O Anjo da Porta ao Lado Me Mima Demais Japonesa

Tradução: DelValle

Revisão: Mon, Kurayami


Vol 10

Promessa Natalina

   Poucos dias se passaram desde o aniversário de Mahiru, e agora era a hora da divulgação dos resultados dos exames de dezembro.

   Desde o segundo semestre do segundo ano, o clima havia se tornado mais intenso, à medida que os alunos começavam a se concentrar mais nos estudos para o vestibular. Quando os resultados foram entregues, a turma se dividiu em dois grupos: os que pulavam de alegria e os que se afundavam na decepção. Quanto a Amane, ele estava preocupado de que começar seu trabalho de meio período pudesse ter causado uma queda em suas notas, mas depois de revisar sua avaliação, sentiu-se aliviado.

   Se suas notas tivessem caído significativamente, Amane teria se decepcionado. Além disso, ele se sentiria muito culpado por trair as expectativas de Mahiru e Miyamoto, já que ambos o ajudaram a estudar. Ele não conseguiria encará-los.

“Como foi desta vez, Senhor Amane?”

“Não tente bisbilhotar as notas dos outros. Se você só quer saber da minha classificação, ela está literalmente publicada para todos verem.”

   Enquanto Amane se sentia aliviado com a nota e a classificação em sua folha, Itsuki espiou por cima do ombro dele, brincando. Com um suspiro, Amane virou seu boletim de notas com a face para baixo sobre a mesa. Ele sabia que Itsuki não estava tentando olhar suas notas de verdade, e que não havia nada de constrangedor nelas, de qualquer forma, mas sentiu que era necessário alertá-lo, mesmo que fosse só para enfeitar.

“É, todas as notas e classificações subiram. Você subiu uma posição em relação à última vez, certo?”

“Felizmente, sim.”

“Você está se esforçando bastante... E com um emprego também, né?”

“Exatamente. É por isso que eu me dedico e administro meu tempo com cuidado. Como tenho menos tempo para estudar, tento ser mais eficiente.”

   Se não conseguisse tempo suficiente para estudar, melhorar a qualidade de cada sessão era a única opção. Seus colegas também começaram a levar os estudos a sério, então ele não podia se dar ao luxo de ser complacente.

   Por muito tempo, Amane sempre aprendeu rápido. No entanto, considerando as horas de estudo que outros alunos certamente acumulariam dali em diante, ele não podia ficar parado. Como havia escolhido um emprego de meio período, estava determinado a se esforçar onde importasse, mas o simples fato era que seu tempo total de estudo inevitavelmente diminuiria. Como compensar isso seria seu desafio daqui para frente.

“Você tem melhorado suas notas discretamente, não é?” Observou Itsuki.

“Você também,” respondeu Amane.

   Apesar de todas as brincadeiras, as notas de Itsuki também melhoraram desta vez. Ele estava com uma classificação mais alta nos resultados publicados do que da última vez que Amane verificou. Embora costumasse se divertir e zoar, Amane acreditava que, no fundo, Itsuki era um cara atencioso e diligente.

   Itsuki tinha todo o potencial para ter sucesso se quisesse, mas optou deliberadamente por não ter, agindo como um tolo ao se rebelar contra os pais. Fosse esse o caso ou não, Amane, como seu amigo, pelo menos entendia que Itsuki era extremamente inteligente.

“É. Meu pai está me cobrando por isso, e já era hora de eu começar a pensar no meu futuro.”

“Eu nem quero pensar nisso no ano que vem...”

   Agarrando seu boletim de notas e gemendo com uma voz patética, estava, é claro, Chitose. Atrás dela, Mahiru estava sorrindo com uma expressão ligeiramente preocupada — as sobrancelhas franzidas em solidariedade.

   Como de costume, Mahiru havia conquistado o primeiro lugar e, como Amane estava frequentemente com ela, sabia muito bem o quanto ela se esforçava, o que tornava sua conquista verdadeiramente impressionante. Por outro lado, Chitose estava decepcionada com seus resultados e entregou seu boletim de notas a Itsuki sem hesitar. A expressão de Chitose ficou mais estranha enquanto seus olhos acompanhavam os números na folha.

“Quanto a você, Chi... bem, pelo menos você evitou ficar no vermelho. Parece que você se saiu bem nas suas matérias mais fortes.”

Ugh... Vou me sair melhor da próxima vez.”

“Suas notas melhoraram desde a última vez, e você se sentiu confortável resolvendo as questões. É um progresso.”

“Mahiruuun!”

   Chitose agarrou-se a ela com força, visivelmente comovida pela tentativa de Mahiru de apoiá-la. Mahiru a deixou fazer o que quisesse — ou melhor, seria mais preciso dizer que a pegou para impedir que Chitose fugisse. Mahiru era incrivelmente atenciosa com seus amigos próximos. Pensando nas notas de Chitose, Mahiru exibiu um sorriso deslumbrantemente lindo. Um sorriso tão encantador que Chitose instintivamente recuou em resposta.

“M-Mahirun?”

“Por favor, não se preocupe. Ainda temos um ano pela frente; basta esforço. O resto depende da sua motivação e objetivos. De agora em diante, continuarei te ajudando. Isso também servirá para as minhas sessões de estudo.”

“Será... que isso será consistente?” Perguntou Chitose.

“Claro. Roma não foi construída em um dia, como dizem. Se você estudar todas as noites, o material acabará ficando gravado na sua memória.”

“Estudar toda noite? Parece não fazer nada além de estudar...”

“Esse é o caminho que todo aluno deve seguir para se preparar para as provas. Trabalhe duro para atingir seus objetivos, okay?”

Iiik!!

   Chitose soltou um grito agudo, mas Mahiru permaneceu completamente imperturbável. Ela segurou a mão de Chitose com um sorriso tão doce que qualquer um acharia adorável.

   Talvez entendendo que sua chance de entrar na universidade desejada estava em risco, Chitose não se afastou. Em vez disso, lançou um olhar suplicante na direção de Amane e Itsuki, pedindo ajuda silenciosamente. Em resposta, Amane e Itsuki desviaram o olhar simultaneamente. Eles não a estavam abandonando de forma alguma. Este era simplesmente um caminho que ela não podia evitar — uma prova de fogo, por assim dizer. Não era exatamente como jogar um filhote de um penhasco para fortalecê-lo, mas era, sem dúvida, um desafio necessário para seu crescimento.

“...Ela não tem piedade dos amigos, hein...,” apontou Amane.

“Ela deve saber que os mimar não vai ajudar em nada.” acrescentou Itsuki.

“Eu vivi isso em primeira mão.”

“Sério? Da sua sempre doce Shiina-san?”

“Sério. A Mahiru consegue ser surpreendentemente direta quando quer. No começo, ela era fria como gelo.”

“Não consigo imaginar isso.”

[Del: É justamente por essa fase que alguns a consideram uma Kuudere, eu gosto, mas acho também que faz mais sentido ela ser uma anti-Kuudere, sabe, sorrindo na escola, fria dentro de casa, depois dócil… rapaiz, que vira e mexe hein. Bem, no final não uso tanto essas classificações. | Kura: Kuudere né… | Moon: Hehe, eu só lembro da Kuudere de Yandere Sim. só lendo os livros dela, calma, mas com uma aura que acabaria contigo a qualquer instante… Nada a ver, mas fazer o quê né?]

   Itsuki riu com vontade e deu de ombros, completamente alheio a como as coisas tinham sido no início. Naquela época, Mahiru tinha sido bastante fria com Amane. Da perspectiva dela, era compreensível — ela havia mostrado seu lado vulnerável a alguém em quem não confiava. Assim que começaram a se abrir, os hábitos preguiçosos de Amane provavelmente chamaram sua atenção, o que naturalmente a levou a ser dura com ele. Na verdade, a persistência e a paciente disposição de Mahiru em corrigi-lo eram dignas de elogios.

[Del: “Você é minha mãe?” disse Amane. | Moon: Mahiru-chan consegue ser bem dura às vezes… | Del: Kkkkkkkk, meteu essa não…]

“Duvido que ela aja assim com qualquer outra pessoa,” continuou Amane. “Eu sabia que ela estava dizendo aquelas coisas para o meu próprio bem, e ela estava certíssima, então não havia espaço para discussão.”

“Você era tão desleixado assim, né?”

“Cala a boca. Sou muito mais responsável agora.”

   Amane se orgulhava disso. Podia dizer com segurança que era uma pessoa completamente diferente de um ano atrás, e tinha certeza de que Mahiru também reconheceria isso. Ele não deixava mais coisas espalhadas pelo chão, mantinha a casa limpa e aprendera a cozinhar decentemente. Ele prestava mais atenção à aparência e agora se dedicava aos estudos e à boa forma física. Ele havia passado de magro a um corpo pelo menos um pouco respeitável. Amane sem dúvida ficaria chocado se tivesse ouvido tudo isso um ano atrás.

[Del: Eu meio que tenho algo pra isso :) ]

“E você está dizendo que é tudo graças à sua amada esposa... Então, o que a tornou tão querida para você agora, hein?”

“Acho que é porque eu entendi por que a Mahiru estava sendo tão rigorosa comigo e mudei para melhor, e agora posso manter isso sem que ela precise me pressionar. Ela não será dura com alguém que já está se saindo bem. Além disso...”

“O quê?”

“Ela diz que me tornei muito independente com essas coisas e agora quer que eu dependa mais dela. Às vezes, ela até me dá uma cabeçada leve, dizendo: ‘Você está roubando todos os meus trabalhos!’

[Kura: Fofa kk | Moon: Ele já aceitando estar casado sempre me faz largar um sorrisinho bobo… | Del: Concordamos.]

   Mahiru queria que Amane dependesse mais dela e fosse mais dependente. No entanto, não havia como Amane deixá-la descaradamente cuidar de tudo em sua casa. Ele já dependia da comida dela quando estava ocupado com o trabalho, então, nos dias de folga, fazia questão de ajudar na cozinha e cuidava das próprias tarefas domésticas nas horas vagas. Embora isso já fosse natural para ele, Mahiru tinha sentimentos mistos.

“Oh, então ela só quer se sentir necessária.”

“Passamos tanto tempo juntos, então deveríamos dividir as responsabilidades. Conto tanto com ela quando estou ocupado no trabalho, então faz sentido que eu ajude sempre que tenho tempo. Só quero que a Mahiru relaxe um pouco, mas ela acaba fazendo beicinho.”

Heh...

“O que é esse sorriso?”

“Nada, nada. Só pensando, que esposa adorável e marido surpreendentemente capaz nós temos aqui.”

“‘Surpreendentemente’? O que você quer dizer com surpreendente?”

“Então você admite essa coisa de marido e mulher, hein?”

[Del: Tava pensando a mesma coisa…]

   Amane decidiu dar uma cotovelada nas laterais do corpo de Itsuki em resposta.

“Não me dê cotoveladas para esconder seu constrangimento.”

“Vamos, vamos, Amane-kun. Você não deve ser rude.”

“É, diga a ele!”

   Mahiru e Chitose, tendo terminado a conversa, notaram Amane entrando em modo de ataque e o advertiram gentilmente. Embora ele não tivesse a intenção real de causar dano, ainda era tecnicamente um ataque, então era natural que o chamassem. Aceitando isso, Amane não teve escolha a não ser recuar sem protestar.

“Ugh... Foi mal.”

“Na maioria das vezes, o Ikkun provoca demais. Você nunca leva as coisas a sério, Amane, então tenho certeza de que você estava só brincando um pouco.” disse Chitose.

“Chi, você está do meu lado?”

“Estou do lado da Mahirun, é claro!”

   Então está tudo bem se ela não ficar do lado do namorado? Amane pensou momentaneamente, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Chitose, aparentemente lendo sua mente, interrompeu com uma observação inesperadamente calma que se desviou de seu comportamento alegre habitual. “O Ikkun às vezes vai longe demais. Ele praticamente quer que você revide.”

     Ela entendeu ele.

   Amane não pôde deixar de concordar enquanto Itsuki permanecia em silêncio.

“Akazawa-san, você deveria evitar provocar o Amane-kun demais. Ele tende a agir de forma infantil quando está com você.” comentou Mahiru gentilmente.

“Você também não está do meu lado, Mahiru?” Questionou Amane.

“Sou neutra, é claro.”

“Hmph.”

   Apesar de seus sentimentos, Mahiru quase sempre falava de forma neutra e objetiva. Amane entendia que ela não o defenderia necessariamente só porque ele era seu namorado. No entanto, isso não o impediu de querer protestar contra o rótulo de “infantil” que ela acabara de lhe dar.

   Amane queria argumentar que Itsuki era quem agia de forma infantil, com todas as suas provocações. Mas, quando ele estava prestes a fazer sua reclamação, Mahiru cutucou sua bochecha de forma suave e brincalhona, como se quisesse acalmá-lo. As palavras de frustração que ele estava prestes a dizer se dissiparam, escapando como um suspiro silencioso.

   Amane reconheceu mais uma vez o quão fraco ele era quando se tratava de Mahiru. Suspirando para afastar a irritação, notou Itsuki parado ao seu lado, sorrindo presunçosamente. Naquele momento, Amane não pôde deixar de pensar em uma coisa.

     Mas é certo que não faria mal acertar um golpe, não é?

“Continuando... Parabéns, Mahiru, por pegar o primeiro lugar novamente.”

   Olhar para o rosto presunçoso de Itsuki só o deixou mais preparado, então Amane o tirou de seu campo de visão e se virou para Mahiru. Ela respondeu com um sorriso fraco e tímido.

“Seu trabalho duro está incrível como sempre — acho que nunca conseguiria igualá-la. Você é realmente incrível.”

“Obrigada. Mas é só uma questão de timing. Acontece que eu estudei o material antes de todo mundo...”

“Mahirun, você não aceita elogios dos seus amigos, não é?”

“Uuuh...”

“Quando é alguém que você não conhece, você apenas diz ‘Muito obrigada’ e sorri sem dizer muito mais. Mas estamos dizendo que você é incrível porque você realmente é.”

   Era exatamente como Chitose havia apontado. Apesar de dizer a Amane para não ser tão autodepreciativo, a própria Mahiru tinha o hábito de não aceitar elogios completamente. Ela os reconhecia, mas só aceitava cerca de 40% dos elogios. Embora não fosse totalmente perfeccionista, sua busca por aprimoramento constante fazia com que sua humildade muitas vezes a impedisse de aceitar os elogios como verdade, mesmo quando seus esforços eram reconhecidos. Embora Mahiru estivesse ciente dessa tendência e tentasse ser cuidadosa, ela ainda aparecia ocasionalmente.

   Amane não pôde deixar de ficar impressionada com o quão bem Chitose havia captado esse aspecto da personalidade de Mahiru.

“...Me deixou feliz. Obrigada.”

“Mm-hmm!”

“E quem você pensa que é, Chi-san?” Itsuki perguntou.

“A melhor amiga da Mahirun, o que tem?”

“Eu não posso fazer muita coisa se você diz isso.”

“É isso. Continue assim, Chitose.” interrompeu Amane.

“Não a incentive, Amane-kun.”

“Como você sempre me disse para não ser tão autodepreciativo, você precisa aprender a se dar mais crédito, Mahiru.”

“...Nossa.”

   Como Mahiru aceitou o elogio sem muita resistência, Amane achou inútil insistir no assunto. No entanto, se ela não tivesse aceitado, ele planejava cobri-la de elogios em seguida. Mahiru pareceu perceber isso pelo olhar dele, enquanto estremecia levemente por um instante. Amane decidiu atribuir isso a um arrepio de alegria.

“Parabéns pelo quarto lugar, Amane! O poder do amor ataca novamente!”

“Obrigado. Mas ainda há espaço para melhorias. Preciso me concentrar nos estudos e não apenas no meu trabalho. Afinal, as classificações escolares são apenas um trampolim. Preciso me preparar mais para o próximo ano.”

“Então, você vai ignorar minha piada sobre o ‘poder do amor’?”

“Estou sinceramente cansado de ser o cara direto constantemente. Mas, amor à parte, tudo graças ao apoio da Mahiru, e sou genuinamente grato. Isso me faz sentir que posso continuar me esforçando.”

“Você está mais motivado do que antes. E resiliente também.”

“Sim, em parte ajudado por ficar fisicamente mais forte. Percebi que sem resistência não se chega a lugar nenhum. Agora, tudo se resume a manter a motivação e a força de vontade.”

   Para alguém como Amane, que costumava ser mais preguiçoso, tornar-se tão ativo se deveu, sem dúvida, à influência de Mahiru. Ele não conseguia expressar gratidão suficiente pela presença dela em sua vida.

   Amane sentia-se incrivelmente grato por seus amigos inestimáveis, como Yuuta e Itsuki, que não só lhe davam conselhos sobre como aumentar a stamina, como também ocasionalmente treinavam com ele. No entanto, apesar da gratidão, isso não significava que ele não se importasse com as provocações implacáveis ​​de Itsuki. Então, ele esperava que Itsuki o perdoasse por ocasionalmente ignorá-lo.

“Ah, ser jovem assim...” Itsuki brincou.

“Temos a mesma idade, cara...”

“Desculpe decepcionar, mas eu sou mais novo!”

   Como o aniversário de Itsuki era em fevereiro, ele era tecnicamente o mais novo entre eles, o que também significava que era o que tinha mais energia.

“Tudo bem, então você deve ter ainda mais energia do que eu, Itsuki. Então, continue lutando. Você consegue!”

“Só um pouco mais novo! Temos praticamente a mesma idade!” 

“Hehe.” Mahiru riu da conversa deles.

“Podemos verificar os níveis de energia do Ikkun outra hora. Por enquanto, com nossos simulados e testes terminados, podemos reservar um tempo para relaxar, certo?”

“Mas ainda temos aula.”

   Infelizmente, só porque os exames deles acabaram não significava que as aulas também parariam. Era hora de eles começarem a estudar mais e mais em preparação para os vestibulares, então não haveria muitas oportunidades de relaxar. Após receberem as folhas de respostas, eles passariam um tempo revisando e corrigindo erros, seguidos por ainda mais aulas. Os dias tranquilos já haviam ficado para trás.

“Por favor, mais intervalos...”

“Acho que toda a humanidade pode apoiar isso.”

[Moon: Eu assino embaixo!]

“Bem, em cerca de duas semanas, será Natal. Então, vocês dois têm algo planejado?”

“Oh—”

   Só depois que Chitose mencionou isso é que Amane de repente se lembrou de que o Natal era uma realidade.

[Kura: Eheheheh…]

   De fato. Com o aniversário de Mahiru caindo no início de dezembro e coincidindo perfeitamente com a temporada de provas, Amane estava totalmente focado nesses dois.

   No entanto, dezembro também era repleto de outros eventos significativos. Embora o Natal não fosse originalmente um dia para tais coisas, tornou-se uma época em que as famílias celebravam e casais em todo o Japão reafirmavam seu amor. Este dia especial estava se aproximando rapidamente. Normalmente, era um evento impossível de esquecer, mas o mês anterior tinha sido um período tão avassalador para Amane que ele havia desaparecido completamente de sua mente.

“Ah... Eu estava tão focado na Mahiru que esqueci completamente.”

“Qual é, vocês não podem esquecer o primeiro Natal de vocês juntos como um casal!”

“N-Não, sério, sinto muito, Mahiru. Não fiz nenhum plano.”

   Ele achou que talvez não fosse a melhor ideia admitir para Mahiru que não tinha planos para o Natal, mas mentir seria ainda pior. Então, em vez de se esquivar da verdade, disse-lhe honestamente. Para seu alívio, Mahiru balançou a cabeça, mostrando que não se incomodava com isso.

“Sinceramente, também me esqueci... Depois de, hum, tudo o que aconteceu recentemente, devo ter ficado tão imersa que só me concentrei nisso.”

   Como Mahiru geralmente não era de se animar muito com eventos e, com seu aniversário tão perto do Natal, ela também não havia pensado nisso. Amane não tinha certeza se deveria se sentir aliviado ou se preocupar com a diferença entre o relacionamento deles e o de um casal típico. Ainda assim, não havia sinal de que ela estivesse decepcionada, então ele imaginou que tinha uma chance de compensar.

“Então, o que vai ser este ano? Só relaxar, passar a véspera e o dia de Natal juntos?”

   No ano passado, Itsuki e Chitose foram à casa de Amane para uma festa de Natal. Embora isso tenha revelado inadvertidamente sua conexão com Mahiru, também aprofundou o vínculo entre eles, tornando o Natal memorável para todos. Enquanto pensavam no que fazer este ano, Amane e Mahiru trocaram olhares e depois olharam para baixo, pensativos, sem saber como proceder.

“Hmm. Honestamente, somos sempre só nós dois, então...” disse Amane.

“Não seria muito diferente do normal, seria?” Mahiru concordou.

   Para ser franco, passar um tempo sozinhos juntos não era mais nada de especial para Amane e Mahiru. Embora ficar sozinhos no quarto de Amane fosse, sem dúvida, uma história diferente, ele havia feito questão de evitar isso o máximo possível. Só o fato de serem os dois não significava automaticamente que algo emocionante aconteceria, e se passassem o Natal em casa, provavelmente não seria diferente de um dia normal. Na melhor das hipóteses, a refeição poderia ser um pouco mais extravagante.

“Vocês já estão praticamente casados.”

“Cala-se,” brincou Amane, virando-se para Mahiru. “Mahiru, tem algum lugar que você gostaria de ir ou algo especial que queira fazer?”

“Contanto que eu esteja com você, eu vou a qualquer lugar.”

“...Você é tão rápida para dizer coisas assim.”

Heh heh — entendi como é. Então, basicamente, vocês estarão passando os dois dias como o casalzinho aconchegante que são!”

“Ah, qual é...”

“Você planeja sair juntos este ano, Chitose-san?”

“Ah, preferimos decidir depois de ouvir seus planos primeiro. Honestamente, não teremos o luxo de relaxar por esta época no ano que vem. Passar um tempo juntos é bom, mas sair com todo mundo em grupo também é.”

[Moon: Vestibulando é foda… Ainda bem que já passei dessa fase.]

   A voz de Chitose tinha um toque de tristeza, provavelmente por pensar no futuro e nas inevitáveis ​​pressões que viriam com ele. Ela percebeu que as chances de se reunirem assim diminuiriam gradativamente. Por esta época, no ano que vem, a maioria dos alunos, exceto aqueles com admissão antecipada, estaria na reta final de estudar para as provas. Este poderia ser o último Natal despreocupado deles juntos.

   Pensando o mesmo, Mahiru olhou para todos por um momento antes de abrir lentamente os lábios para falar.

“...Se todos concordarem, acho que passar um dia juntos seria legal. Claro, se vocês dois tiverem um encontro marcado, isso deve ter prioridade.”

“Tudo bem se vocês dois tiverem.” concordou Amane.

   Amane também achava que era melhor aproveitar o tempo juntos enquanto ainda podiam, antes que as coisas ficassem agitadas demais. Ele não se importaria se passassem o Natal com os quatro, como no ano passado. Afinal, eram dois dias — véspera e dia de Natal — e ele tinha folga nos dois. Seria perfeito se pudesse passar um desses dias só com Mahiru. Além disso, Mahiru parecia gostar de passar tempo com Chitose e os outros, então ele queria respeitar a vontade dela.

“Então está combinado — festa na casa do Amane!”

“Tudo bem, mas nunca é fora do meu lugar.”

   Embora tenha sido ótimo terem decidido onde passar o tempo tão rápido, o apartamento de Amane foi novamente designado como local. Mesmo que Mahiru estivesse quase sempre com ele, Amane morava sozinho em um apartamento relativamente espaçoso e com bom isolamento acústico. Além disso, sua casa ficava convenientemente localizada perto das casas de todos, tornando-se a escolha mais prática para reuniões. Então, fazia sentido, mesmo que acontecesse sempre.

“Quer dizer, definitivamente não seria bom deixar o Ikkun entrar na casa da Mahirun, e tenho certeza de que ela se sentiria desconfortável com isso. Minha casa é pequena demais para todos nós, e meu pai e meu irmão são muuuuito irritantes — eles iriam acabar com a festa.”

“É, isso é verdade.”

   Apesar das muitas reclamações de Chitose sobre seus irmãos, ela ainda era adorada por ser a criança mais nova da família Shirakawa. Se seu pai e seu irmão descobrissem que seu namorado e alguns amigos dela estavam vindo, eles passariam definitivamente por lá para dar uma olhada. Amane já havia visitado a casa dela uma vez, com Itsuki, é claro, e mesmo assim, eles foram bombardeados com perguntas. Parecia que era isso que Chitose queria evitar.

   Isso deixava a casa de Itsuki como a opção restante. Mas quando seus olhares se encontraram, ele deu um sorriso um tanto preocupado e hesitante.

“Minha casa, bem... duvido que minha mãe se importasse, e eu deixaria vocês usarem se meu pai não estivesse por perto, mas... provavelmente ele estará.”

“Ele não gosta muito de mim, né?” Acrescentou Chitose.

“Chi..”

“Não há como negar a verdade.”

   O relacionamento entre o pai de Itsuki, Daiki, e Chitose estava, para dizer o mínimo, longe de ser ótimo. Embora não houvesse malícia, a tensão entre eles era palpável. Amane tinha ouvido falar sobre isso por Chitose e Itsuki, então sabia que era melhor não dizer nada.

   Itsuki, que havia chamado Chitose com preocupação e um toque de repreensão, notou a expressão calma e resignada em seus olhos e se calou. Por um breve momento, seu olhar transmitiu um ar de aceitação — não que ela tivesse desistido, mas uma leve sensação de resignação persistia. No entanto, quando seus olhos encontraram os de Amane, ela rapidamente retornou à sua expressão alegre de sempre com um sorriso casual.

“Então, desculpe, mas podemos fazer isso na sua casa, Amane?”

   Como Chitose não tinha intenção de revelar o que guardava dentro de si, Amane sabia que não era da sua conta interferir. Então, como Chitose pretendia, respondeu com sua expressão habitual, dando de ombros como se dissesse: “Bem, acho que não tem jeito.”

“Na verdade, não me importo. Contanto que vocês dois estejam bem com isso.”

“Contanto que eu esteja com o Ikkun, eu vou a qualquer lugar!”

   Não havia mais nenhum vestígio de sua expressão anterior.

“Não comecem a flertar na casa de outra pessoa agora.”

“O quêêê? Não é nada de novo. Vocês dois também podem ficar todo fofinhos e carinhosos, sabem?”

“Quem faria isso na frente dos outros?”

“Então você está a dizer que faz isso quando não há ninguém por perto?”

“…Deixa disso. Somos um casal, então o que há de errado em fazer isso na privacidade da nossa própria casa?”

Oh-ho~?

Ah-ha~?

“Sim, talvez eu proíba vocês dois de entrar.”

“Por favor, meu senhor, imploro por misericórdia!”

“Comportem-se da próxima vez.”

“Sim, senhor!”

   A voz exageradamente submissa de Chitose, como se ela estivesse a se curvar, fez Mahiru reprimir uma risadinha, apesar de seu comportamento calmo habitual. “Hehe, vocês dois se dão tão bem.”

“Você também pode participar, Mahirun! Vamos lá, tipo girar o seu obi ou algo assim!”

“Meu obi...?”

“Nem pensar que vou fazer isso,” disse Amane. “Além disso, pare de me retratar como um magistrado corrupto de algum drama antigo. Eu jamais maltrataria Mahiru ou seu quimono.”

   Chitose provavelmente se referia a uma cena antiga de dramas de época em que o obi do quimono de uma mulher era desfeito enquanto ela girava como um pião. Amane, sendo quem era, jamais sonharia em fazer algo assim. A simples ideia de manusear um obi de quimono com brutalidade e possivelmente danificá-lo o deixava pálido. Ele já conseguia imaginar ser repreendido por Shihoko, que trabalhava na indústria da moda.

[Del: Que bom que o texto explicou, estava sem entender é nada, a única coisa que eu encontrei pesquisando foram técnicas de giro de sabre-de-luz do Obi-Wan. | Moon: KKAAK Só pensei na Mahiru girando e a Chi gritando “Roda, roda Jequiti!” | Del: Eu apoio a fanfic.]

“Você está levando isso muito a sério, né?”

“Como alguém pode agir de forma tão descuidada? Eu jamais sonharia em maltratar pessoas ou coisas.”

“É aqui que sua boa índole brilha — nunca deixando de mostrar o quão virtuoso você é.”

“Não há nada de virtuoso nisso. É só bom senso.”

“Você tem sorte que o Amane seja normal, hein, Mahirun?”

“Eu provavelmente não teria prestado atenção nele se não fosse.”

“Estou sendo menosprezado aqui?”

“Não, não, estamos te elogiando!”

   Ao ouvir a risada leve e sibilante de Mahiru, Amane não conseguiu reclamar. Lançou-lhe um rápido olhar de soslaio, mas como não havia nenhum traço de malícia em sua expressão, não teve escolha a não ser ficar em silêncio. Chitose não conseguiu conter o riso, achando a situação muito divertida. Em resposta, Amane lançou-lhe um olhar penetrante para acalmá-la e suspirou profundamente.

 

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