Vol 10
Capítulo 3: Gratidão Pela Ajuda
“Obrigado por dedicar seu tempo para me ensinar.”
Como Amane havia reservado dois dias de folga para o aniversário de Mahiru, ele não tinha muitos turnos ao lado de Miyamoto. Como resultado, a sessão acabou acontecendo mais tarde do que o planejado inicialmente. Ao chegar ao trabalho, ele curvou a cabeça para Miyamoto, que havia chegado mais cedo e já estava arrumando tudo.
Amane havia aprendido muito com Mahiru, mas, felizmente, seu superior, Miyamoto, também reservou um tempo durante os intervalos para ajudá-lo a estudar.
A abordagem de ensino de Miyamoto oferecia uma perspectiva diferente da de Mahiru e vinha com um nível distinto de rigor. Graças a isso, o material que ele estudava estava profundamente enraizado em sua mente.
“Ei, bom trabalho. Aquela prova deve ter sido um saco. Como foi?”
“Consegui tirar uma boa nota sem problemas.”
“Fico feliz se pude ajudar em alguma coisa. Honestamente, você absorve conhecimento como uma esponja, Fujimiya. Você aprende tão rápido que acho que teria se saído bem mesmo sem a minha ajuda.”
“Isso não é verdade. É graças a você também, Miyamoto-san.”
Graças à ajuda dele e de Mahiru, Amane conseguiu manter suas notas e se sentia em dívida com eles. No caso de Miyamoto, ele não tinha nada a ganhar ajudando, mas mesmo assim o ajudava. Sua gentileza era tão avassaladora que quase deixou Amane desconfiado, imaginando se havia algum motivo oculto por trás disso.
Miyamoto disse: “Se você tiver que refazer uma prova, isso vai atrapalhar minha agenda. Além disso, já faz um tempo que estou corrigindo os erros da Rino, então te ensinar também não é grande coisa. É mais rápido se você se esforçar desde o início.”
Embora Amane pudesse perceber sua tentativa de esconder o constrangimento, sabia por Souji que apontar isso só pioraria o humor de Miyamoto. Então, Amane aceitou a gentileza em silêncio, esperando retribuir o favor algum dia.
“Sua namorada deve ser muito inteligente, né?”
Parecia que Miyamoto havia percebido a sutileza nas palavras de Amane, e um sorriso provocador se abriu em seu rosto. Em resposta, Amane simplesmente sorriu educadamente e disse: “Ah, ela certamente é.” deixando por isso mesmo.
“Olha só o seu sorriso. Ela deve ser especial. Vocês dois devem ser os namorados perfeitos de alunos de honra.”
“Alunos de honra... Não tenho tanta certeza se sou um, mas acho que minhas notas estão melhores. Estou fazendo o curso preparatório para o vestibular desde o primeiro ano, o que ajudou.”
“É. Eu não te imaginaria como alguém que fica bagunçando na escola. Completamente o oposto de mim.”
“Você também não parece ser alguém que se mete em encrenca, Miyamoto-san.”
Miyamoto brincava consigo mesmo, mas para Amane, ele não parecia o tipo de pessoa que se metesse em encrenca de verdade na escola. Claro, sua aparência era leve e estilosa, transmitindo um ar descontraído e moderno, e ele usava um tom de voz casual, mas, no fundo, Miyamoto era um homem pé no chão. Tinha uma presença firme e passava a impressão de ser alguém sério, com uma tendência a cuidar dos outros. Era assim que Amane o via.
“Bem, eu era mais um idiota acadêmico. Bem, ainda sou. Nunca fui delinquente nem me meti em encrenca com os professores, mas definitivamente já tive minha cota de encrenca.”
“Ah... eu vejo...”
“Me irrita um pouco que você concorde com isso.”
“Desculpe, não quero tirar sarro de você. É que, uh, tive a impressão de que você é bom em separar as coisas. Então, provavelmente se diverte sem atrapalhar seu futuro.”
Amane imaginou que Miyamoto provavelmente havia encontrado um equilíbrio — se divertindo, mantendo seu histórico escolar intacto e vivendo uma vida respeitável no campus. No entanto, Amane não tinha certeza. As únicas pessoas que sabiam como Miyamoto era no ensino médio eram o próprio Miyamoto e, como ele mesmo disse, sua amiga de longa data Oohashi, com quem ele, brincando, disse estar “preso”.
“Mas a primavera nunca chegou para o Daichi!”
Oohashi de repente apareceu por trás e soltou uma risada provocante, emitindo um som de “Keh keh keh” que pareceu causar uma rachadura na expressão de Miyamoto. Amane estremeceu levemente ao ver isso. Ele tinha certeza de que era só imaginação, mas podia jurar ter ouvido as palavras: “De quem você acha que é culpa? De quem?” em resposta.
[Moon: O Amane sabe, eu sei, você sabe… Gente quero eles juntos pra ontem!!]
“Você age como se fosse primavera o ano todo. Não quero ouvir isso de você.” retrucou Miyamoto.
“Mas que mau perdedor, não é não?”
“Vou te dar uma surra.”
“Ooh, que medo!”
Miyamoto soltou um suspiro profundo quando Oohashi, alheia à pressão ou simplesmente acostumada a ela, estremeceu exageradamente com o mesmo sorriso brincalhão no rosto. Amane, enquanto isso, permaneceu em silêncio.
Meus pêsames, pensou ele, mas não havia como dizer isso em voz alta. Em vez disso, ajeitou o avental em silêncio, tomando cuidado para não fazer barulho e evitar provocá-los ainda mais.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Verifiquei a agenda e, como eu pensava, você não vai trabalhar perto do Natal, vai, Fujimiya?”
Ao fecharem a loja, depois que os últimos clientes já tinham ido embora, Miyamoto de repente se lembrou e chamou Amane.
Ah, meus colegas podem não gostar muito de eu tirar uma folga durante a movimentada temporada de Natal, principalmente porque somos um café.
Amane rapidamente se desculpou: “Desculpe por isso.” No entanto, Miyamoto dispensou o pedido com um gesto e disse: “Não, não, não é isso,” parecendo um pouco apologético.
“Não estou te criticando. Você tem namorada, então é claro que não ia querer deixá-la sozinha. Só estou feliz que vocês dois estejam se dando tão bem. Aliás, ouvi dizer que o Kayano estará trabalhando durante o Natal.”
“O quê? Ele está?”
A informação inesperada deixou Amane paralisado. Ele nem sempre trabalhava nos mesmos turnos que Souji, e eles não haviam conversado explicitamente sobre o Natal, nem ele havia discutido isso com Ayaka na escola. Amane simplesmente presumiu que Souji passaria o feriado com ela, então ser informado de que ele estaria trabalhando foi um choque. Embora isso pudesse não ser um problema para alguém tão tranquilo quanto ele, Amane não pôde deixar de se perguntar: será que Ayaka aceitaria isso...? Mesmo não sendo da sua conta, ele se viu preocupado. Mas antes que pudesse pensar nisso, as palavras de Miyamoto o acalmaram.
“Como é Natal, os funcionários devem usar fantasias de Papai Noel nesse dia. O Kayano disse que a namorada dele virá só para vê-lo usando.”
“Oh... Mas eu não acho que essas fantasias sejam feitas para exibir músculos.”
Embora Amane pudesse entender o desejo de ver um namorado fantasiado, isso não parecia combinar com o hobby habitual de Ayaka. Fantasias de Papai Noel não eram feitas para enfatizar músculos, então ele não conseguia nem começar a imaginar o que Ayaka estava pensando. Simplesmente não fazia sentido.
[Moon: Conseguia entender né… Só me lembro do áudio/texto que eles jogam um jogo de tabuleiro, o Amane perde e é obrigado a se fantasiar e bom… Eu não vou dizer mais nada, você, leitor, que entre no nosso server e veja lá! ;) | Del: Só entrar em contato (devo dizer que é bem divertido kkkkkk)]
“Oh, a namorada dele gosta de músculos? Eu já a vi algumas vezes, mas não sabia que ela tinha esse tipo de tara.”
“Não se pode julgar um livro pela capa.”
“Verdade,” concordou Oohashi. “Basta olhar para o Daichi — você acha que ele é um playboy, mas ele não é tão chamativo por dentro quanto é por fora.”
“Hã? Está comprando briga?”
“Calma, calma — ela estava te elogiando... provavelmente.”
Eles precisam continuar colocando lenha na fogueira? Amane não pôde evitar sentir uma dor de cabeça chegando ao intervir para mediar mais uma vez. Tanto Oohashi quanto Miyamoto eram do tipo que trocavam socos verbais um após o outro, e não era incomum que discutissem quando estavam fora do alcance da voz dos clientes.
Para ser honesto, Amane sentia que o verdadeiro problema geralmente estava em Oohashi. Ela sempre reacendia a chama, muitas vezes sendo a primeira a fazer comentários irrefletidos. Mas, como era assim que os dois operavam, Amane não podia mais falar muito sobre o assunto.
Enquanto tentava acalmar a situação e apagar as chamas figurativas entre eles, sua mente se voltou para Souji, que não estava com eles hoje. Imaginou-o usando uma fantasia de Papai Noel, mas não conseguia entender que parte disso deixaria Ayaka tão feliz, o que o deixou coçando a cabeça, confuso.
Cada um com as suas coisas, eu suponho. Amane sorriu sem jeito para Miyamoto, que ainda parecia um pouco tenso.
“Bem, imagino que as namoradas só queiram ver os namorados fazendo cosplay…” disse Amane. “A minha também curte bastante isso.”
“Espera aí, Fujimiya, sua namorada também tem algum tipo de fetiche?”
“Hã... não, acho que não. Provavelmente não... espero.”
[Del: Então né… / Moon: ENTÃO NÉ akaka / Kura: Olha, tirando pedras…]
Até agora, ela não deveria... ou pelo menos, Amane esperava que sim.
Embora parecesse que Mahiru pudesse ter sido levemente influenciada por Ayaka, ela ainda não havia desenvolvido nenhuma peculiaridade que pudesse ser claramente rotulada como fetiche. Amane esperava que ela continuasse como estava, mas, ao mesmo tempo, não podia negar que seria bom para ela encontrar mais coisas de que gostasse.
“Bem, se eu tivesse que dizer... talvez ela tenha um fetiche por mim?” Isso era o mais próximo da verdade que ele conseguia chegar.
Mahiru amava Amane por quem ele era, não por qualquer parte específica dele. Pelo menos, era nisso que Amane acreditava. Embora Mahiru gostasse dos músculos dele, ela havia deixado claro que não tinha interesse no corpo de ninguém. Parecia que, por amar o próprio Amane, apreciava cada pequeno aspecto dele, mas tudo vinha dos seus sentimentos por ele como pessoa.
“Ooh, olha só você, todo amado, Fujimiya-chan.”
“Você deveria tentar amar alguém com a mesma intensidade.” provocou Miyamoto.
“Tentando me chamar de instável? Eu sou rápida para esquentar e esfriar, muito obrigada.”
“Como se isso fosse melhor.”
“Tudo bem, tudo bem,” interveio Amane. “Cada um tem seu jeito de pensar. Contanto que você termine as coisas sem ressentimentos, não está tudo bem?”
Oohashi, que costumava se autodenominar uma “romântica incurável”, se apaixonava com frequência e rapidez. No entanto, ela deixou claro que conciliar múltiplos relacionamentos simultaneamente era ética e moralmente ridículo, o que, para quem estava ouvindo, era pelo menos o suficiente para aliviar a sensação desconfortável no estômago. Dito isso, ainda era doloroso testemunhar o impacto emocional que isso tinha em Miyamoto, que tinha uma queda por ela. Nesse sentido, era um tipo diferente de dor de estômago. No entanto, a ironia da situação era que Miyamoto e Oohashi eram os únicos a não perceber a tensão que criavam.
“É difícil ter sentimentos ruins quando a maioria dos caras provavelmente se afasta depois que você relaxa um pouco e eles percebem que você não é o que eles esperavam.”
“Rude! Isso foi só um punhado de vezes!”
“Então aconteceu mesmo.”
“Não é como se eu tentasse esconder nada, de qualquer forma. Estou sempre sendo eu mesma.”
Com um peito estufado e confiante e um sorriso revelador e seguro de si, Oohashi era, para dizer o mínimo, uma ótima mulher. Brilhante, enérgica e fácil de se conviver, ela sem dúvida atraía muita atenção.
No entanto, ao se afastar, Amane podia imaginar que quanto mais alguém se envolvesse com Oohashi, mais descobriria que ela não era exatamente o que pensavam inicialmente. Se alguém entrasse em um relacionamento vendo-a como uma pessoa bem-comportada, provavelmente teria essa imagem invertida. Afinal, sem Miyamoto de olho nela, Oohashi tendia a ser descuidada e distraída.
“Sim, a maioria das pessoas teria dificuldade em ser tão franca quanto você.”
“Está de zoação?”
“Ora, ora. Ele só quer dizer que você é honesta e não tem nada a esconder.”
Enquanto Amane olhava para a escala de turnos afixada atrás do balcão, refletindo sobre a importância da escolha das palavras, percebeu que, assim como ele, Oohashi também não estava programada para trabalhar no Natal.
“Ah, Oohashi-san, então você também não vai trabalhar no Natal.”
“É, arrumei um namorado.”
“...É mesmo?” Amane ficou sem palavras diante da rapidez com que Oohashi entrou em outro relacionamento.
Instintivamente, seu olhar se voltou para Miyamoto. Para sua surpresa, Miyamoto não demonstrou nenhum sinal de estar abalado — talvez já tivesse se acostumado com isso. Em vez disso, suspirou profundamente, quase como se dissesse: “Lá vamos nós de novo.” Amane tinha certeza de que o olhar distante nos olhos dela não era apenas sua imaginação.
“Ela tem um rosto bonito, pelo menos.” disse Miyamoto.
“O que isso quer dizer? Como se fosse tudo o que eu tenho a meu favor?”
“Vamos ser sinceros, sua inteligência não está chegando aos meus padrões. E seu gosto por homens também. São todos uns babacas que só se importam com a aparência.”
“Isso é grosseiro em tantos níveis!”
“Aposto um cílio que você vai quebrar antes do Natal.”
“Não é uma aposta muito baixa? E falando sério, que valor isso tem?”
“Significa que é tão óbvio que vai acontecer que nem vale a pena apostar nada de valor, sua idiota completa.”
“Isso é tão maldoso! Alguma opinião sobre isso, Fujimiya-chan??”
“Não sei muito sobre sua vida amorosa ou estilo de vida, Oohashi-san, então... sem comentários.”
Era melhor evitar ser pego no fogo cruzado, então Amane sabiamente ofereceu uma desculpa plausível e, com tato, retirou-se da conversa.
“A aposta nem vale a pena neste momento.”
“Não que haja algo em que apostar de qualquer maneira, já que vamos durar até o Natal!”
“Lembre-se disso, Fujimiya. Ela provavelmente virá chorar para você mais tarde. A mesma coisa aconteceu ano passado.”
“Eu não sou a mesma pessoa que era naquela época!”
“Discutível.”
“...Eu sinto que vocês dois se dão muito bem.”
Se isso poderia ou não ser chamado de “se darem bem” era discutível, mas eles definitivamente estavam em sintonia à sua maneira. Amane casualmente fez um comentário e rapidamente se desculpou, usando o pretexto de lavar um pano de prato para se afastar discretamente dos dois, tomando cuidado para não ser pego na brincadeira.
“Miyamoto-san, talvez seja melhor você suavizar um pouco a abordagem. Caso contrário, Oohashi-san só vai te afastar. Não importa o quão certo você esteja, ela vai ficar na defensiva e teimosa se você a menosprezar.”
“...Eu sei disso.”
Depois de testemunhar o comportamento um tanto irracional de Oohashi, Amane esperou até que ela estivesse fora do alcance da voz e silenciosamente compartilhou seu conselho com Miyamoto. Em resposta, Miyamoto assentiu sombriamente, em voz baixa, como se tivesse engolido algo amargo.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Só para confirmar, você não está interessado em me ver vestido de Papai Noel, está?”
“Huh?”
Ao chegar em casa depois do jantar, Amane deu uma olhada na revista sobre a mesa baixa. Mahiru provavelmente a havia colocado lá, e a capa trazia um especial de Natal. De repente, lembrou-se das fantasias no trabalho, o que o levou a perguntar.
[Kura: Ele não me veio com essa kakakaka]
Como já havia pedido folga, Amane não trabalharia no Natal, então não tinha motivo para usar uma fantasia de Papai Noel. No entanto, não pôde deixar de se perguntar se, assim como Ayaka, Mahiru poderia se interessar pela ideia de seu namorado fantasiado de Papai Noel. Para sua surpresa, ela reagiu de forma mais positiva do que ele esperava. Ela o encarou com olhos brilhantes — algo que ele normalmente dificilmente imaginaria em Mahiru.
Ele se lembrou, com uma sensação de perplexidade, de que não havia como prever o que poderia atingir o ponto ideal de alguém.
“Por que você parece tão interessada?”
“Se eu tivesse a chance, adoraria ver. Afinal, eu gosto da sua aparência, não importa o que você vista, Amane-kun.”
“Não pretendo usar.”
“Ehh...”
[Moon: Va-ci-lão! Você perguntou, agora aguenta! / Kura: Vai ter que tancar.]
Amane observou os ombros de Mahiru visivelmente caídos de decepção. Isso o fez querer fazer algo por ela, mas como não pretendia comprar ou usar nenhuma fantasia, gostaria de pedir que ela aguentasse dessa vez. Afinal, embora não fosse usar uma fantasia de Papai Noel, planejava fazer pelo menos uma coisa que o Papai Noel faria.
“Por favor, não pareça tão decepcionada. É que no trabalho, os funcionários que trabalham na véspera e no dia de Natal têm que usar fantasias de Papai Noel. A Kido está planejando ir só para ver Kayano usando.”
“...Então o Kayano-san estará trabalhando durante o Natal?”
“A Kido não mencionou nada para você?”
“Não, nada em particular. Ela também não estava se sentindo mal.”
“Contanto que ambos estejam de acordo, acho que está tudo bem.”
“Na verdade, eu me lembro dela sorrindo bastante...”
“Ah... Ela deve estar animada para ver o Kayano trabalhando.”
Souji não parecia ter problemas em se vestir — se tivesse, provavelmente não teria escolhido trabalhar naqueles dias. Então, era provável que ambos concordassem sem problemas.
Mesmo que Souji tivesse que trabalhar no Natal, Ayaka não parecia chateada. Pelo contrário, ela devia estar animada para vê-lo. Era claro que ela depositava muita confiança nele. Havia também a chance de Ayaka ter ouvido falar da fantasia de Papai Noel por Fumika e pedido para ele usá-la, mas a verdade permanecia um mistério.
Que bom que eles estão se dando tão bem, Amane assentiu.
Quando notou a reação estranhamente silenciosa de Mahiru e voltou seu olhar para ela, percebeu, um pouco tarde demais, que ela o olhava como se tivesse algo a dizer.
“O que foi?”
“...Eu estava pensando em como a Kido-san é sortuda.”
“Sortuda?”
“Hum, eu estava pensando em quando te verei trabalhando, Amane-kun.”
“...E-Espere só mais um pouquinho, por favor.”
Embora não estivesse brava por ter que esperar, Mahiru se sentia impaciente e frustrada. Falar sobre Ayaka devia ter reavivado esses sentimentos, reacendendo a expectativa que se instalara dentro dela. Amane a impedia de fazer algo que ela deveria ter liberdade para fazer, e ele sabia disso. Não podia culpá-la por se sentir chateada.
“Posso esperar até que você se sinta confortável, Amane-kun, mas ainda me sinto um pouco impaciente. É como se estivesse em espera.”
“Acho que vou me acostumar no ano que vem. Convido você quando não tiver muita gente por perto.”
“Se você me deixar esperando muito tempo, vou começar a me sentir solitária.”
“Sinto muito. Por favor, espere até que eu esteja pelo menos meio confortável... se não totalmente.”
[Kura: Bem, ela esperou muito tempo até você tomar coragem Amane.]
“Sou boa em esperar, então não me importo... mas posso acrescentar uma condição?”
“...Uma condição?”
“Não vou pedir nada muito grande. Hum, eu queria que você pudesse me mostrar uma foto sua trabalhando. Ainda não te vi com seu uniforme de cafeteria, e quero ver quão estiloso você fica.”
Mesmo Mahiru não gostava de esperar muito, então fez um pedido modesto a Amane, pedindo apenas um pequeno favor.
O raciocínio de Mahiru era compreensível — se ela não podia visitá-lo enquanto ele trabalhava, uma foto rápida dele em ação não seria pedir muito. Amane não via problema em compartilhar uma única foto cuidadosamente escolhida em vez de deixá-la ver seu eu inexperiente pessoalmente. Ele não pôde deixar de se perguntar se era algo que ela queria tanto ver. Por outro lado, se ele tivesse ouvido que Mahiru estava usando algo fofo de Chitose, certamente gostaria de ver com os próprios olhos.
Então, como isso aliviaria um pouco a agitação dela, Amane concordou rapidamente, sem hesitar. A forma como sua expressão se iluminou imediatamente mostrou o quanto ela queria vê-lo de uniforme. Amane ainda sentia que não combinava com ele. Parecia mais algo que ele era forçado a usar. Mas, se fazia o dia de Mahiru, valia a pena.
Sorrindo suavemente ao pensar que seu bom humor era algo que ela só demonstrava perto dele, Amane gentilmente pegou sua mão enquanto ela encostava a cabeça em seu braço, aconchegando-se a ele.
“Consegui tirar o dia de Natal de folga, o que é ótimo. Mas... vou trabalhar até o dia anterior. Você está bem com isso?”
Ele se sentia péssimo por estragar o bom humor dela, mas era algo que ele precisava confirmar.
Em troca de garantir a folga no dia de Natal, Amane havia sobrecarregado seus turnos com trabalho pesado antes do Natal, e também trabalharia vários dias consecutivos depois. Embora estivesse em casa à noite depois do Natal, ainda deixaria Mahiru — sua namorada — sozinha durante parte do tempo.
Apesar das preocupações, Mahiru, sem um momento de hesitação ou qualquer sinal de dúvida, simplesmente balançou a cabeça. “Foi isso que você decidiu fazer, então não vou me opor.”
“Não foi isso que eu quis dizer,” Amane começou a esclarecer. “Estou perguntando se você concorda. A verdade é que estou fazendo você se sentir solitária.”
“Sabe, eu sinto que você está me menosprezando um pouco, Amane-kun.”
“Menosprezan—?”
Amane ficou sem palavras. Ele não esperava que ela dissesse tal coisa. Mahiru o encarou com olhos calmos e um sorriso sereno e gentil.
“Claro, às vezes me sinto solitária. Sempre me pego desejando que você voltasse para casa logo. Só quero você ao meu lado o tempo todo para passarmos ainda mais momentos juntos.”
“Então talvez o trabalho não sej—”
“Mesmo assim, não acho que seria certo te prender. Eu entendo que você queira me priorizar. Da mesma forma, eu também quero colocar você em primeiro lugar, Amane-kun.”
Os dedos de Mahiru acariciaram suavemente a palma da sua mão.
“Mas, Amane-kun, a última coisa que eu quero... é me tornar um fardo para você.”
“Um fardo? Eu não penso em você dessa forma, de jeito nenhum.”
“É assim que eu vejo. Se eu fizer você priorizar demais os meus desejos, não serei capaz de me aceitar.”
“...E se eu disser que está tudo bem?”
“Isso significaria que você me cederia, não é? Eu não quero que você se desgaste por mim ou se contenha naquilo que quer fazer. Eu quero que sejamos iguais — não acho saudável se apenas um de nós sempre priorizar o outro.”
Seus cabelos loiros ondulavam como um rio fluindo enquanto ela balançava a cabeça suavemente. Por um breve momento, Amane pôde ver algo nos olhos de Mahiru — uma mistura de gentileza e talvez um leve toque de decepção, não direcionado a ele, mas a si mesma, que rapidamente emergiu e se aprofundou.
“Meus sentimentos são meus,” continuou Mahiru, “assim como esses sentimentos de solidão. Eles são meus. Não negarei meu desejo de mantê-lo ao meu lado, mas não espero que você faça sacrifícios para encher isto. Se eu o obrigasse a me priorizar em vez do que você quer fazer, eu só me sentiria decepcionada comigo mesma.”
“Mahiru...”
“Você tem uma ideia clara de algo que gostaria de fazer, e é por isso que procurou um emprego, certo?”
“Sim.” Amane assentiu imediatamente.
Amane tinha uma promessa e um objetivo para si mesmo — algo que estava determinado a cumprir. Era por isso que começara a trabalhar meio período. Não era por Mahiru nem por ninguém; era por si mesmo. Não importava o que acontecesse, ele não podia usar a desculpa de que estava fazendo aquilo por ela. Ele escolheu seguir em frente e não se arrependia nem se envergonhava de sua fonte de motivação. Mahiru entendia isso e o apoiava, zelando por ele e respeitando suas decisões.
“Eu jamais me permitiria ser a razão pela qual você desistisse de algo que decidiu perseguir,” afirmou Mahiru com firmeza, cortando o sentimento de culpa que Amane sentia por ela como manteiga. Então, como se para aliviar a tensão entre eles, ela sorriu ternamente.
“Seria uma coisa se eu estivesse sendo negligenciada, mas você sempre me respeita e me preza, reservando um tempo para nós e também dedicando partes ao que precisa fazer. Nunca fiquei infeliz com isso e jamais pediria que você dedicasse todo o seu tempo a mim. Fico feliz que haja algo pelo qual você seja tão apaixonado,” esclareceu Mahiru gentilmente. Então, seu sorriso se transformou em um de leve descrença ao dizer: “Você tende a se negligenciar porque se importa demais comigo.”
Suas sobrancelhas arquearam como se dissesse: “O que eu vou fazer com você?” No entanto, por trás de sua leve frustração, havia um sentimento de alegria.
“Embora eu ache que posso ser mais egoísta do que você imagina, ainda não tenho intenção de ignorar seus sentimentos. Amane-kun, você e eu somos dois indivíduos diferentes. Nossos pensamentos serão diferentes, não importa o quanto nos importemos um com o outro. Seria impossível alinhar perfeitamente nossas ações, valores e tudo o mais.”
“Concordo.”
“E é exatamente por isso que precisamos nos adaptar um ao outro para continuarmos avançando juntos. Eu nunca pediria que você fizesse sacrifícios por mim, okay? ...Eu quero viver ao seu lado, Amane-kun. Juntos, no mesmo ritmo, nos mesmos passos.”
Quando Mahiru terminou, ela suspirou suavemente enquanto traçava delicadamente a palma da mão de Amane, fazendo-lhe cócegas de leve.
“Se eu algum dia te forçasse a se sacrificar por mim, eu me odiaria. Acho que morreria de culpa no mesmo dia. Uma coisa é desejar algo, mas no momento em que você força esse desejo em outra pessoa, tudo muda. Se fosse eu, começaria a me questionar – tipo: ‘Quando foi que me tornei uma pessoa egoísta e limitadora que tenta controlar os outros e fazê-los fazer o que eu quero?’ Eu nunca seria capaz de me perdoar por isso.”
Enquanto Amane se sentia feliz por saber que era tão amado, para Mahiru, era algo que ela jamais imaginaria fazer. Ela até estremeceu levemente com a simples ideia, como se só o pensamento fosse insuportável.
Era verdade que, dada a atitude habitual de Mahiru, tal comportamento era inimaginável. No entanto, se ela chegasse ao ponto de expressar seus desejos com tanta veemência, Amane não achava que isso fosse algo a ser ignorado. Talvez ele se sentisse assim porque, tendo-a visto até então, entendia que, para Mahiru, ele era o seu único e verdadeiro amor. Ela havia sofrido demais. Havia reprimido seus sentimentos em tantas facetas de sua vida.
“Então, não há com o que se preocupar. Quando penso em como você se esforça tanto para conseguir algo, você sempre me parece tão tranquilo e admirável.”
“...Como devo ser patético, fazendo você dizer tudo isso.”
“Por que você está ficando triste agora? Sério...”
Mahiru afirmava ser boa em esperar, mas, mais do que ninguém, Amane entendia por que ela havia se tornado tão habilidosa nisso — porque havia se acostumado a isso. Amane mordeu o lábio; Ele sabia que negar as escolhas de Mahiru de permanecer fiel a si mesma seria o mesmo que ignorar seus sentimentos. Então, em vez disso, Amane simplesmente aceitou a mão que ela lhe estendera.
Era difícil dizer quem estava tentando tranquilizar quem. Talvez ambos estivessem tentando se confortar. Os braços esguios de Mahiru se estenderam para Amane. Ele a recebeu de braços abertos, envolvendo gentilmente seu corpo delicado em seu abraço enquanto ela se aconchegava nele de bom grado.
“Em troca, quando estamos abraçados assim, eu me certificarei de ser a mais egoísta e carente possível. Isso está... okay?”
“Claro que está... Você deveria fazer isso com mais frequência. Você deveria pedir o que quer. Eu gostaria de ouvir mais dos seus pedidos.”
“Então, vejamos... Posso pedir para me esquentar... só mais um pouquinho?” Espiando por entre seus braços, Mahiru lançou a Amane um sorriso diabólico.
“Como quiser.”
Mahiru, ronronando satisfeita, acariciou o peito de Amane com a bochecha, aconchegando-se mais e se deleitando com seu calor. Embora fosse difícil não notar a maciez do corpo dela cedendo tão facilmente ao dele, o que preenchia ainda mais o coração de Amane era o carinho e a afeição que ele sentia por ela. Ela se apoiou nele, extraindo o máximo de conforto e energia possível, e isso só a fazia parecer ainda mais preciosa naquele momento.
Enquanto a segurava com delicadeza, ele estava determinado a compartilhar e proporcionar todo o calor que ela buscava. Mahiru soltou um som suave e delicado, quase como outro ronronar.
“Hehe, você é tão quentinho... Estou completamente satisfeita, Amane-kun. Graças a você.”
“É o suficiente?”
“É o suficiente... Vou recarregar as baterias enquanto ainda posso.”
“Não se preocupe — deixo você recarregar as baterias quando quiser.”
“Desde que seja dentro de um limite razoável, okay? ...Afinal, tenho certeza de que você também precisa recarregar as energias. Quando estiver cansado, lembre-se de se apoiar em mim também.” Mahiru, que no momento era quem estava recebendo todos os mimos, afirmou isso com firmeza. A ironia foi demais para Amane, e ele não conseguiu conter o riso, que fez suas costas tremerem. Ao vê-lo rir, Mahiru também soltou uma suave e divertida risadinha, como se não pudesse deixar de participar.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Ah, Miyamoto-san, eu gostaria de te perguntar uma coisa.”
Quando chegou seu próximo turno, Amane havia cumprido sua promessa, preenchendo uma pequena lacuna que era a solidão de Mahiru.
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