos avisarem do que estava acontecendo. Ele poderia ter fugido a tempo de se refugiar em outra cidade. Mas sua coragem ou, quem sabe, estupidez, o fez ficar e lutar. Ela virou-se para Skiff: — Somos gratos por ficar ao lado da justiça enquanto a clientela fugia indignada.

Uma mensagem apareceu para Ragnar e Skiff:

Missão Secreta Concluída: O Golpista de Bremer (Nível: 10)

Rumores obscuros dizem que há alguém se aproveitado dos indefesos.
Identifique o culpado e denuncie-o às autoridades locais.

Recompensas

100 rubros

1.000 pontos de reputação com a Cidade de Bremer

Permissão Oficial de uso da Horta Comunitária de Bremer

Três mensagens surgiram para Ragnar:

Você evoluiu para o nível 2

Você evoluiu para o nível 3

Sua reputação com a Cidade de Bremer avançou de Neutro para Amigo

Ele não conseguiu conter sua felicidade, em meia hora de jogo havia avançado dois níveis. Cem rubros era uma quantia em dinheiro que o ajudaria a catapultar sua evolução.

Além das recompensas tradicionais, Ragnar recebeu pontos de reputação suficientes para ser um amigo da Cidade de Bremer. Isso proporcionaria desconto nas lojas locais, itens limitados e oportunidades como missões exclusivas.

Por fim lhe foi concedido uma permissão oficial de uso da horta comunitária da cidade. Lá ele poderia cultivar o que quisesse — desde que não fosse ilegal — sem se preocupar com a possibilidade de alguém vir e roubar sua colheita, pois os canteiros da horta eram limitados a quem possuísse a permissão.

Com todas as recompensas assimiladas, Ragnar se aproximou da baronesa Merwin, e perguntou:

— Você estava atrás dele?

— Nós ouvimos rumores a respeito de um golpista na cidade, mas não sabíamos que ele atacava somente novatos. — Ela estudou Ragnar de cima a baixo: — Você não pertence a nenhum Círculo Druídico?

— Ainda não, mas pretendo fazer o rito de iniciação quando puder.

— Isso não será necessário. — Merwin puxou de sua pequena bolsa um pedaço de papel e uma pena. Ela apoiou o papel sobre uma das mesas da estalagem e rabiscou, quando terminou, mostrou o que havia escrito:

Eu, Merwin, baronesa da cidade de Bremer e druidesa honorária, atesto que, Ragnar, um druida, é apto a ingressar no Círculo Druídico de Bremer como um iniciado digno de tudo que a posição tem a oferecer”.

— Agora você poderá entrar no Santuário dos Lírios. — Ela entregou o documento nas mãos de Ragnar. — O santuário fica dentro do bosque, a oeste da cidade. Não é muito longe, basta seguir a trilha na floresta.

— Obrigado.

Ela anuiu com um singelo aceno de cabeça, despediu-se dos dois novatos e foi embora da estalagem.

Ragnar virou-se para Skiff e verbalizou um dos comandos do jogo:

— Adicionar Skiff a lista de amigos!

Em questão segundos, a seguinte mensagem surgiu:

Skiff aceitou seu pedido de amizade


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