Vol 9
Capítulo 8: E Então, o Importante Dia Chegou
O que estava logo depois dos exames era, claro, o aniversário de Mahiru.
Tendo conseguido equilibrar seu trabalho de meio período, estudos para os testes e preparativos para o aniversário, Amane terminou seus exames com a maioria de seus planos já definidos. Aliás, sua sala de aula havia sido reduzida a uma mera confusão de cadáveres, o que serviu como prova de quão infernal essa rodada de exames havia sido. Chitose estava tão genuinamente exausta que deixou Mahiru preocupada com seu bem-estar, mas tudo o que Amane podia fazer era torcer para que os resultados dos testes não causassem uma onda de pânico se espalhasse entre o resto da classe.
O intervalo de uma semana imediatamente após os exames infernais coincidia com o aniversário de Mahiru.
Era atualmente o dia anterior ao dia de folga — em outras palavras, o dia anterior ao aniversário de Mahiru — e a agenda ocupada de Amane havia começado a atingir seu pico. No entanto, havia uma coisa que ele tinha que transmitir a Mahiru, algo que poderia potencialmente machucá-la se não fosse dito. Amane endireitou sua postura e se virou para Mahiru, que estava sentada ao lado dele.
Durante o tempo lento após o jantar, Mahiru agora trabalhava frequentemente em exercícios de livros didáticos. Hoje não foi diferente, pois ela estava se dedicando diligentemente ao que havia se tornado sua rotina habitual de autoestudo. Tendo terminado de corrigir suas próprias respostas para os exames, ela parecia já estar pensando nos próximos testes simulados. Parecia que ela não tinha consciência de que amanhã era seu aniversário, agindo exatamente como sempre.
“Mahiru-san.”
“Sim?”
Quando ele chamou seu nome, Mahiru fechou seu livro de referência sem hesitar e olhou para cima. Sentindo que Amane estava agindo de forma diferente do normal, ela endireitou sua postura e se virou para encará-lo. No entanto, ela não parecia ter ideia do que ele estava prestes a dizer, pois uma expressão curiosa e confusa podia ser vista em cada feição dela.
“Posso pedir para você não entrar na minha casa amanhã até que eu ligue para você?”
“Por quê? — ... Ah, sim, entendo. Está bem.”
Embora ela não tivesse tido consciência disso até agora, Mahiru imediatamente entendeu pelas ações de Amane e prontamente concordou, sua expressão mudando como se dissesse: ‘Óh, certo. Eu esqueci disso.’ Não era que ela não estivesse ansiosa pelo seu próprio aniversário, mas ela também não devia estar particularmente consciente disso. Isso era algo enraizado na própria consciência de Mahiru, e não havia nada que Amane pudesse fazer sobre isso, nem queria forçá-la a pensar o contrário.
Por enquanto, aliviado por poder garantir tempo suficiente para as atividades de amanhã sem causar mal-entendidos, Amane olhou profundamente nos olhos de Mahiru, que ainda pareciam um tanto distantes do presente.
“Seria um pequeno problema se você viesse antes que eu conseguisse terminar meus preparativos. Quero recebê-la com tudo perfeitamente definido, então espero que você entenda.”
Mahiru riu. “Eu entendo. Mas ainda assim, vejo que você está me perguntando isso muito diretamente.”
“Eu disse desde o começo que prepararia algo, então não há surpresas aqui. Peço aberto e sinceramente: por favor, me dê um pouco do seu tempo.”
[Kura: O quinto ano me atacou nessa parte kkk / Mon: Ah Kura, namoral akakaka / Jeff: Olha o Yoru 2 aí kkk]
No dia em si, ele tinha tantas coisas para fazer que ficaria atolado. Se Mahiru fosse até sua casa, seria totalmente impossível se preparar sem que ela percebesse. Além disso, era certo que ele gostaria de passar um tempo com Mahiru no aniversário dela. Como ele pretendia comemorar adequadamente e dar a ela a surpresa de sua vida, ele precisava eliminar qualquer chance, mesmo que pequena, de priorizar seus desejos imediatos sobre os preparativos.
Como se visse o entusiasmo transbordando dentro dele, Mahiru arregalou os olhos antes de soltar um suspiro suave e dar um sorriso suave e divertido. “Então, tudo o que preciso fazer amanhã é esperar ansiosamente, certo?”
“Sim. Não posso dizer com certeza se atenderá às suas expectativas, mas quero comemorar seu aniversário do meu jeito especial.”
“Sinceramente, comemorar meu aniversário já me deixa mais do que feliz.”
“Eu sei disso, mas mesmo assim...”
Ninguém entendia melhor do que Amane, o quanto Mahiru se importava com ele. Ele sabia que simplesmente estar ao lado dele era o suficiente para lhe trazer felicidade. No entanto, embora a felicidade que ela sentia com ele também fosse significativa, era seu aniversário, uma ocasião que acontecia apenas uma vez por ano.
Amane queria que fosse um aniversário que a própria Mahiru realmente aproveitasse.
“Mesmo assim, ainda quero fazer você se sentir nas nuvens, Mahiru. Deixe-me dar o meu melhor.”
“…Nesse caso, manterei minhas expectativas altas.”
“Ah — …Vou tentar o meu melhor.”
Claro, ele se sentiu encantado e animado por Mahiru ter grandes expectativas sobre ele, mas, ao mesmo tempo, a questão de se ele conseguiria atender totalmente a essas expectativas o atormentava lentamente por dentro.
“A maneira como você perde a confiança ainda agora é bem típica de você, Amane-kun.”
“Não ter confiança era meu estado padrão.”
“Meu Deus. Mas você se atualizou desde então, não é, Amane-kun? Você aprendeu a ter mais confiança em si agora, certo?”
“Quando se trata de você, Mahiru, eu sou sempre muito, muito cuidadoso.”
Amane passou um mês se preparando para o aniversário de Mahiru e não deixou pedra sobre pedra, mas ele ainda não tinha certeza se isso a faria feliz.
Seu desejo de fazê-la feliz e seu desejo de que Mahiru experimentasse o ápice de seus preparativos eram sinceros e inabaláveis. Sua falta de confiança era apenas resultado de ele não querer decepcionar as expectativas de Mahiru. Além disso, havia um certo plano que ele tinha, um que explodia o próprio conceito de cautela, o que aumentou ainda mais sua ansiedade.
“…Vou tentar o meu melhor para fazer você feliz, Mahiru. Então…”
“Então?”
“Posso recarregar um pouco primeiro?”
O dia de Amane amanhã estava lotado de trabalho, mas ele não poderia ver Mahiru até que todos os preparativos estivessem completos. Ele precisava de energia de antemão, mas seria incapaz de recarregar até que tudo acabasse. Assim, esperando por uma chance de recarregar agora, ele pediu permissão a ela para se aconchegar. Mahiru piscou fofamente e então riu, claramente divertida.
“Você não precisa pedir permissão, sabia? Você pode fazer isso quando quiser.”
“Bem, hum, desta vez eu pensei que deveria pedir a você direito.”
“Tão honesto… Tudo bem, você pode recarregar o quanto quiser. Em troca—”
“Em troca?”
“Amanhã, será minha vez, né?” Enquanto Mahiru gentilmente o alcançava e o puxava para mais perto pela parte de trás da cabeça, Amane assentiu e seguiu seu exemplo, enterrando o rosto em seu ombro.
Amanhã de manhã, vou encerrar o que preciso fazer na cozinha, preparar a casa e, em seguida, verificar meus e-mails para reconfirmar minha agenda do dia.
Se tudo correria bem, dependeria dos esforços de Amane e de quão bem Mahiru os receberia.
Terei que preparar o melhor que puder amanhã, Amane jurou. Ele aninhou suas bochechas contra Mahiru, apreciando seu doce perfume, e fechou os olhos para recarregar um pouco.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Este foi um dos três dias mais movimentados na vida de Amane até agora.
A primeira coisa pela manhã, ele estava na cozinha, colocando as habilidades que havia aprimorado em seu treinamento especial à prova. À tarde, ele chamou reforços para o ajudar a decorar o apartamento e fez uma reunião com a pessoa envolvida com a maior surpresa do dia. Em meio a tudo isso, ele continuou em contato com Mahiru para garantir que ela nunca se sentisse sozinha enquanto ele trabalhava nos preparativos.
Fazendo malabarismos com tantas tarefas simultaneamente, Amane estava à beira de se sentir sobrecarregado. No entanto, comparado ao que Mahiru normalmente conseguia, não era nada. Elogiando Mahiru silenciosamente por sua destreza multitarefa, ele diligentemente continuou a preparar as coisas.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Depois de um tempo tão intenso e agitado, o sol havia se posto completamente.
Quando ele finalmente se sentiu satisfeito com o que havia feito e olhou para o relógio, já era quase a hora em que ele normalmente estaria jantando. Do lado de fora da janela, o céu refletia uma miríade de cores mudando de carmesim para um gradiente de índigo profundo e azul-escuro.
Ele estava preocupado sobre o que faria se não chegasse a tempo, mas estava profundamente aliviado por ter terminado seus preparativos — embora bem na hora. Amane tocou a campainha da casa ao lado para chamar Mahiru, que estava esperando seu sinal.
Mahiru, que abriu a porta imediatamente após a campainha tocar, parecia estar totalmente preparada à sua maneira.
[Del: Ela estava esperando de pé tlg kkkkkkk.| Jeff: Não dúvido que ela tenha feito isso. / Mon: Igual à cena daquele filme lá, 2h 14min 32s, 2h 14min e 33s… / Kura: De pé, de frente para a porta?]
Quando ele olhou pela fresta da porta, Amane notou um vaso com flores colocado no armário de sapatos. Essa visão colocou uma de suas preocupações para descansar, dando lugar a outra sensação de alívio.
“E-eu estava esperando por você.” ela disse.
Mahiru saiu da porta um pouco depressa e falou nervosamente. Vendo isso, Amane não conseguiu evitar uma risada. As bochechas de Mahiru prontamente ficaram com um leve tom de rosa ao perceber do que ele estava rindo e desviou o olhar sem jeito.
“...P-Por favor, finja que não viu isso.”
“Por que não?”
“B-Bem, hum, porque... você não acha que é constrangedor se eu estiver toda animada e boba com isso?”
“Huh? Isso não significa que você estava realmente ansiosa por isso? Isso me deixa feliz, sabe.”
Se tivesse sido apenas uma celebração unilateral, teria sido um grande choque para Amane, e ele provavelmente ficaria bastante envergonhado.
No entanto, apenas saber que Mahiru estava animada e esperando ansiosamente por isso o deixou extremamente satisfeito. Ele não tinha certeza se conseguiria atender às expectativas dela, dado o quão ansiosamente ela estava antecipando sua visita, mas ele estava confiante de que havia preparado tudo da forma mais impecável possível.
[Del: Será que verei isso algum dia?]
Tudo o que restava era mostrar a ela os frutos de seu trabalho.
Parecia que Mahiru também havia se preparado por completo, pois sua roupa era particularmente fofa e muito mais elaborada do que as roupas de lazer que ela normalmente usaria. Pegando sua mão, Amane perguntou: “Você está pronta da sua parte, Mahiru?” Ela semicerrou os olhos timidamente e respondeu calmamente: “Sim.”
Levando Mahiru, que carregava apenas uma pequena bolsa, de volta para sua casa, Amane notou que ela piscou surpresa ao perceber que todas as luzes estavam apagadas, exceto as da entrada.
“...Huh? Está escuro como breu…” disse Mahiru.
“Não seria divertido se você pudesse ver tudo da entrada, certo?”
Embora houvesse uma porta separando o corredor de entrada da sala de estar e jantar, ela tinha painéis de vidro instalados, então você ainda podia ver o interior. Como ele tinha se dado ao trabalho de planejar e executar tudo em segredo para Mahiru, relaxar nos retoques finais estava, claro, fora de questão. Para entregar uma surpresa adequada, a magia do contraste era essencial.
“Então, se estiver tudo bem, posso cobrir seus olhos um pouco? Pode ser um pouco assustador quando você não consegue ver, mas estarei bem aqui. Não se preocupe e deixe-me guiá-la.”
Mahiru respondeu com uma risadinha: “Se for esse o caso, então confio em você plenamente, Amane-kun.” Seu rápido aceno foi certamente um sinal de sua forte confiança em Amane.
Sem qualquer hesitação, e antes mesmo que Amane pudesse cobrir sua visão com a mão, Mahiru fechou imediatamente os olhos.
Ela poderia pelo menos ser um pouco cautelosa... Amane pensou. Ele então deslizou as mãos em volta das costas dela e sob os joelhos e a levantou no ar. Como sempre, o peso leve do corpo dela o fez se preocupar seriamente se ela estava realmente comendo o suficiente. Com uma mão ainda livre, ele abriu a porta da sala de estar e acendeu as luzes.
Mahiru ainda manteve os olhos fechados, aparentemente pretendendo esperar até que Amane dissesse que estava tudo bem os abrir. Aliviado por sua confiança, ele cuidadosamente a guiou até o assento de aniversário que havia preparado no sofá, garantindo que ela não se machucaria enquanto ele gentilmente a abaixava nele. Parecia que ela sabia onde estava pela distância percorrida e pela sensação do assento, enquanto se sentava ereta com facilidade.
“Ah, por favor, fique quieta e não abra os olhos ainda. Você pode me prometer que pode esperar só mais um pouco?”
“Hehe, não me trate como uma criança. Eu entendo que você queira mostrar o que preparou em toda a sua glória. Eu posso esperar com expectativa por mais um tempinho.”
“Desculpe, desculpe. Eu aprecio ter uma namorada tão compreensiva.”
Embora ele achasse que ela poderia ser um pouco compreensiva demais, seu lado inteligente e perceptivo também era muito característico de Mahiru. Sorrindo ironicamente, Amane se levantou e deu uma rápida olhada no saco de papel ao lado do sofá como seu último passo de preparação, que continha os itens que ele queria dar a Mahiru, garantindo que nada estivesse faltando.
“Está tudo no lugar. Você pode abrir os olhos agora” Amane disse gentilmente. Mahiru imediatamente, mas lentamente, abriu os olhos, como se estivesse esperando ansiosamente por este momento.
Seus olhos, ligeiramente semicerrados como se ainda não tivessem se ajustado à luz, gradualmente se revelaram.
O que ela achou das decorações neste quarto, no qual ela havia acabado de entrar pela primeira vez hoje?
“Isto é...” Sua voz baixa tremeu um pouco.
Sem precisar perguntar, Amane sabia a que ela estava se referindo de onde ela estava olhando e da maneira como seus olhos brilhavam.
“Itsuki, Chitose, Kadowaki e Kido me ajudaram a decorar o quarto. Hum, você disse que estaria okay se eles soubessem sobre seu aniversário, certo? Eu não conseguiria fazer decorações tão deslumbrantes sozinho, então pedi ajuda a eles e eles concordaram alegremente. Todos eles têm um gosto muito melhor para esse tipo de coisa do que eu, então sou incrivelmente grato pela ajuda deles. O que você acha? Não é bonito?”
“Uau... É tão adorável.”
“Pedi que eles fossem com tudo nas decorações, e foi isso que eles criaram.”
Com a ajuda dos poucos amigos em quem Mahiru confiava, Amane transformou a sala de estar em um ambiente temático de aniversário em apenas um dia.
O tema era: uma festa de aniversário divertida, como as que ela desejava quando criança.
As paredes estavam adornadas com vários balões e flores de papel com cores combinando. Além disso, uma grande luz de LED soletrando ‘FELIZ ANIVERSÁRIO’ estava afixada na parede, aumentando ainda mais a festividade. Do teto pendiam enfeites de cristal de vidro, balançando no ar quente e ocasionalmente espalhando uma luz suave e deslumbrante quando iluminados. No sofá onde Mahiru estava sentada, seus bichinhos de pelúcia favoritos estavam adornados com fitas, lindamente vestidos e aguardando ansiosamente a estrela do dia.
Alguém poderia acreditar que com tantas decorações, o ambiente poderia ter ficado chamativo ou descoordenado, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. As decorações foram feitas em cores suaves e quentes para evitar conflitos e, graças ao arranjo e esquema de cores bem pensados, o quarto tinha uma atmosfera calma, mas distintamente pop.
Até Amane, que se considerava bastante indiferente a tais decorações e até as tinha visto sendo preparadas, não conseguiu deixar de soltar um suspiro de admiração ao ver o quarto pronto. Para Mahiru, deve ter sido uma surpresa ainda maior.
Ao ver as decorações do quarto brilharem e se espalharem em seus olhos arregalados, Amane imediatamente abriu um sorriso, sabendo que ele havia evocado a reação que tanto esperava. No entanto, ele ainda tinha muitas surpresas de aniversário reservadas, então não seria bom para ela pensar que isso era tudo.
“E este aqui é seu buquê de aniversário. Pedi ao Itsuki para organizar as flores.”
A sala de estar deles havia sido completamente transformada para atender aos seus gostos, e Mahiru estava curiosamente olhando ao redor com admiração. Ainda sorrindo, Amane pegou o buquê que ele havia colocado fora de vista antes. Assim, ele gentilmente o entregou a Mahiru, que ficou momentaneamente surpresa com o gesto repentino.
Como ele pretendia criar um aniversário que encantasse Mahiru o máximo possível, o buquê foi naturalmente recheado com suas flores e cores favoritas. Embora ele tivesse uma ideia geral de suas preferências, ele pediu a ajuda de Chitose e Ayaka para identificar seus gostos exatos. Graças à cooperação delas, ele conseguiu preparar um buquê de aniversário que provavelmente era quase perfeito aos olhos dela, pelo qual ele era profundamente grato a ambas.
“É por isso que a Chitose-san e a Kido-san estavam...?”
“Você descobriu, hein. Sim, a Chitose e a Kido estavam tentando pesquisar secretamente seus gostos... Elas estavam realmente entusiasmadas em fazer você feliz.”
Especialmente Chitose, cujo entusiasmo estava fora dos gráficos.
Em suas palavras, para “fazer Mahirun feliz~,” Chitose havia sutil e naturalmente reunido todos os tipos de informações. Mesmo sabendo que Amane estava preparando algo, Mahiru não suspeitou ou sentiu que algo sobre suas conversas estava fora do lugar. Isso fez Amane pensar que Chitose poderia realmente ter um talento para ser uma detetive ou algo parecido.
Essa habilidade de passar pela guarda de alguém e se aproximar era uma das maiores habilidades e pontos fortes de Chitose. Era algo que Amane admirava e desejava poder imitar, mesmo que parecesse impossível.
“Não acho que todo mundo aprecie flores frescas, mas você tem um vaso no seu hall de entrada, não é, Mahiru? Acontece que eu o notei sempre que vinha buscá-la, então imaginei que você deva gostar delas.”
[Mon: H-O-M-E-M tá?? / Kura: Pequenos detalhes contam hein. / Del: Se for para apreciar, que aprecie cada pedacinho.]
“Vejo que você tem prestado bastante atenção em mim.”
“Bem, você é minha namorada, afinal.”
Amane estava meio que esperando que ela dissesse: “Nesse caso, você já deveria saber minhas flores favoritas,”, mas ele esperava que Mahiru o deixasse um pouco mais tranquilo a esse respeito.
Como ele queria dar a ela um buquê cheio apenas das flores que ela amava, era essencial pesquisar e verificar a variedade de flores que estava disponível na estação atual.
Ela gostou? Amane olhou para Mahiru. Muito gentilmente, ela estava embalando o buquê perto do peito, tomando cuidado para não deixá-lo se desfazer. Suas sobrancelhas estavam relaxadas em uma expressão terna.
“…São tão lindas, será uma pena vê-las eventualmente murchar…” disse Mahiru.
“Milady, também preparei um pouco de sílica gel para que você possa preservá-las como flores secas.”
[Kura: Pessoal, sílica gel evita a formação de mofo ao reduzir a umidade do ambiente.]
“Hehe, que atencioso.”
“Bem, é claro. Quero que você aproveite até o fim. Até flores secas podem se desintegrar um dia, quero que elas te façam feliz o máximo possível.”
“Obrigada. Vou aproveitar sua beleza tanto enquanto estiverem frescas quanto enquanto estiverem preservadas... Toda vez que as vir, pensarei em você, Amane-kun.”
“Ouvir você dizer isso me deixa muito feliz.”
“...Isso vai me lembrar que você está sempre comigo, mesmo no meu próprio apartamento,” Mahiru sussurrou em uma voz extra doce.
Diante de sua resposta cativante, Amane não conseguiu evitar forçar os lábios e segurar seu coração, agora batendo rapidamente, através de sua camisa. Embora fosse gratificante como namorado saber que ela pensaria nele quando olhasse para seu presente, ouvir isso diretamente dela o deixou um pouco envergonhado. Incapaz de se conter, ele coçou a bochecha sem jeito.
Mahiru carinhosamente segurou o buquê com uma expressão sonhadora, olhando para ele como se fosse algo realmente precioso. Os lábios de Amane se contraíram com uma mistura de frustração e constrangimento.
“...Estou feliz que você gostou. Bem, então, eu, uh... Meio que preciso terminar de preparar o jantar, então vou fazer isso agora!”
Mahiru, ainda segurando o buquê e sorrindo timidamente, observou Amane se levantar, usando a continuação das comemorações de aniversário como desculpa para se afastar.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Parece que ter feito o truque de Amane colocar alguns metros entre ele e Mahiru parecia ter funcionado para acalmar seu coração acelerado. Ele começou a servir os pratos que havia preparado com antecedência e colocá-los na mesa de jantar.
Como Mahiru, provavelmente, tinha uma vaga ideia do que ele estava fazendo pelo cheiro, haveria pouca surpresa ou novidade em sua escolha de prato. No entanto, como isso era para celebrar e homenagear Mahiru, um sabor familiar seria provavelmente o caminho a seguir.
Focar na culinária japonesa com um toque de tempero ocidental foi uma escolha feita especificamente porque Mahiru era uma pessoa que preferia sabores mais suaves e menos extravagantes em sua comida.
“Você se esforçou tanto para preparar uma comida deliciosa para o meu aniversário, então agora é a minha vez!” declarou Amane. Ele sorriu para Mahiru enquanto ela se sentava em seu lugar habitual à mesa antes de fazer o mesmo.
Embora suas habilidades ainda estivessem muito longe das de Mahiru, ele fez o melhor que pôde para preparar uma refeição abarrotada de seus pratos favoritos, esperando agradá-la o máximo que pudesse.
[Del: Acorde, meu fã de Otonari, o Amane não é mais ruim na cozinha. | Jeff: Já inscrevi ele no masterchef aqui, deixem o mano cozinhar. | Mon: My Shaylaa :C / Kura: Olha, se o Amane ganhar é jóia.]
Mahiru não era de forma alguma uma pessoa exigente para comer, mas embora pudesse comer qualquer tipo de comida, ela tinha preferência por certos sabores. Geralmente, ela preferia pratos com temperos suaves e refinados, inclinando-se mais para aqueles que realçavam o sabor natural dos ingredientes e o sabor do caldo usando uma quantidade mínima de sal. Realçar esses sabores provou ser mais desafiador do que preparar pratos com sabores fortes.
Sabores fortes muitas vezes podiam ser ajustados e, no pior dos casos, mascarados com temperos. No entanto, com sabores mais suaves, isso não era uma opção. Aproveitar ao máximo o sabor natural dos ingredientes e apreciar realmente o sabor dos ingredientes em si eram duas coisas diferentes, e cada uma exigia métodos de cozimento e temperos distintos.
Portanto, dominar o estilo de tempero que Mahiru preferia era uma jornada longa e desafiadora.
Mesmo assim, quero dominar a arte no futuro.
Não poder fazer os pratos favoritos da pessoa que amava fez Amane se sentir envergonhado como namorado, e esse sentimento só aumentou devido ao fato de que Mahiru conseguia preparar pratos perfeitamente adaptados ao seu gosto.
[Mon: Mas também né, 10 anos comparados a 1; Você está até que bem rápido Amane-san.]
Embora acreditasse que a comida tinha ficado boa, Amane silenciosamente sentiu vergonha de sua própria incompetência, pensando que ainda tinha muito espaço para melhorar. Mahiru observou atentamente sua expressão.
“…Está delicioso,” ela disse. Mahiru levou graciosamente a tigela aos lábios e silenciosamente tomou um gole da sopa. Um sorriso gentil se espalhou por seu rosto, e então ela soltou um suspiro suave.
Até o caldo foi preparado intrincadamente do zero, seguindo o método que Mahiru lhe ensinou rigorosamente, então deveria estar temperado exatamente ao gosto dela.
Suas expectativas não foram frustradas, pois Mahiru continuou a comer sua refeição com uma expressão gentil no rosto.
“Estou feliz que combina com seu gosto. Honestamente, eu estava muito nervoso.”
“Já critiquei sua comida antes, mas nunca tive nenhuma reclamação.”
[Del: “...São ovos mexidos sem sabor, sem dúvida. Você não adicionou sal ou pimenta?” ... “Você o embaralhou muito. O que você estava pensando, misturando com os hashis até desmanchar? Eu te avisei sobre isso.” – Cap 12, vol 1. / Kura: O nosso Google está de volta!]
“É, você não está errada, mas tipo, se preocupar se você vai gostar ou é uma coisa completamente diferente, você não acha?” Enquanto ele murmurava isso enquanto desmanchava seu rabanete daikon cozido e cheio de pasta de camarão com seus hashis, ele ouviu uma voz um tanto preocupada responder do outro lado da mesa.
“Isso é verdade, mas... Você sabe, Amane-kun, suas habilidades culinárias melhoraram em um ritmo notável, não é?”
“Quanto às minhas habilidades, elas foram de negativas para cerca de cinquenta pontos. Suas habilidades seriam mais como cem ou duzentos pontos. Eu nunca conseguiria alcançá-las.”
“Eu ficaria perdida se você conseguisse alcançá-las tão facilmente.”
“Duvido que eu conseguisse, mesmo se eu passasse a vida inteira tentando. Para começar, sua culinária sempre será a número um para mim, então não importa o quão boa minha culinária se torne. Mas, deixando isso de lado, continuarei trabalhando duro para fazer os melhores pratos para você que eu puder.”
“...Lá vai você de novo. Môu.”
Aquele “Môu” não era para repreendê-lo, mas sim um sinal de que ela reconhecia que era apenas parte da natureza de Amane. Também implicava que ela não estava nem um pouco descontente — na verdade, significava que ela estava bastante satisfeita. Isso era algo que ele havia entendido bem ao longo do tempo que passaram juntos.
Amane lançou-a um largo sorriso, levando Mahiru a arregalar os olhos em surpresa. Ela desviou rapidamente o olhar com uma expressão deslumbrada e, com um movimento dos lábios, murmurou: “Honestamente, Amane-kun...” baixinho.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Obrigada pela refeição.”
“Estou feliz que você tenha gostado.”
Eles rapidamente terminaram seu jantar modestamente porcionado em não muito tempo.
Mahiru não era exatamente uma pessoa que comia muito pouco, mas considerando o que os esperava a seguir, estava claro que ela não seria capaz de terminar tudo se ele a servisse demais em um horário assim. Então, sem que ela percebesse, ele preparou uma porção um pouco menor para ela.
Amane decidiu fazer uma refeição japonesa em parte porque era a culinária favorita de Mahiru, mas também porque as tigelas tradicionalmente pequenas e a apresentação colorida o ajudaram a ajustar a impressão geral da refeição e ter porções menores. No entanto, parecia que Mahiru não tinha percebido.
“...Eu nunca pensei que você faria tanto por mim,” admitiu Mahiru.
Após insistir que ele cuidaria de toda a limpeza, Amane guiou a convidada de honra — Mahiru — para o sofá. Ela pareceu um pouco descontente com isso, provavelmente querendo oferecer sua ajuda, mas quando Amane voltou de lavar a louça, ela murmurou essas palavras com um profundo senso de emoção.
“Bem, você coloca seu coração e alma em algo para o seu amor também, não é, Mahiru?”
“Hmph. I-Isso pode ser verdade, mas...”
“Se alguma coisa, você poderia dizer que eu fiz tudo isso porque eu queria, não tanto apenas por você.”
No final, tudo o que ele fez foi motivado unicamente por sua própria autossatisfação. Isso o fez hesitar em usar uma frase tão conveniente que soava perfeita como “pelo bem de Mahiru”.
[Kura: No final, é sempre pela autossatisfação kkk]
“Então, sim, isso é algo que estou fazendo por iniciativa própria.”
“...Você realmente tem o hábito de fazer isso, Amane-kun.”
Como se para repreendê-lo, Mahiru deu um tapa brincalhão no braço de Amane. Ao perceber que ele ainda não cederia, ela então lhe mostrou um sorriso complicado — um que refletia perfeitamente seus sentimentos de desamparo, resignação e felicidade.
“… Mas, hoje, você me fez muito feliz. Tudo foi tão…”
“Ah, desculpe. Você poderia esperar um momento?”
“Huh?” Os olhos de Mahiru se arregalaram ao ser interrompida, mas isso era algo que ele não podia ignorar.
“Pode parecer que estou prestes a encerrar as coisas, mas isso não é tudo o que planejei. Seu aniversário ainda não acabou, acabou?”
Mahiru deixou escapar um confuso “Hã?” mas para Amane, este era apenas o começo do evento principal de hoje. Ele não teria passado quase um mês se preparando apenas para as decorações, buquê e um jantar caseiro. Ele queria fazer Mahiru feliz e estava correndo por aí com a ajuda das pessoas gentis ao seu redor. Ele ainda não mostrara a ela os verdadeiros frutos de seu trabalho.
Como Mahiru era uma pessoa bastante modesta, ela já parecia completamente satisfeita. Mas hoje, Amane queria lhe dar tanta alegria que até mesmo essa modéstia dela seria destruída.
“Você poderia fechar os olhos mais uma vez?”
Como a surpresa seria estragada se ela mantivesse os olhos abertos, Amane fez esse pedido pela segunda vez hoje. Mahiru fechou os olhos com força e levantou o rosto. Era menos como se ela estivesse obedecendo docilmente, e mais como se ela estava antecipando que algo especial aconteceria. A tensão pairava no ar.
[Jeff: Amane resumiu a expressão de todos nesse momento | Mon: apenas!]
Mahiru, sem dúvida esperando algo, parecia tão incrivelmente adorável que Amane cobriu inadvertidamente a boca com a mão em um esforço para esconder seu sorriso. Mesmo que ela ainda não pudesse vê-lo, ele sentiu o desejo de escondê-lo mesmo assim. A visão de sua namorada esperando por ele com expectativa era cativante demais para suportar.
“... Desculpe, desta vez eu não estava indo para um beijo.” Não querendo destruir suas expectativas por completo, ele sussurrou isso suavemente em seu ouvido.
Os olhos cor de caramelo de Mahiru se abriram, focando apenas em Amane. Então, seu rosto ficou em um tom impressionante de vermelho enquanto ela fazia beicinho fofo, murmurando “Seu. Grande. Idiota.” em um ritmo que combinava com as batidas leves que ela também submetia ao peito dele.
[Kura: O presente que ela esperava era outro kakakaka]
Sendo tratado como uma espécie de tambor, Amane quase começou a sorrir novamente com o quão fofa ela estava agindo. No entanto, ele sabia que se mostrasse isso no rosto, os golpes brincalhões de Mahiru poderiam ficar mais fortes, então ele mordeu o interior da bochecha para conter o sorriso.
“Ai, ai, ai. Sinto muito... Ainda tenho outra coisa que quero te mostrar, então preciso que você feche os olhos de novo.”
“... Você deveria ter dito isso antes.”
“Mais uma vez, sinto muito.”
Agora fazendo beicinho ainda mais do que antes, Mahiru se virou e fechou os olhos novamente. Aproveitando a oportunidade, Amane se inclinou e pressionou levemente os lábios contra a bochecha levemente corada e saborosa como pêssego oferecida à sua frente.
Mahiru pareceu reconhecer o toque e o calor do corpo dele, tendo experimentado isso várias vezes antes. Ela abriu os olhos e imediatamente congelou no lugar. Amane riu suavemente e disse: “Mantenha os olhos fechados, okay?” A garganta fina dela tremeu, e um suave rosnado de frustração escapou de seus lábios.
“Essa foi outra surpresa.” Satisfeito com a surpresa improvisada que ele havia acrescentado, Amane foi até a cozinha, sentindo-se satisfeito consigo mesmo.
Amane preparando todo o jantar e insistindo em fazer toda a limpeza sozinho, apesar de Mahiru querer ajudar, era parte de seu plano para mantê-la longe da geladeira. Ele pegou o resultado de suas semanas de preparação da geladeira, tirando cuidadosamente a caixa e segurando o prato com as duas mãos.
Amane carregou cuidadosamente o prato até a mesa, sem pressa. Ele viu o rosto de Mahiru se virar para ele, sentindo através do som e de sua presença que ele havia retornado.
Silenciosamente, ele sorriu para si.
Mal posso esperar para ver a reação dela quando ela abrir os olhos.
“Mantenha-os fechados um pouco mais para mim, okay?”
Como Amane ainda não estava pronto, ele sussurrou isso para ela enquanto pressionava cuidadosamente as velas de aniversário que ele havia escondido na base creme branca. As velas que ele usou eram mais finas e mais coloridas do que as velas típicas.
Uma... Duas... Enquanto ele inseria silenciosamente as velas uma por uma, ele começou a sentir que dezessete delas poderiam ter sido um pouco demais. O bolo agora estava dominado pelas cores pastéis das velas. Refletindo sobre seu erro de cálculo, Amane acendeu as velas com um isqueiro, decidindo simplesmente seguir em frente, apesar do bolo ter se tornado muito mais colorido do que ele havia imaginado.
A desvantagem era que acender tantas velas demorava um pouco, mas depois que Amane acendeu todas com sucesso, ele diminuiu as luzes do cômodo usando o controle remoto. Embora o ambiente tenha escurecido, ainda não estava completamente escuro. O brilho suave das velas, uma para cada ano de idade de Mahiru, lançava um véu suave sobre o cômodo decorado, iluminando-o.
“Você pode abrir os olhos agora, Mahiru,” ele sussurrou gentilmente para ela, que seguiu suas instruções até o fim. Mahiru levantou as pálpebras lenta e cautelosamente, e—
“…Ah,” Um sussurro trêmulo — de lamento ou espanto — escapou acidentalmente de seus lábios.
A luz suave iluminou o rosto de Mahiru, revelando uma expressão quase atordoada que jogou sua compostura habitual pela janela. Seus olhos refletiam claramente as chamas bruxuleantes das velas diante dela.
Amane limpou a garganta uma vez antes de abrir lentamente os lábios para falar. Embora, na verdade, isso o deixasse um pouco envergonhado, seu desejo de transmitir e compartilhar seus sentimentos com Mahiru era muito mais forte. Embora não se considerasse habilidoso nisso, ele cantou a curta canção de feliz aniversário que seus pais costumavam cantar para ele quando criança, só para ela, colocando seu coração e alma em cada palavra.
“Feliz aniversário de dezessete anos, Mahiru.”
Guardando deliberadamente as palavras que queria dizer desde que se conheceram hoje mais cedo, Amane finalmente expressou sua alegria e celebração pelo nascimento de sua amada namorada. Quando ele olhou para Mahiru, ela estava completamente congelada, surpresa.
Amane entendeu que ela estava provavelmente sobrecarregada pelo choque inesperado e deu um pequeno sorriso enquanto ela estava ali, congelada, sem dúvida tentando processar e dar sentido ao que tinha acabado de acontecer.
“Eu me perguntei se isso poderia ser um pouco infantil,” Amane disse suavemente. Ele decorou o quarto luxuosamente, preparou um assento especial de aniversário, trouxe um bolo inteiro com muitas velas e até cantou a canção de parabéns. Apesar de ser um colegial, a celebração foi a imagem cuspida de uma festa infantil. Mas era exatamente isso que Amane queria, e ele preparou tudo apenas para este momento.
“No final do dia, ainda somos crianças também, então pensei que uma festa como esta seria legal. Tenho boas e felizes lembranças do meu aniversário sendo comemorado assim quando eu era mais jovem. As memórias do que eles fizeram por mim quando criança sempre ficaram comigo, mesmo agora.”
Embora suas memórias de sua infância fossem um pouco vagas, ele ainda se lembrava desses eventos claramente até hoje.
Seus pais decoravam a casa exatamente de acordo com seu gosto, colocavam seus bichinhos de pelúcia e brinquedos favoritos na mesa, colocavam velas em seu bolo favorito e lhe devam o privilégio de apagá-las. Eles o encheram de inúmeros “felizes aniversários” e uma abundância de amor. Essas memórias afetuosas da infância permaneceram profundamente enraizadas em seu coração, dando-lhe o orgulho de ser amado. Foi essa garantia que o ajudou a superar até mesmo as mais difíceis dificuldades.
“Pode ser presunçoso da minha parte, mas eu queria compartilhar minha felicidade com você. Acho que uma festa como essa é algo que todos nós sonhamos quando crianças,” acrescentou Amane.
Até certo ponto, festas de aniversário eram algo que a maioria das crianças já havia experimentado ou desejado. Embora não fosse bom basear tudo em suas próprias experiências, não havia como negar que, para Amane, quando criança, nenhum dia era mais emocionante do que seu aniversário.
“Eu me perguntava se, talvez, você já tivesse sonhado com algo assim,” continuou Amane. Embora se sentisse um pouco culpado por fazer tais suposições por conta própria, ver a reação de Mahiru lhe garantiu que ele não estava errado. “É por isso que eu queria que você experimentasse isso também. Sei que pode ser egoísmo da minha parte, mas mesmo assim...”
Dezessete velas em um bolo com quinze centímetros de diâmetro podem ter sido um exagero, mas, após considerar os aniversários que Mahiru não tinha — ou não pôde ter — comemorado antes, não pareceu exagero. Enquanto as chamas das velas balançavam suavemente no ar quente, um brilho silencioso apareceu nos olhos de Mahiru e começou a cair como uma lágrima brilhante.
Um momento depois, o corpo de Mahiru imediatamente derreteu como geleia. Amane entrou em pânico — seu rosto se enrugou e inúmeras gotas claras de lágrimas começaram a cair.
“V-você não gostou?” Amane perguntou, alarmada.
“Não, não é isso — é só que, hum, estou tão, tão feliz... que meu coração está transbordando... Eu realmente mereço algo tão... maravilhoso?” Em meio aos soluços, Mahiru, agora tendo experimentado algo que nunca havia experimentado antes em sua totalidade, tentou o seu melhor para tecer seus sentimentos avassaladores em palavras.
[Del: Segura... segura… / Kura: Estou quase chorando aqui…]
Amane se agachou ao lado de Mahiru enquanto ela tentava desesperadamente articular suas emoções, mostrando sua aparência verdadeira e sem retoques. Sentindo lágrimas brotando em seus próprios olhos, ele gentilmente envolveu sua mão trêmula com a dele.
“Estou feliz que você tenha gostado. Pensei muito nisso, me perguntando: ‘O que posso fazer aqui para deixar a Mahiru feliz?’ Pensei muito em ideias diferentes para seu aniversário e consultei muitas pessoas. No final, tudo valeu a pena,” disse Amane suavemente.
Isso diferiu bastante da primeira vez que ele comemorou o aniversário de Mahiru. Desta vez, quando Itsuki e Chitose deram uma mão, eles sabiam que era tudo por Mahiru. Os pais dele também ofereceram seus conselhos pelo bem de Mahiru, e amigos como Yuuta e Ayaka, assim como idosos e até mesmo a chefe em seu trabalho de meio período, todos contribuíram para tornar o dia possível de suas próprias maneiras.
“Não foi só eu — muitas pessoas se reuniram para ajudar hoje. Isso só mostra que há muitas pessoas querendo comemorar seu aniversário e estão dispostas a me dar uma mão.”
“…Sim.”
“Agora, apague as velas antes que derretam. Esse é seu privilégio especial como aniversariante.”
Depois de enxugar as lágrimas de Mahiru com um lenço, Amane deu a ela um sorriso brincalhão. Suas bochechas manchadas de lágrimas relaxaram um pouco, como se ela estivesse se divertindo. Não querendo mais chorar, seus olhos — embora ainda molhados — recuperaram seu brilho intenso enquanto ela abria um sorriso tímido, mas alegre.
Mahiru desceu do sofá e se ajoelhou em frente à mesa. Enquanto as chamas das velas brilhavam suave, mas poderosamente, em meio à escuridão, ela as apagou gentilmente. As chamas apenas tremeluziram, resistindo à sua respiração suave, e depois de algumas tentativas, Mahiru se virou para Amane com um olhar preocupado. Aquela confusão inicial dela era mais cativante para Amane do que qualquer outra coisa.
Vendo Mahiru lutar, sem saber como proceder, Amane gentilmente a encorajou com tapinhas nas costas. “Já que há dezessete velas, você terá que soprar um pouco mais forte.” Ele continuou a vigiá-la, querendo que ela mesma apagasse todas as velas. Afinal, apagar as velas do bolo de aniversário era um ritual destinado apenas à estrela do show.
Apoiada pelo incentivo de Amane, Mahiru respirou fundo e soprou as velas como se quisesse apagar todas e cada uma de suas preocupações. À medida que cada vela se apagava, o ambiente ficava cada vez mais escuro, mas Mahiru continuou a apagar as chamas uma por uma. No momento em que apagou a última vela, Amane acendeu as luzes da sala de estar novamente.
O bolo agora podia ser visto em toda a sua glória.
Amane havia escolhido um bolo simples. Estava decorado principalmente com morangos e chantilly para homenagear o primeiro bolo que Amane dera a Mahiru no ano passado. No entanto, ao mesmo tempo, Amane não podia dizer que era uma reprodução exata.
A decoração era uma coisa, mas no centro do bolo havia uma placa de chocolate com as palavras “Feliz Aniversário” escritas desajeitadamente por Amane. Isso, combinado com as velas aninhadas entre o chocolate e os morangos, fez com que fosse um bolo completamente diferente do que ele havia comprado há tanto tempo. Mesmo assim, ele havia escolhido especificamente este bolo para adicionar as memórias do ano passado em cima das novas que eles estavam criando hoje.
“Agora que as luzes estão acesas, o bolo parece ainda mais áspero nas bordas, hein...” Amane parou antes de garantir: “B-bem, mesmo assim, o sabor deve ser ótimo! A dona da loja me viu fazer, então posso garantir isso! Eu pratiquei muito!”
“Huh? Qu-quando você fez isso? Onde...?”
“No trabalho. Pedi à dona para me ensinar as manhas enquanto eu a ajudava a testar uma nova receita.” Enquanto ele servia como degustador, Amane pediu ajuda sincera a Fumika, com o que ela concordou na hora. Ela concordou tão rápido, na verdade, que deixou Amane completamente pasmo — e foi ele quem perguntou. “Foi assim que consegui fazer sem chegar tarde demais em casa. Caso contrário, você teria me pegado. Sou muito grato a dona.”
[Mon: Simplesmente fofo!]
Apesar de sua agenda lotada, Fumika reservou um tempo do seu dia para ensinar Amane pessoalmente. Ela disse: “Alivia a carga de todos se mais pessoas puderem fazer bolos,” mas Amane sabia que ela estava apenas tentando deixá-lo à vontade, o que o fez se sentir um pouco culpado.
Sob a gentil orientação de Fumika, Amane conseguiu aprender uma receita infalível para assar um bolo de esponja. Naturalmente, ao fazer um bolo, ser capaz de reproduzir a receita era essencial. Fumika deu a ele instruções detalhadas sobre os passos e precauções para que ele pudesse assá-lo sozinho usando o equipamento que tinha em casa. Graças a isso, Amane pegou o jeito de assar bolos de esponja. Embora suas habilidades com cobertura ainda deixassem muito a desejar, Fumika garantiu a ele que não era algo que ele pudesse dominar tão facilmente. Ele pelo menos aprendeu a fazer um bolo apresentável antes de passar para a coisa real.
Fico feliz que Mahiru esteja feliz com isso, no entanto.
Sentindo-se aliviado, Amane olhou para o bolo que ele havia preparado para ela.
“Bem, isso teve um preço.”
“U-um preço...? Você fez tudo isso por mim e—”
“‘Me avise se sua querida namorada gostar,” ela disse... Então, o que você acha?”
Desde o começo, Fumika não queria pedir nada em troca. Mas para atender ao pedido dela e saciar sua própria curiosidade, Amane gentilmente, mas atentamente, olhou para Mahiru. Parecendo que estava prestes a chorar de novo, ela assentiu.
“Estou tão feliz que nem consigo encontrar as palavras certas. Sério, muito obrigada,” disse Mahiru, dando a ele um sorriso de pura alegria, apesar de estar à beira das lágrimas.
Aliviado, Amane agradeceu Fumika em sua mente e foi pegar os pratos e a faca de bolo. No entanto, Mahiru então olhou para ele com um olhar preocupado. “…Está realmente tudo bem para mim sentir esta felicidade?”
“Nnnão.”
Amane respondeu acidentalmente reflexivamente, e Mahiru congelou no lugar. Percebendo rapidamente que dizer poucas palavras poderia ser mal interpretado, Amane continuou apressadamente.
“Oh — Só para esclarecer, por ‘não’, quero dizer que a felicidade que você está sentindo agora não é nem de longe o suficiente. Vou fazer você ainda mais feliz do que isso, então você não pode ficar satisfeita ainda.”
“… Okay.” Mahiru assentiu levemente, com um leve rubor tingindo suas bochechas.
Tendo conseguido esclarecer o mal-entendido, Amane ficou aliviado mais uma vez. Ele pegou tudo o que precisava para comer o bolo e sentou-se no chão ao lado de Mahiru.
“Vamos cortar o bolo agora, okay? Só não leve em conta o quão desiguais todas as velas estão.”
Amane tentou colocar as velas de uma forma que ficasse bonito, mas a placa de chocolate e os morangos bloquearam alguns dos pontos que ele queria, então não saiu exatamente como planejado. Apesar de seus esforços, algumas áreas tinham mais velas agrupadas do que outras, mostrando que ele ainda tinha espaço para melhorias. Ele fez uma nota mental para evitar tais problemas na próxima vez, mas por enquanto, Amane empurrou esses pensamentos para o fundo de sua mente e se concentrou na tarefa em questão, contemplando como cortar o bolo.
Depois de refletir por um momento, Amane concluiu: “Na verdade, provavelmente deveríamos remover as velas por enquanto.” e começou a retirá-las. Percebendo a expressão desamparada no rosto de Mahiru, ele colocou cuidadosamente as velas em um prato separado para tranquilizá-la.
Como tinha quinze centímetros de diâmetro, ele decidiu cortar o bolo em quatro pedaços, tornando-o fácil de cortar e fácil de comer. Ele entregou o prato com a fatia principal, que tinha a placa de chocolate, para Mahiru. “Aqui está.”
Mahiru aceitou o prato com muito cuidado. Suas bochechas suavizaram e seus olhos brilharam como se ela estivesse olhando para a figura de uma posse preciosa. Embora Amane achasse que ela estava exagerando um pouco, também era uma prova de quanta alegria Mahiru sentia. Sentindo um pouco de cócegas por dentro, ele entregou a ela um garfo.
“Aproveite.”
“O-obrigada pelo bolo.”
Mahiru parecia um pouco hesitante, pois não conseguia comer a fatia sem perturbar o chocolate cuidadosamente equilibrado em cima.
Mahiru hesitou por um bom tempo, sem saber o que fazer. Então, com um olhar de desculpas, ela removeu gentilmente o chocolate de sua cobertura branca. Ela demorou para cortar o bolo em pedaços pequenos, mas assim que começou a comê-los, tudo acabou em um instante.
Com um “nom” silencioso, o belo contraste de branco e vermelho desapareceu em seus pequenos lábios. Seus grandes olhos cor de caramelo piscaram e se abriram, então lentamente suavizaram e estreitaram com prazer.
Ao ver a expressão hesitante em seu rosto agora substituída por um olhar gentil e satisfeito, Amane teve certeza de que seus esforços nas últimas duas semanas haviam valido a pena.
“...Como está?” Amane finalmente perguntou.
“Está uma delícia.”
Depois de mastigar bem e engolir, Mahiru assentiu para Amane com um sorriso tímido. Vendo isso, Amane finalmente se permitiu relaxar. Ele soltou a respiração pesada que estava segurando e respirou fundo, agora se sentindo muito mais leve.
“Graças a Deus. Você fez um bolo para o meu aniversário, então eu queria retribuir o favor,” disse Amane.
Como alguém que queria retribuir a felicidade na mesma moeda, Amane queria que Mahiru experimentasse a mesma alegria que ela lhe dera em seu dia especial. Como ele era um completo novato e não tinha muito tempo para se preparar, ele percebeu que precisava dar o seu melhor. Em vez de se atrapalhar sozinho, ele decidiu buscar orientação de uma especialista. Essa abordagem foi tão bem-sucedida que Amane percebeu que era realmente sensato confiar nos outros quando estava em um verdadeiro momento de necessidade.
“Mas com minhas habilidades, não há como eu fazer algo no seu nível, Mahiru. Confiar nos outros é realmente o caminho a seguir.”
“...A gentil dona te ensinou, certo?”
“Sim, eu fui até ela para pedir ajuda. Quando eu disse: ‘Quero fazer um bolo de aniversário para minha namorada,’ ela apenas sorriu para mim. Fazer isso é muito a cara dela. De qualquer forma, sou muito grata a ela,” disse Amane.
Fumika explicou: “Quanto mais simples o prato, mais o sabor dos ingredientes e a habilidade do preparador afetam o gosto final.” Como Amane era um completo amador quando se tratava de panificação — apesar de agora ser um cozinheiro razoavelmente bom — ela fez questão de ensiná-lo do zero.
Fumika o fez provar vários bolos para demonstrar como diferentes texturas de esponja poderiam ser obtidas alterando a maneira como os ovos eram batidos. Ela também mostrou a ele como o teor de gordura do creme mudava o tempo e a técnica de bater, permitindo que ele trabalhasse com diferentes ingredientes para entender suas propriedades. Além disso, ela até disse a ele onde comprar os melhores ingredientes para assar, direcionando-o a uma confeitaria especializada. Fumika lhe deu uma ampla gama de suporte para melhorar.
Depois de receber tanta ajuda além de ser contratado por ela como um trabalhador de meio período, Amane se sentiu incrivelmente em dívida com ela. Ele não conseguia deixar de tê-la em alta conta.
“Eu também gostaria de agradecê-la pessoalmente por sua ajuda com meu aniversário, mas... você não quer que eu vá, certo?” Mahiru disse hesitantemente.
“N-não é que eu não queira que você vá,” Amane respondeu rapidamente. “Eu preferiria que você viesse depois que eu melhorasse no trabalho... Sabe, seria constrangedor se eu não estivesse fazendo um trabalho de verdade e essas coisas.”
Amane já estava trabalhando há mais de um mês, então ele estava confiante de que havia se acostumado com o trabalho em si. Mas, ao mesmo tempo, ele não estava confiante de que suas habilidades eram refinadas o suficiente para mostrar a Mahiru.
Ele acreditava que a maioria das pessoas se sentia um pouco desconfortável em ser observada por seus amigos ou pessoas importantes enquanto trabalhavam, e mostrar a Mahiru como ele se saía no atendimento ao cliente só pioraria esse sentimento para Amane. Se ele mostrasse a Mahiru, ele queria que ela o visse lidando com tudo com confiança. Ele sentia pena de fazer Mahiru esperar, mas isso não era algo que Amane pudesse comprometer.
Amane queria mostrar a ela o seu melhor sempre que possível, embora Mahiru já tivesse visto muitas de suas fraquezas e momentos estranhos. Para ele, isso estava no topo de suas prioridades.
“Mas para mim, você é fofo mesmo quando está nervoso, Amane-kun.”
“Bem, isso não é bom... Quero que você pense que pareço legal.”
“Eu entendo. Neste caso, estarei esperando.”
Apesar de estar disposta a perdoar Amane por fazê-la esperar, Mahiru sorriu de alegria. Amane curvou-se mentalmente, agradecendo-a por sua generosidade enquanto levava um pedaço de bolo à boca.
Graças à orientação de Fumika, o bolo em si ficou lindo. O bolo, pincelado com calda, estava úmido sem ser muito pesado e tinha uma textura fina e delicada que derretia suavemente na boca junto com os morangos imprensados dentro. O creme foi medido de forma que não fosse muito doce, permitindo que a acidez e a doçura dos morangos realmente brilhassem. Enquanto Mahiru apreciava sobremesas intrincadas e elegantes, ela acabava gravitando em direção a sabores clássicos como este. Amane pensou haver recriado com sucesso um sabor que se adequava às preferências de Mahiru.
Amane olhou para Mahiru, vendo-a saborear o bolo com uma expressão gentil e serena, como se estivesse apreciando cada mordida. Ela parecia ainda mais contente do que normalmente ficava quando apreciava a sobremesa, suas sobrancelhas estavam relaxadas em genuína satisfação.
“É realmente delicioso,” Mahiru disse suavemente.
“...Estou feliz.”
Se Mahiru gostou, então essa foi a maior vitória para Amane.
Fazer bolos para Mahiru de vez em quando não é uma má ideia, ele pensou então, apreciando lentamente o bolo doce, mas não muito doce, que estava coberto com o sorriso de Mahiru.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Quando Mahiru terminou de comer, Amane cronometrou seu movimento e foi para o quarto onde havia preparado um presente. Ele sabia que se o deixasse embrulhado de forma visível na sala de estar bem iluminada, seria muito fácil adivinhar o que havia dentro. No entanto, Mahiru pareceu sentir falta dele enquanto ele saía do quarto, seguindo-o com os olhos enquanto ele saía. Amane voltou com o presente na mão, e ela piscou várias vezes em surpresa quando isto ocorreu.
Amane se sentiu encantado ao perceber que tinha visto muitas expressões de Mahiru exatamente como aquela hoje. Ele se ajoelhou aos pés de Mahiru enquanto ela se sentava no sofá em perplexidade, ele colocou gentilmente o presente em suas mãos, que descansavam sobre suas coxas perfeitamente alinhadas.
“Aqui está seu presente de aniversário. Experiências e memórias são importantes, mas eu também queria lhe dar algo tangível que você possa segurar.”
O buquê nada mais era do que o ato de abertura, com o bolo e este presente logo depois, e então um item final servindo como o evento principal.
Embora ele o chamasse de presente, não era nada particularmente extravagante. Como um estudante do ensino médio, suas opções eram limitadas ao que ele podia pagar e ao que ele achava que Mahiru gostaria. No entanto, Amane acreditava que o pensamento e o raciocínio por trás de sua escolha eram o que mais importava. Depois de muita deliberação, ele decidiu dar a Mahiru este presente à sua maneira.
“Para ser honesto, Mahiru, você sempre compra coisas que precisa, e você não ficaria muito feliz se eu lhe desse algo que fosse caro. Você provavelmente se sentiria culpada por isso. Então, eu realmente tive dificuldade para escolher algo.”
Ele havia conversado com Chitose antes, e ambos concordaram que Mahiru não era uma pessoa materialista. Ela era alguém que comprava o que precisava sem hesitação, o que a tornava uma pessoa bastante desafiadora para se comprar algo.
Amane sabia que Mahiru ficaria feliz com qualquer coisa que ele lhe desse, mas isso só tornou mais difícil para ele escolher. No final, ele selecionou um presente com base em suas próprias observações e imaginação sobre Mahiru.
Quando ele gentilmente sussurrou: “Vá em frente e abra,” Mahiru pareceu sair de seu estado congelado. A maneira como ela olhou para ele como se pedisse permissão divertiu Amane, e ele não conseguiu deixar de rir. Mahiru fez um pequeno beicinho com a reação dele, mas com uma mistura de nervosismo e antecipação, ela começou a desamarrar cuidadosamente a fita enrolada na caixa. Amane notou que seus dedos tremiam levemente, mas decidiu que era melhor não mencionar.
Mahiru desamarrou a fita vermelha brilhante, algo que muitas pessoas associavam a presentes. Ela então removeu meticulosamente o papel de embrulho, revelando finalmente a caixa que continha o presente em si.
Quando Mahiru olhou para ele novamente em busca de seu selo de aprovação, Amane riu e a encorajou: “Vá em frente, você pode abrir.” Prendendo a respiração, ela levantou gentilmente a tampa da caixa. Dentro, aninhada em material de amortecimento, havia outra caixa, uma que se encaixava perfeitamente nas duas palmas de Mahiru. Bem, chamá-la apenas de “caixa” não era totalmente preciso. Não era uma situação de matryoshka onde o presente era apenas uma série de caixas simples. Amane nunca daria um presente tão sem graça.
[Del: Matryoshka são aquelas bonecas russas que tem outra boneca dentro, que tem outra boneca dentro, que tem outra boneca dentro… | Mon: Deixa eu adivinhar… Tem outra boneca dentro? / Kura: No final vai ser uma pedra de amolar…]
O que Mahiru tinha em suas mãos agora era uma caixa de joias feita de madeira, em estilo antigo. Sua cor de bom gosto e o design elegante com suas flores favoritas a tornavam um item refinado e bonito, mais sofisticado e gracioso do que simplesmente fofo.
“Hum, comprei uma caixa de joias para você que pensei que você gostaria,” disse Amane.
Normalmente, dar joias ou cosméticos seria uma escolha segura para o presente de aniversário de uma namorada, mas depois de considerar várias opiniões, Amane decidiu por isso.
Em parte, devido à sua personalidade, Mahiru era conhecida por cuidar muito bem de seus pertences, especialmente itens dados a ela por outros, que ela tendia a preservar meticulosamente. Amane tinha ouvido falar que ela mantinha e armazenava cuidadosamente cada coisa que ele a dava para evitar qualquer deterioração, e ele a respeitava profundamente por isso. Portanto, ele queria dar a ela um lugar especial para guardar esses itens queridos — algo que guardasse e protegesse suas memórias preciosas.
“Mahiru, eu sei que você sempre cuida muito bem de tudo que eu te dou. É por isso que pensei que seria legal para você ter um lugar especial para guardar tudo. Embora eu perceba que você provavelmente já tem algo parecido, então não é como se eu estivesse forçando você a usar ou algo assim!”
[Mon: E eu aqui pensando que ela iria ganhar uma pedra de amolar… Quem sabe, sabe! / Kura: Estava no seu time… Com uma pedra de amolar chique.]
Amane enfatizou que, embora ele tivesse dado a ela, não havia obrigação de usar, dizendo que era uma distinção importante. Depois disso, ele limpou a garganta.
“Achei que seria legal ter um lugar onde você pudesse guardar as coisas que eu vou te dar no futuro,” ele acrescentou, embora um pouco sem jeito. Ele achou constrangedor dizer isso tão diretamente, o que tornou suas palavras difíceis de formarem. Mas lentamente, Amane expressou o desejo que ele guardava em seu coração. “Eu estava pensando que seria legal se aquela caixa ficasse eventualmente cheia apenas com as coisas que eu te dei... Desculpe. Esse é apenas meu próprio desejo egoísta.”
“...Não é egoísta,” Mahiru respondeu suavemente.
Amane estava prestes a dar um sorriso autodepreciativo, pensando que era egoísmo da parte dele colocar seus próprios desejos no presente que ele escolheu. No entanto, Mahiru, com a cabeça baixa, balançou a cabeça. Sua voz tremeu um pouco, e uma grande lágrima semelhante a uma pedra preciosa caiu de seu olho, espirrando nas costas de sua mão enquanto ela descansava na caixa.
Ele não precisava que lhe dissessem. Amane já sabia que não eram lágrimas nascidas da tristeza.
“… Quantas vezes você quer me fazer chorar hoje, Amane-kun?”
“Se for de felicidade, então quantas vezes forem necessárias.”
“… Oh, você,” ela sussurrou, o tom levemente mal-humorado, mas afetuoso em sua voz, uma prova da profunda confiança que ela tinha em Amane.
Quando Mahiru levantou finalmente a cabeça, ela deu a Amane o sorriso mais doce e deslumbrante, um sorriso tão satisfeito que pareceu acalmar a vermelhidão ao redor de seus olhos de tanto chorar.
“Quando eu chegar em casa, terei que guardar tudo aqui. Minha pulseira, meus grampos de cabelo. Todos os meus tesouros,” Mahiru riu. “Toda vez que eu abrir, estarei cheia de felicidade.”
Mahiru levantou a tampa gentilmente como se estivesse manuseando algo frágil. Dentro havia um interior simples e espaçoso, sem divisórias para compartimentos e três camadas de armazenamento. Não era particularmente grande, mas parecia perfeito para guardar acessórios ou itens finos. Mahiru não conseguia esconder a excitação em sua voz enquanto admirava a caixa.
“Quero continuar enchendo sua caixa com mais e mais tesouros,” disse Amane.
“Parece haver bastante espaço não apenas para acessórios, então terei que armazenar outros itens importantes aqui também,” respondeu Mahiru.
“Como o quê?”
“Hehe, lembranças das memórias que experimentei com você, Amane-kun. Elas são realmente apenas pequenas coisas, então as manterei em segredo.”
[Del: “Ela sorriu timidamente, e tirou um lenço de renda branca do bolso e embrulhou as pétalas de cerejeira. Os movimentos de Mahiru eram gentis, como se ela as estivesse tratando como tesouros preciosos.” – SS 8, vol 2.]
Amane se lembrava claramente dos presentes que ele havia a dado, mas pelo jeito que Mahiru falou, parecia que ela também apreciava outros itens que não eram exatamente presentes.
Ele se sentiu um pouco culpado ao perceber que não conseguia se lembrar bem do que esses itens poderiam ser. No entanto, Mahiru, percebendo seu desconforto, simplesmente sorriu para ele, mostrando que não estava nem um pouco incomodada com isso.
[Del: Não se preocupe meu caro Amane, eu lembro por você. | Jeff: Ninguém tem dúvidas com relação a isso “biblioteca de otonari” | Mon: É a “Delciclopédia”, não tem como! / Kura: Para que site quando temos o Del?]
“Você está mantendo-os em segredo, hein?”
“Sim. São itens que você provavelmente me deu sem pensar muito, ou coisas que compramos quando saíamos juntos. Então é natural que você não se lembre de todos eles. Por favor, espere ansiosamente por isso quando chegar a hora. Quando a caixa estiver cheia, mostrarei tudo o que estará guardado lá dentro. Dessa forma, podemos olhar para trás e relembrar juntos.”
“Claro.”
[Del: Não se preocupem, leitorada, farei questão de botar os caps dos itens em questão, se estes houverem.]
Certamente, eles continuariam a criar muitas outras memórias juntos. Não, eles vão criar — Amane tinha certeza de que o fariam.
Espero que, um dia, esta caixa esteja cheia até a borda com a nossa felicidade, Amane desejou, silenciosamente transmitindo essa esperança a Mahiru com os olhos. Ela sorriu ternamente, compartilhando o mesmo sentimento. Seus olhares se suavizaram, ambos ansiosos pelo futuro que construiriam juntos.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Vendo Mahiru fechar os olhos silenciosamente, aproveitando o brilho da comemoração de seu aniversário, Amane não pôde deixar de se sentir um pouco orgulhoso, pensando que as coisas tinham corrido bem até agora. No entanto, com a parte final do plano ainda faltando, Amane não tinha certeza de como Mahiru reagiria. Ele apertou os lábios, lembrando a si de não baixar a guarda ainda.
Uma rápida olhada na parede revelou os ponteiros do relógio de parede, sutilmente escondidos pelas decorações, aproximando-se firmemente da hora prometida.
…Está quase na hora.
Chegou a hora da surpresa final — e provavelmente a maior — do aniversário de Mahiru.
Mahiru, acreditando que todas as comemorações de hoje haviam acabado e tudo o que restava era aproveitar o doce calor da felicidade, estava sentada no sofá, pressionando suavemente as almofadas macias das patas do gato de pelúcia. Ela parecia completamente à vontade.
Amane sentiu-se genuinamente arrependido por perturbá-la quando ela estava tão relaxada, mas eles já tinham chegado ao ponto sem volta, não lhe deixando outra escolha a não ser se preparar para o que estava por vir.
“...Uhmm, Mahiru, bem, a questão é...”
“Sim?”
Mahiru olhou para Amane sem um pingo de cautela. Sua expressão estava ainda mais suave e relaxada do que o normal, colorida com um brilho alegre. Seu olhar sonhador, cheio de afeição por ele, era tão insuportavelmente fofo que Amane sentiu como se pudesse fazer cinco aftas brotarem na parte interna de sua bochecha só pela doçura da visão.
Amane mordeu a parte interna de sua bochecha para suprimir a vontade irresistível de enchê-la de afeição, então se forçou a manter um exterior calmo enquanto continuava.
“Na verdade, há mais uma surpresa reservada para você.”
“Você já fez o suficiente, mas ainda tem mais? Você não preparou coisas demais, não?”
“Se alguma coisa, ainda não é o suficiente para compensar todos os aniversários que você deveria ter tido até agora. Não faria mal ser um pouco mais gananciosa e pedir mais, sabe?”
“N-não, isso não é... quero dizer, hum, eu posso ficar sobrecarregada, tipo, pode ser demais para eu aguentar tudo de uma vez.”
“Bem, se isso acontecer, me desculpe.”
“Huh?”
Na verdade, Amane havia preparado a surpresa final totalmente ciente de que poderia sobrecarregá-la.
Mahiru olhou para Amane com uma expressão confusa, claramente sem entender o que ele queria dizer. Não ousando explicar mais, Amane se levantou silenciosamente, pronto para abrir as cortinas para o último e maior presente que ele poderia dar — a surpresa de todas as surpresas.
“Está tudo pronto, então fique sentada enquanto eu termino os retoques finais.”
Deixando uma confusa Mahiru para trás, Amane voltou para seu quarto para trazer de volta o laptop que ele havia preparado. O aparecimento repentino do que, para ela, parecia um laptop não relacionado apenas intensificou o olhar curioso de Mahiru, mas Amane permaneceu firme e optou por não dar mais detalhes. Ele simplesmente colocou o laptop na mesa baixa, mantendo um ar de mistério e expectativa.
A tela que ele abriu exibia a sala de espera de um aplicativo de videoconferência, pronto para uma chamada.
“Bem, eu posso estar... me intrometendo demais nisso, mas...”
A maior surpresa do dia, decidida inteiramente pelo próprio julgamento de Amane e talvez um pouco de autojustiça, foi algo que ele não conseguiria alcançar sozinho. Enquanto seu coração se enchia de expectativa, esperando que Mahiru ficasse feliz, um medo persistente insistia — ansiedade de que seu ato presunçoso pudesse ser indesejável. Para Amane, era quase como fazer uma aposta arriscada.
Claro, ele sabia que Mahiru ficaria mais do que feliz sem essa surpresa final — ela já havia chorado lágrimas de alegria antes. Então, talvez, isso não fosse algo que ele devesse ter feito. Mas agora que as engrenagens estavam em movimento, não havia como voltar atrás.
Ele precisava se preparar e seguir em frente.
“Você pode pensar que isso foi um favor indesejável ou que estou ultrapassando meus limites, mas não sou a única pessoa que quer a parabenizar. Há outra pessoa que se importou e sempre pensou em você.”
[Mon: Leitorada… É agora… E eu só vou dizer uma coisa–]
Hoje, muitas pessoas celebraram o dia que marcou o nascimento de Mahiru e a parabenizaram. Seus amigos mais próximos e queridos se reuniram para ajudar e comemorar seu aniversário. Certamente, ela deve ter ficado muito feliz, sem nada do que reclamar. No entanto, Amane não conseguia se livrar da sensação de que algo estava faltando. Não era o suficiente para ela ser celebrada por seus amigos atuais e aqueles que assumiram um papel parental em sua vida. Ele se perguntou se não havia ninguém de seu passado, alguém que Mahiru uma vez admirou e amou profundamente, que havia sido deixado de fora. Alguém que gostaria de celebrar seu nascimento do fundo do coração.
Depois de enviar uma mensagem no chat para confirmar que tudo estava pronto, Amane respirou lenta e profundamente para acalmar seus batimentos cardíacos acelerados. Então, ele clicou no botão com o ícone do telefone.
A tela mudou de um vazio escuro e em branco para uma tela brilhando com tons vibrantes.
“Ojou-sama.”
[Jeff: Absolute Cinema! | Mon: –Absolute Cinema! Namoral, meu coração está batendo muito forte agora… Eu quero chorar! / Kura: Calma lá, ele fez isso mesmo? Amane, virei o seu fã irmão.]
Uma voz gentil emanou suavemente dos alto-falantes do computador.
A voz, nem alta, nem baixa, tinha um tom suave e calmo. Não era uma voz que Amane reconhecia, mas para Mahiru, provavelmente era uma história diferente.
Um surpreso “Huh?” escapou dos lábios de Mahiru, sua voz ligeiramente trêmula.
Em um instante, Mahiru pulou. Ela pulou do sofá, pousando no chão com uma sensação de urgência. Ela se inclinou para perto do laptop na mesa baixa, olhando fixamente para a tela. Seu rosto, normalmente tão composto, agora estava cheio de choque e descrença.
Os olhos de Mahiru se arregalaram. Incapaz de acreditar no que estava vendo, sua boca ligeiramente aberta lhe dava uma aparência quase atordoada. Estava claro que ela estava completamente perplexa, talvez até perplexa. A mulher na tela, aparentando ser cerca de uma década mais velha que os próprios pais de Amane, pareceu notar a descrença de Mahiru. Com um sorriso elegante que carregava uma pitada de surpresa e diversão, a mulher olhou diretamente para Mahiru.
“Faz um tempo que deixei minhas funções, então talvez essa maneira de me dirigir a você não seja mais apropriada. Vejamos...”
Mahiru permaneceu congelada, seu corpo tenso enquanto olhava para a tela, enquanto a mulher — Koyuki — encontrou seu olhar através da tela e sorriu gentilmente.
“…Mahiru-san, há quanto tempo não nos vemos.”
Colocando graciosamente uma mão sobre o peito, Koyuki chamou o nome de Mahiru com um sorriso refinado. Imperturbável pelo aparente estado de choque de Mahiru, Koyuki continuou falando.
“Sinto muito por chamar seu nome tão de repente, mas como não estou mais empregada, você me permitiria chamá-la pelo seu nome de batismo?”
“P-Por que — Como... I-Isso é real?”
“Nossa pequena surpresa foi um sucesso?” Koyuki provocou, rindo um pouco.
Não seria exagero dizer que foi um sucesso retumbante — tanto que Amane se preocupou que isso pudesse ter chocado Mahiru a ponto do coração dela parar. A surpresa a pegou completamente desprevenida.
Mesmo de uma curta distância, Amane podia ver como Mahiru estava ainda mais confusa com o tom brincalhão, mas refinado, da voz de Koyuki. Não era grosseiro, mas carregava um ar de elegância madura, tornando a situação ainda mais avassaladora para Mahiru.
“H-Huh? O quê? C-Como estamos…”
“Ah, você deve estar confusa sobre como estou aqui nesta videochamada. Quanto a como, acho que o cavalheiro sentado ao seu lado seria mais adequado para responder.”
Percebendo que os holofotes agora estavam voltados para ele, Amane não conseguiu evitar rir baixinho. Quando Mahiru se virou rapidamente para encará-lo, ele sabia que não tinha escolha a não ser explicar. Gentilmente guiando-a para se sentar novamente no sofá, ele olhou para ela, se preparando para dar a explicação que ela claramente esperava.
“Uh... primeiro, deixe-me pedir desculpas. Sinto muito.”
“Huh?”
“Eu fiz algo ruim.”
“R-ruim...?”
“Você não está curiosa sobre como consegui entrar em contato?”
Koyuki era a governanta e tutora de Mahiru, responsável por cuidar dela antes de Mahiru conhecer Amane. Amane não tinha conexão direta com Koyuki e nunca havia falado com ela ou mesmo ouvido sua voz antes. Naturalmente, Mahiru perceberia rapidamente que não havia como Amane saber as informações de contato dela sozinho.
Assim que Mahiru soltou um pequeno “Ah,” percebendo instantaneamente o que ele queria dizer, um sentimento de culpa surgiu na mente de Amane. Ele respirou fundo, organizando a explicação que havia preparado em sua mente, e então começou a falar lentamente, pronto para explicar como tudo havia acontecido.
“Lembra quando, hum, falamos sobre como eu queria cumprimentar Koyu— Kujigawa-san?”
“S-sim?”
“Quando você me mostrou a foto dela, eu meio que... vislumbrei um bilhete. E eu, uh, acabei memorizando o endereço e o número nele.”
Foi assim que Amane descobriu as informações pessoais de Koyuki.
[ Kura: Eu falei não falei? Pode voltar no cap do acontecimento que meu comentário está lá kkk]
Acontece que, embora elas geralmente se comunicassem por cartas, Koyuki havia deixado vários métodos de contato disponíveis. Em um bilhete que havia sido armazenado com outros documentos importantes, seu endereço de e-mail, endereço para correspondência e número de telefone estavam todos listados. Quando Amane viu o bilhete, o endereço de e-mail se destacou — era distinto e fácil de lembrar. Mesmo que ele não o tivesse olhado atentamente, o endereço ficou em sua mente quase que instantaneamente.
Para ser honesto, Amane passou vários dias questionando se era realmente correto enviar aquele e-mail, perguntando-se repetidamente se estava cruzando uma linha — não apenas violando a etiqueta, mas a moral em si. O nó em seu estômago depois de clicar em ENVIAR era algo que ele conseguia lembrar vividamente até agora.
Amane sempre teve a intenção de se apresentar adequadamente algum dia, mas sabia que fazer isso dessa maneira, sem permissão, não era a maneira certa de fazer isso.
Ele estava totalmente ciente de que envolver Koyuki nisso foi motivado por seus próprios desejos egoístas. No entanto, apesar de saber disso, Amane não conseguia deixar de sentir que precisava da ajuda dela, não importava o que acontecesse.
“Mahiru, Kujikawa-san. Peço desculpas de verdade por obter e usar suas informações pessoais sem permissão. Lamento profundamente minhas ações.”
Sabendo que sua imagem estava sendo transmitida do outro lado, Amane se moveu para a frente da câmera e se curvou profundamente, com sua cabeça abaixada em sincero pedido de desculpas. A expressão de Koyuki se transformou em um sorriso irônico, como se dissesse: “Não há nada a fazer.” Quando ele a contatou pela primeira vez, ele também se desculpou profusamente e, mesmo agora, ele sentia que não era o suficiente, então ele manteve a cabeça abaixada. Depois de um momento, ele ouviu a voz ligeiramente exasperada de Koyuki chegar ao fundo de sua cabeça.
“Meu Deus, por favor, levante a cabeça. No começo, eu suspeitei que era um e-mail de spam e até consultei meu filho e sua esposa sobre isso.”
“Eu realmente sinto muito.”
“Eu vou deixar você sair dessa vez em consideração ao seu desespero. Sua determinação em fazer o que fosse preciso por ela, junto com a culpa que você sentiu, era evidente. Mas, por favor, tenha mais cuidado da próxima vez, okay?”
“Sim. Isso não vai acontecer de novo.” Amane não tinha intenção de fazer algo tão descaradamente desrespeitoso e ultrapassar limites como esse novamente.
Da perspectiva de Koyuki, Amane era essencialmente um completo estranho, praticamente nada diferente de um indivíduo suspeito. O fato de ela não apenas o ouvir, mas também concordar em ajudar o encheu de gratidão avassaladora e, ao mesmo tempo, culpa.
“Você também poderia perdoá-lo em meu nome, Mahiru-san? Ele me explicou tudo tão sinceramente, abaixando a cabeça o tempo todo. Ele sabia que era um pedido rude e talvez presunçoso, mas ainda assim perguntou se eu poderia ajudá-lo.”
“E-eu não estou nem um pouco brava! O Amane-kun sempre se esforça tanto por mim, e eu sei que ele fez isso por mim também. Eu me sinto tão, tão feliz e grata, mas também culpada.”
“Se você está feliz, então não há mais nada que eu possa pedir como seu namorado.”
“Ele foi incrivelmente apaixonado quando falou comigo, sabia? Ele me disse que queria que você tivesse o aniversário mais feliz da sua vida, e que meu envolvimento tinha um papel crucial para que isso acontecesse. Quando ele me perguntou tão sinceramente, como eu poderia me recusar a ajudar? Além disso, se eu posso fazer parte da sua felicidade, Mahiru-san, que honra maior pode haver?”
Quando as palavras suaves de Koyuki a alcançaram, outra lágrima escorreu dos olhos de Mahiru, correndo silenciosamente por suas bochechas levemente coradas. Amane entendeu instintivamente a natureza das emoções que transbordaram e se manifestaram como lágrimas. Ciente de que ele havia sido o único amolecendo o coração de Mahiru durante o dia, ele entregou a ela o lenço que ele havia mantido por perto. Mahiru aceitou com um pequeno e agradecido sorriso.
“Mais uma vez, há quanto tempo não nos vemos, Mahiru-san.”
Depois de esperar que as emoções transbordantes de Mahiru fossem enxugadas com o lenço, Koyuki a cumprimentou ternamente mais uma vez.
Observando a interação delas, Amane pensou que seria melhor deixá-las para seu tão esperado reencontro em particular. No entanto, assim que ele começou a se afastar, as pontas dos dedos de Mahiru gentilmente agarraram sua manga, um pequeno gesto de resistência que naturalmente o manteve enraizado no lugar. Embora Mahiru pudesse estar bem com isso, Amane se preocupou que sua presença pudesse interferir no reencontro. Mas quando ele olhou para Koyuki, ela sorriu calorosamente e, com um olhar, o encorajou a ficar.
Parecia que Koyuki não o via como um intruso no reencontro, afinal.
Mahiru deu um tapinha no espaço ao lado dela no sofá, gentilmente pedindo para Amane se sentar ao lado dela.
Quando Amane olhou para a tela do laptop, o sorriso sempre alegre, mas inescrutável, de Koyuki o cumprimentou. Embora ele tenha hesitado por um momento, ele confiou que não era indesejado e silenciosamente sentou-se ao lado de Mahiru.
“Trocamos cartas em algumas ocasiões, mas eu nunca — …Eu me pergunto se é apropriado da minha parte contabilizar nossos encontros, mas nunca tive a oportunidade de ver o quanto você cresceu... até este momento. Eu sou realmente grata por esta oportunidade.”
“Faz — faz um tempo, Koyuki-san…”
“Meu Deus, por favor, me mostre seu sorriso em vez dessas lágrimas. Afinal, você me deu a preciosa oportunidade de ver seu rosto.”
“Okay.”
Mahiru, enxugando finalmente as grandes lágrimas que continuavam caindo de seus olhos com o lenço, conseguiu mostrar um sorriso brilhante. Ao ver isso, a expressão de Koyuki suavizou-se em um sorriso aliviado.
“Mas, agora que penso nisso, o fato de você poder chorar tão abertamente agora é um motivo de comemoração. Isso mostra que você ganhou força para se mostrar aos outros em momentos de vulnerabilidade.”
Quando criança, Mahiru era forte, mas também frágil, nunca disposta a revelar suas fraquezas, nem mesmo para Koyuki. Ela raramente mostrava suas lágrimas, segurando tudo dentro de si e incapaz de confiar em ninguém, não importa o quanto estivesse sofrendo. Ela não tinha escolha a não ser suportar tudo sozinha. Mas agora, Mahiru havia se livrado daquela casca rígida. Ela se tornou mais suave, mais aberta, mas, ao mesmo tempo, ela se tornou mais forte e resiliente.
“Você cresceu lindamente, Mahiru-san.”
“...Obrigada.”
“Você parece muito mais brilhante em comparação à última vez que te vi. Há uma luz diferente em seus olhos. Você deve ter sido abençoada com um ambiente maravilhoso. Estou realmente feliz.”
“Sim...”
A voz de Koyuki, de profundo alívio, era inconfundivelmente de alguém que realmente se importava com Mahiru.
Seu sorriso gentil carregava preocupação e alívio, revelando o quanto ela se preocupava com Mahiru na época.
Embora Mahiru tivesse finalmente parado de chorar, ela adotou uma postura excepcionalmente boa, com as costas retas e o corpo ligeiramente tenso, como se estivesse tentando se encolher. Vendo isso, Koyuki levou a mão à boca e sorriu graciosamente, divertida com a reação de Mahiru.
Rindo levemente, Koyuki disse: “Não há necessidade de ser tão formal — não sou mais uma funcionária. Sou simplesmente uma velha senhora comum agora.”
“É-é só que... faz tanto tempo, e, hum, eu estou um pouco nervosa!” Mahiru gaguejou.
“Oh céus! Hehe, suponho que o sentimento seja mútuo então, já que minha felicidade me fez agir um pouco familiar demais também.”
Vendo Mahiru ficar facilmente envergonhada com sua resposta, o sorriso de Koyuki aumentou um pouco.
“Perdoe-me por perguntar algo tão comum, mas você tem estado bem? Embora eu tenha lido as cartas que você enviou de vez em quando, gostaria de ouvir diretamente de você.”
“Sim, tenho estado bem. Bastante...”
“Que rígida. Não precisa ficar tão nervosa — não vou ficar brava ou desaparecer.”
“Entendido...”
“Lá vai você, agindo formalmente de novo.”
“Uuuh...”
“Isso é algo a que você terá que se acostumar, Mahiru-san.”
Mesmo depois de ser apontado novamente, a tensão de Mahiru não pareceu diminuir. Ela continuou sentada com as costas anormalmente retas, mostrando o quão nervosa ela ainda estava durante esse tão esperado reencontro. No entanto, a maneira como ela olhava para a tela com olhos cheios de confiança e afeição significava que era apenas uma questão de tempo até que ela se sentisse confortável novamente.
“Mas, sinceramente, estou feliz em saber que você está bem. Embora, eu já pudesse dizer só pela expressão no seu rosto... Você conheceu alguém maravilhoso, não é?”
“Sim.”
Surpreso com o elogio inesperado, Amane sentou-se e reajustou a postura. O fato de Mahiru ter afirmado isso imediatamente o deixou envergonhado, fazendo com que seu olhar vagasse desconfortavelmente.
“Se você diz, então suponho que não tenha nada com que me preocupar. Veja bem, eu já sabia que ele estava correndo e trabalhando duro para sua doce namorada, então nunca duvidei que ele fosse uma boa pessoa.”
[Del: Será que ela tá se pegando para dizer algo como: “E aí, pegou ele pelo estômago?” kkkkk | Mon: Meu Deus Sim!!! kakaakka | Kura: “quando conhecer alguém interessante, pegue ele pelo estômago” kkkk]
Koyuki soltou uma risada suave e refinada, dizendo: “Viva o suficiente e você poderá facilmente distinguir as pessoas boas das más.” Embora Amane sentisse uma leve pontada no estômago, ele manteve um sorriso educado, sabendo muito bem que foi sua própria decisão de contatá-la sem permissão que levou a essa situação. Ele guardou seu desconforto para si.
Quer Koyuki tenha notado os sentimentos mistos de Amane ou não, ela manteve sua expressão elegante, sem mostrar nenhum sinal de mudança.
“... Eu realmente não posso agradecer o Amane-kun o suficiente,” disse Mahiru. “Ele fez tanto para preparar tudo isso para mim, chegando até a me reconectar com você, Koyuki-san.”
“Mahiru, você não precisa se preocupar com isso. Eu só fiz isso porque eu queria.”
Na verdade, Amane sentia que deveria ser ele quem deveria se desculpar constantemente, mas o fato de Mahiru estar tão feliz o fez se sentir orgulhoso e aliviado. Embora seus métodos fossem um tanto questionáveis, dificultando para ele comemorar tanto quanto ele normalmente gostaria.
“Já que é seu aniversário, eu queria que você estivesse transbordando de felicidade. Embora, para ser honesto, eu não tinha certeza se daria certo — era uma chance de cinquenta por cento.”
Amane assumiu o risco de ser visto como um incômodo, ser repreendido ou até mesmo odiado por suas ações. Então, foi um grande alívio que tanto Koyuki quanto Mahiru o perdoaram tão facilmente.
“Se um esforço da minha parte pode te fazer feliz, então vale cada segundo que passei... Eu sei que você tem trabalhado duro diariamente por mim também, então eu queria retribuir. Eu queria te ver sorrir mais. Embora eu tenha acabado de fazer você chorar agora.”
Enquanto Amane falava, lágrimas continuavam a escorrer dos cantos dos olhos de Mahiru, cada uma delas era uma gota clara e bonita. Ele pegou rapidamente o lenço novamente, suavemente enxugando as lágrimas dela. O grande número de emoções que ela estava expressando, algo inimaginável da Mahiru que ele conhecia, o fez sentir como se o próprio lenço pudesse começar a chorar em breve. No entanto, essa resposta avassaladora o assegurou de que ele havia tocado o coração de Mahiru de uma forma verdadeiramente significativa.
“Então, hum, isso te fez feliz?”
“Sim, é claro.”
Quando Mahiru abriu um sorriso reluzente e despreocupado, condizente com sua idade, como se dissesse que ela não podia continuar chorando, Amane e Koyuki sentiram uma onda de alívio inundá-los.
“Eu adoraria ouvir mais sobre o jovem ao seu lado, Mahiru-san. Vocês dois estão namorando, sim?”
“...Nós estamos. Ele é a primeira pessoa que eu verdadeiramente amei. Quando estou com ele, me sinto à vontade e meu coração se aquece. Ele é a primeira pessoa a me amar pelo que eu sou, tanto minha fachada quanto meu verdadeiro eu. Ele é alguém que sabe tudo sobre mim, mas ainda me valoriza. Ele vê um futuro comigo e está pronto para trilhar esse caminho juntos.”
Amane não estava olhando diretamente para Mahiru, mas sim para a tela na frente dele. Apesar disso, a situação de ter alguém que Mahiru estimava como uma mãe por perto o fez se sentir incrivelmente envergonhado. A maneira como ela falava dele com sinceridade, alegria e amor, elogiando seu caráter e expressando o quanto ela queria estar com ele, era avassaladora. No entanto, a alegria de saber que Mahiru sentia algo tão profundo por ele era ainda mais forte. Sem tirar os olhos da tela, sua mão procurou instintivamente a dela. Ao mesmo tempo, Mahiru parecia estar estendendo a dela também, e as pontas de seus dedos se encontraram suavemente entre eles.
Enquanto seus dedos deslizavam naturalmente das pontas para as palmas, entrelaçando-se, Amane sentiu o calor da mão de Mahiru, muito mais quente do que o normal, derreter na sua.
“Sério? Estou feliz que você parece ter encontrado um parceiro maravilhoso. De verdade, estou muito feliz por você.”
O calor e a confiança que irradiavam da mão de Mahiru trouxeram um sorriso ao rosto de Amane, que Koyuki percebeu rapidamente. Sua expressão, embora gentil, carregava uma pitada de um calor divertido, ainda mais quente do que suas mãos entrelaçadas. Essa percepção trouxe uma onda de constrangimento inundando Amane, que de repente se sentiu um pouco — não, bastante — constrangido como o namorado sendo apresentado.
Foi um alívio que Koyuki, ao contrário de uma certa mãe provocadora, não tivesse intenção de implicar com ele. Ela manteve seu exterior calmo e gentil, simplesmente observando-os com um sorriso aconchegante e aprovador.
[Shihoko: Atchiiimmm, será que alguém tá falando de mim?]*
“Desde que ela era jovem, a Mahiru-san tem sido mais perspicaz do que a maioria, então eu estava preocupada de que ela pudesse se desinteressar por outras pessoas. Mas parece que minhas preocupações foram infundadas.”
A preocupação que surgiu por observar Mahiru desde que ela era jovem era algo que Amane podia entender e concordar. Ele não pôde deixar de pensar que era um milagre Mahiru ter escolhido alguém como ele — um pensamento pelo qual Mahiru provavelmente o repreenderia se soubesse.
“A propósito, você o agarrou pelo estômago?” Koyuki perguntou, lembrando-se do que havia dito a Mahiru todos aqueles anos atrás.
[Del: Aaaaaahhhhhh, acertei hehe. | Jeff: Desse comentário dela eu lembro ;) | Mon: Ela devia estar se segurando muito, realmente! kkkk… | Kura: Finalmente, sonhava com esse sonho kkkk]
“...Eu o agarrei...?” Mahiru repetiu, intrigada.
“Sim, com um punho de ferro,” declarou Amane.
“Oh meu Deus.”
Amane assentiu enfaticamente, sem sombra de dúvida em sua mente de que ele estava certo. Ele foi recebido com o sorriso conhecedor de Koyuki, como se ela não esperasse nada menos. Tendo ouvido muitas vezes que as habilidades culinárias de Mahiru foram aprimoradas sob a orientação de Koyuki, Amane, que regularmente apreciava aquelas refeições deliciosas, sentiu que deveria se curvar em profunda gratidão à fonte da proeza culinária de Mahiru.
Assim que Amane estava prestes a abaixar a cabeça em gratidão de um ângulo diferente, ele notou Mahiru acenando com a mão livre nervosamente, como se tentasse impedi-lo.
“Ah! Mas não é como se ele deixasse tudo para mim! O Amane-kun também cozinha! Ele sempre me ajuda na cozinha, e ele até prepara as refeições sozinho! É mais como se nos revezássemos ou trocássemos de turno... Ele faz realmente a parte dele em, hum, viver junto comigo!”
Mahiru não queria que Koyuki acreditasse erroneamente que Amane deixou tudo para ela e sugou seu esforço. No entanto, não se podia negar que Mahiru carregava uma parte significativa da responsabilidade. Então Amane acrescentou: “Mas verdade seja dita, a comida de Mahiru é a melhor, e eu realmente prefiro as refeições dela,” o que fez os olhos de Mahiru se encherem de lágrimas mais uma vez.
Embora ela não tenha chorado de verdade, Amane pôde sentir um leve tremor e um aperto mais forte do que o normal vindo da mão de Mahiru.
“Eu sei, eu sei. Você não precisa entrar em pânico, Mahiru-san. Eu entendo perfeitamente. Ele é o seu parceiro ideal, não é?”
“Sim!” Mesmo com os olhos brilhando de emoção, Mahiru assentiu firmemente e continuou sem hesitação. “Afinal, foi você quem me disse para escolher alguém que realmente me faria feliz, Koyuki-san.”
“Sim, eu certamente disse.”
“Você estava definitivamente certa, Koyuki-san. Mesmo quando você estava comigo, mais especialmente depois que você se foi, eu interagi com tantas pessoas diferentes. Foi então que eu percebi... A pessoa que me faria feliz é alguém que não tenta me encaixar em um molde, que não me julga apenas pelo que vê na superfície e que nunca desconsidera meus sentimentos.”
Como Mahiru foi cercada por tantas pessoas diferentes ao longo de sua vida, a barreira para seus relacionamentos era provavelmente se a outra parte poderia ou não a respeitar como indivíduo. Era um critério simples, mas profundamente importante — algo essencial, mas muitas vezes difícil de encontrar nos outros.
“O Amane-kun sempre coloca meus sentimentos em primeiro lugar e se esforça para me entender. Ele se apaixonou por quem eu sou por dentro e me aceitou apesar das minhas experiências de infância. Ele me respeita, e isso me deixa incrivelmente feliz... Embora ele possa ser um pouco respeitoso demais, o que o torna reservado.”
“É para o seu próprio bem, Mahiru!”
“E-eu sei que é! ...Eu entendo muito bem que você está apenas sendo cuidadoso porque me respeita muito.”
Amane não pôde deixar de sentir que Mahiru o havia sutilmente chamado de covarde, embora soubesse que esse “cuidado” era algo em que ambos concordavam. Ainda assim, ele se perguntou se havia alguma insatisfação subjacente da parte dela que ele não havia percebido.
Enquanto Amane a encarava, Mahiru acrescentou apressadamente: “N-não é que eu esteja infeliz ou algo assim! Só quero dizer que talvez você não precise sempre se preocupar tanto com o que estou sentindo — você poderia priorizar um pouco mais seus próprios sentimentos.” Ela parecia envergonhada e um tanto insegura do que estava dizendo, deixando Amane, como seu namorado, com mais uma coisa para resolver.
Mas se eu fizesse isso, você é quem iria superaquecer.
Ele não tinha intenção de quebrar o voto que fez naquela época, mas ouvir as palavras de Mahiru o fez pensar...
Contanto que eu não quebre nossa promessa, talvez possamos fazer coisas que eu quero fazer?
Amane considerou seriamente se mimar Mahiru da maneira que ela estava sugerindo era uma boa ideia, dada sua tolerância limitada para tais coisas. Ele olhou para ela com um olhar sério, mas Mahiru, provavelmente envergonhada por suas próprias palavras ousadas, apenas corou e pareceu alheia aos pensamentos que passavam por sua mente.
“Estou feliz em ver que vocês dois são próximos. Dito isso, estou curiosa sobre você mencionar que moram juntos.”
Embora Koyuki não os estivesse repreendendo, havia um tom de descrença em sua voz que fez as bochechas de Mahiru se contorcerem de vergonha. Ela percebeu que discutir tais assuntos na frente de alguém que ela admirava como uma mãe pode não ter sido a melhor ideia.
“A-ah! N-aão, não é bem assim! Amane-kun é, na verdade, meu vizinho — quero dizer, nós moramos no mesmo prédio! Não há absolutamente nada acontecendo que possa te preocupar, Koyuki-san!” Mahiru se apressou para explicar as coisas claramente.
“Eu juro, eu não fiz nada que pudesse machucar a Mahiru de alguma forma.”
Da perspectiva de Koyuki, seria natural se preocupar que alguém que ela considerava sua filha amada pudesse ser aproveitada por um homem desconhecido. Percebendo o quão descuidadas suas palavras poderiam ter soado, Mahiru e Amane lamentaram sua frase pobre. No entanto, Koyuki, depois de soltar um suspiro suave que transmitia uma mistura de preocupação e leve exasperação, virou um olhar gentil para Mahiru.
“Eu não estou em posição de criticar, mas pelo menos se vocês estão passando tanto tempo juntos e ainda se dão tão bem, isso é um bom sinal. Quanto mais tempo vocês passarem juntos, mais vocês verão as características menos desejáveis um do outro.”
“E-eu não acho que haja... Hum, e mesmo se houvesse, sempre poderíamos conversar e trabalhar para melhorar juntos.”
Costuma-se dizer que viver juntos pode revelar diferenças em hábitos, hábitos financeiros, higiene, bom senso e ética, o que pode ser frustrante. No entanto, apesar de passarem tanto tempo juntos, Amane ainda não havia encontrado nenhum problema importante com Mahiru que o incomodasse. Se ele tivesse que apontar alguma coisa, seria sua tendência de se conter demais e suas ações ousadas ocasionais estimuladas pela influência de Chitose. O primeiro era algo que Mahiru vinha melhorando à medida que se tornava mais honesta, e o último era mais um problema com a própria Chitose — algo que poderia justificar uma conversa séria com ela.
Isso levou Amane a considerar se Mahiru tinha alguma reclamação sobre ele. Ela não havia apontado muitos problemas ultimamente, embora quando eles começaram a interagir, ela tivesse sido bastante franca sobre coisas que não gostava. Era possível que ele já tivesse abordado a maioria das coisas que ela queria que ele mudasse. No entanto, Amane ainda estava preocupado de que ainda pudesse haver coisas que ela não havia mencionado, então ele fez uma cara séria e disse a ela: “Se houver algo que você não goste, não hesite em me dizer, okay? Eu não quero te causar problemas. Quero que nós dois fiquemos confortáveis, e se eu puder mudar alguma coisa, eu mudarei.”
Em resposta, Mahiru balançou rapidamente a cabeça, claramente perturbada pela sugestão. “Se algo, você é muito atencioso comigo! Você é uma pessoa incrivelmente maravilhosa para mim, okay!?”
“Você não precisa me bajular.”
“...Então isso é algo que eu quero que você trabalhe. Por favor, aprenda a aceitar elogios corretamente quando eu os faço.”
Vendo Mahiru fazer beicinho tão claramente, seus lábios adoravelmente franzidos enquanto ela dava um tapinha leve na coxa de Amane, ele sabia que não poderia deixá-la ficar mais de mau-humor. Com um sorriso, ele rapidamente respondeu: “Entendido, obrigado!”, impedindo com sucesso que suas bochechas inchassem ainda mais.
“A Mahiru-san abriu completamente o coração dela para você, não é?”
Quando Amane olhou de volta para a tela depois de ouvir essas palavras sinceras, ele notou que Koyuki, que estava observando silenciosamente a interação deles, estava olhando para o local onde suas mãos estavam interagindo divertidamente. Estava claro que ela havia visto através deles.
Mahiru, naturalmente envergonhada, encolheu os ombros e corou profundamente, o que deixou Amane lutando para suprimir a onda crescente de seu próprio constrangimento, tentando o seu melhor para não deixar isso transparecer em seu rosto.
Koyuki soltou uma risada suave e divertida. Ainda sorrindo, ela gentilmente voltou seu olhar para Amane.
“E você, Fujimiya-san? O que você acha dela?”
“O que eu…?”
“Oh, me ignore. Isso faz parecer uma entrevista, não é? Não foi isso que eu quis dizer…” Koyuki encarou Amane com um olhar gentil, mas perspicaz. “Eu quero saber como você vê Mahiru-san, como ela parece da sua perspectiva.”
Em vez de dar uma resposta rápida, Amane decidiu levar seu tempo, pensando cuidadosamente antes de responder.
—Como o Amane via a Mahiru?
Em outras palavras, Koyuki estava perguntando que tipo de pessoa Mahiru parecia ser aos olhos de Amane. Parecia que ela estava tentando confirmar se Amane, que Mahiru disse que a escolheu por quem ela realmente era, realmente a entendia.
Amane percebeu pela atitude de Koyuki que ela perguntou por preocupação com o bem-estar de Mahiru.
Entendendo sua intenção, Amane se viu considerando cuidadosamente a melhor forma de responder à sua pergunta.
Como eu vejo a Mahiru...
Enquanto Amane olhava silenciosamente para Mahiru sentada ao lado dele, seus olhos se encontraram. Uma mistura de esperança e ansiedade refletia em seus olhos, mostrando que ela estava ansiosa para ouvir como ele verdadeiramente se sentia. Vendo isso, Amane decidiu ser completamente honesto, expressando seus sentimentos sem nenhuma pretensão.
“...Ela tende a fingir ser corajosa e reprimir as coisas, mas, no fundo, ela é apenas uma garota solitária que quer ser mimada.”
Era assim que Amane via Mahiru.
“Amane-kun!?”
“Bem, quero dizer, você não gosta quando eu te mimo?”
“Eu gosto! Mas, por favor, não diga isso tão casualmente na frente da Koyuki-san!”
[Mon: Akakkakakakakak Genial Amane, genial! | Kura: Falou na frente da mãe e foi mesmo kakakaka]
De repente, tendo seu lado privado e escondido exposto, o rosto de Mahiru ficou ainda mais vermelho enquanto ela batia levemente no braço de Amane em protesto. No entanto, Amane não tinha intenção de retirar suas palavras.
“A Mahiru pode basicamente fazer qualquer coisa sozinha. Ela prefere manter os outros à distância, tentando lidar com tudo sozinha. Incapaz de confiar nos outros, ela, de certa forma, atirou no próprio pé, por assim dizer, ficando presa pelos limites que ela mesma estabeleceu.”
Mahiru sempre foi humilde e reservada, raramente se colocando em primeiro lugar. Parecia que, talvez inconscientemente, ela evitava se apoiar completamente até mesmo em Amane por medo de ser um fardo ou ser abandonada. Essa tendência era ainda mais forte com os outros, pois sua incapacidade de confiar totalmente nas pessoas levava a uma compulsão inconsciente de se tornar a “pessoa ideal”. Como resultado, ela evitava mostrar seu lado vulnerável, optando por usar uma máscara e se apresentar como a garota perfeita para o mundo exterior, fazendo com que essa fachada parecesse completamente natural.
Esse era o “Anjo” que todos viam. Mas agora, Mahiru era diferente.
“Agora, ela aprendeu a confiar nos outros, a se apoiar nas pessoas ao seu redor. Ela escolheu me deixar ficar ao lado dela. Ela confia em mim o suficiente para me mostrar seu verdadeiro eu. Deve ter sido uma decisão difícil e significativa para a Mahiru, e para mim, isso é um sinal de sua imensa confiança e amor.”
Como Mahiru acreditava que não precisava fingir, que não havia problema em confiar em alguém e que ela poderia ser vulnerável, a Mahiru que agora era emocionalmente expressiva e um pouco melancólica, que genuinamente procurava Amane com o coração aberto, existia hoje. Amane se orgulhava disso como seu maior tesouro.
“Eu disse a ela que quando ela está comigo, ela não precisa agir como a garota perfeita. Ela não precisa se esforçar tanto. Ela pode ser ela mesma e confiar em mim. E quando ela é assim, ela é incrivelmente adorável... Isso me faz querer mimá-la loucamente.”
Tendo visto a transformação em Mahiru — de alguém que mantinha uma barreira educada, quase imperceptível, sempre se segurando, para alguém que agora, embora ainda modesta, se apoiava abertamente nele e revelava seus verdadeiros sentimentos — só a tornou ainda mais cativante para Amane. Claro, seu eu habitual, composto e independente, assim como o lado travesso que às vezes tentava estragá-lo com mimos, eram inegavelmente adoráveis também. Mas esse era um tipo completamente diferente de doce.
Às vezes, ele não conseguia deixar de sentir uma vontade irresistível de satisfazê-la completamente, a ponto de deixá-la derreter em um estado de pura felicidade. No entanto, ele sabia que fazer isso poderia ir contra os próprios sentimentos de Mahiru. Então, ele estabeleceu um limite, escolhendo mimá-la apenas o quanto ela desejasse. Ele se perguntou se Mahiru percebia esse equilíbrio delicado que ele estava tentando manter.
O rosto de Mahiru ficou com um tom profundo de vermelho. Tremendo levemente, seu medidor de constrangimento se encheu enquanto as palavras de Amane continuavam a ser absorvidas. Ela parecia que ia começar a chorar, mas, neste caso, Amane esperava que esse rosto prestes a chorar dela ainda estivesse dentro da zona segura.
“Ah, mas não é só porque você é fofa que eu quero te mimar. Eu realmente admiro e respeito o quão trabalhadora, dedicada e autodisciplinada você é, Mahiru. Por isso, eu quero ser um lugar de conforto para você. Eu não te mimo quando você não quer!”
Não importa o quanto Amane amasse Mahiru, mimá-la excessivamente contra sua vontade não faria bem a nenhum deles. Ele tinha o cuidado de não deixar que seus próprios desejos anulassem o que era melhor para ela. Sua maior prioridade era garantir que Mahiru pudesse viver cada dia feliz e pacificamente, então, mesmo quando ele a satisfazia, ele nunca fazia de tudo.
“Hum, eu juro que nunca faria nada como roubar algo precioso dela, fazer exigências unilaterais ou machucá-la — qualquer coisa com que você possa estar preocupada, Kujikawa-san. Sei que minhas palavras agora podem não ter muito peso, mas não tenho intenção de quebrar essa promessa.”
Koyuki arregalou os olhos ligeiramente em surpresa antes de soltar um suspiro suave e aprovador. Amane percebeu que ele havia entendido o significado de sua pergunta corretamente. Parecia que a resposta que ele deu era exatamente o que ela esperava ouvir.
“Para mim, Mahiru é a garota que eu amo e estimo, a garota que eu quero fazer feliz, mas ela também é minha igual. Não quero sobrecarregá-la ou ignorar suas opiniões. Quero que conversemos sobre as coisas e trabalhemos em equipe para tornar nosso tempo juntos o mais confortável possível. Espero que possamos nos tornar o lugar seguro e feliz um do outro. E eu realmente acredito que Mahiru e eu podemos conseguir isso juntos.”
Amane gostava de mimar Mahiru e queria se dedicar a ela, mas sabia que Mahiru não queria simplesmente receber esse cuidado. O que Mahiru queria era que ambos aceitassem os pontos fortes e fracos um do outro, crescessem juntos de uma forma que parecesse certa e vivessem uma vida pacífica cheia de cuidado e compreensão mútuos. Não funcionaria se fosse apenas unilateral. Ambos precisavam dividir a carga, apoiar um ao outro e viver juntos como iguais. Era isso que Mahiru desejava, e era exatamente como Amane se sentia também.
“Então, por favor, não se preocupe. Eu farei Mahiru feliz. Juntos, seremos felizes.”
Mesmo que pudesse soar um pouco cafona para quem estivesse ouvindo, Amane sabia que essas palavras eram seus sentimentos genuínos, uma crença imutável e uma promessa de esforço contínuo. Viver juntos significava manter respeito mútuo, confiança e compreensão, aceitar as diferenças um do outro, compartilhar fardos e apoiar um ao outro. Esse era o caminho para a felicidade. Amane tinha certeza de que poderia trilhar esse caminho e lutar pela felicidade junto com Mahiru.
Embora Amane se sentisse um pouco envergonhado, essa era a única coisa que ele queria transmitir com total honestidade e precisão. Olhando diretamente nos olhos de Koyuki com sinceridade, ele expressou seus sentimentos. Koyuki respirou fundo lentamente, como se estivesse absorvendo o peso de suas palavras.
Amane não prestou atenção ao seu batimento cardíaco acelerado enquanto esperava pela resposta de Koyuki. Depois de um momento, ela lhe deu um caloroso e gentil sorriso, carregando seus sentimentos mais profundos, como se uma flor tivesse acabado de florescer. Era como se a tensão na sala tivesse se dissipado de repente. A pressão sutil de Koyuki que o obrigou a manter a compostura desapareceu sem deixar vestígios.
“Mais uma vez, estou convencida de que a Mahiru-san escolheu a pessoa certa.”
Essas palavras foram feitas para tranquilizar Amane ou para reafirmar seus próprios pensamentos? A resposta não estava clara. No entanto, o que era certo era que ele havia conquistado seu reconhecimento.
“Eu confiei no julgamento da Mahiru-san, é claro, mas queria ter certeza... Peço desculpas por colocá-lo em uma situação difícil. Se eu tivesse alguma preocupação sobre seu caráter, eu estava pronta para fazer o que fosse preciso, mesmo na minha velhice, para afastá-lo dela.”
Amane percebeu que as coisas poderiam facilmente ter se transformado em uma situação bem ruim se ele tivesse errado, e ele estava completamente aliviado — embora tenha guardado isso para si — por atingir os padrões de Koyuki. A ideia de ser afastado de Mahiru, a quem ele estava totalmente comprometido em fazer feliz pelo resto de suas vidas, era insuportável. No entanto, o que teria sido ainda mais difícil de aceitar era a ideia de que ele poderia ter ficado aquém das expectativas de Koyuki, destacando suas próprias deficiências.
“N-não haveria absolutamente nenhuma necessidade disso! Amane-kun é uma ótima pessoa, e seus pais são adoráveis também…!”
“Óh meu Deus, vejo que você já se apresentou aos pais dele.”
A Kujikawa-san pode realmente ser parecida com minha mãe. Elas se concentram nos detalhes que despertam sua curiosidade, Amane pensou por um momento. Embora suas personalidades fossem certamente diferentes, havia uma força sutil em Koyuki que a fazia parecer formidável.
“Muito inteligente. Garantir um parceiro que te valoriza e então garantir cobrir todas as bases é certamente um movimento importante a ser feito. Pessoas assim são raras hoje em dia.”
“U—Uuuh… Koyuki-san, isso pode ser um pouco direto demais — dizer dessa forma soa mal. Não era isso que eu estava tentando fazer…” Mahiru explicou.
“Desculpe,” Amane interrompeu. “Se for para dizer algo, fui eu quem cobriu todas as bases.”
“Amane-kun!?”
“Embora, na verdade, minha mãe possa ter feito metade do trabalho para nós... Ela estava tão animada, como se dissesse: ‘Não tem como eu perder minha chance de ter uma filha tão fofa, educada e incrível!’”
Olhando para trás, Amane não conseguia se livrar da sensação de que Shihoko estava entusiasticamente preparando o terreno antes mesmo que ele próprio se apaixonasse completamente por Mahiru. Fosse por sua intuição e consciência misteriosas ou por sua determinação obstinada, estava claro que ela estava em uma missão.
Houve momentos em que Amane achou que a persistência de Shihoko era um pouco demais, mas ele não podia negar que seus pais desempenharam um papel em unir ele e Mahiru. Então, embora ele não pudesse se ressentir totalmente do envolvimento deles, como alguém que queria lidar com as coisas sozinho, às vezes ele desejava poder dizer a eles que era uma intromissão desnecessária.
“...Se você colocar dessa forma, sinto como se o bastão tivesse sido entregue a mim para a segunda metade...”
“Huh?”
“Oh, não é nada.”
Mahiru murmurou algo baixinho, talvez para acrescentar ao que Amane estava dizendo, mas, preso em seus resmungos internos sobre Shihoko, ele não percebeu e perguntou o que ela havia dito. No entanto, Mahiru, agora parecendo não querer continuar, virou-se com um pequeno bufo. Esse era um gesto que ela costumava usar quando tentava esconder algo, mas Amane decidiu não a pressionar. Ele teria que esperar até que ela estivesse pronta para compartilhar com ele algum dia.
Parecia que o microfone havia captado as palavras de Mahiru, e Koyuki, que claramente as ouvira, respondeu com um divertido “Bem, bem, bem…”, acompanhado por um sorriso que era, ao mesmo tempo, brincalhão e inegavelmente refinado. Ela deixou o assunto de lado com um aceno gentil de cabeça.
“Parece que eu estava me preocupando com nada, afinal. Talvez com a velhice venha muita cautela... Peço desculpas por minha intromissão e preocupação desnecessárias,” Koyuki disse, abaixando o olhar para refletir sobre suas ações. Quando Mahiru pareceu que ia protestar, Koyuki gentilmente a interrompeu com um olhar “Com isso, finalmente coloquei uma preocupação antiga minha para descansar. Embora eu não esteja mais em posição de interferir, não pude deixar de agonizar sobre onde o caminho da Mahiru-san levaria.”
Quase inaudível, Amane ouviu um baixo “Ah—” ao lado dele.
“Mas agora, vejo que tudo ficará bem. Depois de ver como as coisas estão agora, sinto-me confiante em deixá-la aos seus cuidados. Sei que pode parecer presunçoso da minha parte dizer isso, como uma forasteira que já foi separado dela uma vez antes, mas como uma adulta que cuidou da Mahiru-san no passado, esses são meus sentimentos honestos.”
[Mon: Corrigindo aqui: “...como mãe da Mahiru…”]
Koyuki estava testando Amane, tudo com os melhores interesses de Mahiru em mente. Amane entendeu isso bem. Desde os primeiros anos de Mahiru, Koyuki esteve ao seu lado para protegê-la da solidão, para garantir que ela fosse educada adequadamente para que não fosse prejudicada por outros e para ajudá-la a crescer e se tornar alguém que não enfrentaria dificuldades no futuro. Ela nutriu Mahiru com amor abundante, garantindo que ela não perderia toda a esperança nas pessoas e que um dia poderia abrir seu coração para alguém.
E agora, depois de todo o amor e cuidado que ela derramou em Mahiru, Koyuki decidiu que era seguro passar a tocha para Amane.
“Da próxima vez, por favor, venham me visitar juntos. Eu adoraria muito apresentar vocês ao meu filho e sua esposa também. Vou contar a eles sobre minha outra filha adorável e seu namorado. Ah, e não se preocupe, meu filho não ficará com ciúmes só porque ganhei mais um ou dois filhos.”
Depois de ouvir Koyuki chamá-la de filha, Mahiru pareceu incapaz de se conter por mais tempo. As lágrimas que antes haviam diminuído agora fluíam livremente novamente, como se ela estivesse compensando todas as lágrimas que não havia derramado ao longo de sua vida. As camadas frágeis das defesas que ela construiu pareciam descascar, e com soluços fracos, Mahiru se deixou chorar sem restrições.
Ao ver Mahiru chorar tão abertamente, a expressão de Koyuki se suavizou em uma de amor puro e maternal, seu sorriso caloroso e envolvente. Junto com Amane, ela silenciosamente esperou que Mahiru navegasse pelas ondas de suas emoções por conta própria.
“Ufufu, mas ainda não dei minha bênção para o casamento. Preciso ver com meus próprios olhos que tipo de cavalheiro ele é, não apenas por meio de uma videochamada.”
[Kura: Oloko meu, virei seu fã.]
Quando Mahiru começou a se acalmar, Koyuki anunciou suas intenções de forma brincalhona e deliberada, fazendo com que Amane quase engasgasse com a respiração. Ele tentou responder, seus lábios tremendo levemente, mas o olhar de cumplicidade que Koyuki lhe deu — um que implicava que ela entendia exatamente o que Amane tinha planejado — o deixou sem palavras. Tudo o que ele pôde fazer foi deixar seus lábios tremerem em silêncio.
Eu sabia! No fundo, ela é como minha mãe!
A ideia de Koyuki e Shihoko se unirem lhe causou arrepios. Elas tinham o potencial de se tornarem as segundas pessoas mais letais para Amane (a primeira era Chitose). No entanto, o fato de Koyuki não ter continuado imediatamente com mais provocações mostrou que ela era um pouco mais indulgente em comparação com Shihoko ou Chitose.
Sentindo que Amane não era capaz de responder fortemente, Koyuki soltou uma pequena risada. Então, ela endireitou sua postura e se virou para encarar Mahiru. Sua expressão se suavizou em uma que irradiava puro carinho maternal, o tipo de olhar que só uma mãe daria a sua amada filha.
“Lembre-se, não hesite em vir nos visitar. Nós os receberemos de braços abertos.”
“...Okay!” exclamou Mahiru, animada.
“Muito obrigado,” respondeu Amane.
Parecia quase como se tivessem acabado de prometer dar cumprimentos à família dos pais de Mahiru, trazendo consigo uma mistura de um calor gentil e uma crescente sensação de alegria e alívio. A boca de Amane se suavizou em um sorriso, e Mahiru, tomada de felicidade, deixou uma única lágrima cair de seus olhos, uma que ela pensou que já havia secado. Koyuki deu as boas-vindas a ambas com um sorriso lindo e caloroso.
“Oh, e se você fizer a Mahiru-san chorar, eu não terei misericórdia.”
“...Embora eu não tenha sido quem a fez chorar agora, não é mesmo?”
“Ah, isso foi...” Koyuki riu, “Vamos deixar passar só dessa vez, então, okay?”
Vendo o sorriso brincalhão de Koyuki, Amane e Mahiru trocaram olhares, incapazes de conter suas próprias risadas, seus rostos se abrindo em sorrisos divertidos.
“Se forem lágrimas de alegria, então, por favor, faça-a chorar o quanto quiser. A Mahiru-san não está muito acostumada a sentir felicidade, então, por favor, compense toda a alegria que ela não teve.”
“Então eu não vou me segurar. Farei o meu melhor para continuar fazendo-a chorar lágrimas de felicidade.”
“Espe — Amane-kun!?”
Mahiru, perturbada pelo que Amane havia dito, parecia querer protestar, mas Amane não tinha intenção de retirar suas palavras.
Fazê-la chorar de tristeza ou raiva estava, claro, fora de questão. Mas lágrimas de alegria eram algo completamente diferente. Lágrimas eram o transbordamento de emoções do coração, e se essas emoções fossem positivas, se elas derivassem da felicidade, então não há razão para fugir delas. Considerando todas as chances de tal alegria que Mahiru perdeu no passado, ninguém poderia culpar Amane por querer lhe trazer o máximo de felicidade possível agora. E se ele fosse o único a testemunhar e compartilhar aquelas lágrimas de alegria, ninguém poderia criticá-lo por isso também.
“Então eu vou deixar isso com você,” disse Koyuki. “…Mahiru-san, deixe que ele lhe traga muita felicidade. Na próxima vez que nos encontrarmos, você pode compartilhar todas essas histórias comigo. Estarei ansiosa pela oportunidade.”
A resposta de Amane pareceu satisfazer Koyuki, enquanto ela sorria calorosamente, sua expressão brilhante cheia de afeição enquanto olhava suavemente para os dois. Era um olhar que o lembrava do jeito que Shihoko olhou para ele uma vez.
“Bem, até a próxima vez. Que a Mahiru-san continue a viver feliz e saudável.”
Com uma voz clara e inabalável, Koyuki desejou saúde e felicidade futuras para Mahiru. Suas palavras não continham nenhum indício de dúvida, e com um olhar gentil e melancólico para a emocionada Mahiru, ela encerrou a ligação, deixando a tela desaparecer na escuridão. A tela agora em branco refletia apenas suas próprias imagens e as decorações da sala. Embora a despedida tenha sido breve, o coração de Amane estava cheio de uma sensação calorosa e persistente de contentamento que permaneceu muito depois do fim da ligação.
Esse calor era certamente sentido por Mahiru também. Ela continuou a olhar para a tela em branco como se ainda absorvesse as emoções persistentes, seu olhar refletindo a felicidade que acabara de experimentar... Depois de um momento, ela lentamente se inclinou em direção a Amane, descansando a cabeça em seu ombro e braço em um gesto bajulador. Mahiru então respirou fundo e calmamente, acomodando-se no momento.
Enquanto o cabelo sedoso de Mahiru fluía suavemente sobre seus ombros, subindo e descendo com suas respirações, Amane esperou em silêncio, dando a ela o espaço e o tempo de que precisava para organizar seus pensamentos.
“...Amane-kun.”
“Sim?”
Um chamado silencioso e suave.
“Eu... não tenho certeza do que dizer. Estou tão feliz que sinto que minha cabeça ficou toda bagunçada... Nem uma vez na minha vida imaginei que um dia como este chegaria.”
Certamente, no fundo, Mahiru ansiava por isso — se conectar com Koyuki como uma família.
Mas ela nunca teve a determinação de fazer isso acontecer sozinha.
Mahiru sempre teve a tendência de priorizar os outros. E mais do que isso, ela estava hesitante, talvez até um pouco com medo.
Embora Mahiru pudesse facilmente encontrar maneiras de contatar Koyuki — por meio de uma ligação, uma carta ou até mesmo uma visita — ela não o fez. Amane suspeitava que era porque, no fundo, Mahiru tinha medo de ser rejeitada até mesmo por sua criadora, inconscientemente se segurando.
Enquanto ele ainda refletia sobre o fato de ter despertado esses medos e ansiedades, Amane não se arrependia de ter entrado em contato com Koyuki. Afinal, o olhar de realização no rosto de Mahiru agora, depois que tudo havia acabado, deixou claro que havia sido a decisão certa.
“...Isso trouxe um pouco mais de alegria ao seu coração?”
Amane sabia que era ruim da parte dele fazer uma pergunta quando ele já sabia a resposta. Mas ele não conseguia evitar — ele queria ouvir isso dela, não importava o que acontecesse. Mesmo que fosse apenas para sua própria satisfação, ele precisava saber se realmente havia trazido felicidade para sua doce e amada namorada.
“Claro. Hum, estou tão feliz que não consigo guardar tudo para mim — minha cabeça está confusa e meu coração está acelerado... Mas quando penso no fim, fico um pouco triste. Minhas emoções estão todas confusas agora.”
“Sim, você passou por muita coisa hoje. Vamos absorver aos poucos, okay?”
Mahiru falou com uma voz mais suave e infantil do que o normal, suas palavras mais como uma tentativa de resolver as emoções que giravam dentro dela do que um esforço para as transmitir a Amane. Ele respondeu com acenos gentis, sem a apressar, deixando-a levar seu tempo.
Ainda lutando para navegar nas ondas de emoção que a dominaram, Mahiru mudou de se apoiar em seu ombro para envolver seu braço ao redor do dele, pressionando seu rosto contra seu braço. Ela esfregou a testa contra ele, como se tentasse liberar as emoções internalizadas dentro dela. Amane não conseguiu evitar uma risada suave, estendendo a mão livre para alisar suavemente os fios de seu cabelo desgrenhado e louro.
“…Não se preocupe, essa felicidade veio para ficar. Apenas aproveite seu tempo e saboreie. Juntos, vamos garantir que nunca esqueçamos todas as coisas boas que aconteceram hoje.”
“…Certo.”
“Espero que um dia, quando olharmos para trás, você possa sorrir e se lembrar de hoje como um dia de verdadeira felicidade.”
Quero que este dia se torne uma das muitas memórias felizes que compartilharemos juntos.
Amane queria criar inúmeras memórias felizes com Mahiru nos dias que viriam, e ele estava determinado a fazê-la feliz. Ele esperava que hoje fosse lembrado não apenas como um dia singular de felicidade, mas como um dos muitos momentos de alegria que eles compartilhariam.
“…Ei, seu aniversário ainda não acabou, sabia?”
“Já estou satisfeita — estou tão cheia que sinto que vou explodir.”
“É mesmo? Bem, isso ainda não pode acontecer... Ainda temos um pouco de bolo sobrando.”
Amane sabia exatamente o que Mahiru queria dizer com sentir-se “cheia”, mas ele deliberadamente brincou, fazendo uma cara de desapontamento fingido enquanto lamentava sobre o bolo que sobrou. Em resposta, Mahiru timidamente pressionou sua testa contra seu braço, como se buscasse conforto e afeição.
“...Se você me alimentar, talvez eu possa comer um pouco mais.”
“Claro. Se é isso que você gostaria, então eu farei isso quantas vezes quiser.”
Mahiru olhou para Amane com uma pitada de expectativa em seus olhos, um sinal de que ela estava tentando confiar nele e expressar suas necessidades à sua própria maneira. Amane, sabendo que ele tinha a capacidade de aceitar os sentimentos dela, gentilmente afagou sua cabeça, como se dissesse que ele realizaria qualquer coisa que ela desejasse.
Os olhos de Mahiru se estreitaram em contentamento. “Bem, eu não posso comer tudo, então eu vou te alimentar também, Amane-kun.”
“Obrigado... Ano que vem, farei um bolo menor. Dessa forma, podemos terminar juntos sem nos sentirmos empanturrados.”
“Então, no ano que vem também…”
Ouvindo as palavras “ano que vem,” Mahiru as repetiu suavemente, como se abraçasse o pensamento. Ela provavelmente estava imaginando um futuro não muito distante, onde ela ainda estaria ao lado de Amane. Suas bochechas coraram gentilmente, mas de forma marcante, como um brilho suave de luz no escuro, e ela olhou para ele com um olhar que carregava uma pitada de expectativa que ela não conseguia esconder.
Amane ficou muito feliz ao ver Mahiru ansiar pelo futuro tão animadamente, não mostrando sinais de pavor em relação ao seu aniversário e, em vez disso, sentindo apenas antecipação. Ele podia sentir essa felicidade brotando de dentro, e ela naturalmente se espalhou por seu rosto, refletindo o calor em seu coração.
“Claro, no ano que vem também. Você está ansiosa por isso?” Ele perguntou.
“Sim.”
“Estou feliz. Estou esperando por isso também.”
Os dias que viriam com Mahiru, a alegria de poder fazê-la feliz, a euforia de saber que ela confiava e acreditava nele — todas essas coisas eram a fonte de felicidade de Amane, sua alegria e sua excitação pelo futuro.
E agora, Amane sabia com total confiança que Mahiru sentia o mesmo.
“...Muito obrigado por ter nascido e por se apaixonar por mim. Eu prometo fazer você feliz.”
Essas palavras saíram da boca de Amane, não necessariamente destinadas a Mahiru ouvir, mas pareciam ter chegado a ela em alto e claro. Seus olhos âmbar brilhantes se arregalaram de surpresa, então ela suavizou o rosto para mostrar um sorriso doce, quase derretido. Com isso, ela relaxou, inclinando-se para Amane, confiando totalmente e se rendendo ao seu abraço.
-DelValle: C-I-N-E-M-A ! ! ! ! ! Nota 17 (esse número tem um motivo). Capitulozaaaasso meus amigos. Do começo ao fim, gigante, foi tudo muito bom!! O calor e as emoções, esse capítulo realmente se destaca e foi o grand finale desde volume!
-Moonlak: Sinceramente, esse é o meu capítulo favorito da vida! O quanto eu surtei, não tá escrito!!! Espero não ter vos incomodado com tantos comentários (escreveria mais, mas me segurei), contudo, era preciso! Ai ai, só digo uma coisa, Amane é um Homem com H maiúsculo! Nota final pro cap.: ∞/10
-Kurayami: Sabe, esse capítulo foi o mais triste, feliz e tenso da minha vida. Quase chorei aqui sozinho kkkkk. A call de revisão foi ótimo também, com o Yoru e a Mon invocando uma bixo kkkk. Mas é isso leitorada, espero que vocês tenham curtido, porque eu amei. Essas obras realmente me tornam melhor como pessoa.
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