Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Henrique Ferreira


A1 – Vol.2

Capítulo 43: O vento que a mudou para sempre

Em uma pequena casa de campo, no interior da Alemanha, uma garota de rabo de cavalo colhia maçãs do pomar e cenouras da horta. Seus olhos verdes eram escurecidos por seu boné, que a protegia do sol forte. A cesta estava cheia, e a colheita fora um sucesso.

Filha! — gritou sua mãe, em alemão. — O almoço está quase pronto, vem lavar as mãos!

E limpar a bagunça que seu irmão acabou de fazer na mesa! — O pai gritou, também em alemão, com um tom de piada.

Limpando o suor de sua testa, ela voltou cantarolando sua música favorita, com um sorriso triste no rosto. Assim que abriu a porta de madeira, suas pupilas dilataram por causa da pouca iluminação, em comparação ao exterior da casa. Se encontrou em uma cozinha, com mobília antiga, feita de madeira, e um cheiro marcante de eucalipto.

Sua mãe estava na pia, cortando alguns rabanetes para salada, seus olhos verdes misteriosos e seu cabelo castanho avermelhado eram idênticos ao da garota e do menino na mesa. Enquanto isso, seu pai, que possuía olhos azuis e cabelos negros com mechas brancas, passava um pano na mesa, também de madeira, limpando a comida que seu pequeno irmão tinha espalhado.

Vocês têm que ensinar esse pirralho a comer que nem gente — falou a garota, colocando a cesta sobre a pia.

Esse pirralho é seu irmão e ele tem um nome, mocinha. Agora vai lavar essas mãos nojentas ou vai ficar sem almoço — disse a mãe, colocando os rabanetes de lado antes de jogar as cenouras e as maçãs em uma bacia e a encher de água.

Certo, certo.

Bom trabalho, filhota. — O pai falou e deu um beijo carinhoso na bochecha da filha, que deixou escapar um sorriso sem graça.

A garota foi para o banheiro e começou a lavar as mãos com calma. Passou sabão e enxaguou, lavando parte do antebraço que também estava sujo de terra. Após isso, jogou água no rosto quente para se refrescar e se olhou no espelho. Os olhos verdes brilhavam, e uma bela pinta chamava atenção abaixo da pálpebra inferior direita. Seu cabelo castanho avermelhado preso começava a incomodar, então ela o desfez sem pressa.

Mas, quando estava secando seu rosto, ouviu o som de uma panela caindo. Em um primeiro momento estranhou, pois sua mãe nunca deixava nada cair. Pensou que, provavelmente, tinha sido seu pai ou seu irmão pequeno.

O pirralho derrubou a comida de novo? — gritou do banheiro.

Porém, não houve resposta. Com a testa franzida, ela foi até a cozinha ainda com a toalha em mãos, secando o rosto.

Gente, eu falei com vocês. O pirralho derrubou… algo…

A garota ficou em choque, deixando a toalha cair. Quando chegou na cozinha, um homem desconhecido estava na porta, puxando um chicote que estava ao redor do pescoço de sua mãe.

Ora, e quem seria essa garotinha? Sua filha? — O homem, que vestia uma roupa estravagante e calçava salto alto, disse, sorrindo maldosamente para a mãe da garota. — Você faz ideia do quão magoado estou agora? Se casou, teve dois filhos, e nem me chamou para um almoço? O quão cruel você consegue ser, irmãzinha?

Ele puxou o chicote, fazendo a mulher cair no chão. A garota gritou com ódio, invocando uma espada esverdeada em suas mãos. Ela saltou em direção ao homem, com intenção de atacar sem misericórdia.

FICA LONGE DA MINHA MÃE!!

Mas não adiantou, o homem não precisou dar um passo, pois segurou o pescoço da menina antes que ela pudesse tocá-lo.

É um prazer te conhecer, também, mocinha. Eu sou seu tio Asmodeus, sou irmão da sua mãe. E você, qual seu nome?

A garota se contorceu, tentando se soltar, mas foi em vão. Quando não teve sua pergunta respondida, o homem soltou um forte suspiro e apertou ainda mais forte o pescoço da garota.

Sabe, é falta de educação não responder aos mais velhos. Principalmente quando são da sua família. Qual seu nome?

M-Magda…

Muito prazer, Magda. Pela reação de vocês, imagino que sua mãe nunca falou de mim, não é?

— Na verdade, falou… — Um sorriso cruel surgiu no rosto da garota, que surpreendeu o homem. — Ela me fez suar sangue todos os dias, por dezoito anos, só pra te conhecer, titio.

Com a espada ainda em mãos, Magda não hesitou em atravessar o peito do homem, perfurando seu pulmão e o fazendo cuspir sangue. Instantaneamente ele a soltou.

— Você tinha culhões desde aquela época, não é? — disse uma voz feminina familiar.

Sua cadela desgraçada! É isso que acontece quando se cria uma criança longe da família, Uriel! Elas ficam malcriadas. — O homem falou para a mãe de Magda e então se virou para a garota no chão, limpando o sangue que escorrida de sua boca. — E crianças malcriadas devem ser punidas.

As unhas do homem cresceram e eles a enfiou na base do abdômen da garota, lentamente. Os gritos de desespero faziam toda a família imploraram por misericórdia, e o pequeno garoto chorava pelo nome de sua irmã no colo do pai.

É boa a sensação de ser perfurada? Não? Claro, o contexto não permite que isso seja prazeroso, como normalmente é… — Ele acariciou o rosto da garota carinhosamente, enquanto ela mordia os lábios, contento os gritos de dor para proteger ao menos seu orgulho. — Isso nos seus olhos… é medo que eu estou vendo, Magda? Não precisa ficar com medo, eu não vou te matar. Poxa, você é minha sobrinha, eu só desejo o seu bem. Mas você foi uma menina má, e deve ser castigada.

A unha de seu indicador cresceu e ele a arrastou lentamente pelo rosto da menina, abrindo uma longa e dolorosa ferida.

— Então essa é a história dessa cicatriz horrenda na sua cara, Magda? Hm, parece que nem você foi páreo para Asmodeus — disse a voz. — Quem a vê hoje, a maior guerreira do século 21, nem imagina que foi humilhada dessa forma por um Pecado.

— Se você espera causar algum impacto na minha mente me obrigando a rever o dia em que minha família foi despedaçada, é melhor desistir. Essa cena — disse uma Magda mais velha, a mesma que entrou no labirinto junto de Yohane, enquanto apontava para a cena mostrada. — É o que eu vejo toda noite quando fecho os olhos. Esperava mais de alguém que me odeia tanto.

— Eu não estou te obrigando a ver nada, Magda. Eu só criei a estrutura, o que você ou sua amiguinha cabeça quente veem, são apenas projeções extremamente realistas de suas mentes. Tudo que eu tenho que fazer é esperar que alguma de suas dolorosas memórias te consuma, para que eu apenas dê o golpe de misericórdia.

— Boa sorte com isso. Duvido que consiga ser uma carrasca pior do que já sou comigo mesma… — Essa última parte foi murmurada, quase inaudível.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora