Volume 1

Capítulo 5: As Ações de um Arqui-demônio Devem ser Audaciosas

Antes que percebesse, Nephy estava num canto da cidade, agachada em frente a uma casa abandonada.

Por que... estou num lugar como este...? Era como se uma névoa tivesse envolvido sua mente, impedindo-a de pensar direito.

A paisagem parecia familiar. Era provavelmente Kianoides, a primeira cidade que ela visitou com Zagan, e também um lugar que ela frequentava de vez em quando para comprar ingredientes e outras coisas.

Ela não tinha absolutamente nenhuma lembrança de como tinha ido parar ali, no entanto.

Em primeiro lugar, que razão ela teria para viajar tão longe? Ela se lembrava até o ponto de preparar o jantar, mas Zagan o tinha comido? Era a primeira refeição que Nephy havia feito, o ensopado que seu mestre antissocial contemplava com admiração e deleite.

[Sol: Gratuitasso? | Moon: Nem te conto kk.]

Ela queria ver aquela expressão alegre dele mais uma vez. E, por isso, ela precisava voltar rapidamente ao seu serviço.

No entanto, quando esse pensamento veio à mente, ela percebeu o que estava segurando.

Um fragmento de uma coleira que desintegrou-se em pedaços. E, para sua surpresa, não havia mais uma coleira em seu pescoço.

Ah, é mesmo. Eu fui...

"Rejeitada... pelo Mestre." Ao colocar seus pensamentos em palavras, sua mente despedaçou-se e tornou-se uma confusão.

Ela sentiu seu coração parar. E se não parou, então talvez Nephy tivesse simplesmente enlouquecido.

Mesmo que ele tenha dito... que me permitiria ficar ao lado dele...

Era a primeira vez para ela.

A primeira vez que Nephy foi tratada como uma pessoa, e com quem se falou como tal. Ele até preparou um quarto e roupas para ela, e deu-lhe uma razão para viver.

O único que sempre disse que ela era necessária... foi Zagan. Ele disse que estava tudo bem para Nephy estar ali, então ela pensou que tinha encontrado um lugar onde realmente pertencia.

E mesmo assim...

Nephy enterrou o rosto nos joelhos e encolheu-se em posição fetal.

"As lágrimas... não fluem em momentos como este...?" Toda a situação não parecia real para ela. E talvez por causa disso, ela não estava se afogando em tristeza.

Ela pensou que se apenas fechasse os olhos e adormecesse, então quando acordasse, estaria de volta ao castelo.

E, no entanto, num cantinho de sua mente, ela entendia que não havia como isso acontecer, que isso era a realidade, e que ela tinha que enfrentá-la de frente.

Apesar disso, nenhuma de suas emoções estava funcionando direito. E nesse exato momento...

"Você é... a de naquela vez...? A serva do Feiticeiro Zagan, certo?" Era uma voz que ela não se lembrava de ter ouvido antes.

Ao olhar para cima, uma garota vestindo a Armadura Sagrada de um Cavaleiro Angelical estava diante dela. E ela carregava uma espada grande nas costas.

Mesmo que Nephy não reconhecesse sua voz, parecia que ela reconhecia sua aparência, então ela a observou por mais um tempo. Logo, ela se lembrou de onde a tinha visto antes.

"Aquela que lutou contra o Mestre...?" Era uma dos Cavaleiros Angelicais da luta na floresta.

E pensando bem, esta garota era a única que recuou sem ferimentos significativos.

"Você me ouviu, Nephy? Fique longe daqueles malditos Cavaleiros Angelicais." Zagan lhe dera esse aviso em algum momento.

Ele lhe contou como eles eram inimigos naturais dos feiticeiros, e como eram assassinos profissionais que até executavam todos os relacionados a feiticeiros, condenando-os como pecadores. E também, sobre como havia o perigo de que eles mirassem Nephy, então ela deveria ficar alerta.

Infelizmente, Zagan, que lhe contara tudo isso, não estava mais ao seu lado.

Por que exatamente acabou assim? Ela não fazia ideia.

"Você... vai me matar, não é?" Nephy murmurou como se tivesse desistido de tudo.

Era provável que esta garota também tivesse testemunhado seu misticismo. Ela não achava que aqueles que arbitrariamente decidiam que até um feiticeiro de coração gentil como o de Zagan era mau deixariam Nephy viver.

Além do mais, ela não tinha mais sua coleira também. Com a feitiçaria que Zagan lhe ensinou e seu misticismo, ela talvez pudesse lutar contra a garota diante de seus olhos, mas não conseguia encontrar uma razão para fazê-lo.

Se o Mestre não está aqui, então não há sentido em viver. Ela pensou que estaria tudo bem em simplesmente morrer ali.

Por mais estranho que fosse, a garota à sua frente balançou a cabeça com um olhar de pânico.

"E-Espera! Não entenda mal. Não pretendo causar nenhum mal a você."

"Hm...? Cavaleiros Angelicais são pessoas que matam feiticeiros, não são? Eu sou... serva do Mestre, e discípula do Mestre. Por favor, decapite-me."

"P-Pare de falar de mim como se eu fosse algum tipo de assassina!"

"Estou errada?"

"Completamente!" Por alguma razão, era a Cavaleira Angelical que estava à beira das lágrimas.

E talvez porque tal disputa tenha surgido, antes que percebessem, uma multidão se aglomerou ao redor delas.

(Ei, o que é esse alvoroço aqui? Não é a Nephy ali?) (É uma Cavaleira Angelical... Eles não estão de olho na Nephy porque ela é serva naquele lugar de feiticeiro?) (Não deveríamos salvá-la, então? Mesmo nas melhores circunstâncias, parece que a Nephy tem uma disposição fraca.) Os espectadores estavam cada um dizendo o que queriam, mas por alguma razão toda a crítica estava focada na Cavaleira Angelical.

"E-Eu estou dizendo que isso não é verdade, ok?" E ela se encolheu como se estivesse assustada com suas palavras.

E então, como se não conseguisse mais assistir, uma pessoa pulou para fora da multidão.

"Opa! Nephy, você está bem?" A que saltou para proteger Nephy era uma jovem garota aviana que Nephy lembrava claramente.

"Manuela..." Era a atendente que escolhia coisas para Nephy na loja de roupas.

Mesmo depois disso, elas às vezes se encontravam na cidade e ela recomendava roupas novas para Nephy. A camisola que ela usava no castelo também era algo que Manuela escolheu pessoalmente.

Olhando para o rosto de Nephy, Manuela ficou sem palavras.

"O-O que foi? O que ela fez com você? Você está machucada? Cadê seu mestre?" De alguma forma, parecia que Nephy estava fazendo uma expressão consideravelmente miserável. Manuela entrou em pânico como se tivesse acabado de encontrar uma pessoa ferida coberta de sangue.

"É... nada. Eu não estou... machucada."

"Não tem como ser nada, certo!?" Enquanto sua voz ficava áspera, a garota aviana direcionou um olhar carrancudo para a Cavaleira Angelical.

"Ei, você! Não sente vergonha de fazer isso só porque é da igreja? Bulir uma garota tão frágil e bondosa é nojento!"

"Exatamente! Isso mesmo!" "Some, Cavaleira Angelical!" "E barateiem suas doações também!" Uma tempestade de críticas surgiu da multidão.

"V-Vocês estão errados..."

"O que há de errado, então!?" "Você fez a Nephy fazer uma cara tão triste, como ousa mentir tão calmamente!" "Isso é simplesmente desumano!" Os rugidos de raiva atingiram um ponto de fervor, e a Cavaleira Angelical ficou visivelmente pálida e afundou no chão.

[Moon: Coitada kk Só foi ajudar e acabou sendo linchada akak, Forças Chas— Cavaleira!]

O alvoroço estava ficando maior e maior por conta própria, mas não era como se a Cavaleira Angelical tivesse feito algo à Nephy. E então, ela ergueu a voz para mediar.

"Hum, por favor, esperem... todos."

"Está tudo bem, Nephy. Nós definitivamente vamos protegê-la!" Enquanto Manuela se virava para ela com um sorriso determinado no rosto, Nephy respondeu enquanto mantinha seu olhar cadavérico.

"...Não, essa pessoa... não fez nada comigo." De repente, a multidão caiu em silêncio.

"É, mas..."

"Mesmo que eu estivesse dizendo que vocês estão errados..." A jovem Cavaleira Angelical já havia explodido em lágrimas. Era apenas uma visão miserável, vê-la coberta de lágrimas e muco.

"Soluço... Eu só... soluço, fiquei preocupada quando, ai, preocupação... eu vi que ela parecia machucada..." Parecia que ela realmente só chamou a Nephy porque ela parecia miserável.

[Sol: Gratuitasso’.]

Pensando que ela foi encurralada pelos cidadãos por sua causa, Nephy de alguma forma se sentiu culpada.

"Uh...." Manuela fez uma cara francamente preocupada.

"Então, por que a Nephy está fazendo uma cara tão triste? Não parece uma questão trivial..."

"Isso é..."

"Uaaaaaah!" Perdida sobre como responder, a Cavaleira Angelical irrompeu em mais lágrimas sem levar seu comportamento vergonhoso em consideração.

Nephy então se levantou, e abaixou a cabeça com um movimento.

"Eu me desculpo... por causar confusão... E para a Cavaleira Angelical também, sinto muito. Bem então, vou me retirar agora." E enquanto tentava sair, Manuela a parou em pânico.

"E-Espera... Espera aí. Não tem como eu simplesmente deixar você sozinha depois de vê-la daquele jeito, certo?"

"Mas..." Ao murmurar essa palavra, Nephy estava olhando para a Cavaleira Angelical que continuava a chorar excessivamente diante dela. Falando de pessoas que não podiam ser deixadas sozinhas, Nephy acreditava que isso também se aplicava àquela garota.

Manuela também estava sem palavras, e eventualmente soltou um 'Aaah, nossa' e puxou o cabelo vermelho da garota.

"Ambas, venham comigo!" Dessa forma, a combinação estranha da discípula de um feiticeiro, uma Cavaleira Angelical e uma atendente de uma loja de roupas, saíram juntas às pressas.

"...Desculpe por mostrar a vocês um comportamento tão vergonhoso." A Cavaleira Angelical, que finalmente parou de chorar, disse isso enquanto seu nariz ainda estava vermelho. Olhando para ela mais uma vez, a jovem mulher parecia ter mais ou menos a mesma idade que Nephy.

As três entraram num bar juntas, mas infelizmente a atmosfera ao redor delas era bastante estranha. Mesmo não sendo uma loja tão espaçosa, os clientes ao redor delas se mudaram para mesas mais perto das paredes.

Se possível, Nephy também sentiu que preferiria se juntar a eles e se tornar um enfeite na parede, mas ela era uma das razões pelo qual o ar tinha azedado.

Deixando de lado a Cavaleira Angelical que feriu Zagan, Manuela se envolveu nisso protegendo Nephy. Nephy não havia perdido todo o sentimento a ponto de poder simplesmente fugir e abandoná-la.

Embora, ela não tivesse ideia de que rosto deveria fazer, dada a situação.

Por isso, a única coisa que Nephy podia fazer era permanecer sem expressão e em silêncio.

Manuela então colocou seu melhor esforço em falar com uma voz alegre.

"Há muitos rostos amigáveis aqui, então vocês podem relaxar. O segundo andar também é uma estalagem, então..." Julgando pelo estado em que Nephy estava e pelo fato de Zagan não estar em lugar nenhum, ela concluiu que Nephy não iria para casa.  

[Sol: A diferença das três é muuuuuito grande kkkkkkkkk. | Moon: Simplesmente genial kkk]

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Depois de ser levada para o bar como uma cliente que vai pagar, Nephy balançou a cabeça.

"Eu não tenho... dinheiro agora." Realmente parecia que ela saiu com pouco mais que as roupas do corpo. Tudo que estava em seu bolso era um bilhete com a receita do jantar, nada menos, nada mais.

Olhando para aquele pedaço de papel, a expressão de Manuela se nublou.

"Ah, nossa, esta noite é por minha conta, então senta! Você ainda não jantou, certo?" Nephy não tinha intenção de responder, mas a Cavaleira Angelical ao seu lado soltou um ronco de estômago, o que fez Manuela olhar para ela friamente.

"..."

"B-Bem, desculpe por isso!"

Como discípula de um feiticeiro, Nephy, e esta garota que era uma Cavaleira Angelical eram inimigas juradas... Ou, deveriam ser, de qualquer forma. No entanto, por alguma razão, Nephy não conseguia sentir nenhum tipo de inimizade da garota pouco confiável.

Depois que Manuela sentou Nephy, ela começou a pedir uma coisa atrás da outra... A maior parte parecia ser álcool.

Enquanto aguardavam a comida, a Cavaleira Angelical abriu a boca para falar.

"Agora que penso nisso, ainda não me apresentei, não é? Me chamo Chastille. Tenho certeza que você pode perceber, mas sirvo como uma Cavaleira Angelical."

"...Manuela. Você paga a sua própria parte, entendeu?"

"Por que diabos você é tão fria comigo!?"

"Porque ainda não sei se você realmente estava fazendo bullying com a Nephy ou não?" Chastille ficou rígida com um tremor, talvez porque ela tinha, de fato, atacado a casa de Nephy.

"Er... Isso..."

"Viu!? Como imaginei, você realmente fez algo."

"M-Mas aquilo foi minha missão, então..."

"O quê? Está dizendo que é certo machucá-la se for sua missão?"

Parecia que os Cavaleiros Angelicais não tinham uma boa reputação entre os moradores. Isso só fazia sentido, já que Kianoides era considerada o domínio de um feiticeiro, o que provavelmente afetava as opiniões dos residentes.

E em resposta a Chastille, que parecia prestes a chorar novamente, Nephy falou.

"Não, está tudo bem. Mesmo naquela época, você não me machucou de forma alguma."

"Sério?"

"Outra pessoa feriu o Mestre, e essa pessoa já nos compensou adequadamente por isso." Talvez tendo se lembrado do misticismo de Nephy, o corpo de Chastille tremeu com um sobressalto.

"Entããão, o que esta aqui fez?"

"Eu realmente não sei. Mas ela ajudou a tornar realidade nosso pedido para que recuassem."

"Ah, então tipo, ela carregou a bagagem?"

"Sim."

"Está errada!" Chastille gritou enquanto batia as mãos na mesa com um estrondo.

"Eu sou a Donzela da Espada Sagrada, sabia? Em outras palavras, estou entre os doze Arcanjos! E mesmo assim, o que há com essa frase!?"

"Bem, há algo realmente errado com a maneira que descrevi?"

"Isso é... Err..." Chastille resmungou como se tentasse refutar.

Ela é só tímida...?

E enquanto conversavam sobre tais coisas, antes que percebessem, uma sopa farta foi colocada na frente de Nephy.

"Hum, eu não posso aceitar isso."

"O quê, está planejando só ficar sentada aí sem comer nada? Se fizer isso, eu não vou conseguir beber nada. Você simplesmente estragaria meu barato!"

"Haaa..." Era uma razão um pouco ininteligível, mas dominada pelo vigor de Manuela, Nephy simplesmente retribuiu com um aceno.

Por que... essa pessoa está sendo tão gentil comigo...? Enquanto pegava uma colher na mão, ela colocou de lado o fragmento de sua coleira que carregava cuidadosamente o tempo todo sobre a mesa.

"Sua coleira quebrou?"

"Não, o Mestre... a tirou de mim."

Chastille então fitou o rosto de Nephy.

"Apesar disso, você não parece muito feli— Ai."

"...Ei, leia o ambiente um pouco aqui." Parecia que Manuela chutou a perna de Chastille debaixo da mesa. Sua perna deveria estar protegida pela Armadura Sagrada, mas o ataque passou pelas frestas presentes no design. O golpe fez lágrimas se formarem nos olhos de Chastille.

Incomodada sobre como responder, Nephy apertou sua colher com mais força.

"...Obrigada pela refeição."

"Mm." Depois de levar a sopa aos lábios, um sabor de alguma forma nostálgico veio a ela.

Não, não era nostálgico ou algo assim. Era o mesmo sabor da sopa que ela fizera naquela mesma noite.

Era ensopado de cordeiro.

Com um pingo, uma sensação quente escorreu por sua face.

"Huh...?" Lágrimas corriam por suas faces. Mesmo que não devesse sentir tristeza, assim que experimentou a sopa quente, as lágrimas começaram a transbordar sem sinais de parar.

Chastille então ergueu a voz completamente em pânico.

"E-Está bem? Eu... disse algo ruim de novo?"

"Buaaaah, buaaaaaaaaah!" Incapaz de aguentar, Nephy irrompeu em um ataque de choro.

Por que, por que, Mestre...

Em resposta a Nephy, que desabou em lágrimas, Manuela abriu suas grandes asas e a abraçou como se para compartilhar sua dor.

"Nossa... Ambas podem chorar à vontade e se agarrar à sua irmã mais velha aqui."

[Moon: Também posso? Quero um abraço entre asas…]

"E-Eu não estou chorando, no entanto." O mundo podia ser muito mais gentil do que Nephy pensava.

Depois de chorar por um tempo, Nephy começou a falar pouco a pouco sobre o que aconteceu no castelo. Manuela a ouviu em silêncio enquanto segurava um caneco de cerveja em uma mão. Embora quando ela terminou de ouvir, já havia cinco canecos vazios alinhados na mesa.

[Sol: A Manu tá bem demais slk.]

Chastille também a ouvia com a respiração suspensa. Mesmo sendo uma Cavaleira Angelical, ela podia não ser uma pessoa má.

Quando Nephy terminou, Manuela bateu violentamente o caneco que tinha contra seu rosto corado na mesa.

"Então, você foi expulsa sem motivo?"

Nephy retribuiu com um leve aceno em resposta.

"Eu... cometi algum tipo de erro?" Foi muito repentino, e ela não conseguia distinguir o que era o quê.

Chastille, no entanto, acenou de maneira indignada.

"E eu pensei que ele era um homem promissor... Como pôde fazer algo tão cruel? É quase como se ele estivesse apenas usando você!"

"O Mestre não é assim", Nephy respondeu sem um momento de demora. Isso fez Chastille hesitar.

"E-Eu pelo menos sei disso, mas é exatamente por isso que não entendo por que ele a expulsou..."

"O que você sabe sobre ele?"

"Eek, você não precisa ficar tão brava..."

"Eu não estou brava." Depois de chorar até secar, parecia que Nephy tinha ficado ainda mais inexpressiva que o normal, o que confundiu muito Chastille.

Manuela então cortou entre elas e acalmou a situação.

"Calma, calma, claro que ela ficaria brava se você difamasse seu querido mestre assim."

"Não é como se eu estivesse difamando ele!"

Manuela olhou de volta para Nephy, que as observava discutir.

"Então, o que você planeja fazer de agora em diante, Nephy?"

"O que... devo fazer...?" Porque não havia nada que ela pudesse fazer, estava completamente sem ideias.

Chastille então limpou a garganta com um tossir.

"Que tal entrar sob a proteção de nós, Cavaleiros Angelicais? Proteger cidadãos que foram prejudicados por feiticeiros é um de nossos deveres."

"O quê? Ah, qual é. Se ela for com você, será julgada pela fé! Como imaginei, você realmente está só fazendo bullying com a Nephy!"

"Está errada! Quero dizer, ela é só uma serva, então se a tratarmos como uma vítima, então até a igreja deveria ser obrigada a protegê-la..."

"Se houver um julgamento, então eles descobrirão que isso não é verdade rapidamente. Não tem como entregarmos a Nephy a um lugar onde ela estará em perigo."

"Então o que devemos fazer...?"

Nephy balançou a cabeça em resposta a Chastille, que estava fazendo uma expressão emburrada.

"Eu agradeço pela consideração, mas isso faria o Mestre parecer um vilão. Eu não posso... fazer isso."

Os ombros de Chastille caíram ao ouvir isso. E então, ela abriu a boca como se fosse difícil para ela dizer.

"Há algo que gostaria de perguntar a você. Você acha que Zagan comanda vários feiticeiros? Ele é o tipo de homem que sequestraria inocentes para alimentar rituais de sacrifício?"

"Eu não acho." Era provavelmente algum tipo de preconceito contra feiticeiros, mas Nephy foi capaz de responder imediatamente. Mesmo que tal pessoa mostrasse favor a Nephy e repetisse as mesmas ações, ela não acreditava que eles ansiariam pela individualidade na própria Nephy.

"O Mestre é... alguém que não se importa com os fracos. Mesmo quando salvou uma carruagem que estava sendo atacada por bandidos, o Mestre disse que só o fez porque não ficou satisfeito com os bandidos." Ela também pensou que, talvez, fosse para mostrar a Nephy que ela deveria se sentir à vontade.

Aquela cena lembrou Nephy de quando sua vila foi atacada — embora ela sentisse medo em vez de culpa. E quando foi lembrada disso, Nephy ficou pálida, o que coincidiu com Zagan atacando os bandidos.

"Aquelas coisas são apenas lixo." Isso foi tudo que ele disse. Sem procurar compensação de ninguém, e sem esperar nenhum tipo de elogio de Nephy.

...Na verdade, a pessoa em questão queria mostrar seus pontos fortes para Nephy, mas ela era incapaz de reconhecer isso.

Chastille então acenou e soltou um gemido.

"Como eu pensei, hein...?"

"O que... sobre isso?"

"Não, é provavelmente como você diz. Na verdade, mesmo quando cruzamos espadas, aquele homem conteve-se porque sou uma mulher. Foi humilhante, mas, hum, como posso dizer..." Enquanto Chastille começava a resmungar e hesitava em falar mais, Manuela esvaziou outro caneco e fez um sorriso largo.

"Oooh minha? O que é isso, Srta. Cavaleira Angelical? O que há com essa cara? É uma donzela apaixonada, talvez?"

"O-Q-O quê, não fale tamanha insolência!" Depois de gritar isso, os ombros de Chastille caíram novamente. E então, ela continuou falando.

"Quando o conheci pela primeira vez, aquele homem... parecia precisar ser salvo." E a partir dessa única frase, o coração de Nephy balançou grandemente.

De vez em quando, o Mestre parecia extremamente solitário. Especialmente quando falava sobre o passado, ele frequentemente fazia uma expressão triste. Ela não sabia quando e onde Zagan e Chastille se conheceram, mas saber que alguém além dela conhecia aquele rosto sem máscara que Zagan possuía a fez sentir-se levemente ciumenta e também um pouco feliz ao mesmo tempo.

O Mestre que eu conheço... certamente não é uma mentira. Na noite em que se conheceram, ela pôde mais uma vez contemplar a lua que nunca pensou que veria novamente, e pôde estender as mãos sem hesitação. E de bem ao seu lado, Zagan também fitou a lua.

Eu não consigo realmente agarrar nada, hein, como se estivesse incomodado, foi o que ele pensou. Não havia como aquilo ser uma mentira. Ou assim ela pensava.

O Mestre... não precisa ser salvo mesmo agora...? A cara que ele fez quando disse a Nephy para sair era muito mais dolorosa do que a que a própria Nephy estava fazendo.

Nephy colocou a mão no peito.

Graças a Manuela e Chastille a ouvirem, ela pelo menos conseguiu recuperar a compostura ao ponto de conseguir claramente se lembrar de Zagan.

O Mestre que ela conhecia era realmente alguém que a descartaria por capricho ou porque sua utilidade chegou ao fim? Ele não... Não tem como. Não havia como errar que ele tinha seus motivos.

Pensando nisso, ela se lembrou da palavra que chamou sua atenção ao se separar de Zagan.

"Hum, o que exatamente é... um Arqui-demônio? Você está ciente disso?" Mesmo quando contou os detalhes a elas, ela esqueceu de mencionar aquele nome.

Manuela e Chastille então trocaram olhares.

"Essa não é aquele que manda entre os feiticeiros? Até esta cidade estava sendo controlada por um Arqui-demônio chamado Marchosias, mas como a ordem pública era boa ele não dava realmente uma impressão de ser particularmente assustador ou algo assim, acho?" Manuela então teve algo a acrescentar.

"É só que, aquele Arqui-demônio parece ter falecido recentemente, e desde então tem havido aquele incidente desagradável por aí."

"...O sequestro em série de mulheres, quer dizer?"

"Sim, aquele. Por enquanto, o culpado foi subjugado pela igreja, porém." Manuela acenou de volta ao tópico que Chastille trouxe. Nephy não sabia realmente os detalhes, mas ela também pelo menos ouvira os rumores.

Ouvindo que o incidente foi de alguma forma resolvido pela igreja e pelos Cavaleiros Angelicais, Nephy inclinou a cabeça para o lado.

"Considerando tudo isso, não parece que eles são bem-vistos pelos moradores..."

"Urgh, isso é..."

"É porque depois disso, eles cobraram doações estupidamente altas como uma taxa de resgate. Assim, não tem como ninguém agradecê-los honestamente, certo?"

"Mesmo sendo uma doação, eles as cobram?"

"É, não faz sentido, certo?" Enquanto Manuela lançava um olhar de lado, Chastille estava lá com os ombros caídos em um estado lastimável.

"Hum, não é como se ela fosse quem cobrou as doações diretamente, certo? Então, não acho que haja sentido em culpá-la."

Ouvindo isso, Chastille irrompeu em lágrimas mais uma vez enquanto olhava para Nephy.

"Você é tão gentil. Eu posso entender por que aquele homem a deixou ficar ao lado dele."

"É... mesmo...?" Era a primeira vez que alguém lhe dizia isso, então Nephy a encarou em branco.

E então, Chastille inclinou a cabeça para o lado.

"Nós saímos do tópico. Sobre o Arqui-demônio, diz-se que eles são um símbolo do mal que deve ser derrubado, mesmo que a igreja tenha que apostar a vida de todos os Cavaleiros Angelicais nisso. No entanto, em contraste com haver apenas doze Espadas Sagradas, há treze Arqui-demônios. E assim, mesmo que cada portador de uma Espada Sagrada pudesse derrubar um na morte, ainda seria insuficiente." O maior inimigo da igreja — parecia que Zagan tinha se tornado tal existência.

"Se alguém se torna um Arqui-demônio, eles devem lutar contra a igreja?"

"É assim que seria. Atualmente, um dos Arqui-demônios faleceu, então até a igreja está pensando em dar tudo de si contra os feiticeiros... Quero dizer, não é como se eu pessoalmente pensasse isso, certo? De qualquer forma, a igreja está cheia de energia, ansiosa para derrotar os feiticeiros." Como Manuela começou a encará-la, Chastille se corrigiu em pânico.

"Se um novo Arqui-demônio nascesse, então a igreja provavelmente julgaria ser uma boa oportunidade para derrubá-lo. Afinal, é difícil imaginar o quão poderosos eles poderiam se tornar se não forem atingidos imediatamente. Ou talvez, haveria outros que almejassem a posição." E Zagan lhe dissera para se afastar de tal Arqui-demônio.

Seria um conflito massivo? Não foi por isso que ele tentou manter Nephy longe dali?

Nephy fitou a palma de sua mão. No decorrer da última semana, Zagan lhe ensinara o básico de feitiçaria simples. Dessa forma, ela teria um meio de se defender, e também um dia ajudaria a controlar seu misticismo. Mas não era por isso que ela aprendera.

Eu queria... ser útil ao Mestre, então aprendi feitiçaria.

Mesmo se voltasse, havia uma chance de que só o sobrecarregasse. Mas mesmo assim, Nephy se levantou.

"Eu vou... voltar para o lado do Mestre."

"I-Isso é realmente uma boa ideia? Você não foi expulsa?" Enquanto Manuela e Chastille a olhavam surpresas, Nephy balançou a cabeça para elas.

"O Mestre é forte. Certamente, ele já tem a força para não perder contra ninguém. Mas... isso não significa que ele não possa se machucar."

"Os fortes não poderiam entender os sentimentos dos fracos." Isso foi algo que Zagan disse quando estava abrindo seu coração para ela. Ele nunca disse que aquelas palavras o machucaram, mas ele parecia terrivelmente triste ao dizê-las.

Provavelmente não havia como ele ser levado a odiar as pessoas só por isso. Mas ainda assim, ela acreditava que era isso que o fez desistir de interagir com os outros. Quando pensava assim, Nephy foi atingida por um desejo súbito de abraçá-lo fortemente.

"Eu posso não... ser de nenhuma utilidade real para o Mestre. Ainda assim, não acho que ele sairá ileso de agora em diante." Com um 'É por isso', Nephy continuou.

"Eu quero... me tornar o pilar de força do Mestre." Pode ter sido presunção de sua parte desejar por isso. E, era possível que ele simplesmente a expulsasse novamente se voltasse. Mas mesmo assim, naquela época, quando Nephy abraçou Zagan, ela pensou que ele finalmente a aceitara. É por isso... que quero estar ao lado dele.

Eles só passaram meio mês juntos, mas ela queria acreditar nas memórias que compartilharam.

Não existia tal coisa como uma pessoa que fica bem sozinha. Até Nephy odiava a ideia, afinal.

Eventualmente, Chastille sorriu.

"Entendo. Então, devo ir fazer o que posso, também?"

"Huh...? Você está planejando... desafiar o Mestre de novo?"

"Não, está errada", Chastille gritou com o rosto vermelho brilhante.

"Não é isso, você vê... Eu não posso... protegê-lo, mas acho que posso lavar o estigma em torno dele."

"Estigma...?" Enquanto Nephy inclinava a cabeça para o lado, Chastille acenou.

"Parece que há um feiticeiro cometendo crimes assumindo o nome de Zagan."

Nephy não sabia que ela se referia ao culpado por trás dos sequestros seriais. E Chastille continuou falando, como se pretendesse manter esse fato oculto.

"Eles estão claramente tentando incriminá-lo, então vou virar o jogo neles!"

"Os Cavaleiros Angelicais e os feiticeiros não são hostis uns com os outros?"

"Isso é... certamente verdade, mas..." Como se fosse um tanto desconfortável, Chastille começou a resmungar.

Não é simplesmente frustrante ser salva duas vezes, e então não fazer nada em troca? À sua própria maneira, ela provavelmente pensou sobre tais assuntos por um bom tempo.

Manuela então olhou para as duas com um sorriso largo no rosto.

"Agora então, visto que as duas estão de volta aos seus pés, é sobre a hora de encerrarmos a noite, hein? Ah, senhorita cavaleira, vou deixar a conta com você, certo!"

"O-Q-O quê, eu nem pedi nada!"

[Moon: Senta e chora… akakak]

Observar Chastille sendo provocada deixou Nephy à vontade por alguma razão. Como... será que esse sentimento se chama, eu me pergunto?

E enquanto Nephy estava perplexa, Manuela a envolveu com os braços.

"Bem, se algo a incomodar de novo, você pode vir ao meu lugar a qualquer hora. Vou pelo menos ouvir sua reclamação. Em troca, vou fazer você experimentar algumas das mercadorias da loja, ahahah."

Encara-a em branco, Nephy inclinou a cabeça para o lado.

"Manuela, por que você está sendo tão gentil comigo?" Era uma sensação diferente de quando Zagan a tratava com gentileza.

E Manuela a encarou, como se estivesse chocada que Nephy nem mesmo soubesse disso.

"Não é obviamente porque somos amigas?" Ouvindo aquela palavra a que não estava acostumada, Nephy engoliu em seco sem intenção.

"Amigas..."

"É, não somos?"

"...Eu não sei. Até agora, nunca houve... ninguém que dissesse isso para mim."

A palavra amiga a fez pensar no relacionamento entre Zagan e Barbatos. Zagan o chamava por nomes, mas havia uma maneira relaxada estranha entre eles, e honestamente falando Nephy estava só um pouco com ciúmes deles.

Certamente, aquele tipo de relacionamento era chamado de amizade.

Manuela fez uma cara surpresa por apenas um momento, mas então imediatamente começou a rir.

"Então, isso significa que eu sou sua primeira amiga, certo? Muito prazer!"

"U-Um... Sim."

"Uau, suas orelhas estão vermelhas brilhantes, sabia? Você está bem?"

E então, Chastille timidamente ergueu a mão.

"Hum, está tudo bem... se eu também pensar o mesmo?"

"Sobre o quê?"

"Hum, eu também... desejo considerá-la uma amiga!"

"Eeeh? Mas você não é uma Cavaleira Angelical? Tudo bem ser amiga de um feiticeiro?"

"Qualé!" Vendo Chastille movida às lágrimas novamente, Manuela a cobriu com suas orgulhosas asas. E então, ela penteou o cabelo vermelho da Cavaleira Angelical como se não houvesse outra escolha.

"Se você não fosse uma amiga, então não poderíamos provocá-la assim, certo?"

"Provocar... é uma parte essencial da amizade?" Enquanto fazia uma cara terrivelmente insatisfeita, Chastille ainda parecia aliviada.

E então, depois de deixar a loja, justo quando estavam prestes a se separar...

"Senhorita Chastille!"

As moças ouviram uma voz grave vir do outro lado da rua. Ao desviarem sua atenção para a fonte, viram três homens vestindo Armadura Sagrada correrem em sua direção. Sentindo como se reconhecesse aquelas figuras robustas de algum lugar, Nephy apertou os olhos.

"Erk, v-você é aquela vadia de antes!" Talvez sentindo que estava sendo encarado, um homem magricela saltou do grupo.

[Sol: De que você chamou ela neguin…… (⳻_⳺💢) | Moon: CHAMOU A NEPHY DE QUE SEU ARROMBADO??]

E então, Nephy se lembrou quem ele era.

"A pessoa... que feriu o Mestre naquela vez...?"

"É, o quê? Aqueles caras também feriram o mestre da Nephy? É por isso que a igreja é tão..."

"Como tenho dito, por que você é tão hostil com a igreja?" Os Cavaleiros Angelicais cada um prepararam suas armas, e Chastille cortou no meio como para mediar entre eles. E naquele exato momento...

"Hehehe, pequenas se dando bem, é lindo, hein?" Nephy ouviu aquela voz arrepiante diretamente atrás dela.

E imediatamente após isso, um pântano como escuridão se expandiu ao redor de seus pés.

"Eh—" Completamente alheia ao que estava acontecendo, Nephy foi arrastada para a escuridão, que já a engoliu até a cintura.

"Nephy— Khh!?" Mesmo enquanto Chastille tentava puxar sua Espada Sagrada, ela foi agarrada pela escuridão lamacenta. Com seu braço imobilizado, ela foi arrastada para baixo sem nunca conseguir puxar sua arma.

"Senhorita Chastille!" Os Cavaleiros Angelicais vieram correndo, mas não havia como chegarem a tempo. Mesmo assim, Chastille era uma Cavaleira Angelical.

"Fuja... Manuela." Ela estava sendo engolida inteira, mas ainda conseguiu empurrar Manuela para longe.

Seguindo isso, a garota aviana abriu suas asas para escapar para o céu. No entanto, um tentáculo cor de breu ainda lançou-se em sua direção enquanto ela subia ao céu em pânico para tentar fugir.

"Ugh, protejam a cidadã!" E tendo finalmente alcançado, os Cavaleiros Angelicais cortaram o tentáculo com suas espadas.

"Tch, então uma escapou, hein? Bem, tanto faz! Ouçam bem, meu nome é Zagan! Se desejam resgatar estas pessoas, então venham me enfrentar no meu castelo!" O mestre das trevas disse isso em uma voz que não combinava com Zagan, mesmo que soasse como ele.

Nephy reconheceu a voz instantaneamente.

"Por que... você está..." E dentro daquela escuridão, um rosto familiar veio à mente.

 

 

Algumas horas depois, Zagan estava olhando para o céu noturno da entrada de seu castelo.

Na noite do dia em que se conheceram, Nephy estendeu as mãos em direção à lua. Que significado aquela ação tinha? Ele nunca descobriu direito, e agora não tinha como.

Zagan estendeu suas mãos em direção à lua mais uma vez, mas como esperado, ele não conseguiu agarrar nada.

Não, naquela época, eu podia ter apenas agarrado.

Porque naquela época, a primeira garota a roubar seu coração estava ao seu lado.

"Este lugar é bem quieto quando estou sozinho, hein? Acho que sempre foi assim..." Era quieto demais, a ponto de doer seus ouvidos.

Nephy não era uma garota muito falante, mas o som dela se movimentando enquanto limpava ou cozinhava aqui e ali certamente fazia o castelo parecer mais vivo.

Naquela floresta desabitada, Zagan ficou parado, refletindo sobre seus pensamentos.

E sob seus pés, um gemido ecoou.

"Guoooh, ridículo... Nós... Cavaleiros do Céu Azul não conseguimos arranhá-lo..." 

Eram os três idiotas... não, Cavaleiros Angelicais, que invadiram algum tempo atrás. Porque vieram investindo, furiosos, Zagan saiu para encontrá-los.

[Sol: Triple Baka reference??????]

Eles já souberam que me tornei um Arqui-demônio? Ele sentia que era cedo demais para esse ser o caso, mas nada disso importava realmente.

Nephy não estava mais lá. E honestamente, Zagan era incapaz de esquecer sua expressão dolorosa quando ele disse a ela para sair.

Eu a machuquei... É.

Isso era óbvio. Era doloroso estar sozinho, afinal, e Nephy provavelmente entendia esse fato muito bem.

No entanto, depois de uma eternidade de solidão, ela finalmente abriu seu coração para ele, escolhendo finalmente mostrar alguma emoção. No entanto, depois de aceitá-la assim, e fazê-la acreditar nele, ele a afastou por sua própria conveniência. Aquele ato era provavelmente muito mais cruel do que apenas machucá-la.

Mas, se for aquela turma na cidade, então eles certamente a tratarão bem.

Zagan sabia que os cidadãos de Kianoides recebiam Nephy favoravelmente quando ela saía para fazer compras. Ele sentia que ela provavelmente até seria capaz de enganar os olhos da igreja também.

Em primeiro lugar, Nephy só esteve envolvida com Zagan por meros quinze dias. Uma vez que o calor restante esfriasse, mesmo se procurassem um relacionamento, não haveria nada para encontrar.

Ela seria capaz de viver pacificamente dentro da luz quente completamente não relacionada a coisas como feiticeiros e a igreja. Um destino muito melhor, em sua humilde opinião.

Tudo daria certo pacificamente. Tudo simplesmente voltaria ao que era antes de ele conhecer Nephy.

E então, justo quando Zagan estava prestes a voltar para o castelo...

"Espere..." Um dos Cavaleiros Angelicais que estava deitado no chão agarrou o pé de Zagan. Sua Armadura Sagrada tinha sido esmagada, e até sua preciosa espada longa tinha sido quebrada em pedaços.

Zagan soltou um suspiro cansado enquanto se forçava a responder.

"Ouça, estou de mau humor agora. Não pense que serei gentil o suficiente para contê-los como da última vez, certo?"

A única razão pela qual os três não estavam mortos era porque foram derrotados por uma armadilha antes que Zagan tivesse que lidar com qualquer coisa sozinho. Portanto, era uma questão que nem mesmo tinha nada a ver com ele conter-se.

Agora que penso nisso, esta armadilha é algo que a Nephy fez... Como um experimento para ajudar a controlar seu misticismo, ele tentou carregar misticismo que seria liberado dada uma certa condição.

Eles eram Cavaleiros Angelicais que possuíam força suficiente para alcançar a frente do castelo de Zagan, então ele achou que o experimento foi um sucesso já que conseguiu derrotá-los. Embora a essa altura, ele não tivesse método de relatar o sucesso para Nephy.

Enquanto Zagan chutava a mão do Cavaleiro Angelical, ele apelou a ele em uma voz que parecia vomitar sangue.

"Não nos importamos com o que acontece conosco! No entanto, apenas nossa senhora... Por favor, apenas poupe a Senhorita Chastille."

"Chastille...?" Agora que ele mencionou, Zagan não conseguia avistar a garota que empunhava a Espada Sagrada em lugar nenhum. Ele simplesmente pensou que os três Cavaleiros Angelicais estavam sendo impertinentes, porém...

"Nossa senhora... disse que você não era o maldito culpado por trás dos sequestros, e até confrontou Sua Eminência o Cardeal sobre encontrar o verdadeiro culpado. Se você realmente não é o culpado, então deve estar tudo bem pelo menos ignorar apenas ela, certo?"

"...Não entendo do que você está falando." Zagan estava ciente de que estava sendo incriminado como o culpado por trás dos sequestros seriais em Kianoides. No entanto, ele não sentia que os Cavaleiros Angelicais estavam falando como se estivessem confusos, também.

"Ela foi sequestrada?"

"Não finja! Não foi você quem arrastou a Senhorita Chastille para as sombras e nos disse para vir aqui, seu bastardo!?"

Naquilo, Zagan finalmente chegou a um entendimento. Parecia que estes Cavaleiros Angelicais vieram investindo porque estavam sob a impressão de que Zagan tinha sequestrado Chastille.

Eles estavam sendo feitos de bobos por algum impostor, mas da luta de Zagan com Chastille, ele mostrou que podia lutar em pé de igualdade com ela mesmo enquanto se continha. Isso provavelmente tornou desnecessariamente crível.

Ou talvez, aquela foi uma produção montada para instigar esses caras em primeiro lugar? Se Zagan tivesse matado Chastille naquela época, a igreja provavelmente teria derramado toda sua energia em sua subjugação já que ele teria assassinado um Arcanjo. Mesmo se ele a poupasse e a deixasse ir, assim como agora, eles foram capazes de fazer Zagan parecer o culpado depois de sequestrá-la.

O ataque naquele dia em si pode ter sido algo concebido exatamente para este propósito.

"Se for esse o caso, está bem preparado, hein?" E então ele pensou consigo mesmo:

Entendo. Então ela foi sequestrada.

Ela era uma Cavaleira Angelical que tentou salvar Zagan, então ele acreditava que ela não era alguém com quem ele realmente tinha que se preocupar, e também sentia que não a odiava.

No entanto, ele só a salvou porque ela por acaso estava à beira da morte na frente de seus olhos. Naquela época, ele não sabia para onde ela foi levada, e mais importante ele nem mesmo sabia se ela ainda estava viva, então se dissessem a ele para salvá-la, ele não podia deixar de se preocupar com isso.

"Devolva... a Senhorita Chastille... para nós..."

Também o desencorajou ter críticas lançadas sobre ele sem motivo real.

E assim, embora apenas deixá-la para morrer deixasse um gosto amargo, ele perdeu a vontade de ajudar. Originalmente, Zagan tinha esse tipo de personalidade não cooperativa. Ele pode não ter sido mau, mas era definitivamente não bom, também.

E enquanto ele estava refletindo sobre uma decisão...

"Sr. Feiticeiro!" Dos céus, aquela voz desceu até ele.

Por causa da intrusão dos Cavaleiros Angelicais, a barreira ao redor de seu castelo perdeu o significado.

"O que é desta vez?" Enquanto dizia isso, ele deu um único passo para trás. E imediatamente após isso, uma mulher caiu do céu.

"Yowza!" E essa mesma mulher aterrissou em cima da cabeça de um dos Cavaleiros Angelicais.

Olhando para seu rosto, Zagan franziu as sobrancelhas.

"Você é...?" O que desceu dos céus... era uma aviana com cabelos dourados. Ele se lembrou de tê-la visto antes. Era a atendente da loja onde ele comprou as roupas de Nephy.

O Cavaleiro Angelical que estava sendo usado como banquinho então ergueu a voz com raiva.

"Sua vadia, por que está atrapalhando?"

"Como tenho dito, o culpado não é esta pessoa, certo?"

"Que diabos está dizendo!? Você também não veio correndo para cá?"

"Bem, não viemos para cá pedir ajuda!? Por que estão investindo para atacar?" Vendo a garota e os Cavaleiros Angelicais começarem a discutir, Zagan soltou um suspiro.

Que saco... Acho que vou simplesmente expulsá-los. Enquanto Zagan começava a usar um círculo mágico, a garota se agarrou a ele.

"Sr. Feiticeiro, ajuda. Aquelas garotas... Nephy e Chastille foram levadas!"

"O que disse?" Ele não sabia por que o nome de Nephy surgiu ali, mas Zagan soltou um gemido.

Os três Cavaleiros Angelicais no chão também mencionaram sequestro. Os sequestros seriais em Kianoides ainda não tinham terminado. Além disso, agora parecia que até Nephy tinha se envolvido neles.

Não, isso não está certo. Se Zagan estivesse certo sobre a identidade do culpado, então isso era certamente uma tentativa de provocá-lo. Eles miraram especificamente nela porque ela era tanto serva quanto discípula de Zagan.

É bem longe, mas será que já é tarde demais? E enquanto ele gemia, Manuela balançou seus ombros.

"Eu imploro, por favor, ajude. Alguém tão forte quanto você pode definitivamente salvá-las, certo?"

"M-Mas..." Se Zagan abertamente fosse salvá-la, desta vez ficaria conhecido que Nephy estava relacionada a ele. Ela seria completamente considerada uma de suas companheiras. Ela não seria mais capaz de fugir da igreja.

Claro, ele não tinha intenção de abandoná-la, mas ele tinha que pensar em uma maneira de manobrar que ocultasse seu envolvimento. Ele não podia simplesmente voar até lá imediatamente.

E vendo Zagan conflituoso assim, Manuela decidiu repreendê-lo.

"O que está hesitando? Nephy estava a caminho de volta para você... Ela não se importou com as consequências e só queria ficar ao seu lado! Como pode ignorá-la quando ela precisa de ajuda!?"

"O que... você acabou de dizer?" Enquanto Zagan abria os olhos com surpresa, Manuela apelou para ele em um tom saudosista.

"Eu ouvi como você a expulsou. Mas mesmo assim, Nephy disse que queria ficar ao seu lado, que queria apoiá-lo. É por isso, não importa quantas vezes você a empurrasse para longe, ela disse que sempre voltaria." Manuela então agarrou o peito de Zagan.

"Vocês feiticeiros realmente não sentem nada quando alguém lhes é tão querido? Se for verdade, então por que foi tão gentil com ela!?" Com um baque, Manuela golpeou o peito de Zagan.

Não era nem a mão de uma Cavaleira Angelical nem uma feiticeira, apenas a de uma mulher. E ainda assim, doía. Doía muito mais do que qualquer ataque que ele recebera antes.

Nephy... estava voltando? De volta para mim, que disse algo tão cruel para ela...?

Ele nem precisava pensar no porquê.

Zagan tinha observado Nephy cuidadosamente durante seu tempo juntos, então a razão pela qual ela faria isso era algo que ele sabia sem nem ter que ver suas orelhas, que eram tão cheias de emoção.

Ela estava pensando nele. Do horrível vilão, Zagan. Embora honestamente, se fosse para fazê-lo, teria sido muito melhor se ela pensasse em uma pessoa mais nobre.

Zagan rapidamente percebeu que estava além do ponto de não retorno. E assim, ele soltou um suspiro profundo.

"...Você está certa. É exatamente como você diz." Então, ele riu e continuou, dizendo, "Feiticeiros são lixo, completamente. Eles só pensam em si mesmos, só tratam os outros como meras ferramentas, e pensam na vida e morte como coisas para brincar por capricho."

"O-Q-O que está dizendo..."

"E, como um feiticeiro assim, algo deve estar errado comigo." Mesmo que fosse uma ilusão momentânea, simpatizar com Nephy era completamente tolo.

É isso. Feiticeiros... deveriam só pensar no que os beneficia.

Não havia necessidade de ele passar por sentimentos tão dolorosos. Afinal, teria estado tudo bem para ele simplesmente prosseguir adiante como bem entendesse.

Quando conheceu aquela garota pela primeira vez, ele deveria tê-lo feito sem vacilar. Assim como quando reduziu o dispositivo de tortura e os bandidos a cinzas porque ela estava com medo. Assim como quando a protegeu sem nem pensar quando o Cavaleiro Angelical mirou sua lança nela.

E em resposta à garota aviana, que tinha ficado notavelmente pálida, Zagan disse o seguinte:

"Você tem meus agradecimentos. Por sua causa, minha mente está clara." Seu caminho estava claro desde o próprio início. Era por isso que Zagan deu um passo à frente.

"Nephy pertence a mim. Devo afogar o idiota que fez uma investida contra ela em uma poça de sangue." Suas próprias mãos seriam manchadas, mas isso não importava nada já que feiticeiros eram criaturas pecaminosas.

[Moon: Aí sim! Vamoooo!!]

Mesmo que tivesse que sacrificar toda a autoridade e mana que vinham com o título de Arqui-demônio, teria estado tudo bem se ele pudesse apenas proteger Nephy de tudo.

E ainda assim, eu acovardei-me. Os doze Arqui-demônios... Ele perdeu seu espírito ao conhecê-los porque sentiu que estavam em um nível completamente diferente. Foi por isso que ele fez birra, e acabou machucando Nephy.

Eu ainda posso.... recuperá-la? Ele não sabia.

No entanto, ele sabia que só havia uma coisa restante a fazer. E então, ele se lembrou dos Cavaleiros Angelicais perplexos.

Já que estou na roubada, acho que vou salvar Chastille também. Se ela foi capturada junto com Nephy, então ele inevitavelmente a encontraria.

Enquanto Zagan batia o chão com seu calcanhar, um grande círculo mágico se espalhou sob seus pés. Era o círculo de teletransporte que ele usou algum tempo atrás quando jogou Chastille para fora de seu domínio.

Desta vez, estava conectado à base de um certo feiticeiro. Eu sei muito bem... exatamente quem é o culpado.

E então, Zagan desviou sua atenção para a garota aviana.

"Você... ficou brava pelo bem da Nephy. Por que é isso?"

"Não é obviamente... Porque somos amigas, ora essa!" E enquanto Manuela respondia, Zagan estendeu a mão para ela. "Então, você vem? Para ir e salvar a Nephy, quero dizer."

"...Uh, claro, eu vou." E abaixo deles, os Cavaleiros Angelicais gemeram enquanto erguiam as vozes.

"E-Espere... nós também... Pela Senhorita Chastille..." Eles já deveriam estar incapazes de se levantar, mas os três Cavaleiros Angelicais se agarraram às pernas de Zagan e imploraram para se juntar a ele.

"...É, entendo, não se preocupem. Vou levá-los, então tirem as mãos sujas de mim."

E assim, a combinação estranha de um feiticeiro, três Cavaleiros Angelicais e uma atendente de uma loja de roupas, desapareceu no círculo mágico.

 

 

"Nephy, você está... machucada?"

Nephy se encontrou dentro de uma prisão sombria ao recuperar os sentidos. Era provavelmente um lugar que foi remodelado a partir de uma caverna de algum tipo. O chão e as paredes eram todos de pedra, e havia múltiplas rochas pontiagudas penduradas no teto. Estalactites, claramente. Julgando por como não havia estalagmites saindo do chão, o chão sob seus pés provavelmente tinha sido preparado com solo. Não havia grades, mas em seu lugar havia correntes penduradas na parede.

Ao desviar seu foco para a fonte da luz, ela podia ver uma grande câmara no fundo. Parecia que um círculo mágico irradiava luz, mas era anormalmente grande.

De sua posição, Nephy era incapaz de ver cada parte dele, mas pensando no tamanho total do círculo, pode ter sido até maior que uma porção do salão no castelo de Zagan.

O som de correntes batendo ecoou. Uma coleira tinha sido colocada em volta do pescoço de Nephy mais uma vez. Ela até tinha algemas em suas mãos e pés desta vez, e ela podia dizer que cada uma delas tinha o poder de selar mana.

Ao seu lado, Chastille também estava amarrada, mas sua Espada Sagrada e Armadura Sagrada tinham sido retiradas e ela tinha algemas. A garota, que agora só vestia uma camisa e uma saia, não parecia mais que uma garota normal, a ponto de ser difícil acreditar que ela era uma Cavaleira Angelical.

Suas correntes estavam conectadas à parede de pedra, e não parecia que poderiam sair com sua força.

Se fosse a Nephy de antes, então ela teria simplesmente desistido de tudo. Ela estava provavelmente prestes a ser morta, afinal. Mas as coisas eram diferentes agora.

Eu decidi... que voltaria para o Mestre. E assim, ela simplesmente tinha que escapar.

No entanto, com as algemas e a coleira, ela não podia usar feitiçaria, e não havia natureza suficiente ao redor para usar misticismo também. Misticismo não era um poder que podia ser usado sem quaisquer limitações como os feiticeiros pensavam.

Depois de se contorcer por um tempo, Nephy deu uma olhada em seus arredores.

"Onde...?"

"Eu não sei. Acho que é o esconderijo do feiticeiro que nos atacou, porém." E então, passos se aproximaram delas.

Chastille se levantou para cobrir Nephy, mas ela também estava acorrentada à parede. E assim, tudo que podia fazer era se expor indefesa.

E o que apareceu foi, como esperado, alguém que Nephy conhecia.

"Você não era amigo do Mestre... Barbatos?" O feiticeiro que visitou Zagan como um amigo. Ela não podia dizer exatamente que eles se davam bem, mas ainda pareciam ser bastante próximos.

Ao ouvir isso, um sorriso flutuou no rosto magro de Barbatos.

"Amigos!? Oh, que surpresa. Não pensei que havia pessoas por aí que pudessem olhar para um feiticeiro e pensar tal coisa." Enquanto ria, Barbatos agarrou a bochecha de Nephy com uma pegada de garra de águia.

"Entre os feiticeiros que aquele cara matou, havia um homem chamado Resentimento... Andras. Ele foi o primeiro feiticeiro que Zagan matou. E você vê, eu era seu discípulo..."

Os olhos de Nephy se abriram completamente em choque

"Opa, não entenda mal, certo? Vingar-se por um professor não é algo que feiticeiros fazem. Se Zagan não o tivesse matado, então eu teria feito eventualmente." Nephy não conseguia sentir nenhum engano ou ressentimento em suas palavras.

Aquelas palavras provavelmente não eram um blefe, mas suas verdadeiras intenções.

"No entanto, aquele castelo onde aquele cara está esticando as pernas, o ouro que ele usou para comprar você, e até a sabedoria que ele ganhou eram todas coisas que eu deveria herdar. Não fica bem ficar em silêncio e entregar, certo?" Em seguida, ele olhou para Chastille.

"No início, tentei instigar aquela turma da igreja, mas nada foi suave. Meus malditos subordinados foram facilmente rastreados, e as pessoas que enviei para enfrentar Zagan tiveram as mesas viradas tão facilmente. Eu esperava que se ele enfrentasse uma Espada Sagrada, ele pelo menos perdesse um dos braços ou algo assim."

Nephy ficou pasma. Barbatos visitou o castelo imediatamente após os Cavaleiros Angelicais atacarem, e não só isso, ele estava preocupado com o estado dos ferimentos de Zagan. No entanto, parecia que isso era para um propósito nefasto, e não verdadeira preocupação.

Se não fosse pelo misticismo de Nephy, ele realmente teria ficado preso lutando com uma mão.

Chastille certamente estava encarando Barbatos.

"Não pode ser... Você é o culpado por trás dos sequestros!?"

"O que é isso? Você só percebeu agora?"

O mandante por trás dos sequestros... Nephy se lembrou que Zagan disse 'era um incidente que parecia que eles estavam praticamente tentando chamar a atenção da igreja.'

Talvez... o Mestre já soubesse quem era o culpado. Ele não revelou um nome, mas tinha uma expressão bastante amarga ao falar sobre isso.

Chastille então rugiu em uma voz trêmula.

"Você causou um incidente tão repulsivo só para incriminar Zagan, seu bastardo?"

"De jeito nenhum? Heeheehee." Barbatos começou a rir de uma maneira arrepiante.

"Quem sugeriu usar sacrifícios foi aquele cara do Descascador de Faces, e eu concordei porque precisava de uma maneira de exibir meu poder."

"Exibir...? Para que propósito?"

"Não há apenas uma resposta para essa pergunta? Os doze Arqui-demônios!" Barbatos abriu ambos os braços.

"É para mostrar aos Arqui-demônios que eu sou claramente apto para me juntar a seus ranks! É também o único método de eliminar todos aqueles outros candidatos." E então, Barbatos aproximou seu rosto de Nephy.

"Honestamente, fiquei um pouco incomodado quando tive meus malditos sacrifícios roubados, mas você caiu em minhas mãos. Com a mana de uma elfa de cabelos brancos, serei capaz de abrir a porta..." Nephy encarou Barbatos expressionless.

"Minhas desculpas, mas isso é provavelmente sem sentido."

"Hmm, você certamente pode falar. Acha que não vou matá-la ou algo assim? Ou... poderia ser que... O quê, você acha que Zagan vai vir te salvar?"

"Zagan vai vir te salvar." O peito de Nephy apertou e começou a doer ao ouvir aquelas palavras.

O Mestre... realmente acabará vindo? Em primeiro lugar, ele nem sabia que Nephy tinha sido capturada. Além disso, por alguma razão, ele estava tentando se distanciar dela.

Nephy não achava que ele a expulsou de seu coração. Alguém que fizesse isso... não faria uma cara tão dolorosa. Mas mesmo assim, ele pode ter tido um motivo para não vir salvar Nephy.

Nephy então balançou a cabeça. Não é isso. Mais uma vez, ela estava pensando como os fracos. Eu decidi ser útil, então o que estou fazendo atrapalhando o Mestre?

Se ela não pudesse fazer algo sobre um problema tão trivial, então não havia sentido em retornar ao seu serviço.

Depois de chegar a essa realização, Nephy fitou Barbatos enquanto mantinha seu olhar expressionless.

"Você está errado. Eu não pretendo causar nenhum problema para o Mestre por algo assim. Estou tentando lhe dizer algo mais."

"Oh, o quê?"

"O Mestre já herdou o título de Arqui-demônio."

Toda expressão desapareceu do rosto de Barbatos.

"...Você está mentindo."

"Eu não falo nada além da verdade. Aparentemente foi por isso que ele me dispensou." Instável em seus pés, Barbatos deu um passo para trás.

"Impossível. Aquele cara é... um Arqui-demônio?" Barbatos começou a coçar a cabeça desesperadamente.

"Ele não ficou satisfeito em roubar o legado de Andras de mim, então ainda tomou o lugar de Arqui-demônio?" Depois disso, ele se virou para Nephy com um olhar fulminante.

Enquanto ela recuava ao sentir seu corpo estremecendo, ele puxou a coleira de Nephy.

"Ugh..." Suas mãos e pés estavam amarrados, então Nephy foi incapaz de se apoiar quando caiu no chão.

"Venha!" Barbatos a arrastou em direção ao grande salão.

"Aquele cara é um Arqui-demônio? Tudo bem, pode vir. Vou simplesmente ter que roubar esse título dele pela força. Contanto que eu possa completar este ritual, não importa se ele é um Arqui-demônio ou qualquer outra coisa." Um círculo mágico ameaçador estava desenhado à sua frente. Ele parecia até conectado às paredes. Era o círculo mágico enorme que ela vira antes.

Um brasão massivo estava gravado em seu centro, e ao redor dele havia dezenas de camadas de brasões detalhados que serviam como 'circuito'. Até Nephy podia dizer que o círculo mágico inteiro havia sido desenhado com sangue. Ela se perguntou quantos sacrifícios foram necessários para desenhar um círculo mágico tão complexo.

E, naquele ponto, ela sabia que seria adicionada como o 'toque final'.

Chegando à mesma conclusão, Chastille gritou com raiva.

"P-Pare! Se você vai usar um sacrifício, então me escolha. Como uma Cavaleira Angelical, eu pelo menos me resignei a tal destino!"

Barbatos encarou Chastille com desconfiança ao ouvir isso.

"Mesmo se você não me coaxar assim, não precisa se preocupar. Vou usá-la para outra coisa. Este ritual requer as melhores ferramentas, sabia?"

Nephy cerrou os dentes ao ouvir essas palavras. Ferramenta, ele disse. Verdade, Nephy tinha se acostumado a ser chamada assim por toda sua vida.

Mas... o Mestre nunca me chamou de ferramenta. E ela ainda não o tinha recompensado por isso. Como tal, não havia como ela simplesmente morrer ali.

Eu quero viver. Essa foi a primeira vez que Nephy desejou isso por conta própria.

"Eu vou viver... e voltar... para o lado do Mestre." Ele poderia rejeitá-la. Ele poderia repreendê-la. Mas mesmo assim, ela iria teimosamente permanecer no castelo.

Quando a manhã chegasse, ela faria o café da manhã e observaria e esperaria até Zagan limpar seu prato. E se cozinhar três refeições por dia não fosse o suficiente, então ela tentaria deixá-lo dormir em seu colo de novo. Ela estava disposta a fazer qualquer coisa, contanto que fizesse Zagan feliz.

Quando se trata de um teste de resistência, eu nem mesmo perco para o Mestre.

Houveram dias em que ela não fez nada além de obedecer como um cadáver. Comparado àqueles tempos, onde ela vivia em um lugar sem um traço de calor, o lugar de Zagan era o paraíso.

Ele poderia não ter uma necessidade particular por Nephy. E honestamente, sempre havia a possibilidade de que ele eventualmente viesse a valorizar alguém muito mais do que ela, mas...

Mas você não pode permanecer sozinho, Mestre.

A solidão matava o coração de alguém. Fazia-os perder todos os seus sentimentos, e o mundo inteiro perdia sua cor quando visto através de tais olhos.

Algo assim não poderia ser considerado verdadeiramente viver. Nephy, que tinha sobrevivido dia após dia sem desejos, queria conceder aquele mundo vívido a ninguém menos que Zagan.

Era por isso que ela queria apoiá-lo mais do que qualquer outra coisa no mundo. E assim, ela resistiu a Barbatos.

"Sol...te."

"Tch, sua vadia!" Barbatos então puxou irritadamente a corrente, o que fez Nephy cair no chão novamente. Arrastada pelo chão, sangue jorrou de seus braços e pernas.

[Sol: ( •̀ ᴖ •́ ) | Moon: !!!]

Lágrimas brotaram da dor. No entanto, Nephy simplesmente cerrou os dentes e encarou Barbatos.

Algo assim... não é nada doloroso. Não era nada comparado a quando Zagan disse a ela para sair. Nada comparado a quando ela viu aquela expressão dolorosa dele.

Foi por isso que Nephy rugiu uma declaração impressionante.

"Eu pertenço ao Mestre. Eu não quero ser tocada por alguém como você!"

O rosto de Barbatos se contorceu em uma expressão satisfeita ao ouvir essas palavras.

"Sua escrava maldita, não fique convencida!" Barbatos ergueu a mão, gesticulando para golpeá-la. Se fosse atingida pela força total de um feiticeiro, então o corpo delicado de Nephy cederia com pouca resistência.

E, no entanto, Nephy não desviou o olhar. Enquanto se preparava para o impacto... Um estrondo trovejante sacudiu a caverna enquanto a parede de pedra desmoronava.

"O-Q-O que está acontecendo?"

E um homem surgiu repentinamente da nuvem de poeira formada pela explosão. Aquele mesmo homem começou a falar com Barbatos enquanto soltava um 'Ah'.

"Muito bem dito, Nephy. Eu esperaria nada menos da minha discípula, realmente."

Seu mestre, aquele que ela queria encontrar mais do que qualquer outro no mundo, estava diante dela.

 

 

"Ei, Barbatos. Faz cerca de uma semana, certo?" Zagan o cumprimentou como sempre, como se estivesse apenas conversando casualmente com um amigo próximo.

[Sol: O goat chegou e me dá uma de Gojou, slk]

O rosto de Barbatos ficou visivelmente rígido com isso.

Depois que Manuela chegou, Zagan correu direto para cá. Ele conhecia todos os esconderijos de Barbatos, e por ser em Kianoides, havia uma seleção meio limitada entre o grupo.

Havia outros prospectos potenciais, mas Zagan pretendia apenas passar por eles um por um. O fato de ele ter conseguido encontrar Nephy de primeira foi apenas boa sorte.

"Hum, você sabe, Sr. Feiticeiro. Isso está tudo bem? Ouvi que feiticeiros estão em uma desvantagem absurda no domínio de outro feiticeiro..." Manuela falava em um tom completamente assustado enquanto seguia atrás de Zagan, mas tudo que ele fez foi dar de ombros.

Incidentalmente, como os três Cavaleiros Angelicais não estavam em condições de lutar, eles foram deixados em outro lugar.

E talvez tendo recuperado um pouco de sua compostura ao ouvir isso, Barbatos encarou Zagan.

"Há quanto tempo... você sabe?" A razão pela qual ele não perguntou por que Zagan veio aqui... era provavelmente porque Barbatos tinha se preparado para tal situação.

Zagan então respondeu enquanto coçava a nuca.

"Estive mais ou menos desconfiado desde que aquele Descascador de Caras ou qualquer feiticeiro apareceu?" Ele estava falando do feiticeiro que atacou Chastille.

Agora que penso nisso, ela também está aqui? Enquanto olhava em volta, ele avistou a garota em questão acorrentada a uma parede... Ela era uma Cavaleira Angelical que parecia perder para feiticeiros com bastante frequência, e ele simpatizou com ela só um pouco por isso.

De qualquer forma, após confirmar sua presença, Zagan retornou seu olhar para Barbatos.

"Quando tentei expulsar aquela mulher, você apareceu como se estivesse verificando o resultado. Eu  seria louco se não suspeitasse de você?" Ele tinha ficado certo do envolvimento de Barbatos depois que ouviu a história dos Arqui-demônios, mas ele teve desconfianças o tempo todo.

A razão pela qual ele nunca foi a ponto de falar sobre isso... era simplesmente porque ele realmente não se importava de qualquer maneira. Ele considerava Barbatos um amigo de certa forma, então ele não tinha preocupação sobre se Barbatos o traía ou não.

Barbatos então fez uma cara como se achasse isso inesperado.

"Você teve alguma coragem... para aceitar meu convite para o leilão assim..."

"Eu estava interessado em saber o que exatamente você estava planejando. Além do mais, eu estava honestamente curioso sobre o legado do Arqui-demônio." Olhando em retrospecto, graças a isso, Zagan conseguiu conhecer Nephy. Nesse sentido, ele estava quase agradecido ao homem diante dele.

Depois de retribuir um sorriso amargo, Zagan continuou com um 'Mas antes disso.'

"Você... machucou a Nephy, certo?" O chão se partiu. A base rochosa rachou com Zagan dando um único passo à frente. 

[Sol: “Sweden” noises intensifies ( A melodia da Sweden se intensifica ) .]

"Ugh..." No momento em que Barbatos elevou sua guarda, Zagan já estava parado bem diante dele.

"Seu filho da—"

"Primeiro, seus braços." Barbatos esticou os braços como se fosse usar algum tipo de feitiçaria, mas Zagan os afastou com uma única mão. Enquanto um estalo desagradável ecoava pelo ar, ambos os braços de Barbatos dobraram em uma direção impossível.

"O qu—?"

"Em seguida, seu joelho." Em resposta ao grito de Barbatos, Zagan o fez tropeçar impiedosamente. Não, isso não era exatamente preciso. Ele chutou o joelho de Barbatos diagonalmente de cima. Daquele único golpe, a articulação em seu joelho estilhaçou-se em pedaços.

"AGUAAAH!" Barbatos desmaiou, espumando pela boca.

[Sol: Aura + Ego = Farmar Aura em seu amigo? | Moon: Tocou na Nephy inapropriadamente? Pode bater!]

Foram meros momentos desde que Zagan entrou.

Lançando um olhar para trás para seu amigo indesejável, que tinha seus braços e perna esmagados e estava estendido no chão como uma lagarta, Zagan ajoelhou-se diante de Nephy.

Ele arrancou as algemas que prendiam suas mãos e pés através de pura força, e então foi remover a coleira. A que ela estava usando era diferente da anterior, e podia, por sorte, ser removida à força sem truques reais.

Verificando que não havia mais nada a prendendo, Zagan finalmente fitou o rosto de Nephy. Seus cabelos brancos como a neve estavam sujos de lama, e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

"Aaah, hum... Doeu?"

"Doeu... definitivamente."

"Doi, não é...? Desculpe." Com um baque, Nephy golpeou seu peito.

"Em vez de mim, Mestre, você parecia estar... com muito mais dor."

"...Parecia?"

Grandes gotas de lágrima caíram dos olhos de Nephy enquanto ela continuava.

"Eu não tenho certeza do que aconteceu com você, Mestre. Se você disser que não tem necessidade de mim, então eu aceitarei, mas—" Nephy agarrou-se ao peito de Zagan com força, então disse, "Não tem como... eu ficar bem com isso machucando você, Mestre!"

Essa foi a primeira vez que ele ouviu Nephy falar tão alto.

"Eu... pareço estar machucado?"

"Sim."

"Honestamente, eu diria que sou eu quem está causando dor a você..."

"Isso é uma questão diferente de se você está machucado ou não, Mestre."

"Como eu pensei, eu... machuquei você, hein?"

"Por favor, não tente mudar de assunto", disse Nephy, agindo terrivelmente rigorosa.

E, enquanto ainda se agarrava a ele, Nephy olhou para o rosto de Zagan.

"Por favor, não... me deixe sozinha, Mestre." Lenta mas firmemente, calor subiu das profundezas de seu peito.

Eu... deixei você sozinha? E, no entanto, longe de amaldiçoá-lo, foi isso que Nephy disse.

A ideia de abraçá-la e tentar reconquistá-la parecia um exagero depois de todo esse tempo.

"Nephy..." Mas mais do que qualquer outra coisa, naquele momento, havia algo que ele simplesmente tinha que dizer a ela.

[Moon: Lindo, apenas…]

E justamente quando ele tentou dizer essas palavras...

"Seu idiota, não aja como se tivesse vencido sem nem mesmo me finalizar, porra!" Barbatos se levantou, tendo provavelmente restaurado seus braços e pernas esmagados.

Abaixo de seus pés, um círculo mágico vermelho-sangue se espalhou.

"Mestre!" Nephy soltou um grito, mas Zagan apenas acariciou calmamente sua cabeça.

"Não se preocupe. Nada vai acontecer."

"O qu—?"

E de fato, exatamente como Zagan dissera, nada saiu do círculo mágico.

Não havia como Barbatos não ter invocado sua feitiçaria. No entanto, mesmo tendo invocado, nada aconteceu.

"O que... aconteceu...?" Enquanto Nephy fazia uma expressão perplexa, Zagan falou.

"Antes, nós conversamos sobre uma feitiçaria suprema que existia em teoria, certo?" Era uma feitiçaria que destruía outras feitiçarias adicionando um circuito no interior de um círculo mágico. Existia em teoria, mas era impossível na prática.

"Para dizer a verdade, existe um método sorrateiro de usá-la." Ele então passou o dedo pelo ar enquanto dizia isso, desenhando um círculo mágico idêntico ao do chão.

"Se for uma cópia exata do círculo mágico do seu oponente, então você pode sobrepô-lo por dentro. Se fizer isso, então um fenômeno similar a uma ressonância ocorrerá."

A primeira vez que Zagan usou feitiçaria foi quando tinha oito anos de idade. Na época, o jovem vadio Zagan foi capturado por Resentimento, Andras para ser um sacrifício.

Zagan já entendia o que significava para uma criança como ele, com identidade desconhecida, ser capturada por um feiticeiro. Foi por isso que ele memorizou o formato do círculo mágico quando foi capturado, e secretamente o desenhou em seu próprio braço.

Como não tinha nada para escrever, Zagan até usou seu próprio sangue.

Pensando bem, não passava da ideia superficial de uma criança. Afinal, um amador que meramente imitava o formato nunca poderia usar algo como feitiçaria. E, no entanto, Zagan de alguma forma teve sucesso.

Enquanto tentava fugir, ele foi descoberto por Andras, e justo quando Zagan estava prestes a ser morto por um raio... Zagan usou exatamente a mesma feitiçaria.

Provavelmente foi apenas uma coincidência. Quando exatamente a mesma feitiçaria foi invocada com apenas um ligeiro atraso de tempo entre elas, a feitiçaria ressonante recaiu sobre Andras.

Não era um fenômeno tão simples quanto parecia, no entanto. Se alguém apenas tentasse sobrepor feitiçarias idênticas, ou ambas descarregariam espontaneamente ou tudo retornaria para aquele que tentou fazê-lo. Em primeiro lugar, a invocação provavelmente nunca chegaria a tempo.

Foi um milagre que ocorreu porque exatamente a mesma feitiçaria foi empilhada sobre a de um inimigo em uma fração de segundo. E assim, Zagan matou Andras.

Ele o fez com uma técnica que pertencia apenas a Zagan — o poder que fez aqueles doze Arqui-demônios escolherem Zagan como um amigo jurado.

Barbatos então recuou.

"R-Ridículo... Está dizendo... que esse é o legado de Andras?"

"Andras...? Ah, agora que você menciona, havia um cara com esse nome... Ele também era capaz de realizar tal feito?" Considerando isso, ele certamente morreu de maneira terrivelmente fácil.

Provavelmente sabendo que este não era o caso, Barbatos ficou completamente pálido.

"O-Q-O que caralhos é vocêeeeee!?" Tendo ficado completamente frenético, Barbatos começou a disparar feitiçaria cegamente.

Isto estava dentro de sua barreira. O poder de Barbatos foi elevado aos seus limites máximos, e inversamente, o poder de Zagan estava notavelmente decaído.

No entanto, nem um único dos ataques de Barbatos acertou seu alvo. Em vez disso, eles simplesmente desapareceram diante de Zagan. Ele tinha copiado o círculo mágico de cada feitiçaria que Barbatos invocou, fazendo a 'ressonância' ocorrer.

Ele realizou isso em um instante, mesmo contra coisas que estava testemunhando pela primeira vez.

Se houvesse algo para descrever o talento de Zagan, então seria isso.

Nephy então murmurou atônita.

"Mas... por que nada está acontecendo? Se a mesma feitiçaria é empilhada uma sobre a outra, então a feitiçaria em si não deveria ainda ser ativada...?"

"Bom ponto, Nephy." Zagan honestamente elogiou sua discípula, que percebeu o cerne da situação.

"Eu só expliquei o básico para você. Até um amador pode fazê-lo com o timing certo. Ainda assim, feitiçaria é algo que se desenvolve, não?"

A primeira coisa que Zagan aprendeu foi a reflexão da feitiçaria através da ressonância. E assim, sua vida como feiticeiro começou enquanto tentava descobrir se poderia usar a ressonância para fazer mais do que refletir.

Antes que percebesse, ele teve sucesso em reduzir a feitiçaria na qual usou ressonância em sua própria mana.

Depois de permitir que Barbatos agisse como um louco por um tempo, Zagan jogou para trás sua capa e abriu os braços. E havia vários círculos mágicos visíveis em seu braço direito.

Os círculos mágicos estavam todos em estado ativado, e mana circulava continuamente através deles.

"Consegue ver? Estes são círculos mágicos que converteram a feitiçaria que Barbatos tem lançado." Em outras palavras, eles tinham absorvido sua feitiçaria.

O uso da feitiçaria em si alimentava o poder de Zagan. Mesmo se um Arqui-demônio atacasse, Zagan não poderia ser morto com feitiçaria. E aquele exato poder permitiu-lhe suceder Marchosias.

"Sendo dito isso, ainda não consigo convertê-la em nada além de feitiçaria com a qual me especializo. Há uma necessidade de eu desenvolvê-la a um ponto onde possa aplicá-la a qualquer feitiçaria." Seu poder ainda era muito pouco refinado. Era por isso que os Arqui-demônios chamavam Zagan de pigmeu.

Depois de ouvir tudo isso, o rosto de Barbatos se contorceu em medo.

"Está dizendo... que você devorou minha feitiçaria?" Ser capaz de chegar a tal expressão de relance mostrava que ele também era um feiticeiro de primeira linha.

A feitiçaria na qual Zagan mais se especializava... era o aprimoramento físico. Ele causaria ressonância na feitiçaria que outros feiticeiros disparavam, então a converteria para aprimorar seu próprio corpo. Seria apropriado chamar isso de devorar feitiçaria.

Subitamente, Zagan falou como se tivesse se lembrado de algo.

"Ah, certo, Barbatos. Finalmente me deram um segundo nome." Ele cerrou sua mão direita em um punho, e o círculo mágico enrolando-se em seu braço girou enquanto brilhava.

"'Matador de Feiticeiros'... É, esse parece ser meu segundo nome." E então, ele lançou seu punho.

Barbatos provavelmente tinha algum tipo de defesa no lugar. No entanto, toda sua feitiçaria tinha sido absorvida por Zagan. Mesmo se ele aprimorasse seu corpo, não havia feiticeiro que se destacasse em aprimoramento físico mais que seu oponente.

Em suma, se Zagan balançasse seu punho, nenhum feiticeiro poderia detê-lo. Mesmo se, por exemplo, ele enfrentasse um Arqui-demônio.

"Urk..." O punho de Zagan perfurou o abdômen de Barbatos. Seus órgãos internos se romperam, e até a sensação de sua espinha sendo esmagada foi transmitida a Zagan.

Enquanto Barbatos era arremessado para longe, ele capotou pelo círculo mágico enorme que estava espalhado pelo salão. Eventualmente, ele parou, mas só pôde sangrar enquanto começava a convulsionar.

Aproveitando essa oportunidade, Zagan o perseguiu em um ritmo relaxado.

"E-Espere um minuto. É... minha derrota. Não consigo... lutar mais. Não vou... mostrar minha cara... na sua frente... nunca mais... Eu juro. Também vou... transferir todo meu conhecimento... para você."

Zagan cerrou o punho enquanto Barbatos começava a implorar por sua vida. O número de círculos mágicos enrolando-se em seu braço tinha diminuído, mas ainda havia muitos restantes.

O rosto de Barbatos ficou pálido ao ver isso.

"Zagan... nós somos amigos... certo?"

Aquele comentário vergonhoso fez Zagan inclinar a cabeça para o lado em confusão.

"O conceito de amigos... sequer existe para um feiticeiro?" E então, ele balançou seu punho para baixo.

A base rochosa desabou, e o círculo mágico desenhado através do grande salão desmoronou sem deixar um traço. A destruição não parou apenas com o chão, no entanto, e até se estendeu às paredes e teto. Aquelas rachaduras invadiram até a parede à qual Chastille estava acorrentada e desfizeram suas correntes.

Quanto a Barbatos, que tomou aquele ataque com força total, nem mesmo um pedaço de carne sobrou... ou assim deveria ter sido.

"O-Q-O quê...?" Os olhos de Barbatos se arregalaram. O punho de Zagan tinha aterrissado diretamente ao lado de sua cabeça. E em resposta à olhada patética de seu amigo indesejável, Zagan riu.

"Hahaha, estou brincando. Não se mije, homem."

[Sol: Pegadinha do Malandro mano, kkkkkk,]

"V-Você...? O que diabos está planejando?"

Zagan deu de ombros a essas palavras.

"Bem, é fino matar você e tal, mas então não poderei mais beber boa bebida. Não sei nada sobre como julgar qualidade, afinal."

"Está tendo pena de mim...?"

"Chame de ter lazer para fazê-lo."

Barbatos franziu o cenho para Zagan antes de responder.

"Não brinque comigo... Se me deixar viver, eu definitivamente vou matá-lo. Nem pensar que eu vou desistir!"

"Eu não me importo. Sempre que você perder, vou simplesmente fazer você me dar alguma boa bebida." Barbatos então abriu os olhos chocado, finalmente percebendo o que Zagan estava dizendo.

"Você... Que diabos? Está dizendo que há algum benefício em deixar um inimigo viver?"

"É, sobre isso..." Zagan subitamente bateu as mãos juntas como se tivesse esquecido algo.

"Barbatos, eu sucedi o Arqui-demônio Marchosias."

Barbatos cerrou os dentes com força como se fosse frustrante. E, enquanto o observava fazê-lo, Zagan continuou falando.

"Você não acha um Arqui-demônio que não dá a mínima para regras e leis muito mais legal?" Os doze Arqui-demônios eram muito apelões, poderosos e aterrorizantes.

E depois de conhecê-los, depois de alcançar o sonho de cada único feiticeiro, ele tinha realizado completamente algo. Que ele sentiu medo.

Não brinque comigo. Como ele tinha entendido tudo tão errado? Ele não tinha se tornado mais forte porque queria viver? Ele não tinha almejado força porque odiava ser vitimizado? Se ele cedesse à força de outro, então era o mesmo que trair a si mesmo.

Porque eu fui tão patético, eu até acabei machucando a Nephy. Zagan não era do tipo que permanecia um perdedor ressentido. Era por isso que ele declarou claramente sua intenção...

"Vou me conduzir como eu quiser. Se eu quiser deixar Nephy viver sob a luz do dia, então simplesmente tenho que dominar tudo sob a própria luz." E mais uma vez, ele olhou para baixo para Barbatos.

"É por isso que não vou matar você. Porque decidi não fazê-lo. Se você não gosta, então me force a obedecê-lo com sua própria força."

Exausto, Barbatos esticou seus membros. Ele admitiu que tinha perdido não apenas em termos de poder, mas também em termos de espírito. No sentido mais verdadeiro, era sua derrota.

"Que arrogante da porra."

"Com certeza. Sem arrogância, como vou sobreviver como um Arqui-demônio?" E justamente quando Zagan respondeu... o círculo mágico que estava espalhado pelo salão, que deveria ter desmoronado em pedaços, começou a brilhar levemente.

"...Ei, você ainda quer continuar, Barbatos?" Como esperado, Zagan fazia uma cara exasperada, mas Barbatos balançou a cabeça.

"N-Não, isso não é comigo."

Zagan olhou para baixo, para onde ele plantou seu punho. Era o centro do círculo mágico. A feitiçaria de Zagan era uma que ressoava com outras feitiçarias, então ele pode ter interferido inconscientemente com o círculo mágico.

O que é isso? Uma quantidade bizarra de mana está se acumulando? Era um poder que até Zagan não podia absorver. Não estava muito longe, mas superava o limite máximo permitido de um humano.

"...Que diabos você estava planejando fazer aqui?"

O rosto de Barbatos espasmou com um tremor.

"Deveria ter... invocado um demônio real." Os brasões usados por feiticeiros, e talvez até os usados pela igreja, diziam ser letras deixadas para trás por deuses e demônios dos tempos antigos.

Pode um demônio real... realmente ser invocado?

Aquele era o abismo da feitiçaria, sobre o qual o jovem Zagan nada sabia. E assim, Zagan soltou um grito, claramente em pânico.

"Nephy, corra! Manuela, e o resto de vocês também!" No entanto, até Zagan sabia que aquele era um pedido irracional. Afinal, a caverna estava tremendo a ponto de poder desabar a qualquer momento.

Já estava coberta de fissuras pelo golpe de Zagan, e agora havia o poder deste círculo mágico como problema. O teto começou a desabar, então até o ato de se levantar tinha se tornado difícil.

"Ugh, o que está acontecendo?" Mesmo assim, Chastille rastejou até Nephy, e se inclinou sobre ela como para protegê-la. No final, ela era uma Cavaleira Angelical. Mesmo com suas asas, não havia como Manuela voar em um lugar tão confinado, então ela estava impossibilitada de se mover.

Sem escolha a não ser enfrentar de frente, hein? Ele não sabia o que apareceria, mas sua única escolha era derrubá-los.

Momentos depois, ele apareceu do centro do círculo mágico, e Zagan imediatamente percebeu sua própria hubris.

N/T: Hubris é a arrogância em seu estado mais perigoso. É a excessiva confiança no próprio poder que leva alguém a desafiar os limites do possível, ignorando perigos e achando-se acima das consequências. Na mitologia grega, era o pecado supremo dos heróis – a crença de que poderiam enfrentar deuses ou controlar o destino. Sempre terminava em queda. 

Talvez porque o círculo mágico estava incompleto, ou talvez porque foi ativado por coincidência, era apenas uma 'sombra' que não possuía forma distinta.

No entanto, ele ainda sentiu medo ao ver a sombra.

É inútil. Um humano não pode fazer nada contra algo assim. A mera visão dela o fez engasgar com a respiração.

Aos seus olhos, até conhecer os doze Arqui-demônios não era tão intimidante.

Nephy ficou pálida e estava tremendo. Chastille foi incapaz de suportar e perdeu a consciência. E Manuela estava cobrindo o rosto enquanto se encolhia.

Isto é... um demônio...! Ele recebeu o segundo nome 'Matador de Feiticeiros', mas a monstruosidade diante dele sequer empunhava feitiçaria? E mesmo que fosse feitiçaria, a produção de Zagan seria capaz de contrabalançá-la?

Era provavelmente impossível. Afinal, não importa quanto poder alguém obtivesse, o homem não poderia se tornar deus.

E assim, justamente quando ele se preparou para morrer... A monstruosidade... subitamente caiu de joelhos, quase como se... estivesse se curvando para Zagan. Então, ele proferiu algumas palavras rather chocantes.

"Ó, meu rei. Ordene-me como quiser." A monstruosidade que superava o intelecto humano... estava por alguma razão obedecendo a Zagan.

Enquanto tentava endireitar seus pensamentos, ele notou que um glifo tinha aparecido em seu próprio punho. Era o Sinal do Arqui-demônio que ele herdara... e a monstruosidade estava se curvando diante dele.

O que caralhos... eu acabei de obter? O lugar de Arqui-demônio continha poder demais para ser considerado um mero título.


 

  • Sol: EU HYPEI MUITO LENDO ESSE CAP!!! Não sei se já contei a vocês leitores mas sou viciado em carros, quando o Zagan revelou seu segundo nome eu associei ao GTR R35, o matador de hipercarros. Muito Foda, mas voltando a atenção para o maior problema…. Como que a lenda vai usar esse demônio já que ele falou sobre ser seu rei ( Solo leveling? ) kkkkkk, bom gente nos vemos no próximo!
  • Moon: É gente, que capítulo interessante! O desenvolvimento dos dois foi lindo, a amizade delas… Vamos ver como isso vai desenrolar agora… E quanto ao seu hiperfoco Sol, é em carros e, bem… Em Carros akakakak (esse Sol que vos fala, sabe todas as falas do filme Carros de cabeça). Aliás, esse GTR R35 é realmente lindo, principalmente quando roxo! Você tem um bom gosto!

 

 

Traduzido por Moonlight Valley

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