Vol 10
Capítulo 5: Um Presente Secreto
Itsuki e Chitose saíram da casa de Amane antes do pôr do sol. Aparentemente, eles estariam parando para assistir a um show de luzes no caminho de casa e, se não saíssem cedo, seriam repreendidos pelos pais.
Apesar de todas as provocações, eles estão fazendo mais coisas de casal do que nós.
Depois que saíram, Amane e Mahiru continuaram a noite como de costume, preparando o jantar juntos, desfrutando de uma refeição um pouco mais farta do que o normal e, em seguida, relaxando lado a lado. Era uma rotina completamente desprovida de espírito natalino. Se havia alguma diferença, era que a decoração ainda estava lá, o jantar estava um pouco mais extravagante e os especiais de Natal estavam passando na TV.
“Só tem coisas de Natal na TV, hein?”
Como de costume, Amane e Mahiru sentaram-se lado a lado no sofá, com os olhos grudados na TV. Um segmento especial no ar tocava músicas natalinas ao fundo, enquanto mostrava uma variedade de presentes escolhidos para diferentes faixas etárias e gêneros. Era um programa de variedades em que os participantes previam a classificação dos presentes com base em pesquisas de rua, ganhando pontos se acertassem. Eles podiam ver os concorrentes debatendo, inseguros sobre suas escolhas.
(Mahiru) “Tópicos sazonais são fáceis de trabalhar e atraem o espectador médio. Principalmente o Natal. É um grande evento comercial, então suponho que promovê-lo ajude a incentivar as pessoas a comprar mais?”
“Nós realmente não deveríamos estar falando sobre coisas comerciais na véspera de Natal.”
“Hehe... Que conversas você acha que seriam adequadas para o Natal, Amane-kun?”
“Talvez algo como: ‘Quando o Papai Noel vem?’ ou ‘Que presentes o Papai Noel vai trazer?’”
“Essa é uma ideia bem fofa.”
“Se estamos falando de Natal, não é isso que vem à mente?”
Amane fez apenas um comentário geral, mas Mahiru pareceu achar adorável. Ela sorriu calorosamente para ele, com os olhos suaves e afetuosos. Pela expressão dela, estava claro que ela realmente achava as ideias dele fofas. Coçando a cabeça, um pouco envergonhado, Amane conseguiu facilmente adivinhar o que Mahiru estava imaginando, então se pronunciou para continuar a conversa.
“...Eu provavelmente deveria mencionar que descobri, no final do ensino fundamental 1, que eram meus pais que colocavam meus presentes perto do meu travesseiro.”
“Então você acreditava em Papai Noel até então?”
“Uhh, eu... acho que sim. Quer dizer, eu tinha minhas dúvidas, mas meu pai respondia a tudo com um sorriso e sem hesitar. As mentiras inteligentes deles me enganavam.”
Eles estariam certos se alguém dissesse que ele demorou a entender, mas havia motivos para isso. O jeito de Shuuto com as palavras era inteligente demais.
“Dúvidas?”
“Tipo, ‘Como o Papai Noel consegue entregar presentes para todas as crianças do mundo sozinho?’ ou ‘O que ele ganha com isso?’ e ‘De onde ele tira todo o dinheiro?’ Esse tipo de coisa.”
“Que perguntas difíceis de responder. O fato de você ter tido dúvidas mesmo quando criança diz muito sobre você, Amane-kun... E como Shuuto-san respondeu?”
“Ele me disse que o Papai Noel não entrega os presentes sozinho. Ele disse que existe uma grande organização sem fins lucrativos sediada na Finlândia, conhecida como ‘Papai Noel’, com filiais no mundo todo. E essas filiais cuidam da logística. Eles dão presentes para fazer crianças felizes em escala global, independentemente da riqueza, e ao proteger os corações da próxima geração, contribuem para a paz mundial a longo prazo. Aparentemente, o financiamento vem de doações de adultos e empresas em todo o mundo que desejam o crescimento saudável e a felicidade das crianças.”
[Del: Rapaiz, o Shuuto simplesmente inventou a mentira mais bem contada sobre o Papai Noel que eu vi em toda a minha vida. | Moon: Se tivesse me contado isso, acreditava até hoje no bom velhinho… (agora lembrem da definição de Natal do Darwin) quem sabe, sabe! | Kura: Que explicação kkkkk, é super convincente.]
“É um pouco complicado demais para as crianças entenderem, mas também conveniente demais para os adultos acreditarem. É uma história bem elaborada que quase parece crível.”
“Pensando nisso agora, seria bastante alarmante ter suas informações pessoais expostas dessa forma — esta empresa rastrearia seu endereço, dados familiares e até mesmo suas preferências.”
Relembrando a explicação de Shuuto, agora mais velho, Amane podia facilmente perceber o absurdo de tudo. No entanto, Shuuto era um homem honesto e direto que nunca mentia nem quebrava promessas. Quando explicou tudo com calma e delicadeza, o jovem e impressionável Amane simplesmente tomou como verdade. Nem tudo era mentira completa — embora não existisse uma organização sem fins lucrativos de Papai Noel ou um exército de Papais Noéis, havia uma Vila do Papai Noel na Finlândia. Essa mistura de verdade com ficção dava à história uma estranha sensação de credibilidade, facilitando o engano de Amane na época.
“E foi assim que aconteceu. Em vez de se esquivar descuidadamente das minhas perguntas ou ignorá-las, ele as respondeu como se estivesse dizendo a verdade completa. Naquela época, quando eu era muito mais ingênuo e, bem, mais burro do que sou agora... eu acreditava em cada palavra.”
“Que adorá—”
“Não é adorável. Aliás, não faça essa cara triste.”
“Você poderia pelo menos ter me deixado terminar o que eu estava dizendo.”
Como Amane sabia exatamente como Mahiru responderia, ele a interrompeu antes do tempo. Em troca, ela inflou as bochechas de uma forma adoravelmente óbvia. Achando sua reação infantil fofa demais para resistir, ele a afagou. Ela murmurou: “Mas você me chama assim o tempo todo...” baixinho em protesto, mas ele conseguiu fazer as pazes deixando que ela afagasse sua cabeça de volta, exatamente como ela parecia querer.
“Meus pais nunca mentiram para mim... Aquele deve ter sido um caso especial.”
“Você ficou bravo com eles?”
“Não.”
Perceber que seus pais haviam mentido para ele foi um grande problema para Amane quando criança, mas ele não se sentia inclinado a culpá-los por isso. Quando tomou conhecimento da mentira, já havia amadurecido o suficiente, tanto em pensamento quanto em emoção, para enxergar além do fato de que era mentira e considerar por que eles a haviam contado em primeiro lugar.
“Claro, fiquei chocado quando liguei os pontos, mas acho que meus pais só queriam que eu tivesse esse sonho. Eles não queriam que eu me sentisse excluído do sonho que todos os outros estavam tendo. Mesmo que chegue um momento em que você acorde desse sonho, é melhor chegar a essa conclusão sozinho do que ser forçado a acordar por outra pessoa. Isso ajuda você a fazer as pazes com isso em seu coração.”
Amane não gostava de mentiras. Ele acreditava que elas não eram algo para ser contado levianamente. Mas, ao mesmo tempo, ele havia aprendido que jogar a verdade em alguém sem pensar nem sempre era a melhor coisa. Seria realmente do interesse de uma criança saber desde o início que o Papai Noel não existia e que seus pais estavam dando os presentes? Deveriam os pais ser os únicos a destruir a existência e os ideais do Papai Noel, a figura dos livros ilustrados, com as próprias mãos? Mesmo que chegasse o dia em que a criança entendesse que tudo não passava de uma fantasia, isso deveria ser revelado por outra pessoa contra a sua vontade? Amane tinha certeza de que seus pais não pensavam assim.
Foi exatamente por isso que, quando chegou a hora de Amane descobrir a verdade, Shuuto e Shihoko permitiram que ele se apegasse à fantasia. Ele poderia lidar com isso e processá-la à sua maneira.
“Além disso, não há como negar que eles ainda pensavam em mim quando colocaram aqueles presentes perto do meu travesseiro. Eu não conseguia ficar bravo com isso.”
Mesmo tendo sido eles quem prepararam os presentes, eles nunca deixaram transparecer, simplesmente comemorando com ele enquanto ele se alegrava por tê-los recebido do “Papai Noel”. A genuína gentileza e amor que demonstravam, compartilhando sua felicidade, eram reais e inegáveis.
Sabendo disso, Amane não conseguia se irritar por ter sido enganado. Sentia-se um pouco envergonhado, porém, ao perceber como seus pais o haviam vigiado, acreditando na mentira por todos aqueles anos com sorrisos amorosos, o que o deixava um pouco chateado. Mas isso, por si só, era apenas parte do charme.
“Você tem pais maravilhosos.”
“Sim. Tenho orgulho deles e não teria vergonha de estar com eles, não importa aonde eu vá... Bem, na verdade, quando eles estão juntos, sinto que as coisas podem ficar um pouco constrangedoras.”
Para Mahiru, Shihoko e Shuuto pareciam os pais ideais, mas, da perspectiva de Amane como filho, ele sinceramente desejava que eles diminuíssem um pouco o flerte.
“Hehe, eles são realmente um casal unido, não são? Só de vê-los meu rosto fica quente.”
“Se te incomoda, você sempre pode reclamar, sabia?”
“Eu não quero interferir em um momento de amor entre casais. É uma coisa boa, não é?”
“Mas ainda assim...”
“Amane-kun, você não gosta desse tipo de coisa?”
Hesitante, cautelosa. Como se estivesse procurando uma resposta, Mahiru olhou para ele com preocupação nos olhos. Amane balançou a cabeça silenciosamente.
“Não é que eu não goste. É mais como se, como filho deles, eu só quisesse que eles não fizessem isso em público.”
“Eu acredito que é bom que os pais demonstrem afeto, desde que não seja excessivo. Ver pais brigando constantemente não é bom para o desenvolvimento emocional de uma criança. Demonstrar respeito mútuo e cuidado um pelo outro é importante.”
“É, concordo.”
O que Mahiru estava pensando? Como ela se sentia naquele momento? De quais memórias ela estava se lembrando? Com o que ela as estava comparando? Amane não precisava fazer essas perguntas — ele já sabia as respostas. No entanto, se demonstrasse que havia entendido, Mahiru só ficaria mais constrangida e tentaria ser atenciosa com ele. Então, mantendo a cara séria, Amane deu de ombros.
Naquele momento, Mahiru estava olhando as coisas objetiva e racionalmente, vendo as coisas exatamente como elas eram. Não havia sinal de medo ou desespero em sua expressão. Era claro que ela estava simplesmente com inveja dos pais de Amane e, por isso, ele evitou expressar suas preocupações por enquanto.
“Bem, contanto que eles não exagerem, eu não me importo. Na verdade, geralmente é meu pai fazendo isso sem nem perceber. Conhecendo-o, talvez ele saiba exatamente o que está fazendo.”
“Oh, sim, eu concordo...”
“Espere, por que você concordou?”
“Ah, nada não.” Mahiru desviou o olhar, fingindo ignorância.
“...De qualquer forma, o que você acha dos meus pais, Mahiru?”
“De que maneira, especificamente?”
“Quer dizer, você parece gostar muito dos meus pais, certo? Eu só estava me perguntando como eles pareciam para você.”
“Eles me parecem um casal maravilhoso e amoroso.”
Esta deve ser a sua opinião genuína e honesta. Mahiru frequentemente admirava Shihoko e Shuuto. Para ela, eles representavam o casal perfeito e talvez até a família ideal.
“Dizem que, neurologicamente, os sentimentos românticos tendem a esfriar depois de alguns anos por causa das mudanças hormonais, certo?”
“Sim, já ouvi isso.”
“No entanto, seus pais ainda parecem, hum, se amar muito. Gosto de pensar que é porque seus sentimentos fugazes amadureceram e se tornaram algo maior. Existem muitas formas de amor, mas admiro profundamente o tipo de amor que eles compartilham.”
[Del: O amadurecimento do amor é de extrema importância. No grego, umas das 9 palavras para amor é Eros, que descreve justamente esta paixão intensa, porém que possui um prazo. Por isso é essencial desenvolver o amor para algo como Philia, Storge ou Pragma (amizade, família e compromisso harmônico, respectiva e resumidamente) para uma relação durável e saudável.]
As palavras que Mahiru proferiu com saudade brotaram de um desejo profundo e sincero.
“Espero que possamos ser assim também,” disse Amane. “Bem, sem a demonstração pública de afeto, é claro.”
“...Sim, eu também espero.”
Enquanto Amane observava as bochechas pálidas de Mahiru subitamente corarem profundamente, percebeu que havia dito algo ultrajante sem pensar. Mesmo assim, não tinha intenção de voltar atrás. Mahiru pareceu entender perfeitamente a implicação de ele dizer que eles deveriam ser assim um dia. Ela pressionou as palmas das mãos contra as bochechas em chamas, tentando acalmar o calor que a consumia, mas suas mãos ligeiramente geladas não eram páreo para o calor que se espalhava por ela. Amane também sentiu o calor aumentar, e não dava sinais de que diminuiria tão cedo.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Depois de corarem repetidamente, encontrando os olhos um do outro apenas para desviar o olhar rapidamente, o tempo passou antes que percebessem. Agora era a hora em que Mahiru normalmente voltaria para casa.
Embora o calor e o constrangimento já tivessem desaparecido há um certo tempo, o que Amane sentia agora era relutância. Relutância em se separar dela. Eles não haviam planejado nada especial para o Natal, mas o desejo de ficar perto, de permanecer ao lado dela, era tão forte que transbordava de dentro.
“Está ficando tarde.”
“Sim... está.”
Mahiru certamente sabia que já era hora de se levantar e ir embora, como sempre fazia, mas não deu sinal de que iria se levantar.
Amane entendeu o que ela estava tentando lhe dizer. Ele não era tão obtuso, nem estava pensando demais. Mahiru simplesmente queria ficar ao seu lado um pouco mais e passar aquela noite fria com ele.
“Hum, sabe...”
Sua garganta estava seca.
Considerando que haviam passado inúmeras noites juntos de uma forma perfeitamente saudável, este convite não deveria tê-lo deixado tão nervoso. No entanto, ele nunca imaginou que o simples fato de ser noite de Natal aumentaria tanto as apostas.
Mahiru estremeceu ligeiramente com o comentário nervoso de Amane, e ela o olhou recatadamente.
“...Pode ser Natal, mas, bem... estamos sempre juntos, então nada é realmente diferente, mas...”
“Sim...”
“Que tal... dormirmos juntos esta noite?”
“...T-Tá.” Após alguns momentos de silêncio, Mahiru gaguejou.”
[Kura: As reações deles sempre são as melhores kkk]
As bochechas de Mahiru ficaram vermelhas de repente. Ao ver isso, Amane rapidamente percebeu que ela havia entendido mal suas palavras. Ele gesticulou freneticamente com as mãos, em pânico. Desde a última vez que dormiram na casa deles, eles quase não tinham compartilhado momentos íntimos como aquele, principalmente por estarem ocupados, se desculpando e, acima de tudo, constrangidos. Mas agora era Natal — uma época em que os casais tendem a se aproximar. Ele deve ter inadvertidamente feito a mente dela disparar nessa direção.
“E-eu não quis dizer isso, okay? Só uma noite normal! Nada de ruim, eu juro!”
“Você não precisa entrar tanto em pânico! Está tudo bem, eu sei!”
Amane parecia tão desesperado que até Mahiru começou a agitar as mãos freneticamente. Com os dois com o rosto vermelho e agindo de forma estranha, eles se sentiram ainda mais envergonhados do que antes. Ao se recomporem, o puro absurdo da situação os atingiu de repente, e eles caíram na gargalhada.
“...Mahiru.”
Depois que riram e se acomodaram, Amane gentilmente pegou a mão dela.
“Tudo bem?”
Ele não ia forçar Mahiru a nada, e se ela se sentisse desconfortável, ele estava pronto para recuar. Mahiru também entendeu isso, pois deu um sorriso fraco e gentil antes de balançar a cabeça.
“S-Sim, tudo bem. Estou feliz.”
“Mas sua voz está super tensa.”
“I-Isso porque, entre nós, tudo tem sido, sabe, monótono, por assim dizer... como se nada tivesse acontecido, sabe? Então, eu não esperava que você me convidasse assim...”
“Sério? Nem um pouco?”
“Baka.”
“Desculpa.”
Se ele provocasse Mahiru demais, ela certamente daria um jeito de se vingar, então Amane se desculpou sinceramente enquanto soltava sua mão gentilmente. Em resposta, Mahiru fez um beicinho, seus lábios formando um biquinho adorável.
“Você teria preferido que eu tivesse esperado por isso o tempo todo?”
“De qualquer forma, vale para mim... Eu ia te convidar para ficar de qualquer maneira.”
“Môu.”
Mahiru deu um tapinha leve em seu braço. Em vez de um ataque para repreendê-lo, foi um gesto afetuoso. Era como se ela estivesse dizendo: “Não tem jeito, hein.” Achando tudo isto cativante, Amane curvou os lábios em um sorriso brincalhão, provocando um suave “baka” de Mahiru — um insulto verdadeiramente adorável.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Eu realmente não vou fazer nada.”
[Kura: Você realmente deixou isso na mente, estou desconfiando de que algo pode acontecer…]
Encarando Mahiru enquanto estavam sentados na cama, Amane ergueu levemente as mãos, com as palmas voltadas para ela, para mostrar suas boas intenções.
Era hora de dormir, e ambos haviam tomado banho e trocado de roupa. No entanto, Amane percebeu que Mahiru ainda estava tensa por estar sentada na mesma cama com roupas tão leves. Ele queria tranquilizá-la, então fez o possível para insistir que ela não tinha com o que se preocupar.
Como era inverno, Mahiru usava uma camisola de tecido um pouco mais grosso. Apesar disso, ainda era muito mais fina do que suas roupas habituais. Vestida com um tecido tão fino, ela lançou a Amane um olhar de leve descrença.
“Eu absolutamente não vou quebrar meu voto. Eu juro. Se você ainda está preocupada, devemos amarrar minhas mãos?”
“Por que você está sendo tão duro consigo mesmo? Eu confio em você, sabia?”
“Eu não confiaria muito em mim se fosse você.”
“Por que não!?”
Claro, Amane seria o mais cuidadoso possível e nunca teve a intenção de quebrar sua promessa com Mahiru. No entanto, isso não significava que ele queria que Mahiru baixasse a guarda completamente.
[Kura: Instinto masculino Mahiru, instinto masculino…]
Ele tinha permissão para tocá-la dentro dos limites da promessa. Em outras palavras, contanto que permanecesse dentro desses limites, ele poderia explorar as profundezas inexploradas do corpo de Mahiru sempre que quisesse. No entanto, isso era algo a ser feito apenas quando Mahiru desejasse e não algo que Amane deveria forçá-la. Só porque eles estavam em um relacionamento não significava que ela tinha que aceitar tudo o que ele queria fazer, e se Mahiru não gostasse de algo, ela tinha todo o direito de recusar.
Amane insistia nisso porque sentia que era necessário não se deixar levar pelo clima natalino e acabar fazendo algo de que pudesse se arrepender. Mesmo assim, o olhar de Mahiru permaneceu de leve exasperação.
“...Por quanto tempo você planeja manter essa mentalidade?” Ela perguntou.
“Até se sentir segura?”
“Eu já me sinto segura, então não há com o que se preocupar... Na verdade, fico mais ansiosa quando você se recusa a me tocar.”
Enquanto Amane permanecia ali com as mãos erguidas, Mahiru estendeu a mão para ele. Pego de surpresa em meio à pose de rendição, ele não conseguiu reagir a tempo e se viu facilmente capturado pelos braços dela. Em vez de ser capturado, era melhor dizer que ela havia ido abraçá-lo. Chateada com o comportamento dele, Mahiru olhou ligeiramente para baixo, fazendo beicinho, e encostou a testa no peito dele.
“Você diz que não vai fazer nada... mas um beijo não faria mal, certo?”
“...Você é bem provocadora, não é, Ojou-sama?”
Amane se perguntou o que faria se cada pedaço de seu autocontrole começasse a se quebrar, um a um, sob a provocação dela. Mas, como não queria causar problemas indesejados a Mahiru, rapidamente se acalmou e deixou o pensamento de lado antes de abraçá-la. Ao sentir as sensações suaves e únicas do corpo dela, olhou em seus olhos cor de caramelo, que estavam impregnados de uma pitada de aborrecimento e inquietação, observando-o de perto.
Quando seus olhos, agora escondidos sob as pálpebras pálidas, desapareceram de vista, Amane não pôde deixar de sentir uma pontada de arrependimento. Lentamente, ele se inclinou e selou seus lábios, silenciando as doces palavras que ela acabara de proferir.
Um leve e doce “Mmm” soou fracamente, alcançando diretamente seus ouvidos.
Os lábios dela, tão fofos e delicados que era difícil acreditar que fossem parecidos com os dele, eram macios e úmidos. Só de tocá-los, pareciam ficar cada vez mais quentes, como se derretessem sob o toque suave do corpo dele.
Eu me pergunto de onde será que vem essa doçura…? Enquanto Amane tocava lentamente os lábios dela com a língua, eles amoleceram, derretendo-se sob o toque. Até o corpo dela, que havia se contraído levemente, começou a relaxar, e o calor e a maciez que ele sentia cresciam e se espalhavam ainda mais.
Sentindo que, se continuasse a se entregar àquela doce fruta, talvez não conseguisse parar, Amane manteve o beijo leve, mal roçando os lábios dela antes de se afastar. As pálpebras dela se ergueram lentamente, revelando olhos cor de caramelo com um brilho meloso. Amane sentiu um alívio genuíno por ter parado naquele momento.
Se ele tivesse visto aqueles olhos no meio do beijo, não tinha certeza se conseguiria parar.
A respiração que saía de seus lábios, agora levemente úmidos, estava mais úmida do que antes, e a voz que escapava junto com ela era tingida de uma doçura que pairava no ar. Enquanto Amane mordia o lábio, usando a dor para se firmar, Mahiru ergueu os olhos com um brilho que havia perdido um pouco do cintilo anterior. Seu gesto inocente de inclinar a cabeça levemente, como se estivesse curiosa, foi tão adorável que Amane sentiu uma forte vontade de abraçá-la com força e beijá-la profundamente mais uma vez. No entanto, a parte serena de sua mente, que sabia o que aconteceria se ele cedesse, o avisou para parar, permitindo que ele mal se mantivesse firme.
“...Sinto que tenho treinado bastante ultimamente...,” murmurou Amane.
Mahiru, que se mantinha impenetrável com os outros, era gentil e afetuosa com aqueles de quem era próxima — especialmente com Amane, seu namorado. Ela adorava ser mimada e prezava a proximidade física acima de tudo. Ao namorar alguém como ela, Amane não conseguia deixar de sentir que seu autocontrole e sua capacidade de guardar os instintos mais primitivos de sua metade inferior estavam sendo constantemente treinados. No entanto, não era algo que ele pudesse admitir para ela.
“Acho que os resultados do seu treinamento já estão aparecendo há algum tempo,” comentou Mahiru casualmente enquanto, inocente e indefesa, pressionava a palma da mão contra o corpo dele.
Amane mordeu a parte interna da bochecha, tentando não demonstrar o quanto estava abalado, e balançou a cabeça. “Eu não quis dizer isso. Eu estava falando mais sobre, sabe, meu autocontrole e tudo mais.”
“...Você acha que ele pode desmoronar?”
“Não vou quebrar nossa promessa nem cruzar os limites. Mas ainda é difícil não se sentir em conflito e um pouco inquieto... Mesmo com tudo isso, eu ainda te amo, o que me faz querer te estimar ainda mais.”
Se ela fazia isso de propósito ou não, Amane muitas vezes não sabia dizer, mas Mahiru tinha um jeito de alimentar seus impulsos. De qualquer forma, ele não estava disposto a agir de acordo com isso — era mais como uma forma de treinamento para ele, então, de certa forma, não era um problema. Mas ela era tão preciosa para ele que o desejo de tocá-la mais e abraçá-la cada vez mais crescia dentro dele.
Amar alguém um pouco demais também não é exatamente um mar de rosas... refletiu Amane.
Ao ouvir sua resposta, Mahiru piscou para ele repetidamente. “...Eu sou muito amada, não sou?”
“Por que você está dizendo isso como se fosse da conta de outra pessoa?”
“F-For favor, não fufe ninhas vuchechax!”
“Como você pode perder a confiança quando percebe que é amada?”
Ultimamente, Mahiru vinha afirmando com orgulho que era amada por Amane, plenamente ciente do carinho que recebia. No entanto, por algum motivo, seu comentário foi muito distante desta vez. Ela falou como se estivesse se observando de fora. Amane beliscou delicadamente suas bochechas macias, sentindo que suas expressões de amor ainda poderiam estar faltando, apesar de seus melhores esforços.
Depois de aproveitar ao máximo a sensação macia e elástica de suas bochechas pálidas como mochi, Amane se soltou com um movimento rápido. Seus olhos encontraram os de Mahiru enquanto ela pressionava as bochechas, agora levemente coradas com as mãos.
“N-Não é que eu tenha perdido a confiança, okay? ...Só me ocorreu que, em momentos como este, não importa o quanto você tente conter seus sentimentos, você sempre me coloca em primeiro lugar.”
As palavras “conter seus sentimentos” fizeram Amane perceber que Mahiru havia percebido que ele estava lutando contra seu autocontrole, o que o fez querer enterrar o rosto nas mãos. No entanto, Mahiru não parecia desconfortável; em vez disso, parecia um pouco envergonhada, seu olhar vagando levemente.
Amane e Mahiru já haviam se exposto completamente um ao outro, revelando suas verdadeiras identidades. Por causa disso, Mahiru parecia estar ciente da situação à sua maneira. Para Amane, o motivo pelo qual ele escolheu não se aproximar descuidadamente era simples: a diferença entre o que havia no final da paixão deles era significativa demais. Ele não queria arriscar algo que pudesse ter consequências graves para ela, então se moderou.
“Eu consigo lidar com as coisas por conta própria, mas no seu caso, Mahiru, as coisas são um pouco mais complicadas... Você significa tudo para mim, e eu não quero atrapalhar o caminho que você está trilhando. Por favor, deixe-me cuidar de você.”
“...Certo,” respondeu Mahiru suavemente.
Contanto que Mahiru realmente entendesse o quanto ela significava para Amane, isso era o suficiente para ele.
A expressão de Mahiru se suavizou com um leve rubor enquanto ela aceitava suas palavras com timidez, mas sinceridade. Amane não pôde deixar de pensar que talvez ele pudesse demonstrar seu afeto um pouco mais, o suficiente para que ela sentisse isso de verdade.
Inclinando-se ligeiramente, ele a olhou de uma distância tão curta que poderia se fechar com apenas um pequeno movimento. “Bem, se você quiser se sentir ainda mais amada, posso te cobrir de muita afeição agora mesmo — só um pouquinho, sem quebrar nossa promessa, é claro.”
“Fweh!?” Mahiru guinchou, surpresa. Era uma proposta que ela nunca esperava, pois, em um único instante, passou de corada para uma expressão de total perplexidade.
[Del: Ela não esperava?? EU não esperava, nmrl, eu perdi a compostura na sala de aula porque imaginei a Mahiru sendo guinchada KKKKKK. | Moon: Akakakak e eu aqui rindo sozinha no metrô, igual uma maluca! | Kura: Pegou de surpresa mesmo kkkk.]
Desta vez, Amane não ia voltar atrás em nada. Ele já havia considerado todas as maneiras pelas quais Mahiru poderia ter interpretado mal. Ele estendeu a mão novamente, envolvendo as costas esbeltas de Mahiru. Ele podia sentir a tensão do corpo dela e o calor crescendo entre eles. Mesmo assim, ela não tentou se afastar. Em vez disso, fechou os olhos, deixando o que vinha à seguir com ele.
Amane gentilmente aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou:
“Aqui, um abraço.” Enquanto ele envolvia seu pequeno corpo com carinho gentil, a expressão de Mahiru mudou visivelmente. Após um breve momento de confusão, uma clara expressão de decepção surgiu em seu rosto, tornando seus sentimentos inconfundíveis.
“Por que você parece decepcionada?” perguntou Amane.
“N-Nenhum motivo.”
“...Sabe, você é mesmo um livro aberto, Mahiru.”
“S-Só com você, Amane-kun!”
“Eu sei... Então vá em frente — mostre-me ainda mais dos seus sentimentos. Só para mim.”
“...Baka,” ela sussurrou, com a voz suave.
“Sim.”
“Me abrace ainda mais forte.”
“Se eu fizer isso mais, você vai ser esmagada.”
O corpo esguio de Mahiru, embora não fosse frágil, parecia tão delicado comparado ao seu. Amane não conseguia evitar o nervosismo de que, se a abraçasse com muita força, ela pudesse quebrar. Ela era tão pequena.
“Eu não sou tão frágil assim, sabia?”
“Sério? Mas você é tão magra.”
“Na verdade, engordei um pouco recentemente... com o, hum, os testes de sabor do bolo. Mas fiz questão de emagrecer logo de cara!”
“Você é um pacotinho esforçado, sabia disso...”
Mahiru havia ocupado um pouco mais de “espaço no mundo” devido aos seus inúmeros bolos de teste para o aniversário de Amane. No entanto, Amane não havia notado nenhuma diferença. Mesmo que houvesse alguma variação em seu corpo, Mahiru provavelmente mantinha tudo em equilíbrio por meio de dieta cuidadosa e exercícios.
“Você não precisa se forçar a perder peso, okay? Sua saúde — tanto física quanto mental — deve sempre vir em primeiro lugar.”
“Quero ter orgulho de mim mesma, então gostaria de manter uma silhueta com a qual eu me sinta satisfeita. Claro, sempre mantenho as coisas dentro de limites saudáveis.”
Como seu namorado, Amane achava que ela era magra demais e não se importaria se ela engordasse um pouco. No entanto, ele sabia que seria imprudente interferir na busca incansável de uma mulher pela beleza. Certamente haveria um corpo ideal e saudável para ela, e não lhe cabia comentar descuidadamente sobre isso. Tudo o que ele podia dizer era que não queria que ela se esforçasse demais para controlar o peso.
“Entendi. Se é assim, não direi mais nada. Só não se esforce demais... Se você acabar sofrendo, eu também sofrerei.”
“Certo.”
Amane ficou feliz por Mahiru ter aceitado sua preocupação. Com cuidado, ele evitou tocar na parte do abdômen dela que a incomodava. Em vez disso, abraçou-a gentilmente, pensando apenas nas partes do corpo que se pressionavam contra ele — ainda assim, não importava o que pensasse, ele ainda sentia ela tão esbelta como sempre.
“...Por outro lado, você é bem magra. Eu consegui um pouco de massa, então, comparando-nos agora...”
“Isso é só porque você era só pele e osso antes, Amane-kun.”
“Não posso negar.”
“Em vez de ganhar peso, você ganhou músculos com os exercícios. Sua postura também melhorou, o que, por sua vez, lhe deu um físico mais definido. Não sinto nenhum excesso de gordura.”
Naquela época, quando estava sempre curvado e olhando para o chão, Amane sabia que ele era magro e frágil. Então, era natural que ele tivesse engordado depois do treino, em comparação com aqueles dias, e ele entendia perfeitamente o que Mahiru estava dizendo. Apesar disso...
“Você não tem medo de me tocar onde quiser, huh.”
Amane ficou surpreso com a ousadia de Mahiru. Ela deslizou as mãos casualmente pelo corpo dele, ainda que por cima do pijama. Isso não o incomodava, e ele não tinha nada a perder com isso, mas não conseguia deixar de pensar em como ela se sentira muito mais confortável com o corpo dele em comparação com o passado. No entanto, se ela descobrisse o que ele estava pensando, provavelmente ficaria vermelha e começaria a ficar de mau-humor.
“Eu não deveria ter feito isso?”
“Ah, não, tudo bem. Eu só não vejo graça em me tocar.”
“Eu adoro tocar em você, Amane-kun.”
“Você realmente não deveria falar assim. Poderia ser mal interpretado.”
A maneira como ela se expressou poderia facilmente ser tirada do contexto, mas Amane sabia que Mahiru não queria dizer mais nada com isso, então ele apenas a repreendeu levemente. No entanto, Mahiru, insatisfeita com o comentário, soltou um pequeno “Hmph,” claramente insatisfeita com a correção.
“Somos só nós dois aqui, então não há espaço para mal-entendidos.”
“É, é verdade, mas...”
“E você também adora me tocar, não é, Amane-kun?”
“...Sim, é um fato,” admitiu Amane.
Ela realmente acha que há pessoas que não gostam de tocar seus parceiros? Amane não conseguia imaginar ninguém se sentindo assim.
Claro, Amane adorava tocar Mahiru. Isso era óbvio. Se lhe fosse permitido, ele gostaria de tocá-la ainda mais, de saber tudo sobre ela, profunda e completamente. Ele a queria por inteiro. No entanto, ainda não era hora de agir de acordo com os sentimentos que fervilhavam dentro dele, especialmente quando queria evitar potencialmente machucá-la. Ele carregava esses sentimentos dentro de si, quase horrorizado consigo mesmo pela intensidade dos seus sentimentos por ela, enquanto tentava ao máximo escondê-los de Mahiru. Quer ela soubesse ou não, Mahiru inocentemente e sem querer atiçou as chamas, tornando as coisas um pouco mais difíceis para Amane.
Quando Mahiru, aninhada em seus braços, sussurrou: “Você gostaria de me tocar?” Sua natureza naturalmente sedutora, porém inocente, fez a cabeça de Amane girar momentaneamente. Felizmente, não foi o suficiente para ele perder a calma, e por isso ele era grato.
Amane não podia simplesmente se deixar enganar. Ele não podia se deixar dançar na palma da mão de uma Mahiru alheia sem fazer nada em troca. Em um ato brincalhão de vingança, ele acariciou suavemente a área ao redor da barriga dela, onde ela estivera um pouco constrangida, e traçou as linhas esbeltas de seu corpo com a ponta dos dedos. Enquanto sua mão acariciava sua cintura, que era fina demais para mostrar qualquer sinal do peso que ela mencionou, Mahiru se contorceu, claramente pega de surpresa.
“Você não me pediu para te tocar?”
“E-eu não acho que seja bem esse o ponto aqui!”
“Então onde você queria que eu tocasse, Mahiru?”
“...Não se trata de onde eu quero que você me toque, Amane-kun. É onde você quer me tocar.”
“Mas eu quero tocar os lugares que você quer que eu toque... Quero ouvir dos seus lábios,” Amane sussurrou em seu ouvido. À medida que as palavras eram absorvidas, o rosto de Mahiru gradualmente corou ainda mais, enquanto o calor se espalhava por suas bochechas.
Seja lá o que Mahiru tivesse imaginado, seu rosto ficou vermelho brilhante e ela se deitou rapidamente na cama, virando as costas para Amane como se quisesse escapar. Percebendo que a havia provocado demais, Amane decidiu não pressioná-la mais sobre sua imaginação. Em vez disso, tocou delicadamente o espaço ao lado dela e se acomodou em silêncio.
[Kura: O engraçado é parar nessa parte para lembrar da Mahiru e Amane no começo, e comparar com os dois, as coisas começaram a ficar mais calientes.]
O corpo de Mahiru estremeceu inconfundivelmente, provavelmente porque esperava que Amane fizesse alguma coisa. Amane conteve o riso para que ela não percebesse e sorriu. Ele se divertiu com a reação da namorada, tão vulnerável a provocações. Tomando cuidado para não se deitar em nenhuma das mechas espalhadas de cabelo loiro, ele gentilmente se aproximou dela e deitou-se ao seu lado.
“Não se preocupe, não farei nada que você não goste... Mas, pelo menos, deixe-me abraçá-la assim.”
Seria mentira dizer que ele não queria tocá-la, e não havia como ele alegar que não queria repetir o que aconteceu na noite do festival cultural. Mas Amane teve bom senso o suficiente para guardar esses sentimentos no fundo do coração temporariamente. Honestamente, Amane tinha quase certeza de que Mahiru não o impediria de fazer aquilo de novo, mas tentava se abster de insistir em tais atividades, a menos que ela quisesse ativamente. E, além disso, se ficassem acordados até tarde, isso poderia interferir em seus planos para depois.
“Você tem certeza mesmo?” perguntou Mahiru num sussurro.
“Claro. Eu não ia fazer nada esta noite desde o começo. Na verdade, eu estava pensando que deveríamos ir para a cama cedo. Afinal, hoje é a noite em que o Papai Noel visita às crianças boas.”
“...Ai, você, hein.” Mahiru soltou uma risada suave, provavelmente se lembrando da conversa anterior.
[Kura: Que aconchegante :) ]
Amane sorriu calorosamente para ela. Seu constrangimento deve ter diminuído, pois ela se virou e retribuiu o sorriso com um sorriso tímido. Gentilmente, Amane passou o braço em volta das costas dela, puxando-a para mais perto, e sem qualquer resistência, Mahiru se acomodou confortavelmente em seu abraço.
Naquela noite, Amane não podia oferecer o braço como travesseiro, então teriam que se contentar em simplesmente ficar perto. Mahiru, no entanto, parecia não ter nenhuma reclamação — na verdade, era bem o oposto. Ela aninhou o rosto, satisfeita, contra o peito dele, perfeitamente satisfeita com o arranjo.
“...O Papai Noel não veio me visitar, mas recebi tantos presentes seus em troca, Amane-kun. Já sou mais do que feliz.”
“Não vai dar certo se isso for o suficiente para te satisfazer. Isso é só o começo, não é?”
Amane não conseguiria mudar a falta de boas lembranças na infância de Mahiru, mas estava ao seu alcance satisfazer o coração dela agora. Assim como fora banhado pelo amor dos pais, queria dar a Mahiru o mesmo calor e carinho — amor não como pai, mas como namorado.
“...Por favor, não exagere, okay? Você é, hum, muito mais apaixonado do que imagina, Amane-kun.”
“Vou levar as coisas com calma para você não esquentar muito. Só fervendo no nível certo. Perfeito.”
“Por favor, não me faça esquentar demais!”
“...Então é um não?”
Enquanto Amane olhava nos olhos de Mahiru, percebendo que ela já estava esquentando, ele sorriu para ela. Incapaz de responder mais, os lábios macios e rosados de Mahiru tremeram silenciosamente. Ela ficou sem palavras.
Depois que um sussurro suave, quase comovente, de “Eu não disse que era um não...” escapou dos lábios de Mahiru, Amane não se conteve. Ele se inclinou para mais perto, querendo sentir seu calor cativante, que parecia um pouco mais quente do que o normal. Envergonhada, Mahiru enterrou o rosto em seu peito para escapar do seu olhar, sem perceber que sua reação adorável só fez o sorriso de Amane se alargar.
Como prometido, Amane deu um carinho gentil em suas costas, tranquilizando-a. Mahiru lentamente ergueu o rosto e olhou para ele. Parecia que ela não estava de mau-humor, afinal — seus olhos demonstravam um leve constrangimento, mas ela o encarou por um instante antes de fechá-los.
“Boa noite, Amane-kun.”
Sua voz era apenas um sussurro — suave, doce e contente.
[Kura: Que arte]
Sem esperar pela resposta de Amane, Mahiru enterrou o rosto novamente em seu peitoral, acomodando-se em uma posição confortável para dormir. Amane soltou um suspiro suave, relaxando o corpo e ajustando o abraço, abraçando-a delicadamente de uma forma que tornasse mais fácil para ela adormecer confortavelmente.
“...Boa noite, Mahiru.” Ele sussurrou suavemente, encorajando-a a adormecer.
Mahiru relaxou completamente, inclinando-se contra ele e se deixando levar por completo por seus braços. Conforme sua respiração se estabilizava, Amane pôde sentir o último resquício de tensão deixar seu corpo. Com uma expressão terna, ele continuou a segurá-la gentilmente, embalando seu calor, até que ela estivesse completamente imersa no mundo dos sonhos.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Agora então...”
Amane esperou pacientemente que Mahiru caísse em um sono profundo. Assim que teve certeza de que ela estava descansando profundamente, sussurrou para si mesmo em uma voz quase inaudível e, cuidadosamente, com extrema cautela, começou a se levantar da cama.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Entre os dois, Mahiru costumava acordar cedo. Mas hoje, Amane acordou primeiro. Fosse porque queria ver o rosto adormecido de Mahiru ou porque estava ansioso para ver sua reação, seu corpo havia acordado naturalmente, sem que ele quisesse.
Se Mahiru tivesse acordado primeiro, teria ficado desapontado por não ter visto a reação dela, mas parecia ser um desperdício de preocupação. Ao lado dele estava sua namorada, cujo rosto adormecido, sereno e despreocupado, estava à mostra.
Seu adorável e inocente rosto adormecido — talvez um reflexo do conforto que sentia ao lado de Amane — era a própria imagem da pureza. Era uma expressão tão pacífica e livre da menor preocupação ou ansiedade. Mesmo no quarto mal iluminado, onde a única luz era o sol da manhã espreitando pelas cortinas, o rosto adormecido de Mahiru parecia brilhar mais do que qualquer outra coisa — sem dúvida porque Amane estava completamente apaixonado por ela.
Depois de alguns minutos observando-a, dos quais nunca se cansava, Amane notou uma leve contração. Talvez por ter se movido, o movimento suave pareceu acordá-la. Os longos cílios de Mahiru tremeram e, com movimentos lentos e deliberados, suas pálpebras se abriram.
Seus olhos cor de caramelo, ainda desfocados e turvos, não estavam totalmente acordados. Suas pálpebras caíram, quase se fechando novamente. Então, ela pareceu sentir a presença de Amane e, após alguns momentos de sonolência, levantou-se lentamente, esfregando os olhos e olhando preguiçosamente ao redor — até congelar.
Seus olhos, apenas meio acordados, se abriram instantaneamente em surpresa.
“Huh—?”
“Bom dia.”
Amane sabia muito bem que a presença dele não era o que a surpreendia.
Como prova, o olhar de Mahiru não estava fixo nele, que estava deitado ao lado dela, mas sim em algo que jazia ao lado de seu travesseiro.
“...Algo errado?”
Amane sabia que era um pouco travesso da parte dele, mas não conseguiu evitar fingir ignorância e perguntar, apesar de já saber o motivo. Mesmo assim, queria ver a reação de Mahiru, acontecesse o que acontecesse. Ao se sentar, inclinou-se para dar uma boa olhada no rosto dela, que agora parecia perturbado e um pouco inquieto.
“Hã? C-Caixas?”
“É, com certeza tem algumas caixas.”
Mesmo que Mahiru estivesse tão surpresa que só conseguia pronunciar uma palavra, Amane entendeu perfeitamente o que ela estava tentando dizer. Duas caixas pequenas, cuidadosamente embrulhadas, estavam do seu lado da cama, repousando ordenadamente ao lado do travesseiro.
“M-Mas como?”
“Bem, um velhinho alegre com uma barba branca grande... não deixou estas caixas aqui — na verdade, são do seu namorado de cara rabugenta. Espero que me perdoe por isso.”
[Del: “Se você não gosta da ideia de um prêmio, pense nisso como algo deixado para trás por um velho robusto com uma barba branca e um terno vermelho.” - Amane, cap 14 vol 1. | Kura: Del voltou com tudo!]
“N-Nós concordamos que não haveria presentes...” Mahiru fez um beicinho.
Com a voz fraca e trêmula, cheia de queixas, ela bateu suavemente no peito de Amane. Seus olhos eram um turbilhão de confusão, frustração e alegria, deixando-a sem saber qual emoção era mais forte.
Algumas semanas antes, durante o aniversário de Mahiru, eles concordaram em não trocar presentes de Natal naquela ocasião. Mahiru não queria que Amane se desse ao trabalho de escolher outro conjunto de presentes quando ele já estava ocupado. Em vez disso, eles decidiram passar bastante tempo juntos no Natal em troca. No entanto...
Honestamente, eu já tinha descoberto há muito tempo que Mahiru secretamente desejava que o Papai Noel a visitasse, mesmo antes de termos aquela conversa sobre o assunto.
De acordo com Mahiru, o Papai Noel nunca a havia visitado, e ela também não acreditava nele. Então, Amane secretamente planejou surpreendê-la desta vez, deixando-a experimentar o choque de encontrar presentes perto do travesseiro enquanto dormia.
“Nós fizemos. Desculpe.”
“Isso não é justo!” exclamou Mahiru.
Amane realmente se sentiu mal por não cumprir sua palavra, e tudo o que pôde fazer foi se desculpar por isso. No entanto, ele não se arrependia nem um pouco de suas ações. Além disso, isso não era algo que ele tivesse feito inteiramente por vontade própria.
“Mas isso não foi só eu.”
“Hum?”
“Minha mãe e meu pai também te mandaram um presente.”
Sim, havia duas caixas embrulhadas. Uma era de Amane, e a outra havia chegado junto com a árvore de Natal que seus pais haviam enviado.
A princípio, Amane se perguntou o que era, mas então recebeu uma mensagem de Shihoko dizendo: “Um é um presente de Natal para Mahiru-chan! Já que está aí, finja ser o Papai Noel para ela!” Então, ele o colocou ao lado do presente, perto do travesseiro dela. Não fazia ideia de como sua mãe havia previsto que ele teria a chance de colocá-lo ali no meio da noite, o que era um pouco perturbador, mas se isso deixava Mahiru mais feliz, não havia motivo para não fazê-lo.
“...Shihoko-san, Shuuto-san...”
“Só para constar, não sei o que colocaram aí dentro. Eu fui apenas delegado pela filial Fujimiya da organização do Papai Noel para cuidar da logística.”
“Hehe,” Mahiru riu baixinho.
Mahiru se lembrou da conversa da noite anterior e riu baixinho, sua frustração e confusão anteriores totalmente substituídas por uma felicidade gentil. Segurando as duas caixas perto do peito, ela as observou com atenção. Ao vê-la daquele jeito, Amane estendeu a mão e gentilmente afagou sua cabeça, alisando seu cabelo levemente despenteado.
[Moon: Aaa que fofinho!! | Kura: Muito fofa, e essa cara de choro… É de esquentar o coração.]
“Duvido que meus pais te mandassem algo estranho, mas não faço ideia do que escolheram para você.”
Sabendo o quanto Shihoko a adorava, não seria surpresa se ela desse praticamente qualquer coisa para Mahiru. Mas com Shuuto ali para lhe dar um pouco de juízo, era inevitável que fosse um presente pelo menos um tanto convencional.
A caixa era retangular e fina, apenas um pouco maior do que caberia na palma da mão dele. Parecia leve quando Mahiru a segurava, e não havia som algum quando se movia, então Amane imaginou que houvesse algum tipo de item pequeno dentro. Ele não achava que Shihoko colocaria algo que estudantes do ensino médio pudessem achar desconfortável, mas Amane não pôde deixar de ter dúvidas, dada a sua natureza... Então, ele notou Mahiru olhando para ele como se perguntasse se podia abrir a caixa.
Naturalmente, como era o presente de Mahiru, Amane assentiu, sinalizando que ela estava livre para fazer o que quisesse. Um pouco nervosa, Mahiru desamarrou cuidadosamente a fita e retirou o papel de embrulho, tomando cuidado para não rasgá-lo.
Ela devia estar tomando cuidado para não rasgar o papel para poder reutilizá-lo. Amane sorriu, lembrando-se de como Mahiru sempre fora tão meticulosa. Logo, a caixa pôde ser vista por baixo do papel de embrulho cuidadosamente desembrulhado.
Nesse momento, Amane reconheceu a caixa e já conseguia adivinhar o que havia dentro. No entanto, a última coisa que ele queria era estragar a empolgação de Mahiru, então manteve os lábios fechados e observou enquanto suas mãos cuidadosas a abriam.
Timidamente, Mahiru levantou lentamente a tampa da caixa.
Dentro havia dois instrumentos de escrita.
“Uma caneta esferográfica e uma lapiseira, ao que parece,” disse Mahiru delicadamente.
A lapiseira de madeira e a caneta esferográfica estavam cuidadosamente encaixadas em seus devidos lugares. Adornadas com detalhes em latão que brilhavam ao captar a luz do sol da manhã, os tons quentes da madeira complementavam lindamente os dedos pálidos de Mahiru.
“Eles devem ter escolhido estes juntos. São muito práticos. Não balançam, escrevem suavemente e são ótimos na mão,” explicou Amane.
“Imaginei ter reconhecido,” comentou Mahiru com um sorriso. “Têm o mesmo design dos do seu estojo, não é?” Amane sabia o que havia dentro antes mesmo de Mahiru abrir a caixa, porque seus pais lhe deram o mesmo conjunto de papelaria e um relógio quando ele começou o ensino médio.
Seus pais tiveram um julgamento apurado. Embora se apresentassem com estilo, priorizavam a praticidade na escolha dos presentes. Por isso, escolheram algo útil e durável para o presente de entrada de Amane no ensino médio. Embora a madeira usada no conjunto de Mahiru fosse diferente da de Amane, a marca e a série eram as mesmas. Amane podia atestar pessoalmente o conforto e a durabilidade, pois os usava há muito tempo. “Eles provavelmente passaram um tempo decidindo o que comprar. Imagino que hesitaram em te dar algo que você não usaria. Não optaram por uma caneta-tinteiro, provavelmente porque, bem, alunos do ensino médio não têm muitas oportunidades de usar uma apropriada.”
“Já estou mais do que emocionada por simplesmente receber um presente...”
“É assim que meus pais são. Eles queriam te dar algo prático, que ficasse na sua memória e que você pudesse usar por muito tempo.”
Aos olhos de Shihoko e Shuuto, Mahiru já era filha deles. Eles queriam assumir esse papel parental na vida dela, e a escolha dos presentes refletia algo que teriam escolhido para a própria filha.
Embora Amane sentisse uma mistura de admiração e um pouco de ciúme por seus pais entenderem tão bem o que faria Mahiru feliz, esses sentimentos rapidamente desapareceram. Mahiru, corando e radiante de alegria, disse timidamente: “Estou tão feliz. Vou ter que agradecê-los mais tarde.”
Sua genuína excitação preencheu o quarto, e quaisquer emoções complicadas que Amane pudesse ter foram dissipadas. Afinal, o mais importante era ver Mahiru feliz. Seu ciúme trivial não importava nem um pouco — era ridículo até mesmo se apegar a ele. Em vez disso, Amane era grato aos pais por trazerem tanta alegria a Mahiru.
Mahiru fechou a tampa delicadamente com um movimento cuidadoso, manuseando-a como um item precioso.
Como pais substitutos de Mahiru, a mãe e o pai adorariam vê-la tão feliz.
Se Mahiru não estivesse de pijama, Amane poderia ter registrado o momento em que ela abriu o presente e enviado a eles — mas Amane descartou a ideia rapidamente. O que importava mais era dar a Mahiru a experiência de acordar e encontrar um presente esperando por ela, algo que ela nunca havia experimentado antes.
Depois de fechar a caixa com cuidado e dobrar cuidadosamente o papel de embrulho e a fita, Mahiru colocou o presente de Shihoko e Shuuto na mesa de cabeceira. Então, voltou o olhar para Amane. O que restava em suas mãos era o presente que Amane havia preparado para ela.
“Posso... abrir?”
“Eu ficaria triste se você simplesmente o guardasse sem abrir,” respondeu Amane, brincando.
“E-eu não faria isso! É que algumas pessoas não gostam de ter seus presentes abertos na frente delas.”
“Escolhi algo que achei legal para você, então adoraria que você abrisse. Só espero que combine com o seu gosto.”
Amane não desconfiava do gosto dele, mas ainda não estava totalmente confiante se sua escolha atenderia aos padrões de Mahiru. Assim como quando escolheu o presente de aniversário dela, ele havia sofrido com a decisão justamente porque sabia que Mahiru apreciaria qualquer coisa, o que tornava ainda mais importante acertar. Desta vez, ele não havia consultado ninguém, então não tinha certeza se Mahiru realmente gostaria do que havia escolhido.
Sem demonstrar desconforto, Amane observou em silêncio enquanto os dedos finos de Mahiru desamarravam cuidadosamente a fita. A caixa revelou um conjunto de brincos e um colar combinando.
Mahiru não gostava de acessórios chamativos, então Amane escolheu um design relativamente simples. Os brincos e o colar foram feitos para lembrar flores delicadas, com pequenas pedras brilhantes espalhadas por toda parte. Apesar da elegância discreta, não empalideceriam em comparação com a beleza deslumbrante de Mahiru. Embora presentear Mahiru com joias não fosse incomum, presenteá-la no Natal — o maior clichê de todos os tempos — deixou Amane um pouco envergonhado, pois parecia um pouco fora de lugar para ele.
“Eu te dei uma caixa de joias de aniversário, lembra? Então, hum, pensei que seria legal te dar algo que você pudesse colocar nela, algo que eu nunca tivesse te dado antes,” explicou Amane, sentindo-se um pouco envergonhado.
No Dia Branco (White Day), Amane lhe dera uma pulseira e, no festival de verão, um grampo de cabelo. Querendo evitar dar a ela o mesmo presente duas vezes, ele escolheu cuidadosamente algo que combinasse com Mahiru e, com sorte, complementasse seu estilo.
Normalmente, os outros lugares onde as pessoas usavam acessórios eram as orelhas, o pescoço e os dedos — mas os dedos estavam reservados para algo que ele já havia planejado para o futuro e não para o presente. Então, Amane decidiu adornar as orelhas e o pescoço de Mahiru com peças cuidadosamente escolhidas. Foi uma ideia simples, talvez até indulgente.
Agora, o que ela acha?
Amane quase sentiu vontade de zombar de si mesmo, percebendo que sua possessividade realmente vinha à tona em momentos como aquele. Mesmo assim, ele não se afastou e, em vez disso, observou atentamente a reação de Mahiru.
“O que... acha?” Perguntou ele, com a voz um pouco hesitante.
No fim das contas, o que mais importava era se Mahiru gostava ou não. Com um toque de nervosismo, Amane continuou a observá-la atentamente. Mahiru ficou admirada com as flores brilhantes na caixa por um tempo antes de finalmente notar seu olhar e lentamente levantar a cabeça para encará-lo.
Vendo a expressão em seu rosto, Amane soltou um suspiro de alívio.
Parece que eu estava preocupado à toa.
“É... adorável. De verdade, é tão deslumbrante.”
“Graças a Deus. Eu estava preocupado que pudesse não ser o seu estilo.”
“Claro, fico feliz com qualquer coisa que você me der, Amane-kun. Mas, tirando isso, eles complementam perfeitamente o meu estilo. É adorável.”
“Se te fez feliz, então não há nada mais que eu possa pedir como Papai Noel — quero dizer, seu namorado.”
Com base no gosto de Mahiru para roupas e no tipo de acessórios que ela costumava usar, Amane havia reduzido a escolha a este modelo, achando que combinaria com ela. Parecia que ele tinha acertado em cheio, e seu coração acelerado finalmente começou a se acalmar.
“Amane-kun, você costuma escolher joias com estampas florais, não é?”
“Foi a escolha errada?” perguntou Amane, um pouco preocupado.
“Não, só pensei que pudesse haver um motivo.”
“Para ser sincero, não há nenhum motivo em particular... Achei que combinaria com você e com as roupas que você costuma usar. Algo muito simples não combinaria com seu estilo.”
Mahiru gostava de designs simples, mas não aqueles excessivamente simples ou com formas básicas. Ela preferia designs graciosos que usassem bem as curvas ou tivessem um toque de fofura. Considerando isso, Amane escolheu este design floral, acreditando que se adequaria perfeitamente às suas preferências.
Mahiru não era o tipo de garota que dava elogios falsos, então Amane se sentiu aliviado. Não havia dúvidas em sua mente de que ela realmente gostou do presente. Mahiru fechou a tampa delicadamente, segurando a caixa com cuidado como se fosse um tesouro precioso, com um sorriso suave nos lábios.
Para deixar claro, ela tinha uma expressão que parecia estar segurando um sorriso.
“...Eu vou guardá-lo como um tesouro,” disse Mahiru suavemente.
“Obrigado. Mas me mostre quando usá-lo algum dia — eu vou te elogiar como se não houvesse amanhã.”
“P-Por favor, não comece a anunciar com antecedência que vai me elogiar. Além disso, você não deve se forçar a fazer isso.”
“Por que não? Comprei porque achei que ficaria bem em você, e tenho certeza de que ficará. Se ficar bem em você, é claro que vou te elogiar. É tão ruim assim dizer que minha namorada é uma beldade?”
Só de imaginar Mahiru usando algo que ele lhe dera deixava Amane incrivelmente feliz, e certamente seria um deleite para os olhos também. Além disso, Mahiru também não se sentiria mal sendo elogiada — só havia coisas positivas. Elogiar os aspectos bons de seu amor era o segredo para manter um relacionamento saudável e apaixonado. Afinal, se ele não expressasse seus sentimentos, eles não poderiam ser transmitidos corretamente, então não havia mal algum em dizê-los em voz alta.
Quando Amane inclinou a cabeça, pensando que não havia nada de estranho no que ele disse, Mahiru murmurou: “Foi assim que o Shuuto-san te moldou...” como se ele tivesse sido moldado como massa pronta para ser assada no forno. Amane não conseguiu conter o riso. Na verdade, Shuuto havia de fato incutido nele a ideia de que elogiar abertamente o que há de bom nos outros fazia com que ambos se sentissem melhor, então, nesse sentido, ele havia sido “moldado”. Observar a interação dos pais ao longo dos anos apenas reforçou essa crença, tornando-a um princípio norteador para Amane.
Quando Amane disse diretamente: “Você também fica adorável quando age assim,” Mahiru respondeu com um gemido suave e envergonhado. Não querendo aumentar o tempo de recuperação dela, Amane parou de provocar. Com uma risadinha, esperou pacientemente que Mahiru se acalmasse. Algumas respirações profundas depois, ela finalmente conseguiu reduzir a vermelhidão nas bochechas e olhou para ele novamente.
Por algum motivo, Mahiru fez um leve beicinho.
“...Eu queria te dar um presente também. Não é justo que só você tenha me dado um.” Depois de vê-la chateada com algo tão inesperado, agora era a vez de Amane sorrir calorosamente.
Mahiru estava infeliz por ser a única a receber um presente e inflou adoravelmente as bochechas em uma pequena demonstração de frustração. Amane achou isso incrivelmente fofo, mas sabia que, se dissesse isso, ela roubaria o cobertor em vergonha. Antecipando isso, engoliu as palavras que estava prestes a dizer.
“Não se preocupe, eu já recebi um presente,” declarou.
“...Você não vai dizer que sou ‘eu’, vai?”
“Chega perto, mas não. Já fiz uma pré-encomenda do seu futuro, entende?”
“Isso não é justo! Eu reservei o seu também!”
“Ha ha ha.”
[Del: Esses fofos.]
Embora não tenha agarrado o cobertor, os punhos de Mahiru socaram suavemente a coxa de Amane. Mesmo sendo atacado, a visão só despertou seus instintos de proteção. “Ai, ai,” murmurou ele, embora não conseguisse deixar de achar os leves toques mais reconfortantes do que dolorosos. Era quase preocupante o quanto ele gostava daquilo — talvez, de certa forma, fosse um pouco inevitável da parte dele também.
Amane deu mais um sorriso. Talvez fosse a névoa matinal persistente, mas as emoções de Mahiru estavam muito mais fáceis de ler do que o normal. Sentindo seus pensamentos, ela murmurou, brincando: “Você é um idiota, Amane-kun,” provocando-o com um insultozinho fofo. Isso só aumentou o sorriso dele, tornando ainda mais difícil manter a seriedade.
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