A1 – Vol.2
Capítulo 43: O vento que a mudou para sempre
Em uma pequena casa de campo, no interior da Alemanha, uma garota de rabo de cavalo colhia maçãs do pomar e cenouras da horta. Seus olhos verdes eram escurecidos por seu boné, que a protegia do sol forte. A cesta estava cheia, e a colheita fora um sucesso.
— Filha! — gritou sua mãe, em alemão. — O almoço está quase pronto, vem lavar as mãos!
— E limpar a bagunça que seu irmão acabou de fazer na mesa! — O pai gritou, também em alemão, com um tom de piada.
Limpando o suor de sua testa, ela voltou cantarolando sua música favorita, com um sorriso triste no rosto. Assim que abriu a porta de madeira, suas pupilas dilataram por causa da pouca iluminação, em comparação ao exterior da casa. Se encontrou em uma cozinha, com mobília antiga, feita de madeira, e um cheiro marcante de eucalipto.
Sua mãe estava na pia, cortando alguns rabanetes para salada, seus olhos verdes misteriosos e seu cabelo castanho avermelhado eram idênticos ao da garota e do menino na mesa. Enquanto isso, seu pai, que possuía olhos azuis e cabelos negros com mechas brancas, passava um pano na mesa, também de madeira, limpando a comida que seu pequeno irmão tinha espalhado.
— Vocês têm que ensinar esse pirralho a comer que nem gente — falou a garota, colocando a cesta sobre a pia.
— Esse pirralho é seu irmão e ele tem um nome, mocinha. Agora vai lavar essas mãos nojentas ou vai ficar sem almoço — disse a mãe, colocando os rabanetes de lado antes de jogar as cenouras e as maçãs em uma bacia e a encher de água.
— Certo, certo.
— Bom trabalho, filhota. — O pai falou e deu um beijo carinhoso na bochecha da filha, que deixou escapar um sorriso sem graça.
A garota foi para o banheiro e começou a lavar as mãos com calma. Passou sabão e enxaguou, lavando parte do antebraço que também estava sujo de terra. Após isso, jogou água no rosto quente para se refrescar e se olhou no espelho. Os olhos verdes brilhavam, e uma bela pinta chamava atenção abaixo da pálpebra inferior direita. Seu cabelo castanho avermelhado preso começava a incomodar, então ela o desfez sem pressa.
Mas, quando estava secando seu rosto, ouviu o som de uma panela caindo. Em um primeiro momento estranhou, pois sua mãe nunca deixava nada cair. Pensou que, provavelmente, tinha sido seu pai ou seu irmão pequeno.
— O pirralho derrubou a comida de novo? — gritou do banheiro.
Porém, não houve resposta. Com a testa franzida, ela foi até a cozinha ainda com a toalha em mãos, secando o rosto.
— Gente, eu falei com vocês. O pirralho derrubou… algo…
A garota ficou em choque, deixando a toalha cair. Quando chegou na cozinha, um homem desconhecido estava na porta, puxando um chicote que estava ao redor do pescoço de sua mãe.
— Ora, e quem seria essa garotinha? Sua filha? — O homem, que vestia uma roupa estravagante e calçava salto alto, disse, sorrindo maldosamente para a mãe da garota. — Você faz ideia do quão magoado estou agora? Se casou, teve dois filhos, e nem me chamou para um almoço? O quão cruel você consegue ser, irmãzinha?
Ele puxou o chicote, fazendo a mulher cair no chão. A garota gritou com ódio, invocando uma espada esverdeada em suas mãos. Ela saltou em direção ao homem, com intenção de atacar sem misericórdia.
— FICA LONGE DA MINHA MÃE!!
Mas não adiantou, o homem não precisou dar um passo, pois segurou o pescoço da menina antes que ela pudesse tocá-lo.
— É um prazer te conhecer, também, mocinha. Eu sou seu tio Asmodeus, sou irmão da sua mãe. E você, qual seu nome?
A garota se contorceu, tentando se soltar, mas foi em vão. Quando não teve sua pergunta respondida, o homem soltou um forte suspiro e apertou ainda mais forte o pescoço da garota.
— Sabe, é falta de educação não responder aos mais velhos. Principalmente quando são da sua família. Qual seu nome?
— M-Magda…
— Muito prazer, Magda. Pela reação de vocês, imagino que sua mãe nunca falou de mim, não é?
— Na verdade, falou… — Um sorriso cruel surgiu no rosto da garota, que surpreendeu o homem. — Ela me fez suar sangue todos os dias, por dezoito anos, só pra te conhecer, titio.
Com a espada ainda em mãos, Magda não hesitou em atravessar o peito do homem, perfurando seu pulmão e o fazendo cuspir sangue. Instantaneamente ele a soltou.
— Você tinha culhões desde aquela época, não é? — disse uma voz feminina familiar.
— Sua cadela desgraçada! É isso que acontece quando se cria uma criança longe da família, Uriel! Elas ficam malcriadas. — O homem falou para a mãe de Magda e então se virou para a garota no chão, limpando o sangue que escorrida de sua boca. — E crianças malcriadas devem ser punidas.
As unhas do homem cresceram e eles a enfiou na base do abdômen da garota, lentamente. Os gritos de desespero faziam toda a família imploraram por misericórdia, e o pequeno garoto chorava pelo nome de sua irmã no colo do pai.
— É boa a sensação de ser perfurada? Não? Claro, o contexto não permite que isso seja prazeroso, como normalmente é… — Ele acariciou o rosto da garota carinhosamente, enquanto ela mordia os lábios, contento os gritos de dor para proteger ao menos seu orgulho. — Isso nos seus olhos… é medo que eu estou vendo, Magda? Não precisa ficar com medo, eu não vou te matar. Poxa, você é minha sobrinha, eu só desejo o seu bem. Mas você foi uma menina má, e deve ser castigada.
A unha de seu indicador cresceu e ele a arrastou lentamente pelo rosto da menina, abrindo uma longa e dolorosa ferida.
— Então essa é a história dessa cicatriz horrenda na sua cara, Magda? Hm, parece que nem você foi páreo para Asmodeus — disse a voz. — Quem a vê hoje, a maior guerreira do século 21, nem imagina que foi humilhada dessa forma por um Pecado.
— Se você espera causar algum impacto na minha mente me obrigando a rever o dia em que minha família foi despedaçada, é melhor desistir. Essa cena — disse uma Magda mais velha, a mesma que entrou no labirinto junto de Yohane, enquanto apontava para a cena mostrada. — É o que eu vejo toda noite quando fecho os olhos. Esperava mais de alguém que me odeia tanto.
— Eu não estou te obrigando a ver nada, Magda. Eu só criei a estrutura, o que você ou sua amiguinha cabeça quente veem, são apenas projeções extremamente realistas de suas mentes. Tudo que eu tenho que fazer é esperar que alguma de suas dolorosas memórias te consuma, para que eu apenas dê o golpe de misericórdia.
— Boa sorte com isso. Duvido que consiga ser uma carrasca pior do que já sou comigo mesma… — Essa última parte foi murmurada, quase inaudível.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios