Volume 4
O Anjo Solta uma Bomba
Os exames foram devolvidos e os resultados divulgados, e Amane e o outros alunos do segundo ano atingiram um período de relativa calma. As atividades de clube foram retomadas, e tudo que eles tinham que fazer era se preparar para o Dia do Esporte, o próximo evento, em cerca de três semanas.
Alguns alunos, dependendo de suas pontuações, tiveram que fazer aulas complementares, bem como exames complementares para determinados assuntos. Mas Amane estava livre, então durante este breve período de calma, ele passou o tempo relaxando.
Conversando com Yuuta depois da escola, Amane recebeu um sorriso tenso de seu amigo quando ele tocou no assunto.
“Na verdade, não tenho muito tempo de inatividade”, disse Yuuta. "Eu tenho atividades do clube, e tenho que praticar para a concorrência interescolar de atletismo."
Yuuta já havia se tornado conhecido como o ás do clube de atletismo em seu primeiro ano, e os treinadores e gerentes tiveram mais expectativas dele. Ele nunca falhou em colocar esforço para viver de acordo com essas.
Yuuta uma vez chamou Amane de "estóico", mas da perspectiva de Amane, essa palavra descrevia Yuuta mais do que ele. Provavelmente foi exatamente aquele esforço sincero que o tornou tão popular e querido.
“Oh, está certo, ainda está longe, mas a chance de mostrar suas realizações está chegando, hein?”
“Mmm. Com as competições se aproximando, vou precisar encurtar mais meus tempos, mas não me importo, pois gosto de correr de qualquer maneira.”
“Você vai ficar bem? Minha imagem do clube de atletismo é que é bem exigente."
“Talvez seja, mas não é como se o clube fosse a antiga Esparta ou algo assim. O treinador sabe que você não pode obter bons resultados apenas dando tudo de si diariamente. Há um equilíbrio nisso: Descansamos durante os intervalos e quando é hora das atividades do clube, trabalhamos muito.”
"Huh... parece que é definitivamente um clube entusiasmado."
“Acho que requer disciplina e motivação, mas se fosse um dos aqueles clubes de alta energia sem tempo para descansar, eu provavelmente teria já teria saido. Se estou apenas correndo, posso fazer isso em qualquer lugar. Isso é provavelmente porque Shirakawa desistiu.”
“… Oh sim, ela entrou para a mesma escola que você e Itsuki, certo?"
“Sim, isso mesmo. Itsuki e Shirakawa são tão diferentes agora em comparação com aquela época, você provavelmente ficaria chocado.”
Agora que Yuuta mencionou isso, Amane lembrou de ter ouvido isso a personalidade de Chitose era bem diferente do que era no fundamental. Ele não conhecia nenhum deles naquela época, então foi difícil para ele imaginar.
A única versão de Itsuki e Chitose que ele conhecia era o alegre casal e a vida constante de festejo.
O passado deles não parecia ser um assunto que eles gostassem muito de discutir, então Amane não tinha investigado profundamente, mas eles devem ter mudado consideravelmente a ponto de ser o suficiente para Yuuta mencionar.
Amane estava curioso. Mas por outro lado, com uma expressão que disse que estava preocupado em perturbar Itsuki e Chitose falando demais, Yuuta relatou gentilmente, “Eu não vou falar sobre isso, mas talvez eles mesmos lhe digam algum dia.”
Amane não tinha intenção de forçar a informação dele, então ele assentiu com compreensão. Itsuki não se intrometeu na vida pessoal de Amane, então Amane decidiu que não iria enfiar os dedos no passado dos amigos também.
“Voltando ao tema do atletismo, tenho ficando muito obcecado e correr sem pensar só leva a ferir seus músculos e tendões. Pra mim sabe, a pista de corrida é importante, mas não é tudo da vida. Então, estou muito feliz com a maneira como o clube faz isso”.
Seu sorriso era tão deslumbrante que Amane teve que apertar os olhos para olhá-lo. Parecendo um pouco envergonhado, Yuuta fez uma cara estranha.
"Bem, isso é o suficiente sobre mim, certo?" ele disse. “Vamos esquecer atividades do clube por enquanto; temos o dia de folga.”
"Você é o único que trouxe isso à tona."
“Isso é verdade, então mais uma razão para colocar um alfinete nisso. Vamos lá, vamos para casa.”
Amane riu baixinho de Yuuta, que estava claramente tentando mudar o assunto, e os dois saíram da sala de aula.
Itsuki e Chitose não tiveram aulas suplementares naquele dia e aparentemente sairam mais cedo para um encontro. Funcionou que as atividades do clube também estavam de folga naquele dia, então Amane queria aproveitar a chance de sair com Yuuta. Enquanto conversavam casualmente depois da aula um pouco, eles decidiram parar em algum lugar no caminho de volta para casa.
Enquanto caminhavam pelo corredor, Amane viu um flash familiar de ouro mais adiante no corredor. Ele olhou novamente, pensando consigo mesmo que seria incomum para ela ainda estar na escola, e viu que por algum motivo, ela estava segurando uma grande quantidade de impressões em ambos os braços.
"... O que você está fazendo, Shiina?"
“Oh, Fujimiya e Kadowaki! É incomum ver vocês ainda aqui nesta hora. Especialmente você, Fujimiya.”
"Eu poderia dizer isso de volta para você ... O que há com isso?"
Amane apontou para os papeis que ela estava lutando para segurar com ambas as mãos, e deu um pequeno, sorriso irônico.
“Os professores pediram por alunos que tivessem tempo para ajudar a grampear juntos as impressões para o Dia do Esporte do próximo mês. Eu não poderia dizer não... então eles só os deram para mim.
“… Você não se sente como se estivesse sendo explorada por trabalho gratuito?”
Para o bem ou para o mal, os professores dependiam de Mahiru tanto quanto os outros estudantes. Amane a testemunhou ficando constantemente sobrecarregada com biscates, e este parecia ser um deles.
Mahiru era um prodígio que se saía bem na escola e nos esportes, mas não era membra de nenhum clube escolar, então ela frequentemente recebia trabalho de professores que achavam que ela tinha muito tempo livre. Eles provavelmente sabiam que ela nunca poderia recusar um favor devido ao seu tipo natureza.
“Eu tenho tempo de sobra, então... vou acabar com isso rapidamente. Essa é a última pilha que estou levando para uma sala de aula vazia, e assim que carregar tudo, só tenho que grampeá-los e pronto.”
“Para que a escola tem secretárias, então?”
“Bem... está tudo bem. Apesar do que parece, terminarei em mais ou menos uma hora."
“Mas você está falando em dar voluntariamente mais de uma hora de seu próprio tempo!"
Amane tinha alguns sentimentos complicados sobre Mahiru ser uma aluna modelo e ser explorada pelos professores em situações como essa. Mas Mahiru não se importava ou estava acostumada com isso, então Amane relaxou e deu a ela um sorriso fraco.
“De qualquer forma, é por isso que eu queria que você soubesse que estarei um pouco atrasada para chegar em casa hoje, cerca de uma hora ou mais. Mas o sol tem também se posto mais tarde, então ficarei bem.” Mahiru disse isso como se não fosse nada, e Amane suspirou suavemente.
"...Desculpe, Kadowaki, podemos adiar a saideira de hoje para outro dia?"
“Que coincidência, eu estava pensando nisso.”
Parecia que os dois estavam pensando a mesma coisa.
Amane e Yuuta se entreolharam e sorriram, então casualmente pegou as impressões das mãos de Mahiru.
Mahiru não devia estar esperando por isso. Ela piscou várias vezes, atordoada, e pareceu levar um minuto para entender o que aconteceu. Então, ela agarrou a manga de Amane em pânico.
“F-Fujimiya, devolva isso!”
"Onde você está os levando?" Amane perguntou.
“Umm, para uma sala de aula aberta no segundo andar... mas esse não é o ponto!" ela insistiu. “Me pediram para fazer isso.”
“Não é como se eles tivessem algo confidencial escrito neles, já que eles os deram a um aluno”, disse ele. “E de qualquer maneira, eles não disseram você não poderia ter ajuda, não é?
"I-isso é verdade, mas... diga alguma coisa, por favor, Kadowaki!"
“Ah-ha-ha! Fujimiya, você não pode fazer isso,” Yuuta zombou. "Você tem que me deixar carregar metade.”
"Aqui está."
Sorrindo com o olhar mal-humorado de Mahiru, Amane entregou metade dos papéis para Kadowaki. Mahiru pareceu perceber que era inútil protestar ainda mais.
Amane podia sentir os olhos reprovadores dela sobre ele, mas ele deixou seu olhar deslizar imediatamente enquanto ele se dirigia para a sala de aula que ela havia indicado.
“... Eu não queria roubar seu tempo de você,” Mahiru murmurou.
“Ninguém está roubando meu tempo. Estou o usando como eu quero.”
Amane estava fazendo isso de forma totalmente voluntária. Havia um argumento que o fez se sentir compelido a fazer esse favor a ela, e era melhor do que Mahiru trabalhar sozinha.
Yuuta estava sorrindo calmamente e parecia concordar, então ela finalmente desistiu de dizer qualquer outra coisa. Ela olhou para Amane com um pouco de ressentimento, que ele fingiu não notar.
Apesar de tudo, Mahiru não os impediu. Ele imaginou que ela provavelmente apenas não sabia como responder ao favor.
"…Seu bobo."
Ela o insultou abertamente com uma forma adorável que ele nunca tinha visto ela fazer na escola antes. Tanto Amane quanto Yuuta caíram na gargalhada.
Mahiru, cuja máscara de anjo havia escorregado um pouco, estreitou seus olhos enquanto caminhava ao lado dos meninos—
“Então ela não apenas bajula os professores, ela está flertando com meninos também. Tudo isso enquanto nos diz que ela tem uma ‘pessoa importante' ou o que quer que seja.”
"Seriamente. Ela é uma puxa-saco.”
Amane ouviu vozes de algum lugar e sentiu seu corpo enrijecer conforme andava. Ele olhou ao redor, mas não conseguiu ver nenhuma garota que pudesse ser dona das vozes. Ele decidiu que provavelmente eram de algum lugar atrás dele.
Ao lado dele, o sorriso de Yuuta não mudou, mas o olhar em seus olhos era sério. Amane lembrou dele confessando uma vez que ele absolutamente odiava pessoas que espalhavam fofocas, então não parecia que ele seria capaz de perdoar o que acabou de ouvir.
Até Amane estava prestes a dizer alguma coisa, mas ele sabia que só pioraria as coisas, então ele manteve a boca fechada e olhou para Mahiru.
Mahiru não parecia pensar em nada disso e manteve sua expressão calma e habitual, como se estivesse acostumada a tal tratamento.
Essa expressão o deixou inquieto e, sem a intenção, ele se viu encarando Mahiru. Ela deve ter notado, porque ela colocou um sorriso gentil e disse: "Muito obrigada por me ajudarem. Vamos terminar isso antes que fique muito tarde, certo?”
Sua voz era calma e controlada, e tanto Amane quanto Yuuta assentiram, incapazes de dizerem mais alguma coisa.
Os três trabalharam em um silêncio constrangedor e, assim que terminaram o trabalho, Mahiru foi para casa primeiro. Depois de esperar um pouco para cambalear seus tempos, Amane voltou também.
Quando ele voltou para seu apartamento, ele deu uma longa olhada na face de Mahiru.
Sua expressão era a mesma de sempre, e nenhum sinal de mágoa ou raiva escureceu seu belo rosto. Em vez disso, foi Amane quem se sentiu irritado enquanto ele se lembrava das palavras daquelas garotas.
Mahiru notou o olhar azedo no rosto de Amane, e ela rapidamente o deu um sorriso amargo.
“Talvez você esteja preocupado com o que aconteceu na escola mais cedo?”
"... Isso está me incomodando."
Claro, ele ficaria com raiva de pessoas que não falassem qualquer coisa na cara dela, mas sim esgueirando-se nas sombras falando mal dela.
Amane sentou-se ao lado de Mahiru e deu outra longa olhada nela; ela estava sorrindo para o comportamento dele como sempre fazia.
“Esse tipo de coisa não me incomoda tanto. eu espero esse tipo de fofoca, na verdade; seria mais estranho não ouvi-los.”
Amane foi o único que se incomodou com isso e com a atitude de Mahiru de, total aceitação indiferente da ideia de que algumas pessoas a odiavam.
Ele sabia a razão pela qual Mahiru conduziu ela mesma a um anjo, então foi surpreendente que isso não a aborreceu, e sua expressão desajeitada mostrou isso.
"É-é realmente assim?"
“É natural, certo? Não é como se todo mundo fosse gostar de mim, sabe. Seria meio assustador se uma pessoa assim não existisse,” Mahiru disse baixinho e desapaixonadamente, enrolando uma mecha de cabelo em volta da ponta do dedo como se estivesse entediada.
“Acho que facilito que as pessoas gostem de mim”, continuou ela, “mas duvido que funcione para todas as pessoas na escola. É só que as vozes gentis são geralmente mais altas e fáceis de ouvir. As vozes de apoio de pessoas gentis apenas ajudam a bloquear o ódio. Quero dizer, até você não gostou muito de mim no começo, eu acho.”
“… Realmente me dói ouvir você dizer isso, mas…”
Claro, antes de conhecer Mahiru, quando ele tinha apenas a conhecia por sua reputação, Amane pensava nela como alguém que se destacava em tudo e era linda. Ele sabia que ela era desejável devido a essas características.
Mas ele diria que caiu na categoria de pessoas que não particularmente se preocupam muito com o anjo, pelo menos não em um nível pessoal.
Quando tudo nela parecia perfeito demais, ele a encontrou quase inacessível.
“Especialmente entre as meninas”, Mahiru disse, “há pessoas que agem amigável na superfície, quando na verdade elas me odeiam. E com tantas pessoas que me admiram, tem aquelas que falam mal de mim para mascarar suas próprias inseguranças. Eu apenas tento me dar bem com o máximo de pessoas que posso. Isso torna tudo mais fácil, entende?”
Mahiru avaliou com naturalidade sua posição em relação às pessoas que a odiava. Amane não tinha certeza do que ele poderia dizer em resposta.
Ele imaginou que meninas e meninos deviam viver em mundos diferentes, com diferentes regras para as interações humanas. Se Mahiru estava dizendo isso a ele, provavelmente significava que havia pessoas lá fora que evitavam ela, e ela realmente os ouviu dizer essas coisas antes.
Ele não foi capaz de encontrar as palavras certas, e não conseguiu fazer qualquer coisa a não ser sentar lá inquieto. Mahiru deve ter notado, porque ela relaxou em um sorriso.
“Há muito menos delas agora, mas sempre houve uma certa porcentagem de pessoas que me odeiam, então estou acostumada com isso. Eu sou cuidadosa para me comportar de uma maneira que reduza esse número o quanto possível, mas nunca será zero. Existem algumas pessoas que me detestam porque a maioria gosta de mim”.
"... Isso não é doloroso?"
“Bem, tenho certeza de que não gostaria muito se alguém dissesse isto a minha cara, mas até hoje ninguém fez tal declaração. Além do mais, tenho certeza que pessoas como as de hoje que dizem que me odeiam, não estão falando sobre o meu verdadeiro eu; elas apenas se ressentem da minha aparência externa e posição social. Não há realmente nada que eu possa fazer sobre isso, então não pretendo tentar.”
“Isso é muito pragmático…”
“Se eu não fosse pragmática sobre isso, não seria capaz de suportar agir da maneira como eu faço na escola.”
Mahiru, que era mais disciplinado do que qualquer um que Amane conhecesse, tinha um olhar quieto e pensativo em seus olhos. Um pequeno suspiro escapou de seus lábios.
“Tenho consciência de que, objetivamente, tenho mais características atraentes do que muitas outras pessoas”, disse ela. “Parte disso é genético, mas também coloquei muito trabalho em minha aparência. Tem gente que me acha superficial só porque eu valorizo isso.”
Suas palavras não eram exageradas ou presunçosas de forma alguma; elas eram a base de sua autoconfiança.
Certamente, Amane não estava prestes a negar sua beleza natural, especialmente por ter visto sua mãe, de quem ela puxou.
Mas os encantos de Mahiru não residiam nas feições que herdara.
Seu comportamento e conduta, a maneira como ela manejava seu olhar e suas expressões, a própria atmosfera que a rodeava... ela não tinha nascido com qualquer uma dessas coisas, mas foram elas que a tornaram verdadeiramente adorável. Amane pensou que sua notável inteligência e caráter pessoal eram mais bonitos do que até mesmo sua aparência exterior.
… Ainda assim, ela é muito bonita…
A força de vontade de Mahiru era tão brilhante, que parecia que ele seria queimado pela sua radiância. A própria Mahiru parecia que também poderia ser queimada por aquela luz, e foi um pouco assustador.
“Eu me esforço muito em coisas que você não pode ver na superfície, sabe. É por isso que algumas pessoas que só podem ver o resultado final assumem que devo estar trapaceando de alguma forma. E seus sentimentos de inveja não são de minha responsabilidade. Claro, se eu fosse capaz de corrigir uma coisa, Acho que seria o jeito de como as pessoas falam sobre mim e Kadowaki. Nós nos damos bem, mas não há absolutamente nada romântico acontecendo entre nós. As pessoas não entendem isso e ficam com ciúmes, o que é incômodo.”
"Eu... vejo..."
“Quero dizer, eu já me comportei como se estivesse afim dele? Eu acho que ele é um cara atencioso e simpático, mas não tenho nenhum sentimento romântico em direção a ele. Mas as pessoas começam a especular se eu falo com ele, e é irritante.”
O que parecia realmente incomodá-la era a frequência dos rumores.
Mahiru e Yuuta, que foram transformados em ídolos por seus colegas de escola, eram muitas vezes emparelhados na mente das pessoas, uma vez que ambos eram modelos para seus respectivos sexos.
Na realidade, eles mal interagiram. Quando Mahiru conheceu Amane, ela na melhor das hipóteses sabia de Yuuta como um cara popular do campus, mas não o conhecia pessoalmente. Eles só se tornaram amigos quando Amane começou a interagir com ele.
Amane nunca suspeitou que Mahiru tivesse sentimentos românticos em direção a Yuuta. Ela sempre tratou o “príncipe” da escola com imparcialidade.
“Talvez para as garotas apaixonadas por Kadowaki, pareça que ele já está tomado”, disse Amane. “A maioria dos caras, que você abordasse, Mahiru, ficariam loucos por você.
"Hmm, não parece que você está nesse grupo, Amane."
"…Bem…"
Ele já estava completamente apaixonado, nenhuma abordagem necessária. Ele sentiu que nada que ela fizesse mudaria o quão profundo seus sentimentos de amor por ela eram, mas ele não podia dizer isso a ela.
Amane olhou nervosamente ao redor enquanto tentava pensar em uma resposta, mas Mahiru estava olhando diretamente para ele.
Ele não suportou a pressão, então desviou o olhar dela, mas ele a viu suspirar com o canto do olho.
“De qualquer forma, Kadowaki não é meu tipo. Objetivamente, ele é muito bonito e um cavalheiro bem-educado também, mas... como eu coloco isso...? De certa forma, nossas situações são semelhantes, então estou feliz tê-lo como conhecido ou amigo, talvez até como alguém que eu possa procurar suporte. Mas não sinto que nada disso esteja indo em direção a nós se apaixonando.”
“…Eu acho que quando você pensa sobre isso, você e Kadowaki têm algumas coisas em comum,” Amane concordou. “Embora não seja tão grande diferença entre seu público e privado eu como há entre os seus."
Isso foi algo que Amane passou a entender recentemente conforme ele conhecia Yuuta melhor. Como ela, Yuuta também tendia a tentar agir da maneira que todos esperavam dele. No entanto, não era tão óbvio quanto à quando Mahiru fazia isso, e ele geralmente deixava um pouco de sua verdadeira personalidade transparecer.
Mahiru não teve escolha a não ser agir dessa maneira que agia por causa de seu histórico familiar. A razão pela qual ela fez isso e o grau em que ela teve que manter o ato eram diferentes, então eles eram semelhantes, mas não eram o mesmo.
“Você faz parecer que eu tenho uma personalidade dividida… S-são meus eus público e privado realmente tão diferentes?”
“Eles são, mas como posso dizer isso... Seu verdadeiro eu é muito mais bonito do que sua personalidade de anjo. No começo, bem, você parecia fria e séria, mas depois que te conheci, descobri que você é uma pessoa honesta que é muito mais tímida do que eu esperava. A maneira como você expressa emoções com suas palavras e ações são completamente diferentes também, então... sim, há uma diferença, sabe?”
“Q-quem exatamente você acha que está me fazendo agir assim?"
“... Isso é, bem, hmm. Não é de propósito.”
Não que como se ele estivesse fazendo isso intencionalmente. Só que Mahiru ficava envergonhada facilmente sempre que alguém lhe dava um elogio honesto.
Amane entendia perfeitamente bem que ela sempre foi uma pessoa trabalhadora e muito disciplinada, por isso ele vinha tentando dar a ela uma atitude franca de elogios genuínos sempre que possível. Se isso trouxe seu lado tímido, bem, era tarde demais para fazer qualquer coisa sobre isso.
“Eu acho que é ainda mais perverso de sua parte não fazer isso de propósito, no entanto."
“Você poderia dizer a mesma coisa sobre você. Você é a sem-coração, Mahiru.”
"O que isto quer dizer?"
“... No seu caso, você está ficando cada vez mais e mais apegada e sensível, e é difícil de lidar.”
Mahiru especialmente não tinha espaço para criticar Amane. Ela tinha um talento para fazer as pessoas corarem e o usava com bastante frequência. Para fazer as coisas pior, ela frequentemente realizava ataques surpresa, forçando Amane a difíceis testes de força de vontade diariamente.
Ao ouvir a palavra “sensível”, os grandes olhos de Mahiru se arregalaram ainda mais, e ela piscou várias vezes. Então ela engasgou, e seu lábio começou a tremer.
Amane não pôde deixar de notar um vermelho profundo manchando lentamente bochechas.
"N-não é de propósito." Uma vez que ela alcançou um lindo tom de cereja, Mahiru ofereceu essa desculpa com uma voz vacilante. “Existem momentos que eu te toco de propósito, mas eu nunca quis te deixar desconfortável."
“Tenho várias perguntas sobre sua definição de ‘de propósito’, mas eu sei que você realmente não quis dizer nada com isso. Você deveria apenas ser cuidadosa, porque, se uma garota fazer coisas assim com muita frequência, alguém pode ter a ideia errada.”
"... Eu só faço isso com você."
“Eu sei disso também. É por isso que estou lhe contando.”
Amane não podia ter certeza de que tipo de sentimentos Mahiru tinha em relação a ele, mas ele sabia que ela o achava especial e que gostava dele.
Ainda assim, ele era um cara, e seu contato impensado muitas vezes o incomodava. Ele pensou que apreciaria se ela diminuísse um pouco o tom, pelo bem de sua sanidade mental, e nada mais.
Quando ele olhou na direção de Mahiru, Amane notou que seu rosto ainda estava muito vermelho. Mahiru bateu em seu braço de brincadeira.
"Viu? É disso que estou falando”, ele protestou.
“Dessa vez foi de propósito.”
"Okay…"
Mahiru deu a Amane uma carranca. Ele não entendeu o que ele fez de errado. Mesmo que ela estivesse olhando para ele, a expressão em seu rosto e o embaraço em seus olhos a fizeram parecer nada se não adorável.
Amane teve a sensação de que se ele dissesse que ela parecia mais fofa do que assustadora, ela provavelmente ficaria ainda mais zangada.
Então, ele não disse nada, e Mahiru limpou sua garganta e estreitou.
“Enfim, voltando ao que estávamos falando antes,” ela disse. "Não realmente me incomoda que algumas garotas me odeiem. É um sonho infantil pensar que todos sempre vão se dar bem, afinal, e eu sei que só causaria mais problemas se tentasse forçar, então eu aceitei que certas pessoas simplesmente não vão gostar de mim.”
"... Mm-hmm."
“Isso contradiz o que eu estava dizendo antes, mas depois de fingir ser legal e fazer o papel de anjo que todo mundo adora por tanto tempo, recentemente comecei a pensar que talvez já tenha sido o suficiente.”
"Sério?"
Amane nunca esperou ouvir essas palavras de Mahiru, que manteve sua personalidade angelical com uma consistência tão incansável, e ele sem pensar repetiu suas palavras de volta para ela.
Mahiru sorriu levemente. “Eu estive pensando, talvez eu não precise ser uma tão boa menina... eu sempre tentei manter um ato para que todos gostassem de mim, mesmo sabendo que não funcionaria com todo mundo. Mas se eu tivesse alguém que pudesse descobrir meu verdadeiro eu e realmente me ver por quem eu sou, eu poderia ser feliz apenas sendo eu mesma, eu acho.”
Os olhos de Mahiru vacilaram com certa solidão enquanto ela pensava de volta em seu passado, e logo seus olhos cor de caramelo piscaram brilhantemente.
"Você disse que não tiraria os olhos de mim, certo, Amane?"
Qualquer um poderia ter visto que a luz continha alegre esperança para o futuro. Não era brilhantemente radiante, mas gentil e amável, do tipo que tinha calor e afeição reais nela.
Enquanto ela lhe lançava um olhar cheio de brilho e emoção, Amane engoliu em seco.
"... Eu fiz uma promessa, então..."
"Sim, você fez."
O rosto de Mahiru se derreteu em um largo sorriso com a afirmação de Amane. Sua expressão parecia deslumbrante e vibrante, diferente da calma em seus olhos, e ele descobriu que não conseguia desviar o olhar dela.
Como se viesse de algum lugar distante, Amane sentiu seu coração bater duro enquanto tentava gravar a imagem de seu sorriso em sua memória.
“Então é por isso que não preciso me preocupar muito com nada. Eu não vou sair do meu caminho para mudar a forma como atuo na escola, e eu não vou me preocupar muito com isso também. Pois, está tudo bem, porque eu tenho alguém que me vê como eu sou e me aceita.”
"…Eu vejo."
Porque Amane descobriu a verdadeira Mahiru que havia sido encolhida lá dentro, e ele estava olhando para ela por quem ela era.
Isso foi o que a deixou ficar calma.
Sentimentos avassaladores de alegria e amor brotaram dentro dele, fazendo cócegas seu peito.
Mas um pequeno caroço também se formou ali, bloqueando um pouco aquela sensação.
"... Você parece meio insatisfeito, não é?"
Mahiru notou que algo estava incomodando Amane e virou-se para ele com um olhar preocupado e ansioso no rosto. Ele não podia dizer com certeza se era insatisfação que ele estava sentindo, no entanto.
“N-não, fico feliz que você tenha começado a se sentir assim. Eu acho que é uma grande coisa. Mas é só, bem, eu só... tenho alguns pensamentos."
"O que é? Diga-me agora."
“Ah, não, é—”
“Não vou ficar brava nem nada! Não consigo nem imaginar você dizendo qualquer coisa para me machucar.”
A pressão dos olhos dela olhando diretamente para ele foi o suficiente para dizer que ele não teria a chance de recusar.
Afinal, Amane também já disse algumas coisas que poderiam ser mal interpretadas, e ele sabia que deveria se explicar, mas—
Ele também acreditava que, se colocasse em palavras o que estava sentindo, ele pode estar se preparando para ser provocado por suas emoções imaturas.
"Certo. N-não ria, ok?
Não havia como ele escapar de contar a ela, então ele tentou avisá-la primeiro, e ela acenou obedientemente. Ele achou insuportável olhar para ela diretamente, então Amane desviou os olhos um pouco de Mahiru e abriu a boca para continuar.
"Agora, você disse que não iria ficar nervosa..."
“Certo,” ela respondeu.
“O problema é que às vezes você baixa a guarda e mostra seu eu real sem querer...” Ele chegou tão longe, então hesitou em dizer mais algo, mas era tarde demais para parar, então Amane deu uma respirada profunda. Seu lábio tremia enquanto ele continuava. “…E quando eu penso sobre outro cara vendo você desse jeito... não sei, isso me faz sentir... em conflito.”
Ele parou por um momento antes de chegar à conclusão desse pensamento, porque ele sabia imediatamente o quão infantil ele soava.
Ele estava feliz por Mahiru ter se aceitado e ter começado a mudar a maneira de como ela pensava sobre as coisas, e ele estava feliz que ela havia estendido a mão para ele, depois de passar muitos anos usando a mesma casca protetora.
Ele também estava feliz por ela ter depositado toda a sua confiança nele.
E ele ficou muito feliz que ela parecia estar começando a sentir que ela poderia ser ela mesma, sem manter falsas aparências.
Ele não deveria ter reclamado, mas odiava a ideia de Mahiru - essa garota completamente ordinária e sensível, que sempre trabalhou duro apesar das circunstâncias difíceis, que se sentia sozinha com surpreendente facilidade, e era ruim em depender dos outros porque ela tendia a se colocar em uma demonstração de coragem - ele odiava a ideia de todos os outros alunos da escola se acostumando em ver aquela garota.
Eu sei que é apenas possessividade e ciúme me fazendo sentir dessa forma.
Mas era isso que ele verdadeiramente sentia, apesar de saber que ela não pertence a ele e que ele não tinha o direito de se sentir do jeito que ele se sentiu.
"O-olha, eu sei que isso soa presunçoso, e que você vai provavelmente vai querer me repreender, mas...”
Amane franziu os lábios em auto-escárnio, maravilhado com o quão vergonhosamente patético ele deve ser. Mahiru olhou para ele, piscando, olhos fofos em surpresa, claramente surpresos. Gradualmente, ambos os cantos dos lábios dela começaram a se curvar para cima.
No momento em que Amane percebeu, ela já estava sorrindo, e seu comportamento havia mudado para algo caloroso e alegre.
"E-eu pensei que tinha dito para você não rir!"
"Heh-heh, desculpe!"
Quando Mahiru se desculpou com um sorriso largo, indefeso, angelical e completamente livre de qualquer má vontade, e tudo o que Amane podia fazer era prender sua respiração. Ele não poderia oferecer nenhuma reclamação.
Era um tipo diferente do que ela usava antes, uma expressão em seus olhos de pura alegria e afeição que ultrapassava qualquer coisa que ele tinha visto. Isso deixou Amane sem palavras.
Mahiru deixou seu sorriso cair um pouco e fixou os olhos em Amane novamente. "... Você não precisa se preocupar, Amane, eu não vou mostrar a nenhuma outra pessoa os tipos de rostos que eu mostro a você. Não tem como eu me sentir confortável o suficiente com pessoas que não sou próxima.”
"E-eu vejo."
Amane ficou compreensivelmente aliviado e percebeu que suas emoções eram claramente visíveis em seu rosto.
Normalmente, ele era bom em esconder seus sentimentos, mas quando se tratava de Mahiru, não importa o que ele fizesse, as coisas que ele tentava esconder apareciam na superfície de seu rosto.
"... Você é uma gracinha, Amane", disse Mahiru, enquanto sorria como se algo fosse engraçado.
Amane mordeu o interior de sua bochecha e apertou, mantendo os músculos do rosto travados no lugar. "Pare com isso. Você está tirando sarro de mim, não está?"
"Eu quero dizer isso", ela insistiu.
“Isso é desnecessário; para com isso.”
“Você para com isso, pare de me mostrar um lado tão fofo de você.”
“Eu vou ter que confrontar isso. Quero dizer, o que sobre mim poderia possivelmente ser considerado fofo? E por que você diria isso para um cara?”
Como alguém que se orgulhava de se livrar de todos os seus traços adoráveis, Amane não fazia ideia do que ela queria dizer.
Mulheres e crianças podiam aceitar a palavra como um elogio, mas Amane era um cara e não tinha vontade de ser fofo, então ele só podia aceitar isso como uma simples provocação.
Ele franziu a testa e protestou com os olhos, mas Mahiru deixou escapar um pequeno riso que disse a ele que sua avaliação não iria voltar atrás.
“Tudo em você é cativante.”
“Não posso confiar quando uma garota diz isso, e eu não concordo.”
“Que coisa horrível de se dizer. Bem, você tem que entender o fato que a definição de fofo de uma garota não é baseada apenas na aparência, mas é mais um sinal de que ela encontra algo agradável em um sentido mais amplo... É por isso que você é definitivamente fofo, Amane!”
“Os caras não ficam felizes em serem chamados assim, sabe.”
Ele não apreciou a garota que ele gostava escolhendo este caminho para elogiá-lo. No entanto, ele estava feliz com o fato de que ela estava elogiando ele, mas Amane nunca chamaria um cara como ele de adorável.
Ele pensou em perguntar por que ela achava que ele ficaria feliz por ela o chamar de fofo, mas ele teve a sensação de que ela não estava tentando elogiá-lo tão especificamente apenas para declarar sua própria opinião, então não parecia haver nenhum ponto.
Amane apertou os lábios com força e olhou para Mahiru, mas ela ainda estava sorrindo alegremente. Se ele não pudesse ver a afeição em seus olhos, ele provavelmente teria beliscado suas bochechas agora mesmo.
“… Não há nada atraente sobre mim?” Amane resmungou baixinho, sem querer.
Mahiru enrijeceu e fixou os olhos nele, o que o fez imediatamente se arrepender de suas palavras.
Mesmo para um perdedor lamentável como Amane, implorar por elogios era demais. De qualquer forma, não havia chance de que Mahiru pensasse nele como alguém que era legal quando tinha sido dito por muitas outras pessoas que ele era preguiçoso, patético e tardio.
Amane desviou os olhos, concluindo que era um erro sequer esperar tais palavras dela. Mas Mahiru não desviou o olhar.
"Você é atraente."
Amane não podia acreditar em seus ouvidos quando ouviu essas claras palavras enunciadas.
“Para ser honesta, você é fofo, mas também é legal. Mais do que qualquer um, em meus olhos.”
"... Você não precisa se forçar a me lisonjear."
"Que rude. O que eu ganharia mentindo para você? Estou apenas dizendo o que penso."
"... Você está exagerando e não tem gosto por homens."
Amane estava trabalhando para se tornar uma versão melhor de si mesmo, mas ele não achava que ele era especialmente desejável. Então, mesmo quando Mahiru o elogiou, ele não se permitiu acreditar nela. Principalmente depois que ela continuou falando sobre como ele era fofo.
“Então, qual é a sua definição de ‘legal’, Amane?”
Amane estava carrancudo e Mahiru gentilmente olhou para ele.
(Mahiru) “Para mim, acho que para ver um cara como charmoso, você precisa ter tudo sobre sua personalidade em conta, desde a aura ao redor ele, como ele se comporta, suas palavras, ações e expressões. Pensar que a atratividade é apenas uma questão de aparência parece muito superficial para mim.”
“B-bem, isso é verdade, mas...”
“Olhando para você objetivamente, eu não diria que você é bonito o suficiente para cativar todos que olham para você. Mas seu rosto é bem proporcionado e, como eu disse antes, aparência não é a única coisa que torna alguém atraente. Você é talvez um pouco sarcástico, mas você é sempre educado, você tem boas maneiras, é cavalheiresco e gentil. Você está sempre estendendo a mão para os necessitados, mesmo que você finja ser frio e distante. Você é cauteloso, mas você é confiável quando precisa ser. Olhando para você como um todo, você é atraente, Amane. Claro, não posso negar que minha opinião e preferências pessoais são consideradas nessa avaliação, mas você é muito legal, então, por favor, tenha um pouco mais de confiança.”
"C-chega, eu entendi, eu tô escutando você, então-"
“Você não entendeu. Você não tem nenhuma autoconfiança, então se eu não lever sério e dizer-lhe—”
"Eu disse que é suficiente!"
Mahiru ficou mais insistente enquanto falava, e antes mesmo dela finalizar, Amane se viu gemendo de vergonha. Se Mahiru o lisonjeasse ainda mais, ele sentiu como se fosse explodir em lágrimas de vergonha, então ele tinha que fazer algo para impedi-la de continuar a listar seus muitos méritos. Ele respirou fundo para tentar de alguma forma acalmar seu coração, que estava enviando calor irradiado até seu rosto, como se ele já não estivesse envergonhado o suficiente. Ele se sentia que suas bochechas provavelmente pareciam tão vermelhas quanto maçãs maduras, e mesmo Mahiru, que acabava de elogiá-lo, acharia isso patético.
O fato de Mahiru ter Amane em alta consideração de alguma forma afundou dentro - estava claro para ele, então ele não precisava mais dela para continuar nenhum outro detalhe. Os elogios dela só deixaram seu coração mal. Ele sentiu tanta alegria e vergonha com a ideia de que ela o valorizava tanto que ele não podia aguentar mais estar lá. Ele queria fugir.
Os olhos de Amane dispararam ao redor enquanto ele tentava desesperadamente se livrar do calor e humilhação que tomaram conta de seu corpo.
Mahiru olhou para ele e sorriu amplamente, obviamente encantada. "... Isso é o que há de tão fofo em você, Amane."
Era um pouco tarde, mas Amane finalmente entendeu o que Mahiru estava tentando dizer. Ele olhou para ela; seu rosto ainda estava vermelho.
“Se você tentar dizer mais alguma coisa, terei que impedi-la de alguma forma.”
"... Oh, e como você vai fazer isso?"
“O que você quer dizer, como? Eu vou conseguir, tenho certeza.”
"Bem, você não me assusta nem um pouco."
Mahiru não parecia que iria se conter. Ainda sorrindo, ela gentilmente estendeu as mãos em direção ao rosto de Amane.
Ele podia sentir os dedos frios de Mahiru pressionando contra suas bochechas febris. Gentilmente, ela virou o rosto dele para que ele olhasse diretamente para dela.
“…Não importa o que você diga, mesmo que não ache que seja verdade, para mim, você é atraente, Amane. Você não precisa se preocupar com isso; eu posso ver todas as melhores partes de você.”
Ela estava muito perto dele, e sua voz era brilhante como os raios de sol da primavera, refrescante e claro. Suas palavras lentamente acariciaram seu coração enquanto ela o elogiava suavemente. O calor e o carinho em seus olhos caramelos o deixaram sem fôlego, enquanto eles refletiam ele e apenas ele.
…Não consigo…
Amane sentiu um calor que nunca havia experimentado antes. Ele não poderia senão conseguir um gemido, ou mesmo desviar os olhos. Ele apenas ficou parado lá, aquecendo-se no esplendor de Mahiru.
Então, de repente, o sorriso de Mahiru mudou para algo muito mais suave.
"Você é adorável."
No momento em que ele a ouviu sussurrar docemente, um formigamento agradável correu por sua espinha, e o calor aquecendo todo o corpo de Amane cresceu ainda mais forte sob o olhar de Mahiru.
Antes que ele percebesse, ele agarrou seus dedos delicados os retirou de sua bochecha, e em um único, movimento suave, tinha pressionado Mahiru contra o encosto do sofá, trazendo seu rosto para muito perto do dela.
Havia apenas um palmo de distância entre eles.
Amane manteve sua palavra, fechando a boca de Mahiru com a mão contra seus lábios enquanto ele a encarava.
Os olhos cor de caramelo espreitando por longos cílios que quase pareciam que uma cortina nebulosa estava aberta de surpresa.
Essa foi por pouco, pensou Amane.
Se ela o tivesse olhado com aqueles olhos, se ela o tivesse agitado ainda mais, ele poderia ter perdido todo o controle por um momento. Se ele não exercesse o pouco autocontrole que tinha para detê-la, ambos teriam dado o seu primeiro beijo.
Por mais que ele tivesse gostado de continuar e gradativamente removido o seu "primeiro", Amane foi trazido de volta à realidade pelos sinos de alarme urgentes da razão tocando em sua cabeça. Ele estava grato que ele havia escolhido um curso de ação do qual não se arrependeria mais tarde.
Mahiru, que estava calma e controlada até um momento antes, enrijeceu quando ele tocou seus lábios, e uma cor carmesim clara se espalhou sobre suas bochechas em um instante.
Amane sorriu quando viu que ela não tinha melhorado nada em lidar com surpresas repentinas. Lentamente, ele levantou a mão dele dos seus lábios.
Eles ainda estavam perto o suficiente para que, se ele mexesse um pouco os dedos, eles teriam escovado o rosto dela, mas em vez de se afastar um pouco, ele lentamente colocou os lábios perto de sua orelha e sussurrou: “...Se você disser algo assim de novo, eu vou puxar minha mão, e realmente fechar a sua boca."
Embora ele não pudesse ver o rosto dela, Amane podia sentir Mahiru estremecer.
No entanto, ela não o afastou ou tentou bloqueá-lo. Sentindo-se aliviado, Amane gradualmente recuou. Ele estava de repente envergonhado com o quanto ele queria ver o rosto de Mahiru, e ele desviou o olhar com culpa.
Na verdade, ele já estava se sentindo intensamente envergonhado por sua súbita, ousadia imprudente, e ele se moveu para se levantar do sofá. Ele sabia que ele não estava pensando direito, e que o que ele precisava era conseguir alguma distância real e física dela por um momento.
Mas quando ele começou a se levantar, sentiu alguma resistência. Ele olhou até onde ele sentiu algo puxando-o, então no próximo momento, um cheiro doce encheu seu nariz.
Em um piscar de olhos, fios de ouro brilhante dançaram por ele, e ele sentiu algo macio roçar uma de suas bochechas ainda coradas.
Então ele ouviu o som de chinelos no chão e o eco de passos que eram mais selvagens e inquietos do que ágeis. Mahiru se foi, e era como se tudo o que ele havia sentido tivesse sido uma ilusão.
Ele reconheceu o estrondo de sua porta da frente batendo, e Amane levou a mão à bochecha onde algo macio havia tocado.
"-Por que?" ele murmurou, mas naturalmente não houve resposta.
Esgotado de toda a energia, espírito e compostura, Amane afundou no sofá e olhou para o corredor onde o turbilhão de linho tinha desaparecido.
Mahiru não voltou ao apartamento de Amane pelo resto do dia.