Volume 1

Prólogo: O Som do Domo

O céu começava a clarear sobre a cidade de Aurora, mas havia algo fora do comum. Uma tensão silenciosa pairava no ar, como se o próprio vento hesitasse em tocar a barreira mágica que envolvia o reino. 

O domo era uma cúpula translúcida, um campo de força que cobria toda a extensão territorial, com um brilho dourado sutil que resplandecia ao amanhecer. A estrutura era ao mesmo tempo bela e impenetrável, refletindo o céu, sem permitir a passagem de qualquer coisa.

Art Hammer, um jovem de 17 anos, com um curto cabelo preto e intensos olhos azuis, acordou ao som do alarme de ataque. O barulho grave e repetitivo cortava a manhã e ecoava por toda Aurora, alertando os habitantes de mais um ataque ao domo. 

Ao passo em que se levantava, o som continuava, uma constante lembrança de que a segurança do reino dependia daquela barreira. 

Art saiu da cama e olhou pela janela. 

Do lado de fora do domo, via sombras distantes, figuras indistintas que se aglomeravam, esperando uma oportunidade para atacar. Eram humanos, ogros, elfos, e outras criaturas com o insaciável desejo de romper a barreira.

Enquanto vestia seu uniforme, refletia sobre o significado daqueles ataques. Era um dos mais jovens a ingressar na Aurora Force, a organização encarregada de proteger o reino. Sua função como Striker — um mago de ataque — era estar na linha de frente caso o domo fosse quebrado. 

Apesar dos constantes ataques, o domo se regenerava rapidamente. Mesmo quando sofria danos severos, sua recuperação era instantânea. Por isso, Art frequentemente se perguntava qual era o sentido de sua tarefa. No final, tudo o que fazia era aguardar um evento que nunca aconteceria.

O domo era um mistério para todos em Aurora. Ninguém sabia quem o havia criado ou por que. As histórias falavam de séculos de proteção, mas não existiam registros claros sobre sua origem. Para os habitantes do reino, isso sempre foi parte de suas vidas. 

Ao sair de casa, Art encontrou Diana Prouse, sua amiga de infância. Ela estava com seu arco nas costas e um sorriso irônico nos lábios, porém seus olhos dourados tinham um brilho de preocupação. Seu cabelo lilás, preso em uma bela trança, balançava com a brisa da manhã. 

Diana era uma guerreira, especialista em arco e flecha, conhecida pelas flechas explosivas que desenvolveu. Apesar de sempre estar confiante, no fundo, ela se preocupava tanto quanto o amigo.

— Bom dia, Art! — disse Diana, seu tom carregado de sarcasmo. — Pronto para mais um dia de trabalho inútil?

Art revirou os olhos enquanto ajustava seu uniforme.

— Salvar o reino de quê? Nada atravessa o domo, nem de dentro, nem de fora. Nunca usamos nossos poderes em combate real. Parece até uma piada.

Diana riu, puxando o arco para mostrar que estava pronta para a batalha.

— Bom, se nada atravessa, talvez isso seja uma coisa boa. Significa que não temos que lidar com ogros gigantes e elfos irritados. Eu prefiro isso a lutar com criaturas selvagens.

Art sabia que sua amiga tinha razão, mesmo assim, desejava mais do que apenas ficar esperando. Aurora era um reino seguro, contudo cheio de mistérios, e ele queria descobrir o que havia além do domo. 

Os humanos do lado de fora tinham várias aparências. Alguns assemelhavam-se a nômades, com roupas rudes feitas de couro e materiais robustos, outros tinham ares de realeza, vestindo roupas elegantes e portando armas brilhantes. Isso sugeria que haviam outros reinos no mundo exterior, cada um com sua própria estrutura e história.

Os elfos representavam uma ameaça à parte. Apesar de sua aparência bela e delicada, com cabelos longos e pele pálida, eram ágeis e habilidosos em magia. 

O domo era a única coisa que os mantinha fora de Aurora, por isso, com a missão de destruir este obstáculo, atacavam diariamente, demonstrando saber algo que os habitantes do reino não sabiam. 

Os ogros eram mais diretos, criaturas enormes com poderosos músculos e sede de violência. Raramente eram organizados, porém sua força bruta era suficiente para manter todos em alerta.

O povo de Aurora tinha sentimentos mistos em relação ao mundo exterior. Por um lado, temiam as ameaças que existiam além do domo. Por outro, havia curiosidade sobre como seria viver em um lugar sem barreiras, sem a proteção constante de um campo de força. Apesar de ser uma ideia assustadora para muitos, Art considerava aventura e liberdade.

Quando chegaram à linha de defesa, o som do alarme estava mais alto do que nunca. Era onde os guerreiros, magos de ataque e magos de defesa — também chamados de suporte — se reuniam para proteger o reino. 

Também era o lugar em que Art sempre se sentia mais inquieto. A cada ataque ele esperava algo diferente, que justificasse sua presença ali. Contudo, o domo sempre resistiu, e o perigo era distante.

No entanto, naquele dia algo mudou. 

Ao entrarem, Art escutou uma voz suave e sussurrante que ninguém mais notava. A voz o chamava, guiando-o para longe dali, rumo ao centro do reino. Era uma sensação estranha, como se alguém estivesse falando diretamente em sua mente. A princípio, tentou ignorar, mas ela continuava insistente, atraindo-o.

— Venha... una-os… — a voz gentilmente sussurrava.

Sem se questionar, ele a seguiu. 

Logo, passou por ruas estreitas e becos escuros, onde os sons do ataque se tornavam mais distantes. Por um momento achou que estava ficando louco, ouvindo coisas repentinamente, entretanto, a clareza da voz o trouxe para a realidade. 

Diana — sempre desconfiada — o seguiu sem ser percebida. Ela sentiu que havia algo errado, e sua intuição a fez seguir o amigo.

Art finalmente chegou a um túnel velho e esquecido, escondido por trás de arcos cobertos de musgo e vegetação selvagem. Um lugar que nunca viu antes, um canto esquecido de Aurora. 

No centro do túnel, encontrou uma pequena garotinha elfa, com pele pálida e cabelos loiros. Ela estava desmaiada no chão, segurando uma pedra verde, um item estranho que chamou a atenção. Seus olhos roxos, mesmo inconscientes, brilhavam com uma luz mística.

Art ajoelhou-se ao lado da garota, tentando entender o que aquilo significava. Quem era ela? De onde vinha? E, mais importante, o que aquela pedra verde representava? 

Diana surgiu repentinamente ao seu lado, totalmente surpresa. Ela ficou em silêncio por um momento, observando a garotinha elfa e a pedra brilhante.

— Art, o que é isso? — perguntou Diana, seu tom mais sério do que o habitual.

— Eu não sei. — ele respondeu, sua mente cheia de perguntas. — Mas sinto que isso vai mudar tudo.

Eles sabiam que aquela cena significava mais do que imaginavam. Algo grande estava para acontecer em Aurora e estavam bem no centro disso.

Ei, Shosckk aqui!

Meu sincero agradecimento por apoiar O Domo de Aurora: Os Sete Artefatos, torço para que goste e acompanhe a história!

*Eu mesmo faço os esboços das imagens, depois finalizo com IA. Te convido a dar uma olhada no canal do youtube, onde até mesmo já postei uma incrível trilha sonora para a obra Youtube Shosckk (E vem mais coisas por ai!). 

*Caso queira fazer alguma doação para ajudar a obra: PIX - [email protected]

Te vejo nos próximos capítulos!



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