O Anjo da Porta do Lado me Mima Demais Japonesa

Tradução: Mie

Revisão: Saki


Volume 1

Um Resfriado... E Sendo Cuidado Por Um Anjo

Amane, seu fungar é irritante.”

“Você é irritante..”

No dia seguinte, foi Amane que acabou pegando um resfriado.

Como seu colega de classe e um bom amigo Itsuki Akazawa havia apontado, Amane estava tentando e não conseguindo aspirar tudo de volta para seu nariz. Tentar só resultou em um som terrível, úmido e borbulhento.

Amane não tinha certeza se isso era porque seu nariz estava entupido ou como resultado do próprio frio, mas também, uma dor latejante se espalhava pela parte de trás de sua cabeça. Ele tinha tomado alguns remédios sem receita, no entanto não estava fazendo efeito algum em seus sintomas.

Realmente, Amane estava com um olhar triste. Seu rosto com congestão nasal, torcido em angústia, enquanto ele se familiariza bem com um lenço de papel.

Itsuki olhou para ele, não preocupado, mas exasperado.

“Cara, você estava bem ontem."

“Fui pego pela chuva.”

“Aw, não fique cabisbaixo. Espera, você não tinha um guarda-chuva ontem?.”

"Eu dei ele para alguém.”

Naturalmente, não tinha nenhuma chance de que Amane pudesse admitir na escola que ele tinha dado seu guarda-chuva para Mahiru, então ele manteve as coisas vagas.

Aliás, mais cedo naquele dia ele teve um vislumbre da Mahiru. Ela parecia muito bem, nada doente. Amane não podia deixar de rir. As coisas ficaram totalmente invertidas. Foi culpa dele mesmo, ele esqueceu de se aquecer no banho quando chegou em casa.

 “Não acha que você estava sendo um pouco legal demais, emprestando seu guarda-chuva quando estava chovendo daquele jeito?”

“Não exatamente. e mesmo se fosse por isso, não adianta mais reclamar sobre agora.”

“E de qualquer forma, para quem você deu o guarda-chuva? Por quem valia a pena pegar um resfriado?”

"A, hm, uma pequena criança perdida?”

Não posso realmente chamar ela de criança com aquele corpo, no entanto…bem, isso e o fato de sermos da mesma idade. Embora, seu rosto parecesse meio perdido…

Uma coisa veio à mente quando Amane pensou no encontro incomum dessa maneira. A expressão dela estava exatamente sendo de uma pequena criança perdida procurando pelos pais.

“Bom, que tipo de cavalheiro gentil e honrado você é!”, Itsuki riu, sem saber do sentimento borbulhando no peito de Amane enquanto ele se lembrava do seu encontro com Mahiru no dia anterior. 

“Mas, você sabe, mesmo se você deixou alguém pegar seu guarda-chuva emprestado ou como quiser, eu aposto que o real problema foi que você ficou com preguiça e não se esquentou depois. É por isso que você está morrendo."

“Como você sabe disso?” Amane retrucou.

“Bom, você tecnicamente não cuida de si mesmo. Isso ficou muito óbvio no momento em que eu vi sua casa. Por isso ficou doente, idiota.”

Amane não poderia realmente discutir com os instintos amigáveis de Itsuki. Era verdade que Amane não tinha um estilo de vida muito saudável. Se for parar para pensar, ele era ruim em manter as coisas organizadas e seu quarto estava sempre em uma bagunça completa. Além do mais, ele subsiste com uma dieta de refeições de lojas de conveniência e suplementos nutricionais. A única vez que ele teve uma refeição decente, ocorreu quando ele saiu raramente para comer fora. Itsuki frequentemente ficava irritado com ele, perguntando-lhe como ele podia viver assim.

Sabendo que seu amigo tinha esses hábitos, Itsuki não se surpreendeu de forma alguma que Amane tinha pego um resfriado da noite para o dia.

“Você deve ir direto para casa e descansar. Amanhã é sábado, portanto, concentre-se em ficar melhor.”, aconselhou Itsuki.

“Eu irei…” Respondeu Amane

“Se ao menos você tivesse uma garota legal para cuidar de você até melhorar como eu tenho.” Os lábios de Itsuki se curvaram em uma ligeira vanglória.

“Cala boca. Não preciso ouvir isso de um cara que já conseguiu uma namorada.’ Amane deu um tapa na caixa de lenços  à sua frente com as costas da mão, intensamente irritado.

Com o passar do dia, a condição de Amane continuou a piorar.

As dores de cabeça e o corrimento nasal foram só o começo para as dores de garganta e um cansaço que permeou todo o seu corpo. Mesmo que ele tenha corrido para a casa depois da escola, seu corpo parecia estar perdendo a batalha contra a doença, e seus passos eram dolorosamente lentos.

Eventualmente, ele chegou ao saguão de seu apartamento e forçou suas pesadas pernas para chegar ao elevador, onde ele encostou na parede. Sua respiração era mais áspera que o normal, e ele se sentiu quente.

De alguma maneira, Amane tinha sido capaz de suportar esses sintomas enquanto ele estava na escola, mas ele deixou sua guarda baixa agora que sua casa estava à vista, e sua condição de repente piorou ainda mais. Até mesmo a sensação de flutuar no elevador, que normalmente não era uma preocupação, agora era uma fonte de agonia monótona.

Quando o elevador eventualmente parou no andar de Amane, ele cambaleou pesadamente e começou a se arrastar até ao seu apartamento. Quase imediatamente, ele foi encarado por uma visão que o levou a parar, no entanto.

Bem ali na frente dele estava a garota com quem ele não esperava falar novamente, seus cabelos de linho cintilantes agitando na brisa. As suas características encantadoras estavam cheias de vida, sua tez vibrante e resplandecente. 

Apesar de ela ter sido definitivamente a candidata mais provável a pegar um resfriado, ela estava saudável como deveria estar. Os benefícios de seu autocuidado estavam em exibição vívida.

Em suas mãos, Mahiru estava agarrando o guarda-chuva que Amane lhe deu no dia anterior, bem dobrado e fechado.

Ela deve ter vindo para devolvê-lo, embora eu tenha dito a ela que não precisava, raciocinou Amane.

"Sério, você não precisa me devolver isso,” Ele disse em voz alta.

“É natural devolver alguma coisa que você emprestou…” Mahiru hesitou assim que deu uma boa olhada no rosto de Amane. “Hm. Você está com febre, não está…?”

"Não tem nada a ver com você.”

Amane franziu a sobrancelha. Talvez esse foi o pior momento possível para encontrar Mahiru e tudo por um estúpido guarda-chuva, também. Era o tipo de coisa que não deveria ter valido a pena o problema de voltar. Mahiru era inteligente, de qualquer forma, e com certeza descobriria rapidamente como Amane pegou um resfriado.

“Mas você só ficou doente porque você me emprestou seu guarda-chuva…”

“Isso não tem nada a ver. Além disso, eu emprestei-o por capricho.”

“Com certeza tem a ver. O fato de você ter pego um resfriado foi porque eu estava lá na chuva.”

“Eu disse que está tudo bem, sério. Não é nada que você precise se preocupar.”

Pela perspectiva de Amane, ele tinha feito um favor por satisfação própria, e ele não queria que ela se preocupasse agora.

No entanto, não parecia provável que Mahiru simplesmente o deixasse em paz. A ansiedade foi descrita através de suas graciosas características.

"Então sim, está tudo bem. Até mais.” O vai e vem deles estava ficando cada vez mais cansativo, então Amane decidiu forçar sua saída dos questionamento e preocupação de Mahiru.

Balançando e cambaleando, ele arrancou o guarda-chuva dela e tirou as chaves do bolso dele. Tudo estava indo bem, até agora. Infelizmente Amane se atrapalhou um pouco enquanto abria a porta de seu apartamento. No momento que ele conseguiu abrir, todas as forças do seu corpo se foram.

Talvez a sensação de alívio ao finalmente entrar em sua casa tenha sido o motivo de como seu corpo caiu inesperadamente em direção ao corrimão atrás dele.

Embora Amane estivesse alerta, ele confiava que o corrimão era forte o suficiente para não quebrar, e ele não acabaria caindo. Certamente iria pegá-lo, e ficaria bem.

O impacto provavelmente vai machucar um pouco, mas eu acho que não há como evitar isso…, pensou Amane, resignando-se à dor.

No entanto, alguém segurou firmemente seu braço e o puxou de volta para a posição vertical.

"Como eu pensei, eu não posso te deixar sozinho desse jeito.” Amane ouviu uma voz frágil através de sua bruma febril. “Eu irei retribuir o favor.”

A cabeça de Amane girou enquanto tentava entender as palavras, mas logo ele desistiu rapidamente. Antes dele entender o que estava acontecendo, Mahiru havia apoiado o seu corpo mole, e abriu a porta de seu apartamento.

“Eu irei te ajudar lá dentro. Não existe outra forma, então por favor me desculpe pela intrusão.”

Amane, que estava com febre, não tinha força de vontade para resistir. Ele foi puxado, entrando no seu apartamento com uma garota de sua idade, pela primeira vez em sua vida. Era verdade que ele não tinha uma namorada para cuidar dele até melhorar, mas parecia que o anjo tinha descido dos céus para ficar em seu lugar.

Completamente confuso com a febre, Amane havia esquecido tudo sobre o estado lamentável de sua casa até que fosse tarde demais. Só quando ele viu a condição que a sua casa estava que ele começou a se lamentar por ter deixado Mahiru entrar.

Seu apartamento era espaçoso. Tinha até um quarto de hóspedes além do seu e um principal espaço de convivência.

Era uma moradia bastante extravagante para uma pessoa que mora sozinha, mas os pais de Amane estavam razoavelmente bem de vida e decidiram sobre este lugar depois de considerar a segurança do bairro e a conveniência de transporte nas proximidades. Amane sempre pensou que gastar tanto dinheiro com moradia era algo desnecessário. De qualquer forma, o apartamento era muito grande para uma única pessoa. Ainda assim, seus pais insistiram, e ele não ia reclamar.

Deixando isso de lado, Amane morava sozinho e era um típico adolescente. As coisas não estavam mantidas, especialmente arrumadas. Vários itens estavam espalhados por toda a sala, escusado assim por dizer, que havia o estado do quarto.

“Isso é lamentável demais para ser visto.” O anjo, salvador de Amane, lhe deu uma avaliação franca de suas condições de vida. Tal aspereza contrastava com seu charme e aparência.

Amane dificilmente poderia argumentar, foi realmente uma visão lamentável. Se ele soubesse que fosse trazer um estranho para sua casa, ele talvez teria mudado um pouco algumas coisas, arrumado um pouco, mas agora era tarde demais para isso.

Mahiru deixou um suspiro escapar de seus lábios brilhantes, mas determinada, ela começou a mover Amane até seu quarto. Eles quase tropeçaram no caminho, e Amane prometeu fazer uma limpeza séria em breve.

“Primeiro, eu irei sair por um momento, então por favor vá em frente e troque de roupas antes que eu volte. Você consegue fazer isso, certo?” Mahiru perguntou.

“Você vai voltar?”

“Minha consciência nunca me deixaria descansar se eu te deixasse sozinho assim, até para dormir,” Mahiru respondeu diretamente, aparentemente sentindo-se da mesma forma agora que Amane se sentiu para ela quando estava encharcada no dia anterior.

Amane não discutiu mais. Depois de Mahiru deixar o quarto, ele obedientemente fez como ela pediu e começou a trocar de uniforme escolar.

“Isso é realmente uma bagunça, não há nenhum lugar para pisar, como alguém pode viver em lugar assim…?”

Enquanto ele estava se trocando, Amane ouviu uma voz exasperada, uma voz silenciosamente próxima do quarto, e se sentiu bastante envergonhado.

Depois de trocar de roupas, ele foi se deitar e sem perceber acabou adormecendo, porque quando ele conseguiu erguer novamente suas pesadas pálpebras, os cabelos linhos foi a primeira coisa que viu.

Seguindo os cabelos, Amane olhou para cima para ver Mahiru parada silenciosamente ao seu lado, olhando para ele. Toda a cena parecia algo saído de um sonho.

"Que horas são?” Perguntou Amane, confuso.

“Sete da noite,” Mahiru respondeu normalmente. “Você dormiu por várias horas.”

Enquanto Amane se levantava, Mahiru entregou a ele uma bebida esportiva que ela havia colocado em um copo. Ele aceitou com gratidão e levou-o aos lábios, então finalmente foi capaz de dar uma olhada em seus arredores.

Talvez seja porque ele tinha dormido, mas ele se sentia um pouco melhor do que antes.

Ele percebeu que sua cabeça estava fria e pressionou sua mão na testa. Quando ele fez isso, seus dedos sentiram uma sensação levemente áspera, como tecido.

Havia uma folha de resfriamento presa a ele. Amane tinha certeza que não havia nenhum desses em sua casa, e ele olhou para Mahiru.

“Eu trouxe-o de casa,” Ela respondeu imediatamente.

Amane não tinha folhas de resfriamento em seu apartamento e nem bebidas esportivas. Mahiru deve ter trazido isso também.

"Obrigado. Desculpe por todo o incômodo.”

“Tudo bem.”

Não havia nada que Amane pudesse fazer além de sorrir amargamente com a resposta curta de Mahiru.

Mahiru só se ofereceu no papel de enfermeira porque se sentia culpada. Isso definitivamente não significava que ela genuinamente queria passar o tempo com Amane. Ele tinha certeza disso. Ela apenas estava conversando com um garoto que ela mal conhecia e sozinho em seu apartamento, não menos. Ela se certificaria de que não houvesse mal-entendidos sobre como ela se sentia apenas natural.

“Por enquanto, eu trouxe para você o remédio que estava em cima da sua mesa. É melhor tomá-lo com alguma coisa no estômago…você está com fome?” Mahiru perguntou gentilmente.

“Mm, um pouco,” Amane respondeu.

“Oh, sério? Bom, nesse caso eu fiz um mingau de arroz, então você pode comer alguns.”

"Huh, você mesma os fez?”

“Tem mais alguém aqui além de mim? Se você não quiser, eu irei comer tudo sozinha.”

“Não, eu quero comer! Por favor, me deixe comê-los"

Amane nunca tinha pensado que Mahiru preparou uma refeição caseira para ele. Por um momento, ele foi pego com a guarda baixa.

Fracamente, ele não tinha ideia se Mahiru sabia cozinhar, mas nunca ouviu falar de algum rumor sobre ela reprovar nas aulas de culinária, então ele estava confiante de que não seria horrível.

Embora Mahiru parecesse surpresa com a reverência repentina de Amane e a insistência de que ele iria comer sua comida, ela assentiu antes de entregar a ele o termômetro que estava na mesa lateral.

 “Eu irei trazer o mingau para você, então pegue o termômetro primeiro.”

“Okay,” Disse Amane, tirando o termômetro de sua manga. Ele começou a desabotoar sua camisa, e Mahiru rapidamente se virou.

“Faça isso depois que eu sair do quarto, por favor.” Houve um ligeiro aumento em sua voz, e Amane espiou que as bochechas pálidas da garota estavam tingidas de vermelho.

Amane não pensou duas vezes antes de tirar a camisa na frente dela. Ele não considerou, não havia nada para se preocupar, mas Mahiru estava claramente nervosa. Talvez ela não fosse acostumada a ver muita pele.

As bochechas de alabastro de Mahiru estavam levemente rosadas, e ela manteve o rosto corado virado para longe, tremendo. Até as pontas de suas orelhas pareciam estar mudando de tom, fazendo-a timidez quase palpável,

…Ah, acho que meio que entendo porque todos os outros garotos estão sempre dizendo que ela é fofa.

Amane nunca negou que ela era bonita, mas ele nunca teve qualquer sentimento especial por ela além de apreciação comum pela beleza gentileza dela. Ele a via como uma obra de arte e se contentava em apenas admirá-la como se fosse uma obra prima distante.

No entanto, Mahiru não era mais uma coisa distante. Ela estava no apartamento dele, olhando ligeiramente nervosa e tímida. Naquele momento, Amane a viu como uma garota e não como uma ídolo, e era estranhamente adorável.

Os dois não tinham o tipo de relação onde Amane poderia simplesmente dizer que achou Mahiru bonita, entretanto. Provavelmente seria estranho se ele tentasse, é por isso que ele resolveu guardar suas impressões para si mesmo.

"Bom, então, você acha que poderia ir pegar o mingau de arroz?” Ele perguntou.

“V-você não precisa me avisar,” Mahiru respondeu desdenhosamente. “Eu já volto.” Ela se virou e saiu rapidamente, seus passos se afastando.

Demorou algum tempo para Mahiru sair, talvez seja porque ela estava tremendo ou talvez por causa de toda a bagunça. Provavelmente por causa da bagunça.

Depois de observá-la vagamente partir, Amane se perguntou novamente sobre como as coisas haviam acontecido. Assim, soltou um suspiro suave que não era bem um suspiro.

Bom, acho que ela apenas se sente culpada pelo o que aconteceu.

Normalmente, seria impensável seguir um estranho até seu apartamento. É muito perigoso; ela poderia ser atacada ou algo do tipo. Mahiru ter se arriscado tanto pelo Amane deve significar que ela estava preocupada com ele. Talvez sua aparente falta de interesse tenha ajudado a deixá-la à vontade. De qualquer maneira, Amane acha que isso não importava. Ele tinha certeza que Mahiru o estava ajudando apenas por uma sensação de obrigação.

A mente de Amane, ainda ligeiramente delirante de febre, continuou a vagar enquanto ele esperava. Então veio uma hesitante batida na porta.

“Eu trouxe o mingau.”

Ao som da voz preocupada de Mahiru na sala ao lado, Amane se lembrou que novamente que ele afrouxou a roupa para medir a temperatura.

“Eu ainda não chequei minha temperatura,” Ele falou de volta.

“Achei que eu tinha dito para você chegar enquanto eu estava fora do quarto, de qualquer forma…”

“Desculpe, eu fiquei viajando.”

Amane se desculpou humildemente e enfiou o termômetro na axila. Depois de alguns segundos, soltou um bipe eletrônico abafado. Quando ele tirou para fora e olhou para a tela, mostrou uma temperatura de 38,3 graus celsius. Não era o suficiente para ir a um hospital, mas era bastante alto.

“Certo, eu terminei,” Disse Amane enquanto vestia sua camisa de volta.

Mahiru entrou com uma óbvia apreensão, carregando uma bandeja com uma tigela nele. Ela parecia aliviada, talvez seja porque havia colocado suas roupas.

“Qual a sua temperatura?” Perguntou Mahiru.

“Trinta e oito ponto três. Estarei melhor depois de tomar alguns remédios e conseguir dormir mais.”

“Os remédios de venda livre apenas tratam os sintomas e não eliminam o vírus em si, você sabe. Você precisa descansar adequadamente e deixar seu sistema imunológico fazer seu trabalho.”

Uma repreensão tão dura, mesmo vindo de um lugar de preocupação, Amane ficou constrangido.

Mahiru suspirou exasperada e colocou a bandeja e a tigela na mesa lateral, depois abriu a tampa. Dentro estava o mingau de arroz com ameixas em conserva. Parecia severamente diluído, talvez 70% de mingau para 30% de água. Talvez Mahiru tivesse feito isso intencionalmente porque pensou que seria mais fácil para o estômago de Amane. Ela provavelmente adicionou as ameixas por causa de sua reputação de serem boas contra o resfriado.

O prato não estava fervilhando, mas exalava um leve calor. Amane adivinhou que Mahiru não o trouxe direto do fogão, mas fez questão de deixá-lo esfriar um pouco primeiro.

Ignorando Amane enquanto ele olhava para o mingau, Mahiru colocou um pouco em uma tigela menor. Com uma mão claramente treinada. Ela quebrou um pouco a fruta em conserva para ele e aparentemente até removeu cuidadosamente os caroços. O vermelho das ameixas e o branco do arroz misturado facilmente.

“Aqui está. Não deve estar muito quente.”

“Mm, Obrigado.”

Mahiru olhou perplexa ao receber a tigela, mas então ele apenas olhou no mingau enquanto sua colher pairava sobre ele.

"O que? você quer que eu te alimente? Desculpe, mas isso não está no cardápio,” Mahiru afirmou.

“Ninguém pediu por isso, okay? É que…Então eu acho que você também sabe cozinhar, né?” Amane perguntou.

“Eu moro sozinha, então é claro que eu sei.” As palavras da garota doeram, e uma lembrança pesada de Amane das falhas do próprio trabalhos domésticos vieram. “Mas antes de aprender a cozinhar, você deve limpar seu quarto, Fujimiya.”

“Sim, senhora.”

Mahiru tinha rapidamente colocado ele completamente em seu lugar. Amane resmungou silenciosamente, e pegou um pouco do mingau, enfiando a colher na boca na tentativa de acabar com a conversa.

O sabor levemente salgado do arroz se espalhou por sua língua enquanto ele comia o mingau. O sabor conserva das ameixas misturou junto. Era realmente um prato com um perfeito equilíbrio de sabores.

Amane não gostava de ameixas conservas muitos salgados, mas essas tinham um sabor mais suave e um pouco de doçura. Na verdade, dessa forma era um dos seus preferidos. Muitas vezes, ele gostava de tomar chá verde de arroz junto com ameixas em conserva.

“O mingau está bom.”

“Obrigada, por dizer isso. Embora você tenha comido apenas uma colher, eu acho que você provavelmente sentiu todos os sabores.” Mahiru respondeu aparentemente desinteressada, exceto por começar a dar um leve sorriso.

Sem querer, Amane se pegou olhando fixamente para a bela garota com uma expressão aliviada. Algo nesse sorriso parecia bem diferente do sorriso mais extrovertido que ela ocasionalmente fazia na escola.

"Fujimiya?” Perguntou Mahiru.

“Desculpe, não é nada,” Ele respondeu.

Amane achou uma pena que um sorriso tão bonito tivesse passado tão rápido, embora ele tenha guardado isso para si mesmo. Por outro lado, ele começou a pegar mais colheres de mingau e comê-los.

"Seja como for, hoje você descansa. E certifique-se de restabelecer suas forças. Se você precisar enxugar o suor depois, use isso. Eu coloquei um pouco de água na bacia, então certifique-se de lavá-lo depois de secar, tá bom?"

Depois de Amane acabar de comer, Mahiru rapidamente tinha preparado uma bebida esportiva lacrada, pronta para ser consumida. Preparou a bacia com água, colocou uma toalha e lençóis de resfriamento reserva. Tudo isso foi colocado cuidadosamente a uma mesa do lado no quarto de Amane.

De forma alguma Mahiru ficaria na casa de uma garoto que ele mal conhecia.

Amane não teria resistido se ela tentasse ficar. Entretanto, Mahiru preparou tudo que Amane poderia ter precisado enquanto descansava, e ele estava grato pelos feitos dela, embora ele tenha encarado ela o tempo todo enquanto deixava tudo pronto.

Isso era muito para retribuir com apenas favor. Depois que tudo acabar, eu acho que nós não teremos mais muita razão para interagir. Isso é só algo pontual, uma ocorrência estranha, só isso.

Bom, já que não vamos conversar nunca mais, não acho que tenha problema perguntar sobre aquilo que eu queria saber.

Seja por causa do remédio, ou por ter dormido, a cabeça de Amane parecia mais clara, no entanto ele ainda estava cansado.

“Ei, tem uma coisa que eu estava me perguntando…,” Ele começou.

“O que seria?” Mahiru se virou para olhá-lo de onde estava arrumando todas as coisas importantes que ele precisaria.

“Por que você estava sentada naquela chuva? Você brigou com seu namorado ou alguma coisa do tipo?” O comportamento estranho que começou toda essa cadeia de acontecimentos estava na mente de Amane que ele havia notado pela a primeira vez. Mahiru estava balançando para trás e para frente naquela chuva. O que ela poderia estar fazendo ali?

Foi exatamente porque Amane estava curioso sobre a levemente semelhança da Mahiru para uma pequena criança perdida que ofereceu seu guarda-chuva em primeiro lugar. Mas de qualquer forma, ele nunca descobriu o porquê dela estar naquela tempestade.

Amane tinha pensado que ela estava esperando por alguém, então ele achou que era algum namorado dela, mesmo se perguntando se ela e seu namorado tiveram alguma discussão. Em resposta à pergunta de Amane, Mahiru o olhou como se estivesse aborrecida.

“Desculpe, mas eu não tenho namorado, e eu não planejo ter algum,” Ela respondeu.

“Que? Por quê?” Amane respondeu quase sem pensar.

“Me deixe te perguntar, por que você assumiu que eu estava namorando com alguém?”

“Com o quão popular você é, eu pensei que você pelo menos teria um ou dois namorados.”

Algo sobre esse vaivém fez Mahiru parecer uma garota normal para Amane. Ela era bondosa, mas com muita força de vontade. Entretanto, para outras pessoas, ela parecia diferente de como ele a enxergava. Mahiru era uma garota linda, arrumada, doce, quieta e humilde. Seu rosto bonito, tão adorável que frequentemente era chamada de anjo, cabeças viradas para ela para qualquer lugar que fosse, e seu corpo era pequeno, mas possuía curvas abundantes. A visão mais breve dela induzia uma sensação momentânea de querer protegê-la. Essa qualidade, combinada com seu excelente senso de estilo, faz dela algo desejado para muitos estudantes.

Além disso tudo, suas notas sempre se mantiveram no topo entre as classes, e ela era uma atleta excelente. E também, Amane logo tinha acabado de aprender em primeira mão que ela era ótima em cozinhar. Isso certamente não prejudicaria sua popularidade.

Apenas um olhar foi suficiente para saber que existia muitos garotos que estavam atrás dela, e Amane sabia com toda a certeza que até alguns dos seus próprios colegas tinham sentimentos românticos por Mahiru. Ela poderia ter escolhido alguém dessa multidão, e por isso não tinha passado pela cabeça dele que talvez ela não estaria saindo com alguém.

Foi isso que Amane quis dizer quando falou aquilo sobre um ou dois namorados, mas no momento em que ela ouviu essas palavras, a expressão de Mahiru ficou dura por um momento.

“Eu não tenho um namorado, e mais, eu não sou o tipo de garota que faria companhia para vários garotos ao mesmo tempo. Isso está absolutamente fora de questão.

Os olhos de Mahiru estavam frios, eles davam calafrios na espinha de Amane. Ele percebeu imediatamente que ele pisou em algum tipo de bomba social.

Pode ter sido por causa de sua febre, mas ele sentiu um calafrio passar por ele, e o quarto de repente parecia mais frio.

"Desculpe, não foi isso que eu quis dizer. Me perdoe,” Disse Amane.

"Não, sinto muito por ter exagerado.”

Mahiru curvando sua cabeça parecia dispersar a atmosfera fria e tensa do quarto. Mais do que ter “exagerado”, a resposta fria de Mahiru à pergunta de Amane foi como uma nevasca, embora ele soubesse que não deveria apontar isso.

“De qualquer forma, não era isso que estava acontecendo. eu só estava tentando esfriar um pouco a cabeça naquela chuva…E eu realmente sinto muito que você tenha pego um resfriado porque estava preocupado comigo,” Mahiru explicou.

"Tá tudo bem. foi decisão minha, de qualquer forma. Eu me sinto meio culpado por tudo isso, na verdade. Eu só te dei o guarda-chuva no calor do momento. Irei tentar não incomodá-la depois que tudo isso acabar.

Amane sabia que Mahiru só estava ali para ajudar com alguma sensação de obrigação. Mas quando ela ouviu o que ele tinha a dizer, ela piscou algumas vezes e deu um olhar curioso. Isso deve ter deixado ela integrada, saber que ele não a incomodaria novamente.

“Nós não temos nenhuma razão para interagir, então não é como se isso fosse grande coisa. Quero dizer, mesmo que você seja a garota mais bonita da nossa série e um gênio, e a chamam de anjo, eu não estava tentando me conectar a você, eu juro. Você não acha que isso foi algum tipo de esquema ou coisa do tipo, acha?” Amane perguntou.

Mahiru olhou um pouco para o lado sem jeito. Um sorriso amargo se espalhou pelos lábios, como se ela tivesse esperando que Amane dissesse essas mesmas palavras. Finalmente, ele compreendeu que ela não estava apenas agindo cautelosamente. Mahiru provavelmente tinha acabado nesse tipo de situação algumas outras vezes. Um cara tentando ficar com uma linda garota fazendo-a se sentir em dívida, infelizmente, não é algo novo.

Isso explica o porquê de Mahiru ter sido tão cautelosa com Amane naquela chuva. Ela não tinha ficado chateada com ele, apenas estava tentando se proteger.

“Deve ser tão irritante. Ser incomodado por caras que você nem gosta.” Disse Amane 

“Bom, isso é verdade, mas…” A voz de Mahiru se afastou.

“Acertei.” Brincou Amane, um pouco surpreso por ouvi-la admitir.

Então a estudante calma, charmosa, modelo, na qual todo mundo faz tanto alarde, aquele que todos chamam de anjo, tem coisas que ela não gosta. Por que, até mesmo ela fica irritada de vez em quando, assim como o resto de nós, mortais. O pensamento de Amane deu uma repentina impressão que ele estava vendo pela primeira vez a verdadeira Mahiru.

Infelizmente, a forma que ela olhou para Amane parecia indicar que ela estava realmente lamentando-se por tê-lo conhecido. Parecia que ela estava arrependida por ele fazê-la mostrar seus verdadeiros sentimentos.

Mais uma prova de que a estudante de honra angelical tem emoções reais escondidas no fundo, Amane pensou.

“Eu realmente não vejo problema com isso,” Amane admitiu. “Na verdade, eu estou aliviado. É bom saber que até o anjo acha essas coisas irritantes quanto os humanos normais.”

"Por favor, pare de me chamar assim.” Obviamente Mahiru odiava o título que os outros lhe deram. Com um olhar de desaprovação, ela continuou a olhar para Amane.

Até mesmo seu desagrado pareceu interessante para Amane, que sorriu novamente e disse:

“Não se preocupe, não irei te incomodar de novo sem alguma boa razão.”

Os olhos de Mahiru se arregalaram como se ela tivesse sido pega de surpresa por ele. Com um leve sorriso cruzando seus lábios, ela se curvou bruscamente e saiu.

Amane deitou-se na cama, olhando vagamente para o teto enquanto pensava em Mahiru.

Embora o remédio tenha surtido efeito, sem nenhuma surpresa, ele ainda estava sentindo-se lento. Se ele relaxasse, o sono com certeza o deixaria novinho em folha em pouco tempo.

Ninguém acreditaria nele se dissesse que havia sido cuidado pelo anjo até ele ficar melhor, um anjo com uma língua surpreendentemente afiada. Os eventos do dia eram um segredo compartilhado apenas por Amane e Mahiru.

É um pouco estranho chamar isso de segredo. É mais por ser uma verdadeira dor de cabeça ter que explicar a história toda. É mais fácil não contar para ninguém, só isso, pensou Amane.

Enquanto lentamente perdia a consciência, Amane disse a si mesmo que, quando o amanhã chegasse, ele e Mahiru não passariam de meros conhecidos novamente.

 



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